SUA EXCELÊNCIA, A ÓPERA BARRÔCA
A Renascença transformara a mentalidade européia, mudando radicalmente as suas concepções. Divindade: em seu lugar, agora estava o Homem. Reviviam os ideais artísticos da Antiguidade Clássica.
A música do período Barroco acusou as conseqüências desse novo espíirito. Os grandes coros polifônicos foram gradualmente substituídos pelo canto individual
(homofonia) com acompanhamento instrumental. Buscava-se centralizar na voz de um único cantor a comunicabilidade musical. Em conseqüência, tornou-se hábito apoiar o cantor com os acordes de um instrumento
(baixo contínuo). Era a melodia acompanhada.
Outro sinal da mudança dos tempos foi o retorno às grandes tragédias gregas cantadas, que conduziria, em seguida, ao desenvolvimento da ópera na Itália.
Paradoxalmente, esse gênero que refletia a vida opulenta dos burgueses ricos das cidades italianas desfrutou desde o início de uma grande popularidade. A
Eurídece que Jacopo Peri (1561-1633) e Giulio Caccini (1550-1618) escreveram no ano de abertura do século XVII fez tanto sucesso que provocou seguidores.
Claudio Monteverdi (1567-1643) é dessa época; contudo, foi mais além. Queria originalidade e a obteve, introduzindo na ópera a orquestra, dinamizando a sua harmonia com acordes avançados para a época, e aperfeiçoando o Melodrama, que se tornaria uma característica básica do gênero.
A revolução monteverdiana estendeu-se ao resto do continente, inspirando a formação de grandes mestres do Barroco, como o alemão
Heinrich Schütz (1585-1672) e o ítalo-francês Jean Baptiste Lully (1658-1695) também usou as inovações de
Monteverdi para criar as suas Trio-Sonatas. Com duas partes agudas e uma grave, esse gênero foi um percussor da prodigiosa música instrumental do século seguinte.
O REFINADO ROCOCÓ
Em sua expansão, a ópera barroca invadiu os domínios da música sacra, absorvendo o caráter teatral dos
Dramas Litúrgicos, que encenavam a Paixão de Cristo e outros episódios das Escrituras. A isto seguiu-se o aparecimento de uma curiosa classe de cantores, preparados desde a infância para terem uma aguda voz feminina -
os castrati. E o traço cômico dado por eles ao estilo operístico foi o fator que influenciou o surgimento da
opera buffa, marcada por um teor nítidamente satírico, ironizando tanto a Igreja como os costumes da vida mundana. Apesar da sua novidade, porém, a
opera buffa preservava a característica primordial do barroco - a melodia individual.
Nesse mesmo período o progresso do artesanato de instrumentos permitia a formação dos primeiros
virtuosi, que levaram a música instrumental até os salões da nobreza. Tornaram-se então comuns as
Orquestras de Câmara (conjuntos de poucos intérpretes) e o Concerto
Grosso, o mais genuíno produto da criação barroca. No Concerto Grosso, diversos instrumentos disputavam prevalência com a orquestra, em vez de um só, como acontece no concerto tradicional.
A Sonata da Camera (sonata de câmara) transformou-se nessa época numa verdadeira suíte de danças, distinguindo-se da Sonata da Chiesa, (ancestral da
Sonata Clássica tocada apenas por piano, violino ou violoncelo).
O grande vigor assumido pela música instrumental se explica, sobretudo, pelos talentos excepcionais que se dedicaram a ela. Um deles foi
Arcangelo Corelli (1653-1713), violinista e compositor, tanto religioso como profano. Outro foi
Antonio Vivaldi (1678-1741), criador de uma vasta obra profana, principalmente violinística.
Georg Philip Telemann (1681-1767) demonstrou preferência pelos instrumentos de sôpro, tendo criado para eles um grande número de peças notáveis.
Domenico Scarlatti (1685-1757) escreveu para cravo e, assim como os franceses
Jean-Philipe Rameau (1683-1764) e François Couperin
(1668-1773), caracterizou sua obra com traços do estilo galante ou Rococó.
O APOGEU DO BARROCO
Georg Friederich Händel (1685-1759) e
Johann Sebastian Bach (1685-1750) tinham muito em comum. Ambos nasceram em 1685, eram alemães e protestantes. Ambos dominavam magníficamente a arte da composição, criando peças em quase todos os gêneros da música vocal e instrumental. Ambos deram vida nova à polifonia que havia sido abandonada. E ambos conduziram o estilo barroco ao apogeu.
Com a invenção da fuga tonal, Bach revolucionou o sistema musical vigente, que era baseado em intervalos sonoros desiguais. Seu
Sistema Temperado veio a possibilitar intervalos sempre iguais entre notas, igualando todos os semitons. O primeiro volume do
Cravo Bem Temperado foi publicado em 1722, o mesmo ano em que surgiu o
Tratado de Harmonia de Rameau. Os dois acontecimentos, em conseqüência, efetivaram a nova ordem tonal, anunciando grandes períodos. |