A Relíquia
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  Um novo dia nasce, a noite afasta-se calmamente deixando o seu manto de escuridão. O céu negro solta doces lágrimas de dor, escondido o sol foge do dia, refugiando-se no escuro das sombras. Uma ligeira brisa varre as ruas perdidas das teias da vida. Esquecida no meio da folhagem caída, repousa uma velha mansão. Esquecida com o tempo, olhada com olhares acusadores, vive sua velhice no esquecimento. Deixada ao abandono, apenas as criaturas da natureza faziam daquela velha senhora o seu lar. Apenas as ervas se atreviam a tocar aquelas paredes.

    Hoje, porém, algo havia de novo. No ar sentia-se uma agitação. No jardim viam-se novos rostos, novos donos. Finalmente a velha dama iria renascer das cinzas, para novamente viver. Louco!... Se soubessem.... Fugiriam...

    Em breve os novos habitantes estavam instalados, mas ainda havia imenso para fazer, porém, a noite aproximava-se e amanhã era outro dia... A noite chegou, graciosa, vestida de negro, ocultando suas jóias. No entanto, estava triste, e chorava no silêncio das sombras. A noite ia alta, na casa todos dormiam... mas será que mesmo todos dormiam? Quando a vida adormece, a morte desperta e vagueia nas ruas da nossa angústia. Na noite um grito de dor foge das sombras frias que se escondem no escuro da existência, vozes fogem do seio da terra e ficam a pairar no ar da noite, pairando na nossa mente, e nunca mais saindo, repetindo-se sem fim, hora após hora, percorrendo todo o nosso ser, gelando nossa vida.

    Anestesiados pelo sono os novos habitantes, assustado, acordam e logo procuram a origem de tais sons. Parecem vir te todo o lado, mas sempre do fundo: a cave - pensaram. Desceram lentamente os degraus, e no centro da cave jazia algo, em cima do que parecia um altar, o sons pareciam sair daquele objecto. Cautelosamente abriram a tampa...  O que viram no seu interior nunca o saberemos. Suas veias gelaram, suas almas fugiram, e aquelas vozes que perfuravam seus ouvidos... a angústia crescente nos seus peitos... e num raio de dor a vida fugiu...

    Um novo dia nasce, o sol brilha e a vida renasce em cada gota de orvalho cuidadosamente depositado nas frágeis folhas da vida. A velha mansão continua só, seus novos habitantes nunca mais seriam vistos; no seu interior apenas morava a morte. Os mesmos olhares desdenhosos passavam, e ela respondia-lhes com um sorriso, como dizendo: um dia será a vossa vez...



 

©Lord Raven

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