TV Cultura

 

A hist�ria
Primeira Parte - per�odo de 1969 a 1971
O Projeto TV Cultura
Animação em flash com os logotipos da emissora (clique aqui para ver)

Confira na se��o downloads: músicas dos programas Bambalal�o e Glub-Glub.

No final dos anos 60, duas publica��es disputavam os leitores interessados em not�cias - e fofocas - sobre televis�o: "Intervalo", da Editora Abril, e "S�o Paulo na TV", da Editora Propaganda. As duas publicavam em suas p�ginas um guia semanal de programa��o com os hor�rios de todos os programas. Na �poca, as pessoas referiam-se �s emissoras por meio de sua posi��o no seletor. A Tupi era o "canal 4", a TV Paulista (Globo) era o "canal 5", a Record era o "canal 7" e assim por diante. O p�blico paulistano, em 1967, tinha seis canais � disposi��o: 2, 4, 5, 7, 9 e 13 - respectivamente, Cultura, Tupi, Paulista, Record, Excelsior e Bandeirantes.

Em janeiro de 1968, a programa��o do Canal 2 n�o estava mais dispon�vel. Na revista "S�o Paulo na TV", o espa�o a ela destinado passou a trazer as palavras "Futura TV Educativa". A observa��o passou a constar do roteiro da publica��o a partir do momento em que foram encerradas as transmiss�es da antiga TV Cultura, considerada a "irm� ca�ula" da TV Tupi no conglomerado de empresas de comunica��o dos Di�rios Associados. E l� ficaram, at� 1969, as palavras que indicavam ao telespectador de S�o Paulo que futuramente ele teria mais uma alternativa em seu seletor de canais. A novidade: seria uma emissora p�blica - e muito mais do que a "TV Educativa" anunciada.

O surgimento de canais voltados � educa��o e � cultura tinha o respaldo do Governo Federal, que em 1967 havia criado a Funda��o Centro Brasileiro de TV Educativa, com o objetivo de estimular e dar apoio �s emissoras culturais estaduais. Desde o in�cio, a entidade reservava um papel importante ao futuro canal educativo paulista: superior em recursos - 12,5 milh�es de cruzeiros novos para o ano de 69 -, deveria fornecer programas em videotape para os outros Estados. O potencial de emissoras dessa natureza j� havia sido demonstrado pela pioneira TV-U, Canal 11, de Recife. Criada em novembro de 1966 e mantida pela Universidade de Pernambuco, em poucos meses apresentava expressivos �ndices de audi�ncia com seus programas educativos e de teatro.

A Funda��o Padre Anchieta

Para viabilizar e manter a nova TV2 Cultura, o Governo de S�o Paulo criou, em setembro de 1967, a Funda��o Padre Anchieta - Centro Paulista de R�dio e Televis�o Educativas, com dota��o do Estado e autonomia administrativa. Institu�da e mantida pelo poder p�blico, nascia com o estatuto de entidade de direito privado, para ter seu rumo desvinculado das vontades pol�ticas dos sucessivos governos estaduais. Esse fundamento fazia parte da concep��o de TV p�blica idealizada pelo ent�o governador Roberto de Abreu Sodr�.

A constitui��o da Funda��o Padre Anchieta seguiu as diretrizes da Lei Estadual n� 9849, de 26 de setembro de 1967, que autorizou o Poder Executivo a formar uma entidade destinada a promover atividades educativas e culturais por meio do r�dio e da televis�o. Foi autorizada tamb�m a abertura de um cr�dito de 1 milh�o de cruzeiros novos para o empreendimento. Al�m da dota��o inicial, estavam previstos outros recursos, como receitas originadas de aplica��es dos bens patrimoniais. Entre esses bens figurava o Solar F�bio Prado, na avenida brigadeiro Faria Lima, doado pela sra. Renata Crespi e que hoje abriga o Museu da Casa Brasileira.

Logo ap�s a cria��o da Funda��o, seu primeiro presidente, o banqueiro Jos� Bonif�cio Coutinho Nogueira, tratou de buscar profissionais para dar in�cio a execu��o do projeto da nova TV Cultura. Por meio de consultas e indica��es de amigos do mundo art�stico, como o ent�o diretor do Teatro Cultura Art�stica, Alberto Soares de Almeida - que sugeriu os nomes de Cl�udio Petraglia  e Carlos Vergueiro -, Bonif�cio chegou aos nomes que viriam a participar das reuni�es de planejamento e fariam parte da primeira diretoria da emissora: o brigadeiro S�rgio Sobral de Oliveira, assessor administrativo; Carlos Sarmento, assessor de planejamento; Carlos Vergueiro, assessor art�stico; Cl�udio Petraglia, assessor cultural; Antonio Soares Amora, assessor de ensino; e Miguel Cipolla , assessor t�cnico. O radialista Fernando Vieira de Mello se juntaria ao grupo, ainda que por pouco tempo, como assessor de produ��o. V�rios desses profissionais traziam experi�ncia de outros ve�culos - Petraglia tinha no curr�culo v�rios cursos e est�gios no exterior e uma passagem significativa pela TV Paulista; Cipolla havia trabalhado na TV Excelsior; Vergueiro era diretor da R�dio Eldorado; e Vieira de Mello atuava na R�dio Pan Americana, a Jovem Pan.


Carlos Vergueiro


Cl�udio Petraglia


Antonio Soares Amora

Nos primeiros meses, a Funda��o Padre Anchieta tinha dois endere�os. As reuni�es de planejamento aconteciam nos escrit�rios da avenida Ipiranga, regi�o central de S�o Paulo, enquanto alguns setores administrativos j� operavam no local que abrigaria a sede definitiva da TV Cultura, � rua Carlos Spera, 179, no bairro da �gua Branca, zona oeste da capital. Neste �ltimo endere�o existiam dois est�dios, um pequeno pr�dio utilizado pela administra��o, uma lanchonete, outro pr�dio t�rreo onde funcionavam a R�dio Cultura AM e o almoxarifado geral, al�m de uma pequena casinha ao fundo, onde morava o zelador N�lson Niciolli. Era este o patrim�nio inicial da nova TV Cultura. Funcion�rios mais antigos ainda lembram do per�odo em que essa estrutura servia aos Di�rios Associados.


"Aqui tinha uma grande lona, como num circo, onde o S�lvio Santos vinha fazer seu programa aos domingos. A gente atendia telefonemas e sa�a para dar os recados, porque n�o havia esse sistema de comunica��o eficiente como o de hoje. Ali�s, as ruas de acesso n�o eram asfaltadas e n�o havia condu��o. Era tudo barro, ent�o n�s t�nhamos que vir com mais um par de sapatos e troc�-lo aqui."
Marly Therezinha Ribeiro, recepcionista e telefonista em 1966. Em 1999, supervisora administrativa da Ger�ncia Operacional da TV Cultura.

A constru��o

As primeiras obras de amplia��o da emissora foram realizadas em 1968, com a constru��o de um pr�dio de dois andares para abrigar a diretoria, o Conselho de Curadores e a produ��o, de uma nova sede para a R�dio Cultura e um anexo para abrigar o setor de opera��es. Paralelamente, a equipe inicial reunida pelo presidente da Funda��o elaborava um cronograma de trabalho para colocar o canal no ar no ano seguinte.


No destaque, a constru��o da
sede invadindo regi�o alagada


Em 1971, obra conclu�da e
contornos j� aterrados


No segundo semestre de 68, come�aram a ser contratados os profissionais de TV que dariam o 'start' da programa��o. Ao mesmo tempo, cuidava-se da aquisi��o de equipamentos - os mais modernos do mercado - e a concep��o visual da emissora. O logotipo do canal surgiu nas pranchetas do escrit�rio dos designers Jo�o Carlos Cauduro e Ludovico Martino. Chamado internamente de "bonequinho", foi concebido para ter varia��es conforme a utiliza��o. A primeira vinheta musical, que j� utilizava o bonequinho, foi composta por Camargo Guarnieri e gravada no est�dio da RGE-Scatena.


Na �poca - e j� avan�ando em 69 -, aconteceram os testes t�cnicos e de produ��o nos est�dios da Escola de Comunica��es e Artes da USP, no Antigo Pr�dio da Reitoria. Curiosamente, a fase de testes era acompanhada por alunos de R�dio e TV da ECA que, formados nos anos seguintes, viriam a se juntar aos pioneiros da nova emissora, j� como profissionais.

"No per�odo de implanta��o, chegamos � id�ia b�sica de TV p�blica e n�o TV instrutiva. Elaborei um dec�logo contendo os itens fundamentais de uma 'public TV'. N�s t�nhamos de ter audi�ncia ao mesmo tempo em que precis�vamos abrir espa�o para programas experimentais. Em seu conjunto, os programas teriam de atender a todos os segmentos. Se n�o tivesse existido esse conceito de televis�o p�blica, acho que a TV Cultura teria fracassado, n�o teria feito a carreira que vem fazendo at� agora. Hoje, ela � uma televis�o cultural."
Cl�udio Petraglia, assessor cultural da TV Cultura at� 1971. Em 1999, diretor regional da Rede Bandeirantes de Televis�o no Rio de Janeiro.

O projeto t�cnico

Se o perfil de programa��o do novo canal estava tra�ado, era necess�rio viabiliz�-lo tecnicamente. Durante todo o ano de 68, o assessor t�cnico Miguel Cipolla, em conjunto com o assessor de planejamento, Carlos Sarmento, elaborou um projeto t�cnico que possibilitava a capta��o do sinal da emissora num raio de 150 quil�metros em torno de S�o Paulo. A primeira provid�ncia foi a mudan�a da antena do alto do pr�dio do Banco do Estado de S�o Paulo, no centro da cidade, para o pico do Jaragu�, na zona oeste.

O passo seguinte foi a reinstala��o dos est�dios, com a aquisi��o de novos equipamentos. A empresa vencedora da concorr�ncia foi a RCA, que forneceu todas as m�quinas, com exce��o das c�meras - a emissora optou pelas modernas Mark V, da Marconi, s� encontradas nos est�dios da BBC de Londres.

Durante o processo de compra e implanta��o, a equipe ganhou o refor�o do engenheiro Ren� Xavier dos Santos, que havia participado da instala��o da TV Globo no Rio de Janeiro. A exemplo de Cipolla, Xavier era formado no Instituto de Tecnologia da Aeron�utica, de S�o Jos� dos Campos.

 

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