O Comboio
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  A manh� acordou, o seu ar fresco rasgava-me os pulm�es, que clamavam desesperadamente por um rasgo de calor que derretesse o gelo que em si acumulavam, dilacerando o seu interior. O vazio branco da neve fundia-se com o vazio da minha alma, formando uma �nica vastid�o solit�ria. Penosamente arrastava o meu corpo, procurando do consolo do lar,... lar? que lar?..., Um lar � o s�tio onde somos amados, desejados, queridos... Mas nada disso eu tinha, isolado estava eu neste cruel mundo, pagando pelos meus erros, eu era perseguido como o lobo inocente, para ser abatido como o cordeiro ang�lico.

    Ferido profanando a pureza vestal da neve, com o calor da morte, deixando esvair o rio que alimenta o meu ser. Acabariam por me apanhar, se eles o n�o fizessem seria o frio, se n�o este, ent�o a ferida, a negra dama esperava-me para uma �ltima valsa. Agora sabia o que sentia um condenado � morte, pois era eu o condenado. mas apesar disso eu estava livre... livre?? Livre para qu�?? Para sofrer as agruras eternas da morte, saboreando a chama eterna da dor. Havia vendido minha alma ao dem�nio...

    Aqui fica a minha est�ria para a posteridade, tal como um aviso selando um t�mulo, aqui fica escrito sobre a minha pedra tumular, escrito a l�grimas de sangue, tendo minha alma como pena de escrita.

    Tudo come�ou numa manh� chuvosa, no ar pairava uma humidade pesada, o comboio avan�ava lentamente, tentando vencer a for�a, sentado perto de uma janela, via imagens distorcidas e fugidias, h� tanto conhecidas, h� tanto esquecidas. Do outro lado, uma ang�lica figura dormia. Ap�s v�rios minutos de luta, as adversidades haviam ganho a luta contra o comboio, este sucumbira �s agruras e as torturas temperamentais da tempestade.

    O anjo adormecido, acorda lentamente, escondidos por baixo das p�lpebras pesadas, escondiam-se dois doces olhos, de verde cor, qual verdejantes campos, os cabelos escorridos, brilhavam � luz do velho candeeiro, que ligeiramente passava pela janela fatigada pela tortura da intemp�ries. As suas sardas eram como estrelas brilhando ao sabor da escurid�o.

    Aqui est�vamos sozinhos, no meio deste deserto de solid�o, aqui apenas as �rvores nos faziam companhia, o dia parecia noite, o sol escondera-se e sobre n�s abatia-se a f�ria dos deuses. A �nica luz que havia era a tr�mula luz do velho candeeiro, que trespassava as janelas carregadas de sujidade. Subitamente a luz esfuma-se numa espiral explosiva, mergulhando a vida no escuro. Mas passados alguns minutos, ela voltaria, mas... agora faltava um elemento ao cen�rio inicial... a doce figura que me acompanhara na viagem havia desaparecido.. Eis que o comboio retoma a viagem naquele momento.

    Na manh� seguinte a jovem apareceu morta, como eu era o �nico que viajava consigo, e visto o maquinista estar na esta��o mais pr�xima a pedir ajuda, acusaram-me, julgaram-me e condenaram-me e agora executaram-me. Do resto da est�ria pouco resta, s� a fuga e agora a morte...

    O que se passou n�o sei..., s� sei que estou inocente... E por isso arderei para a eternidade nas chamas de Luc�fer...



 

 

�Lord Raven

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