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   Ordem Rosacruz
Portal do Terceiro Mil�nio


A Ordem de Maat apresenta:
Textos Especiais

Cap�tulo XIII do livro "O Eremita" do Frater Velado
(Publicado em 1997, edi��o esgotada)

 De como o diabo foi
surpreendido rezando
a Missa e se revelou

Capa do livro "O Eremita"

        Certa feita eu estava aguardando admiss�o na Ordem de s�o Bento e ainda n�o havia me recolhido ao eremit�rio quando empreendi uma viagem a uma cidade do interior a fim de visitar parentes. Naquela cidade havia uma igreja antiga, com um cemit�rio anexo, no qual estavam enterrados um irm�o meu e meus pais. Decidi ir � Missa, para comungar, pois justamente naquela data havia um evento muito importante para mim, que eu guardava todos os anos.

        Procurei pelo padre e me informaram que ele estava na casa paroquial, onde de fato o encontrei. Era um padre jovem, que me recebeu muito bem, at� que lhe revelei minha inten��o de me confessar, para poder comungar. Ele me disse que n�o havia necessidade disso e que eu fosse � Missa e comungasse, pois meus pecados ficariam automaticamente perdoados durante o Ato de Contri��o, fossem l� quais fossem.

        Eu insisti, mas o padre se recusou a me ouvir em confiss�o. Ent�o, eu lhe disse que Santo Agostinho, S�o Tom�s de Aquino e S�o Jo�o Cassiano recomendavam a confiss�o individual. O padre respondeu que essas recomenda��es eram ultrapassadas e que agora tudo era diferente, mais pr�tico.

        N�o aceitei de forma alguma tal argumenta��o e expliquei que estava aguardando admiss�o na Ordem Beneditina e que o Abade do Mosteiro onde eu pedira ingresso havia me recomendado que eu me confessasse individualmente e comungasse, se poss�vel todos os dias. Ent�o, diante desse argumento, o padre consentiu em me ouvir em confiss�o, mas disse que faria isso somente na igreja, e n�o ali na casa paroquial, e mandou que eu fosse aguard�-lo na sacristia.

        Cinco minutos antes da hora da Missa o padre chegou, envergou a t�nica e, sem colocar estola, disse que estava pronto a me ouvir e que eu confessasse meus pecados ali mesmo, de p� e rapidamente. Ent�o eu lhe disse que o meu pecado era ter rela��es sexuais, sem ser casado, com a mo�a com a qual estava vivendo ap�s ter ficado vi�vo. Demonstrando grande satisfa��o e com estranho brilho no olhar, o padre me disse:

        - Pois bem: j� contou o seu pecado e eu o escutei. Mas absolv�-lo, isso n�o vou fazer de modo algum. Se quiser absolvi��o, procure o seu Bispo. Pode assistir � Missa, mas comungar n�o.

        Eu agradeci ao padre e ele me pediu que eu o tivesse constantemente em minhas ora��es, o que estranhei, pois, por que haveria um padre t�o severo de querer as ora��es de um miser�vel pecador, t�o miser�vel que nem sequer podia ser absolvido? Guardei tais pensamentos para mim mesmo e fui para a nave da igreja, onde havia muitas senhoras de idade, a maioria delas Filhas-de-Maria.

        A Missa come�ou  e n�o houve Ato de Contri��o, o que estranhei mais ainda. O padre saltitava no amb�o como um animador de audit�rio, cantando hinos do novo ritual, e apenas umas poucas fi�is, das que ali se encontravam, o acompanhavam. Passei a prestar mais aten��o e imediatamente reconheci quem estava ali: era Satan�s, fingindo rezar a Missa, para melhor ofender a Deus.

        Ao constatar que havia me confessado com o diabo e que este estava ali a zombar de todos, n�o me perturbei e aguardei o momento oportuno, pois sabia que ele viria, como de fato veio: o padre, em dado momento, ap�s ter feito r�pida prele��o, perguntou se algu�m tinha algo a dizer. No mesmo instante  me levantei e cantei o Credo em latim, no que fui imediatamente antifonado pelas Filhas-de-Maria.

        Vendo que havia sido descoberto e n�o suportando as vibra��es do Credo, o diabo encerrou sua pantomima sem ter profanado a Eucaristia e foi para a sacristia, deixando um di�cono em seu lugar. Fui atr�s dele e ele, certamente tentando perder-me pela afirma��o de alguma cren�a reencarnacionista, me perguntou:

        - Por acaso �s Elias? Porque me persegues?

        No que prontamente lhe respondi:

        - N�o, n�o sou Elias, mas estou aqui para te dizer o seguinte: Vade retro, s�tana! Nunquam suade mihi vana. Sunt mala qu� libas, ipse venena bibas.

        Na mesma hora o dem�nio se retirou e o padre, recuperado da possess�o, voltou � nave para rezar a Missa, desta vez corretamente. Eu por�m, por medida de precau��o, em vez de me retirar fui rezar em um canto da sacristia e s� depois de ter recitado os salmos 67 e 90 � que fui embora.

        Tal incidente mostra bem at� que ponto chega a aud�cia do diabo. E eu, para me garantir, fui a uma outra igreja - pois igrejas eram o que n�o faltava naquela cidade -, procurei um padre e disse que queria me confessar. Fui atendido de imediato, contei meu pecado e o padre me disse:

        - Eu te absolvo, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tua penit�ncia ser� manter a castidade, daqui por diante.

        Durante algum tempo tentei cumprir tal penit�ncia, mas acabei fraquejando, o que mostra qu�o miser�vel � a condi��o humana e como tem o cil�cio de ser usado ami�de para nos purgar de tais mazelas. A minha sorte � que eu n�o havia feito voto de castidade, pois se ca� ante a tenta��o, pelo menos n�o tra� profiss�o de f� feita diante de Deus, o que j� � alguma coisa.

        Hoje, sei que Satan�s armou aquela trapa para ver se me perdia a alma pela revolta e usou aquele padre porque ele, coitado, deveria estar em pecado bem pior que o meu. Felizmente sua trama  n�o deu certo, porque confiei em Deus. At� hoje rezo por aquele padre.


Nota dos Editores: O epis�dio narrado neste cap�tulo teria ocorrido na Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, em Barbacena, Minas Gerais.

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