"Não é aconselhável estimular a
mediunidade em crianças e jovens"

Elmira Pelufo - tudo tem sua idade apropriada

A vice-presidente doutrinária da Federação Espírita do Rio Grande do Sul Elmira Pelufo foi a palestrante de ontem (20 de Outubro 2009) na XIII Semana Espírita de Torres abordando o tema "Mediunidade nas crianças e adolescentes". Disse ela que os pais devem ficar atentos a certas manifestações nas crianças, mas que uma vez comprovada a mediunidade aconselhou a não cometerem o equívoco de revelarem o fato aos filhos e nem estimularem o desenvolvimento dessa mediunidade. "Sabemos de casos que provocaram sequelas irreversíveis em crianças e jovens por não saberem lidar com a situação".

Segundo ela, quando as crianças falam com amigos imaginários nem sempre esses amigos podem ser fruto apenas da idealização das crianças. "Elas podem efetivamento estar vendo espíritos. Porque todos somos mediuns, alguns mais outros menos, mas todos somos independentemente de religião ou de raça". Elmira disse que a mediunidade é uma porta para o mundo dos espíritos que podemos abri-la ou mantê-la fechada. "O problema vem quando escancaramos essa porta".

"Para o medium intermediar o contato entre esses dois mundos ele precisa ter o controle dessa porta. Precisamos saber a hora de abri-la e a hora de fechá-la". Exercer essa faculdade sem controle pode causar danos nas crianças e adolescentes. "Segundo os estudiosos da doutrina espírita - disse Elmira - a mediunidade se desenvolve em quatro ciclos". O primeiro ciclo é quando a mediunidade aparece em crianças. Elmira disse que não há que se colocar o fato em relavância porque assim como ela vem vai embora. "Se estimularmos a mediunidade na criança poderemos dar impulso para que essa criança angarie um processo obsessivo. Existem casos de crianças que foram levadas para a mesa mediúnica e ficaram com sequelas para o resto da vida". Segundo ela, o que se pode fazer por uma criança que esteja aparentando mediunidade são orações, levá-la para tomar passes ou sua evangelização. "A mediunidade quando bem conduzida só nos dá alegria e prazer, mal conduzida parece um trem descarrilado".

O segundo ciclo atinge os adolescentes "quando eles estão com todo o processo hormonal a mil". Segundo Elmira essa é uma idade difícil para eles, tanto para os meninos, quanto para as meninas. "Quando a mediunidade começa a se manifestar eles ficam por aí jogando fora a sua energia e muitas vezes a própria vida". O caso mais famoso de mediunidade na adolescência aconteceu com Joana d'Arc considerada hoje heroína da Guerra dos Cem Anos. Ela dizia que desde os 13 anos de idade "ouvia vozes divinas" e salvou a França dos ingleses.(Nota da redação: O rei Carlos VII duvidando de seus dons mediúnicos se disfrçou entre seus nobres, mas ela foi capaz de a ele se dirigir diretamente sem nunca tê-lo visto antes).

"Todos somos intuitivos. Sabemos quando uma coisa vai acontecer e acontece. Com os jovens é a mesma coisa. Os jovens também sentem isso". Sem dizer aos jovens, Elmira explica que eles devem ser encaminhados para participar das casas espíritas colaborando com as realizações de cunho comunitário e para trocar idéias com outros jovens. "Porque nessa idade, os jovens ouvem mais aos jovens de sua mesma faixa etária, do que aos pais".

O chamado terceiro ciclo da mediunidade é o que atinge as pessoas quando estas chegam aos 18 anos de idade. "Aí já é possível a eles estudarem sobre a mediunidade, mas nada apressado. Existem espíritas preparados para ajudar nessa tarefa". Nessa idade é comum os jovens serem dominados por espíritos possessores que os levam aos vícios e até à prostituição. "Temos depoimentos sobre essa situação. Eles sabem que estão fazendo errado, mas se sentem sem forças para seguir outro caminho. São casos de mediunidade em disparada, desgovernada". Elmira cita o caso de uma jovem que se prostituía mesmo contra a própria vontade. "Era como que se alguém me levasse. Eu não queria, mas acabava indo". Hoje essa jovem é viciada em crack, está com Aids, é um caso perdido. Elimira sugere que o Livro dos Médiuns deve ser o livro de cabeceira de todo espírita. É um livro para ser lido e relhido com calma, aos poucos, todos os dias. "É um livro que nos ensina lidar com essas situações".

O quarto ciclo é relativo à faixa de idade que vai dos 21 anos aos idosos. "O espírita não tem medo de morrer, mas se retardar a morte melhor. Não é assim?" (Risos na platéia) "A morte não é o fim, a gente sabe, vai tranquilo. A mediunidade bem trabalhada até prolonga a nossa vida aqui. A maior prova disso é o nosso Xico Xavier".Elmira defende a tese de que a mediunidade bem trabalhada um dia será o alicerce de toda a humanidade. Disse qua Bíblia Sagrada está recheada de médiuns. Devemos nos empenhar para ajudar àqueles que batem às nossas portas com dificuldades (espirituais)". Aqui Elmira fala das pessoas que andam desanimadas, com depressão e bipolaridade, vão aos médicos fazem exames e "não é nada". Diz ela, se consultou especialista e não tem nada, pode ser um caso de mediunidade.

"Na idade da madureza mediunidade não é coisa pro futuro, é pra hoje, é pra arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Está no evangelho de Cristo: é dando qeu se recebe. Mediunidade não enlouquece ninguém - a não ser que já tenha o germe da loucura instalado. Pelo contrário, a mediunidade já tirou muitas pessoas da loucura. Eram obsediados que viam e ouviam coisas e se desequilibravam". Elmira disse que é preciso aprender a escutar esse chamamento e ficar de braços abertos e vontade firme para seguir adiante, para levar a palavra, o conforto e a fé. "Chegará o dia que estaremos todos unidos, todos trabalhando juntos não importando qual a religião. O que importará será o sentimento que vai nos unir para trabalhar esse dom que Deus nos deu, que é a mediunidade".

"A humanidade precisa de seres dispostos ao bem, ao amor e à fraternidade. 'A quem muito lhe foi dado, muito lhe será pedido'. Um dia não precisaremos porque todos os dias saberemos tudo isto para etender a mão para a caridade. Quando nos atacam temos até medo de parar porque a gente não sabe quem está ali atirado na rua. A contribuição deve ser nossa para o homem ir ficando mais solidário. Não haverá mais solitários no mundo, quando o mundo for mais solidário. Vamos ir aonde está o infortúnio, onde tem a dor e o sofrimento. Chega de deixar a porta fechada. Precisamos abrir essa porta que desbrava sentimentos, pensamentos, vontades e emoções". Elmira lembra que Jesus disse: "vós sois o sal da Terra?" E a seguir pergunta: "então por que não fazermos a diferença?" Diz ela que o verdadeiro medium de Deus não escolhe hora e não escolhe lugar. "Na medida em que somos todos médiuns, devemos ser mediuns da audiência (ouvir as pessoas), médiuns da paciência, da calma, da serenidade, da diplomacia, da caridade, da fraternidade e do amor", concluiu.

Elmira Pelufo - "Não haverá mais solitários no mundo, quando o mundo for mais solidário"

XIII Semana Espírita de Torres

Mediunidade, Comunicação entre Dois Mundos esse o tema da XIII Semana Espírita de Torres que vai do dia 19 até 23 de Outubro, no Centro Municipal de Cultura. O evento é uma realização da União Municipal Espírita (UME) e tem o apoio de Labcentro, Restaurante Souza, Anzol Restaurante, Progetti Arquitetura e Design, A Furninha Hotel e Restaurante, Pousada La Barca, Crostini Galeteria e Pizzaria, Oxi Produções e Prefeitura Municipal de Torres - Centro Municipal de Cultura. A entrada é 1 kg de alimento.

Programação:
23/10 - 20h- Roberto Jobin (Porto Alegre)