Interrogatório O Fuxico
"Toda produção
independente depende do bom caráter das pessoas"
Você trabalhou com a Angélica
no SBT?
Depois da experiência como VJ da MTV, saí de lá
e passei um período de seis meses tocando alguns
projetos, inclusive de publicidade. Foi quando o
Rogério Gallo, que saiu da MTV e foi para o SBT
implantar o programa Casa da Angélica, me
convidou para fazer manipulação de bonecos com
vozes, numa novelinha interna chamada Tempestade
de Lágrimas, junto com a Angélica. Era um
desafio muito grande. Também aprendi muito nos
bastidores porque o estúdio da Angélica era
parede-parede com o do Serginho Groisman, que,
para mim, é uma grande referência como
apresentador de TV. Ele, o Gugu e o Fausto Silva
são três referências importantes para mim.
Mas você também fez uma peça nessa época,
não é?
É. No final desse ano, três coisas muito legais
aconteceram na minha carreira. Uma delas foi
atuar na peça A Dona da Bola, que teve
direção de Atílio Riccó e com a qual viajei
por todo o interior de São Paulo. Outra, foi
participar dos últimos capítulos da novela Éramos
Seis, a convite do Nilton Travesso, quem,
mais tarde, me ajudou a implantar o H aqui
na Band. E o terceiro acontecimento foi minha
primeira grande experiência como apresentador,
numa produção independente para a CNT, chamada Check
Point, que ia ao ar aos sábados, às 17h. E
consegui fazer um produto muito bom. Tinha o
Rodrigo Faro, que fazia as externas. Foi um
momento em que descobri, de tudo o que já tinha
feito, aquilo que sabia fazer melhor, que é
apresentar um programa.
E o que aconteceu com o programa?
Costumo dizer que toda produção independente
depende de alguma coisa. Principalmente, do bom
caráter das pessoas, da relação profissional e
de dinheiro. Consegui levar grandes profissionais
do mercado para trabalhar comigo só pela amizade.
Desde profissionais de iluminação, cenário,
patrocinadores, até artistas. O programa tinha
uma parte musical e conseguimos trazer Sandy
& Junior, Paralamas do Sucesso, Chitãozinho
e Xororó. Só que, infelizmente, o dono do
programa não fez sua parte. Não pagou ninguém.
Nem eu, o Rodrigo Faro, o pessoal da produção,
da técnica, a Frame, que era a produtora. Acabou
não pagando nem a CNT, que foi obrigada a tirar
a atração do ar. Foi uma infelicidade tremenda
porque o programa estava indo bem, alcançava 3,
4 pontos de média de audiência no final da
tarde, na CNT. O que, há dez anos, quando não
havia essa disputa acirrada, era ótimo.
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