Personagens
e ambientação.
Olá
jovem mestre de RPG, vejo que está novamente em busca
de conselhos; presumo que os anteriores foram bem aproveitados.
Muito bem, sente-se e fique à vontade enquanto faço
um chá para você enquanto conversamos.
Certo,
na matéria anterior debatemos sobre por onde começar,
que tipo de RPG usar, como mestrar, enfim... a base.
Mas no início pode acontecer de os personagens não
serem equilibrados, ou a ambientação não
estar sendo boa prejudicando a aventura.
"Mas, como assim 'não serem equilibrados'?"
você pode me perguntar; aí terá a seguinte
resposta: lembra-se de quando eu disse que no começo
os personagens dos jogadores teriam que ser criados com a ajuda
do Mestre? Então, mesmo que os jogadores tenham entendido
como se faz o personagem eles podem se empolgar e fazer personagens
que não tem nada a ver um com o outro; vejamos um exemplo
simples:
"Jean
quer mestrar uma aventura de horror estilo "Sobrenatural"
com seus 4 amigos: Jefferson, Bruna, Almir e Randi. A aventura
vai se passar na cidade de São Paulo e terá algo
a ver com assassinatos bizarros em série, ocorridos nas
catedrais de São Paulo.
Durante a criação de personagens Jean resolve
deixá-los livres para fazê-los, pois sabe que entenderam
da mecânica de construção, então
temos o seguinte resultado:
-Bruna
faz uma policial, agente da Polícia Federal recém
graduada;
-Almir faz um repórter que trabalha para um tablóide
infame;
-Randi faz um fotógrafo freelance;
-Jefferson faz um cientista-ufólogo-aventureiro que adora
pilotar lanchas.
Bom,
devido ao tema da aventura pode-se relacionar os personagens
assim:
"Almir
e Randi (repórter e fotógrafo) podem estar fazendo
a matéria sobre os assassinatos e ter pistas que Bruna
(agente da P.F.) precisa para encontrar o criminoso ou criminosos..."
Legal... Mas, e o Jefferson? Que tem a ver um cientista-ufólogo
com a aventura em questão?
Entendeu
onde quero chegar?
Dependendo do Mestre pode-se até ter um certo jogo de
cintura e alterar o "roteiro" da aventura pra "encaixar"
de alguma forma o ufólogo, mas isso tomaria algum tempo
a mais e deixaria a história meio estranha.
Por essa razão, a princípio o Mestre deve
orientar os jogadores a fazer os personagens, ou fazê-los
propriamente; isso até todos pegarem o jeito da coisa.
"Certo,
os personagens são coerentes mas como eu faço
a tal da ambientação?"
Hmmm... Boa pergunta. Bem, cada mestre tem seu jeito de ambientar
a aventura, de fazer o "clima"; então dê
seu toque pessoal; aqui vão algumas dicas.
-Introdução
da aventura: é o "cartão de apresentação"
da mesma: antes de iniciar as ações dos personagens
descreva o lugar, a situação no momento, o que
está acontecendo, o tempo... essas coisas. Se quiser
pode anotar numa folha a introdução em forma de
um conto breve e ler para os jogadores (ou entregar uma cópia
a cada um), apenas dando alguma explanação no
final. Isso vai demonstrar como a aventura será, uma
história de horrores espreitando em cada canto da cidade,
uma cruzada heróica por reinos mágicos, uma perseguição
frenética pelo mundo em busca de algo... não há
limites;
-"Trilha sonora": sempre ajuda ter alguma música
ao fundo; sinceramente, é um tanto chato jogar com o
"barulho do silêncio", então é
muito bom ter à mão alguma música para
acompanhar a sessão (algo que agrade A TODOS e que COMBINE,
por favor!!!). É aconselhável ter músicas
variadas para serem usadas em momentos pertinentes como: servir
de fundo apenas, para momentos de ação ou tensão
(você pode também usar o silêncio ao seu
favor, nos momentos de tensão) que fatalmente ocorrerão;
-"Props": são como os objetos de cena
de um filme, é divertido lidar com eles; veja, é
bem interessante você dizer: "Seu personagem acha
no fundo do baú uma chave antiga." e entregar uma
chave velha para o jogador, ou então "Ao chegar
em casa você encontra uma envelope com algo dentro."
e entregar um envelope com uma carta com alguma dica pertinente
a aventura para aquele jogador. Também não há
limites para isso.
Volto
a dizer que são apenas dicas, você pode ter seu
próprio modo de fazer as coisas e ter resultados excepcionais.
Certo
jovem mestre, espero que tenha ajudado mais uma vez a sanar
as dúvidas que lhe assolam e que tenha gostado do chá,
lamento não poder fazer mais companhia pois tenho que
ir jantar... Ah, não precisa se assustar já tenho
companhia para esta noite: companhia e jantar ao mesmo tempo,
se é que você me entende, hehehee...
Um
abraço.
W.R.
"Tremere"