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DOUTRINA CATÓLICA

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Texto de Dom Eugênio

Mensagem do Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales

Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

05/06/1999

Sagrado Coração de Jesus

O mês de junho é tradicionalmente consagrado ao Sagrado Coração de Jesus. Um plano de pastoral, elaborado com inteligência, toma na devida consideração o valor dessa devoção enraizada também na religiosidade popular. A Igreja, no Brasil, muito deve ao Apostolado da Oração, o eficiente veiculador de práticas piedosas ao símbolo de Amor divino pelos pecadores.

Como estímulo a esses atos, recordo um centenário alusivo ao assunto e também anuncio o objetivo da nossa Missão Popular Rumo ao III Milênio. Acresce ser 1999 o aniversário da consagração de todo o gênero humano ao Coração de Jesus, ocorrido a 11 de junho de 1899, por determinação do Papa Leão XIII. Sua importância pode ser avaliada na afirmação do mesmo Pontífice, referindo-se a esse evento: "O maior acontecimento do meu Pontificado". A 25 de maio de 1889, ele havia publicado a Encíclica "Annum Sacrum" sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Pouco antes, ao proclamar o Jubileu do ano 1900, manifestou o desejo de prestar uma grande homenagem ao Sacratíssimo Coração. Logo no preâmbulo, diz: "Se todos os fiéis nos obedecerem de bom coração e com vontade unânime e generosa, esperamos deste ato – e não sem razão – resultados preciosos e duradouros, em primeiro lugar para a religião cristã e depois, para todo o gênero humano"(nº 1), Há algum tempo, chegavam a Roma insistentes pedidos, provenientes de muitas partes do mundo, para uma solene consagração. Termina o documento com as seguintes determinações: "Decidimos, portanto, que nos dias 9, 10 e 11 do mês de junho próximo, na igreja de cada localidade e na igreja principal de cada cidade, sejam ditas determinadas orações. Em cada um desses dias, as ladainhas do Sagrado Coração, aprovadas por nossa autoridade, sejam juntadas a outras invocações; no último dia, recitar-se-á a fórmula de consagração, que vos enviamos, Veneráveis Irmãos, juntamente com esta Carta" (nº 13). O texto é ainda hoje encontrado em livros de devoção.

Na semana passada, chegou às minhas mãos uma carta, vinda de uma cidade do Quênia, na África, solicitando fosse celebrado aqui no Rio de Janeiro, junto à estátua de Cristo do Corcovado, esse centenário e fosse colocado um coração, como lembrança de uma data, 11 de junho. Na oportunidade, consagrar-se-ia o Brasil ao Sagrado Coração. Ao missivista, um sacerdote, respondi que a exigüidade de tempo impedia um atendimento pleno; aliás, a aceitação deveria passar pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O Cristo do Corcovado traz, de modo visível, como símbolo do Amor de Deus aos homens, um coração. E, utilizando os meios de comunicação social – e é o que eu faço agora – pedirei aos católicos desta Arquidiocese a recitação da fórmula de consagração, nos lares, nas instituições, nas paróquias. Acrescentei, ainda, que já está prevista uma solenidade no encerramento da nossa Missão Popular, que teve início em 1997 e se desenvolve com muitos e consoladores frutos. A data fixada, em princípio, é a festa de Cristo Rei, no ano 2000, que será no dia 26 de novembro.

A devoção ao Sagrado Coração foi incluída no texto-base da Missão que tem por lema "Jesus é o coração novo para o Rio 2000". Com Cristo, no Espírito Santo, a cidade eleva ao Deus santo um ato de louvor e adoração. O encerramento solene e celebrativo é uma manifestação pública da Fé católica e compromisso com o sentido eclesial da Missão Popular Rumo ao III Milênio. Urge, com os recursos de publicidade, fazer o Rio de Janeiro visualizar o Coração de Jesus.

Nesse sentido, lembro dois importantes elementos: o primeiro é o fortalecimento da devoção ao Coração de Jesus. Contribui para ser obtido esse objetivo a celebração do mês de junho nos lares, nas paróquias, nas instituições. A modalidade de fazê-lo será resultado do espírito religioso de nossas comunidades eclesiais.

O segundo elemento é a consolidação da paz em nossa Cidade. Não me refiro a este ou a aquele modo de obtê-la. Aludo à necessidade do retorno, onde desapareceu, e dar novo vigor ao que ainda existe.

A natureza humana, feita à imagem e semelhança de Deus, anseia pela paz. No entanto, nem sempre distingue o verdadeiro entre os caminhos propostos para atingi-la. Toda a Sagrada Escritura está pontilhada dessa expressão, nas mais diversas acepções, sempre como algo extraordinariamente desejável, como uma bênção divina, como condição ao bem comum. Ela é um Dom de Deus. Seu oposto que se manifesta em variadas modalidades, afronta os nossos semelhantes e o Criador.

Em nossa Cidade e em tantas outras partes do mundo, a violência angustia fortemente e é motivo de tantos males! Para vencê-la, urge ir à raiz. Está no coração do homem a causa profunda desse problema. A busca do prazer a qualquer custo abre as portas que implicam em um comportamento contrário à lei de Deus.

A paz que Cristo nos legou – "A paz esteja convosco!"(Jo 20,19) – era a saudação habitual nos encontros com seus discípulos, após a Ressurreição e um dos eixos fundamentais dos seus ensinamentos. Somente poderá ser obtida e conservada, através de uma vida segundo os princípios morais que Ele nos trouxe e confirmou, por sua pregação.

O alicerce da paz é a justiça entre os homens e diante de Deus. No mundo derrocado moralmente, a vitória sobre a violência de forma duradoura só virá através da conversão. Posto este alvo, todo esforço, por menor e limitado que seja, deve ser apoiado, para minorar o sofrimento.

Jesus nos mostra o caminho para o Rio de Janeiro, que vem do Amor de Deus, simbolizado pelo seu Coração!

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Coração de Jesus

O mês de junho é particularmente dedicado à devoção ao Sagrado Coração de Jesus. As práticas piedosas daí decorrentes são credoras de imensos benefícios espirituais ao Povo de Deus. Cumpre defendê-los, preservar-lhes a vitalidade e promover sua presença ativa nas paróquias de nossa Arquidiocese.

A figura do Pastor está associada às atividades eclesiais. Sendo Jesus Cristo o modelo de todos, a missão que Ele exerce na comunidade cristã se vincula intimamente ao Sagrado Coração de Jesus. O discernimento e a valorização dos dons conferidos ao do Povo de Deus encontram nesse símbolo do Amor de Deus Encarnado preciosas lições para o atual momento por que passa a Igreja. Ele continua estreitamente relacionado com a santificação de sacerdotes e leigos, com o objetivo que trouxe ao mundo o Salvador. Nele reside a solução para os problemas que afligem a vida eclesial em nossos dias.

Proponho aqui algumas reflexões sobre os critérios e a promoção dos carismas, diante de tal perspectiva.

O Concílio Vaticano II ("Lumen Gentium",12; Cfr "Apostolicam Actuositatem", 3) nos ensina: "Não é apenas através dos sacramentos e dos ministérios que o Espírito Santo santifica e conduz o Povo de Deus e o orna de virtudes mas, repartindo os seus dons a cada um como lhe apraz (1 Cor 12,11), distribuindo entre os fiéis de qualquer classe, até graças especiais. Por ela torna-os aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja, conforme estas palavras: "A cada um é dada a manifestação do Espírito para utilidade comum" (1 Cor 12,7). "Estes carismas (...) são úteis às necessidades da Igreja. (...) O juízo sobre sua autenticidade e seu ordenado exercício compete aos que governam a Igreja. A eles em especial cabe não extinguir o Espírito, mas provar as coisas e ficar com o que é bom" (Cfr 1 Ts 5,12.19.21).

Discernir e julgar os dons outorgados não é só uma forma disciplinar-jurídica. É, ao mesmo tempo, um ato de fé na vocação recebida e de obediência do Pastor a Cristo. A Igreja não é propriedade do presbítero ou do Bispo. Somos chamados a servi-la. E enquanto peregrina neste mundo, ela, com cada um de seus membros, "pertence a aquele que está sentado no trono e abrigará a todos em sua tenda" (Ap 7,15). "O Cordeiro (isto é, o Cristo imolado e ressuscitado) será o seu Pastor e os levará às fontes das águas vivas; e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos" (Ap 7,16).

Os condutores dos fiéis nesta terra servirão ao Cordeiro, gastando-se por seus rebanhos que, aliás, não são deles, mas do Senhor. E no final de nossa vida, deveremos proclamar: "Somos servos inúteis" (Lc 17,10).

À Hierarquia compete discernir e autenticar os carismas. O católico consciente admite plenamente esse poder. Os textos conciliares, acima citados, não deixam margem a qualquer dúvida ou desvio.

O amor do Coração de Jesus é um critério de julgamento e fonte de estímulos eficazes à pastoral que promove os dons verdadeiros no meio do Povo de Deus.

Nossa fé nos fez aceitar a descrição do Coração do Redentor como imagem do centro íntimo, divino-humano, da Pessoa concreta de Jesus de Nazaré. Suas ações têm um valor teândrico, isto é, são assumidas pela segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

O Messias, ao se apresentar como o guia do novo Povo de Deus (Cfr Jo 10,11), reveste-se da função que Javé tinha reservado para si (Cfr Jr 3,15; 23, 3-4; Ez 34, 23ss; Lc 15,3-4). São duas as características que, de imediato, sobressaem na sua personalidade profunda: amorosa obediência a Deus Pai como atitude perfeita de culto e amor-entrega pela humanidade pecadora, com o objetivo de redimi-la.

Podemos dizer a mesma verdade da seguinte maneira: o Homem-Deus, o Filho de Maria, já não se possui a si mesmo. Ele pertence absolutamente ao "Outro", o Pai. Toda a sua vida proclama a 1ª Pessoa da Santíssima Trindade e sua obra como centro absoluto, como a força motora do existir. Entretanto, também a missão que o trouxe ao mundo é uma total abnegação de si mesmo. Alcançará a glória através da oblação sem reserva na Cruz. Entrega-se por nós aos caminhos determinados por Deus. É-nos fiel até à morte, e morte de Cruz (Cfr Fl 2,8; Jo 3, 16-17).

Esta visão sobrenatural é de significado fundamental para toda a comunidade dos batizados e, portanto, também dos leigos. Nela se distingue um sinal específico que se refere, de modo singular, ao Pastor, bispo ou presbítero, e a todos os que, pelo sacramento da Ordem, são assemelhados ao Cristo-Cabeça do Corpo Místico.

Na verdade, Jesus é o Senhor, aquele que não só anuncia o reino do Pai, nem apenas quer nossa conversão. Ele tem também autoridade para exigir nossa fé em sua pessoa e, em decorrência, a obediência integral ao que advém de sua Doutrina que nos é transmitida pelo Magistério Eclesiástico, onde se encontram os ensinamentos de Pedro.

É com sentimentos de gratidão e de ternura que Jesus recebe tudo do Pai, "porque tudo do Pai procede" (Lc 10,22). Ele é o modelo dos pastores.

Devemos aprender do Coração de Jesus que a única atitude certa

Fim da Mensagem do Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales , 16 Junho 2000

Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

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SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

A grande promessa: a Eucaristia

Entre as muitas e ricas promessas que Jesus Cristo fez aos que fossem devotos de seu Sagrado Coração , sempre chamou a atenção a que fez aos que comungassem em sua honra as nove primeiras sextas-feiras do mês seguidos. É tal, que todos a conhecem com o nome da Grande Promessa.

A Devoção ao Coração divino de Jesus Cristo começou a ser praticada, em sua essência, já no início da Igreja, pois os Santos tiveram muito presente, ao honrar a Jesus Cristo, que tinha manifestado seu Coração, símbolo de seu amor em momentos augustos. Contudo, esta devoção, em sua forma atual, deve-se às revelações que o próprio Cristo fez a Santa Margarida Maria (1649-1690), sobretudo quando em 16 de junho de 1657, descobrindo seu Coração, disse-lhe:

"Eis aqui este Coração que amou tanto aos homens, que não omitiu nada até esgotar-se e consumir-se para manifestar-lhes seu amor, e por todo reconhecimento, não recebe da maior parte mais que ingratidão, desprezo, irreverências e tibieza que têm para mim neste sacramento de amor".

Então foi quando Jesus deu a sua servidora o encargo de que se tributasse culta a seu Coração e a missão de enriquecer ao mundo inteiro com os tesouros desta devoção santificadora. O objeto e fim desta devoção é honrar o Coração adorável de Jesus Cristo, como símbolo do amor de um Deus para nós; e a vista deste Sagrado Coração, abrasado de amor pelo homens, e ao mesmo tempo desprezado por estes, nos deve mover a amá-lo e a reparar a ingratidão de que é objeto.

Entre as práticas que compreende esta devoção, conformes com o fim da mesma, sobressai a da Comunhão das nove primeiras sextas-feiras do mês, para conseguir além da graça da penitência final, segundo a promessa feita pelo próprio Sagrado Coração a Santa Margarida Maria, para todos os fiéis.

Eis aqui a promessa:

Uma Sexta feira, durante a Sagrada Comunhão, disse estas palavras a sua devota serva:

"Eu te prometo, na excessiva misericórdia de meu Coração, que meu amor todopoderoso concederá a todos os que comungarem nove primeiras sextas feiras do mês seguidos a graça final da penitência; não morrerão em pecado nem sem receber os sacramentos, e meu divino Coração lhe será asilo seguro naquele último momento".

O que é necessário fazer para obter esta graça:

Comungar nove primeiras sextas-feiras do mês seguidos em graça de Deus, com intenção de honrar ao Sagrado Coração de Jesus.

Como pode ser feita:

Pela manhã pode ter a Comunhão geral em boa hora, e à tarde uma função mais ou menos breve e solene ao Coração de Jesus expondo ao Santíssimo, explicando ou lendo a intenção do mês, o algo sobre ela, rezando as ladainhas ou algum ato de desagravo ou de consagração. Caso de se poder fazer isto à tarde, pode ser feito tudo pela manhã na Missa de Comunhão ou na Missa vespertina se houver.

Quando não há função ou culto público ou não se pode assistir a ele, faça-o em particular o que se faz por outros em público. Para o qual se pode rezar a oração que segue adiante, e além disso as ladainhas do Coração de Jesus ou alguma consagração ao Coração de Jesus.

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