Ota j� n�o acredita
no aeroporto
PROJECTO
Ota poder�, afinal, nunca vir a ser designa��o de um aeroporto.  �  com  este sentimento de des�nimo, num misto de apreens�o  e  cepticismo,  que  os  autarcas  e  a  popula��o  da  pequena  freguesia  do concelho de Alenquer, situada a 45 quil�metros da  capital,  encaram  o  adiamento  da  constru��o  da nova pista internacional, decidida pelo Governo.

Para o presidente da Junta de Freguesia da Ota,  o  processo  do  novo  aeroporto  �tem  semelhan�as com a
novela Jardel: vai para aqui, vai para acol�, estou a ficar farto da hist�ria�.  Como consequ�ncia, sublinha Rui Branco (PS), �quem est� a pagar a factura s�o as pessoas que  possuem  o  seu  lote  de terreno na zona reservada para o aeroporto  e  est�o  impossibilitadas  de  construir  n�o  se  sabe  at� quando�.

Este problema est�, de resto, segundo o autarca, a condicionar a expans�o populacional da  freguesia, que �j� foi grande quando era atravessada pela estrada  nacional  e  a  base  a�rea  estava  em  plena actividade, estando agora reduzida a 1200 habitantes�. Apesar das  medidas  restritivas  �  constru��o em vigor (Decreto-Lei 42/97 e 31-A/99), que incidem particularmente no corredor direito do IC2 (sentido Sul-Norte), �existem algumas perspectivas de crescimento, com o avan�o da urbaniza��o da Cota,  que dever� vir a alojar cerca de meio milhar de novos moradores�, refere Rui Branco.

No entender do autarca otense, �o Governo, ao adiar a constru��o do  aeroporto, 
chutou o  problema para a frente com um objectivo bem definido, porque desde o in�cio que  o  PSD  n�o  quer  essa  infra-estrutura nesta zona,  ao  contr�rio  do  PS�.   Neste  quadro,  �penso  que  o  adiamento  tem  o  claro prop�sito de adormecer a opini�o p�blica para, a m�dio prazo, mudar  a  localiza��o  do  projecto  para Rio Frio�, sustenta.

Contudo, se realmente a inten��o do Executivo � avan�ar com a constru��o do aeroporto  na  Ota,  em 2007, como foi anunciado, �tem de se come�ar a resolver, desde j�, o  previs�vel  problema  social  que constituir� a vinda para esta  zona  dos  20  mil  oper�rios  que  est�  previsto  participarem  nas  obras, porque n�o existem condi��es - aos n�veis residencial, da sa�de e da seguran�a  -  para  os  receber�, observa Rui Branco.

Nas conversas da popula��o da freguesia, �o assunto  aeroporto  deixou  de  estar  na  ordem  do  dia, ouvindo-se apenas, com frequ�ncia, lamentos e cr�ticas  sobre  os  preju�zos  resultantes  das  medidas legais que impedem a constru��o na zona�, adianta o presidente da Junta de  Ota.  ��  preciso  que  o Governo esclare�a como � que ficam as coisas em rela��o aos decretos-leis em  vigor,  sendo  que  as medidas rigorosas que impedem a constru��o ter�o de ser necessariamente alteradas, sob pena  de  a vida, para algumas pessoas, parar mais tr~s anos�, frisa o autarca.

Por outro lado, �apesar de j� termos  colocado  a  quest�o  �s  entidades  respons�veis  pelo  projecto, continuamos tamb�m sem saber sobre que zonas v�o incidir os 75 desalojamentos previstos no  estudo de impacte ambiental realizado pela ANA - Aeroportos e Navega��o A�rea�, conclui Rui Branco.

Sem resposta continua, entretanto, um pedido de audi�ncia ao ministro  das  Obras  P�blicas,  feito  h� mais de quatro meses pelos presidentes dos munic�pios de  Alenquer,  Azambuja e  Vila Franca de Xira, para  avaliar  a  alegada  necessidade  de  suspender  ou  reduzir  a  linha  de  protec��o  da 
zona  de salvaguarda definida para o futuro aeroporto, que os autarcas dizem  englobar  �uma  �rea  claramente excessiva�.


                                                                                                                                       DN (08SET2002)
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