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2000
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Academia
Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, lhe confere o prêmio em
referência aos 20 maiores brasileiros vivos no século 20. Roberto não
compareceu para receber o prêmio, sendo representado por seu filho
Dudu Braga.
Seu
novo estúdio é inaugurado na Urca, Rio de Janeiro. Um complexo que
conta com o maior estúdio da América Latina, a futura residência de
Roberto e uma capela particular. A partir de então, não produzirá
mais seus discos nos Estados Unidos da América.
Uma rara foto, feita a distância por paparazzos, algum tempo depois,
mostra um Roberto, na sacada de seu apartamento, abatido, com cabelos
totalmente brancos, com mãos postas em sinal de devoção, e o olhar
voltado para o Cristo Redentor.
Em fevereiro Roberto
tenta voltar ao seu estúdio para iniciar a gravação de seu disco
inédito. Seguindo sugestão de sua gravadora inicia a produção de
um disco com músicas sertanejas, porém não chega a concluí-lo.
O
lançamento do disco e a apresentação em público previstos para
fevereiro, foram adiados para abril, depois para maio, junho,
setembro...
Depois
dos constantes adiamentos e de sua reclusão, ninguém sabia se
Roberto voltaria a cantar e se conseguiria lançar seu disco no final
do ano. Chegou-se a cogitar que ele se dedicaria exclusivamente a vida
religiosa, tornando-se padre.
Novembro, dia 11, em Recife, Pernambuco, no Ginásio Geraldão, com
duas horas de atraso, Roberto volta a se apresentar para um público
de 10.000 pessoas, em um show marcado por fortes emoções,
incessantes declarações de amor e muitas lágrimas. Os ingressos se
esgotaram com uma semana de antecedência. Estava claro que estava
vivendo momentos penosos e por diversas vezes chorava copiosamente.
Seu
disco anual, intitulado Amor Sem Limite, finalmente foi lançado em
dezembro com dez músicas, sendo que três gravações já haviam sido
incluídas em discos anteriores: Eu te amo tanto (1998), Mulher
pequena (1992) e Quando digo que te amo (1996). Um disco totalmente
dedicado a Maria Rita. Das oito composições inéditas Roberto Carlos
assina sozinho quatro: Amor sem limite, O grande amor da minha vida, O
grude e O amor é mais. Erasmo Carlos respeitou o momento de dor e
reclusão do parceiro e participou somente da religiosa Tu és a
verdade, Jesus. Fazem parte do disco, ainda, as músicas Tudo de
Martinha e Momentos tão bonitos, da dupla Eduardo Lages e Paulo
Sergio Valle.
Apesar
de um disco melancólico e incompleto, sua volta foi festejada pelo público
como pode se notar por este belo texto:
"É
interessante como, no Brasil, os reis conquistam sua majestade não
por laços sangüíneos, formas instituídas de governo ou tradições
seculares, e sim pela grandeza de seu talento e capacidade de
emocionar a alma de seu povo. Foi assim com Roberto Carlos. E continua
sendo.
O
menino simples de uma cidade do interior ama a música. Ele vai para a
cidade grande e luta para se destacar entre tantos outros garotos, que
como ele, são impelidos por uma força interior, misteriosa, a cantar
e a compor. E por obra de sua música é ele escolhido para ocupar o
trono. O trono, aqui, não é uma poltrona de veludo vermelho ornada
com ouro. É só um símbolo que expressa a devoção e o amor que as
pessoas sentem por Roberto e sua música. O carinho e admiração de
seus fãs são os verdadeiros cetros e corroa desse rei. Um rei que
andou ausente e triste por dois anos, calado.
E o
silêncio do rei se propagou pelos corações dos súditos, que também
ficaram tristes e silenciosos. Mas talvez por obra do silêncio e da
tristeza de seus súditos, Roberto tenha percebido que ele precisava
voltar a cantar e a compor. Por mais triste que fosse o momento que
atravessava em sua vida pessoal, o rei constatou que da música dele
dependia a alegria de muitas outras pessoas. E que, se essas pessoas
pudessem sorrir e se alegrar novamente, talvez ele próprio
encontrasse também razão para sorrir nesse mundo tão complexo, às
vezes incompreensível, outras injusto.
E
assim, mais uma vez Roberto reafirma sua condição de soberano graças
à força de sua obra musical. Por que, por mais que se diga que
Roberto é um ídolo, um ícone, uma como eu mesmo já afirmei parte
indissociável da alma brasileira e da genética de nossa
nacionalidade, o seu grande feito continua sendo a beleza simples de
sua música e de sua maneira de cantar.
Foi
assim que ele conquistou milhões de brasileiros, sua confiança e
admiração, a coroa e o cetro, e o direito de lançar um disco
diferente a cada ano. E aqui talvez resida a chave de seu imensurável
sucesso: a capacidade de realizar um disco diferente e satisfazer seu
público como se tivesse feito um disco igual.
É
preciso que a gente reflita sobre isso. Porque Roberto já é, para nós
brasileiros, uma engrenagem tão bela e misteriosa ao mesmo tempo que
cotidiana quanto os amanheceres, os crepúsculos e os sinos das
igrejas que anunciam as seis horas da tarde. Ficar dois anos sem um
disco de Roberto foi algo tão surpreendente e decepcionante quanto
esperar a noite inteira pelo amanhecer e constatar que o sol não
nasceu. Agora as nuvens se dissiparam e o sol voltou a brilhar. Mas
talvez todas essas imagens, comparando Roberto a um rei, sua voz a luz
do sol e seu silêncio a uma infindável noite escura, não passem de
puro blá-blá-blá. O que importa é que esse grande músico, cantor
e compositor brasileiro, voltou a gravar um disco. E de novo ficaremos
felizes por poder compartilhar do vigor e beleza de sua música.
Porque ela como toda verdadeira obra de arte contém em si a transcedência
da vida e da morte.
O Rei está
de volta, longa vida ao Rei!"
Tony Bellotto - Folha On-Line -
18/12/2000
* O
que me leva a seguir em frente é que estou fazendo o que ela me pediu.
* Deus
tem me dado força para superar o sofrimento e continuar com minha
missão aqui. Deus é realmente bom e justo. Ele não dá a dor, ele dá
a endorfina.
*
Ainda choro muito, às vezes preciso adiar gravações no estúdio
porque a voz fica embargada.
* Não
estou preparado para começar novamente, meu emocional está muito
mexido, mas preciso interagir com o público para ficar bem. Meu
público é minha família, cada pessoa na platéia é um irmão.
* Eu
nunca pensei realmente em ser padre.
Roberto Carlos - em entrevista coletiva em
novembro/2000
No
final deste ano, Roberto move uma ação judicial contra sua gravadora
Sony reivindicando rescisão de contrato e pagamento de direitos
autorais atrasados. A rescisão, porém, não chegou a acontecer.
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2001
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Em abril, Roberto completou 60 anos de idade, pela primeira vez longe dos palcos. Roberto saiu diretamente para a Igreja próxima a sua casa para participar de uma missa em sua homenagem.
Em frente a igreja, uma centena de fãs lhe aguardavam e um carro de som tocava suas músicas. Alguns colegas da classe artísticas lhe enviaram flores e ele recebe mais de 500 telegramas. Após a missa, apenas um jantar com alguns familiares.
Em maio, Roberto toma uma decisão surpreendente. Apesar de ter contrato de exclusividade com a Rede Globo de Televisão e com a gravadora Sony, procura a emissora musical MTV com a finalidade de produzir um show, CD e DVD acústicos. Segundo as declarações próprias de Roberto, o CD Acústico satisfazeria um antigo desejo de Maria Rita.
Como não podia deixar de ser, a MTV festejou o presente que gratuitamente caiu em suas mãos e a Rede Globo entrou em campo, com todo seu arsenal, para defender seus interesses, e se formou uma grande batalha entre as duas emissoras, com a gravadora no meio.
A gravadora Sony, rapidamente fecha um acordo de parceria com a MTV para lançamento do CD e DVD. As negociações da MTV com a Rede Globo tornam-se difíceis diante das exigências da Globo de gravar o show com seus próprios equipamentos e o transmitir em primeira mão.
Momentos antes do show, sem chegarem a um acordo, a MTV expulsa do recinto de gravação a equipe e os equipamentos da Rede Globo.
Indiferente a confusão armada, de 4 a 8 de maio, Roberto sobe ao palco e ensaia no Estúdio Oscarino, do Pólo de Cinema e Vídeo, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e grava nos dias 9 e 10, seu show acústico para um público de 200 seletos convidados.
No repertório, 40 anos de revisão musical, dando destaque para suas fases mais criativas (anos sessenta e setenta). No fim, a MTV não tinha garantias de poder apresentar o show nem a gravadora de produzir o DVD, porque ninguém sabia onde começava e terminava a exclusividade de Globo, uma vez que o contrato firmado entre Roberto e a emissora continha várias cláusulas secretas.
Enquanto a batalha entre as emissoras se arrastava durante todo o ano, Roberto se trancou em seu estúdio particular e trabalhou exaustivamente na mixagem do CD. O lançamento do CD foi constantemente adiado pondo a perder todas as estratégias de marketing armadas pela gravadora Sony. Finalmente, em dezembro, o CD é lançado. Apesar do atraso, a vendagem atingiu 1,8 milhão de cópias. Porém a expectativa anunciada pela gravadora era de que vendesse em torno de 2,5 milhões.
Devido a impossibilidade de acordo com a Rede Globo, a MTV ficou impedida de apresentar qualquer imagem gravada, inclusive para divulgação do CD. Assim, a grande legião de fãs de Roberto ficou a margem do grande acontecimento.
A Rede Globo, por sua vez, fez sua própria produção em cima do repertório e do show Acústico e a apresentou como o tradicional especial natalino.
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2002
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Em abril, tentou evitar comemorações
pelo seu aniversário, mas um grupo de 150 fãs fez vigília em frente
ao seu apartamento e só saíram depois que ele desceu para ouvir os
parabéns e provar uma fatia do bolo. Aos fotógrafos, apareceu na
varanda do apartamento de onde apenas acenou. A tarde assistiu a uma
missa ao lado da família na capela junto ao seu estúdio.
Apesar dos empecilhos criados pela Rede Globo que dizia ter
exclusividade sobre a imagem de Roberto Carlos, a produção do DVD
foi negociada com a Sony e o lançamento ocorreu em junho de 2002. O
DVD traz imagens editadas de parte do show: o mesmo som mixado e as
mesmas 14 músicas constantes do CD lançado no ano anterior.
Ficaram de fora, tanto do CD como do DVD, as músicas Debaixo dos
Caracóis de Seus Cabelos, Eu Quero Apenas e Olha.
O relacionamento de Roberto com sua gravadora novamente foi marcado
por alguns conflitos. A direção da Sony mostra publicamente irritação
quando o lançamento do DVD, que já havia vendido 140 mil cópias em
pré-venda, e já tinha sua distribuição iniciada, foi cancelado e
recolhido por ordem de Roberto que estava descontente com o resultado
final da produção e solicitou alterações.
"Eu lavo as
minhas mãos. Fizemos a nossa parte. Reservamos até espaço nas
principais lojas de departamentos para divulgar o DVD"
José Antonio Eboli,
presidente Sony a Revista Veja - Maio/2002
Até a decisão do
cantor, a Sony contabilizava 140.000 unidades pedidas - o dobro do DVD
musical mais vendido no país, o de Marisa Monte.
Foi mais um final de ano tumultuado. Roberto volta a ter problemas com
justiça por causa do processo de plágio envolvendo a música Careta
e teve sua residência invadida por oficiais de justiça em busca do
contrato firmado entre sua Editora Amigo e a gravadora Sony.
No final do ano, após ser amplamente comentado na imprensa e até no
seu site oficial, o CD com canções inéditas não saiu e assim se
completou três anos sem um álbum inédito. Outro lançamento
prometido para este ano e não concretizado, foi um CD ReiMixes, que
conteria seus principais hits remixados com o objetivo de atingir um público
jovem.
Tais acontecimentos poderiam abalar qualquer carreira menos a de
Roberto. Em novembro ele se apresenta no Aterro do Flamengo, Rio de
Janeiro, no show em comemoração aos 90 anos do Bondinho do Pão de Açúcar,
para um impressionante público de 250 mil pessoas. Alguns meses
antes, no dia 24 de março, 300 mil pessoas compareceram ao seu show
na cidade de Cabo Frio, Rio de Janeiro.
Por conta do MTV - Acústico Roberto ganha os seguintes prêmios de
melhor cantor: Trofeu Imprensa, Prêmio Multishow e 1º Prêmio Caras
de Música Popular. Neste último também foi o ganhador de melhor
disco.
Apesar de tudo, Roberto permanece acorrentado a contratos e não pode
impor seu próprio tempo a produção do seu CD. Seu empresário
negocia com a gravadora Sony, em substituição ao CD inédito, mais
um lançamento composto parte com as músicas gravadas em seu show no
Aterro do Flamengo e parte com as músicas remixadas que fariam parte
do CD ReiMixes. Consta do álbum somente uma música inédita Seres
Humanos composta juntamente com Erasmo.
"Ele realmente ficou frustrado mas, por outro lado, ganhou o que
queria. No ano que vem vai finalmente ter um álbum novo dois meses
antes do Natal",
Dody Sirena, empresário
de Roberto (O Estado de S.Paulo).
A música Seres Humanos, em ritmo
meio rap, traz uma visão extremamente otimista dos ditos seres
humanos, defendendo-os de todas as mazelas ecológicas e bélicas,
contestando até aos próprios Roberto & Erasmo que tanto os havia
acusados nas letras de Progresso, Baleias, Todos Estão Surdos e
outras.
Apesar de tudo, cada vez mais pessoas comparecem aos seus shows. Em São
Paulo apresenta-se na casa de espetáculos Via Funchal para 3 mil
pessoas, ingressos a preços salgados, esgotados a uma semana do espetáculo.
O show aconteceu para possibilitar a gravação de seu especial
natalino para a Rede Globo. Foi necessária a apresentação de mais
três shows extras na capital paulista para atender a demanda do público.
Seu especial televisivo traz surpresas. Roberto alem de cantar suas
tradicionais canções, concedeu uma entrevista a jornalista Gloria
Maria em que expõe mais uma vez sua tristeza pela perda da mulher
Maria Rita, contesta sua própria religiosidade e confessa que sofre e
busca inutilmente tratamento para o seu comportamento obsessivo
compulsivo. Declara que tem as músicas do novo CD prontas mas que
ainda não conseguiu atingir a qualidade que deseja para finalizar o
trabalho.
"... eu detesto as minhas
manias porque elas me incomodam e incomodam as pessoas ao meu redor.
Antes eu pensava que fosse supersticioso, mas depois descobri que sou
obsessivo compulsivo, o que é muito pior. Minhas manias são da
obsessão compulsiva, que é um negócio insuportável na minha
vida."
Roberto Carlos para a
repórter Glória Maria da TV Globo.
Seu comportamento obsessivo
compulsivo, como ele mesmo definiu, ou transtorno obsessivo
compulsivo, foi constantemente explorado pela imprensa como manias,
supertições e até algum estrelismo de grande astro. Além de
algumas pequenas e aparentemente inofensivas manias como aversão a
certas cores (marrom e roxo), atração por outras (azul) e ainda só
sair pela mesma porta por onde entrou, é famosa a busca à perfeição
em seu trabalho quando repete incontáveis vezes gravações de músicas
e de cenas. São percebidas as conseqüências deste distúrbio no seu
trabalho: várias produções permanecem incompletas por conta de sua
busca à perfeição e há alguns anos as capas de seus discos, assim
como os cenários de seus shows, são invariavelmente em tons azuis.
Outra dificuldade de Roberto é com relação a certas palavras e
frases que, segundo sua concepção, teriam sentido negativo. Desta
forma, observa-se alterações em versos inteiros nas regravações e
interpretrações de suas antigas composições, como observados nas músicas
Além do Horizonte e É preciso saber viver.
No dia 27 de dezembro recebe em Brasília, das mãos do Presidente da
República Fernando Henrique Cardoso, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do
Mérito Cultural.
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2003
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2004
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2005
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