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No
jargão da medicina, a palavra lume ou luz significa qualquer
cavidade ou espaço vazio do corpo. A caverna primordial no
corpo humano é o tubo neural, o canal da espinha.
Como
ensinam os livros de embriologia, no princípio da formação
do corpo, este canal é aberto nas extremidades, e tais aberturas
correspondem ao ânus e à boca. Isso significa que no
buraco negro, sujo e fedorento do corpo, está a luz primordial,
que explica todos os mistérios.
Aqui
é a casa da felicidade. Aliás, na medicina e no esoterismo
chineses, considera-se que está em nosso dorso o Céu
primordial, e que o seu lugar exato é a vesícula germinal,
conforme dizem o I Ching e O segredo da flor de ouro,
dois livros fundamentais.
Na
ponta da espinha está o osso da alegria, o cóccix,
pirâmide da vida. Entre os maias, K'u era o nome dado a esse
osso e ao Deus vivo que nele habita. Em inglês, jew bone,
isto é, osso judeu, é um dos nomes do sacro, que está
ligado ao cóccix. Sacro ou sagrado quer dizer intocável,
separado...
Ao
sacro e ao cóccix está ligado o maior nervo do corpo,
o nervo ciático, que são dois, nascem em cada lado
da porção sacrococcígea e se dirigem para os
pés, em numerosas ramificações nervosas. São
raízes, canais energéticos com a terra.
Na
famosa luta entre Jacó e o anjo de Deus, este queria tocar-lhe
o lugar sagrado, mas Jacó não permitiu; no embate,
o anjo conseguiu tocar-lhe a cavidade lateral da coxa, onde passa
o nervo que chamo iniciático.
Em
hebraico, a palavra LUZ designa o cóccix e o centro da imortalidade,
e LOZ significa posto à parte, separado, reservado, isolado,
referindo-se ao sagrado ou à santidade.
Já
disse e repito que o nefando é a tradução mais
perfeita do inefável. Mais recentemente, confirmei esta assertiva
ao verificar que o inominável, no dicionário, designa
aquilo que não se diz, que não se pode ou não
se deve dizer, e também algo vil, intolerável, repulsivo.
Isso
fortalece a minha convicção de que somente por conveniências
e interesses mesquinhos, escusos, é que o sagrado, definido
como algo separado, isolado, tornou-se intocável, maldito,
infame, vil, como diz um dicionário de latim.
Paradoxalmente,
o sublime é algo magnífico, grandioso, nobre, elevado,
que transcende o normal, o corriqueiro, mas também pode ser
desprezível, vergonhoso, sórdido.
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