Jornal
A Tarde
Otaviano Costa:
Na Globo, � preciso paci�ncia
A reportagem-foli� do Caderno 2 pegou
Otaviano Costa em pleno camarote de Daniela Mercury, depois de
um dia de trabalho e festa. O resultado? Leia!
K�tia Borges
O nov�ssimo apresentador da Bandeirantes, Otaviano Costa (27 anos),
parecia inteira�o, apesar de estar desde cedo na folia,
transmitindo a festa e brincando. Coisa normal, em se tratando
de um carinha cheio de disposi��o. Depois de encarar o desafio
de substituir Luciano Huck no H, cravar 2 pontos a mais no Ibope,
logo na estr�ia, mudar o nome do programa para O+ e brigar, em
p�blico, com a �ndia uma das cria��es da produ��o, para
ati�ar os adolescentes , ele fala, nesta exclusiva para
A TARDE, sobre o fasc�nio que a Globo exerce, o machismo, o car�ter
descart�vel da m�dia e, claro, o absoluto destaque conquistado
pela Feiticeira no O+. Confira.
P - No ano passado, o Carnaval da Bahia estava repleto de meninas
com m�scaras de Tiazinha. Este ano, s� vemos v�us de Feiticeira.
Qual a sua opini�o sobre essa forma, t�o descart�vel, de adora��o?
R - A cria��o de mitos � uma tend�ncia do brasileiro, que
se mistura ao fetiche. N�o � algo novo. Vem das Ritas Cadillacs,
passam pelas Gretchens e pelas Tiazinhas e desembocam nas Feiticeiras.
� uma qu�mica que envolve o telespectador, que pede e que gosta
disso. A televis�o cria modelos justamente para atender a essa
necessidade. N�s estamos, de certo modo, suprindo uma demanda
do mercado. A televis�o tem um pouco de culpa nesse processo,
claro, mas � o telespectador que comanda, que d� o retorno, a
aceita��o ou rejei��o - a esse ou aquele personagem.
P - Como � que foi, para voc�, entrar nessa roda-viva,
substituindo Luciano Huck no comando do H?
R - Minha preocupa��o maior, para ser bem sincero, foi encontrar
um modo de mostrar quem eu era, porque o apresentador n�o pode
criar uma m�scara e ser aquilo que ele n�o �, na vida real. Pelo
contr�rio, ele precisa se achar, saber exatamente quem ele �,
para que a coisa funcione. Eu precisava descobrir, primeiro, quem
era o Otaviano Costa como pessoa e, a partir da�, desenvolver
minha performance como apresentador. Fiz tudo de modo despretensioso,
sempre me batalhando, sem a preocupa��o de substituir o Luciano
Huck, mas de impor minha personalidade.
P - E o fato de encarar um formato antigo n�o incomodou?
R - N�o. Aquele formato me deixou muito � vontade. Eu j� havia
feito programas semelhantes, com audit�rio, e gosto muito do contato
com a galera. Tenho essa facilidade, gra�as a Deus. Eu diria,
at�, que aquele formato parecia feito sob medida para mim.
P - Como ficaram os problemas com a �ndia? Quem errou, afinal?
R - Felizmente, os problemas com a �ndia foram superados.
Ela errou, falhou comigo. E, na verdade, acredito que tudo aconteceu
por falta de assessoramento adequado, ou pelo fato de ela ter
sido mal assessorada. � passado.
P - Mas essa coisa de cria��o de �cones femininos
n�o � muito machista? Voc� pretende manter essa coisa e criar
outra personagem?
R - N�o. Essa foi uma aposta da TV Bandeirantes, de dar seq��ncia
� cria��o de tipos. Por�m, resolvemos parar. Pelo menos, por enquanto.
Claro que estaremos atentos �s necessidades do p�blico, mas s�
pretendemos criar algo realmente novo e oportuno. Nossa prioridade,
no momento, � a Feiticeira, � investir na Joana Prado, que � uma
excelente pessoa, uma excelente profissional e vem desenvolvendo
um �timo trabalho.
P - Voc� n�o acha que essa aposta na explora��o da imagem feminina
� machista?
R - �, mas... No caso da Feiticeira, por exemplo, criamos
os Escravos, que atendem a uma necessidade feminina, uma audi�ncia
feminina. Eu procuro dar o que o telespectador quer... Com a entrada
dos meninos, o quadro dobrou a audi�ncia.
P - E a Globo? O que, na sua opini�o, faz com que um apresentador
abandone um formato pronto e embarque em um projeto ainda sem
defini��o, como Serginho Groisman ou Luciano Huck?
R - Eu n�o sei se � um fasc�nio pela emissora ou a vontade
de mudar mesmo, de encarar um desafio, uma nova proposta. Mas,
no caso desses apresentadores que voc� citou, creio que h� caminhos,
perspectivas de novos programas. � que a Globo � uma empresa enorme
e, at� se chegar a um formato definitivo, rolam muitas etapas.
� um processo longo, que envolve um conselho de cria��o, um conselho
de produ��o, um conselho de dire��o... As coisas n�o dependem
unicamente de um diretor. Na Globo, � preciso paci�ncia.
P - E o que te levou a fazer o caminho inverso e sair da Globo?
R - Recebi o convite da minha vida. Eu era rep�rter do Doming�o
do Faust�o e, quando pintou a proposta da Bandeirantes, o pr�prio
Fausto Silva me estimulou a aceitar. Ele sabia que o que eu mais
queria era ter o meu pr�prio programa.
Quem �
Otaviano Costa n�o nasceu ontem. E faz quest�o de esclarecer,
para os mal-intencionados de plant�o, que n�o foi escolhido para
substituir Luciano Huck em concursos do tipo Loira do Tchan,
apenas pela carinha realmente bonita que possui. Atr�s do rosto
de gal� e da jovialidade de VJ, h� muita rala��o e
uma forma��o s�lida como apresentador, que come�ou aos 14 anos
(!!), como locutor de r�dio. Ao todo, s�o 13 anos de batalha,
que incluem passagens pela MTV e pela Rede Globo. Nesta �ltima,
Otaviano trabalhou como rep�rter do Doming�o do Faust�o. E foi
justamente nessa fun��o que chamou a aten��o da turma da Band,
� cata de algu�m para tocar o H. Ele topou e, de cara, fez o Ibope
subir dois pontos. Recentemente, mudou o nome do programa para
O+, mais condizente, e encarou problemas p�blicos com uma de suas
cria��es, a �ndia. Ela foi cortada do cast e reagiu. Houve ofensas
p�blicas e, at�, amea�as. Sem arranh�es na imagem, mas com bastante
cautela, Otaviano acabou escaldado com a hist�ria.
Pretende investir somente em Joana Prado, a Feiticeira (KB).
Jornal
A Tarde, 11 de mar�o/00