São Paulo, segunda-feira, 15 de junho de 2009
Tiro de Meta
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Vôo 447 - Sabotagem Geral e Irrestrita
Das duas uma,
ou a imprensa brasileira está mais perdida do que cego em tiroteio ou está
sabotando informação. A imprensa francesa faz o mesmo. Pelo mesmo fazia, até que
a Agência de Notícias Reuters jogou farofa no ventilador. Abro parênteses: vale
lembrar que a Reuters distribui informação para as emissoras e jornais
brasileiros, mas desta vez a lebre levantada, não chegou ao prato do leitor ou
do telespectador.
A Reuters cutucou a onça com vara curta, seguindo a linha de raciocínio e de
investigação da imprensa de outros países europeus e da América. Dois
passageiros do vôo estariam fichados como terroristas. Ooops! Passou batido e a
notícia saiu. Mas, mais rápido que os pedaços da aeronave e os corpos chegaram
nas águas do Atlântico, mudaram o rumo da prosa, como dizem os mineiros. Eram
homônimos. Não bastasse um, dois homônimos dos tais terroristas. Diria Pantaleão,
um personagem famoso do Chico Anísio que contava “causos” mentirosos: "É
mentira, Terta? - Verdaaaaade!", dizia ele para dar credibilidade à sua
história.
Na dúvida, não ultrapasse. Assim, basta fazermos uma retrospectiva das
informações, para percebermos que tem alguma coisa errada na versão dos fatos. E
muito errada.
Quem leu as primeiras notícias nos sites dos jornais e TVs brasileiros e
franceses sabe que a princípio divulgaram as nacionalidades dos passageiros,
pelo menos algumas: brasileira, francesa, alemã, marroquina e de uns destes
países bastante democráticos, onde vivem cortando a cabeça da rainha de Copas e
também da de Paus, Ouros e... mesmo se não for rainha, por muito pouco, a cabeça
rola.
Depois começaram a citar nominalmente os passageiros, ocupação, suas histórias.
Muito "en passant" citaram os marroquinos. Eram dois homens e uma mulher, todos
ligados a área de Veterinária.
Mas uma certa nacionalidade sumiu do mapa junto com o avião. E na contagem
final, os tais passageiros viraram franceses. Vai ver que residir na Franca dá
direito a adquirir a cidadania quando a pessoa passa desta para melhor, bem no
estilo "ninguém sabe, ninguém viu". Ou então é uma condecoração pós-mortem.
Afinal, até a nossa primeira-dama Marisa Letícia bem vivinha da silva, recebeu
medalha da nossa Aeronáutica. Com certeza é porque ela vive no mundo da lua, só
pensa na próxima aplicação de botox, colágeno e em ter os lábios de Angelina
Jolie. Assim, nada como um bom serviço prestado à FAB e à Nacão. Resta saber, a
qual nação e, principalmente, qual foi o serviço prestado...
Voltando à cobertura vôo 447, não consigo entender como os brilhantes
jornalistas brasileiros e franceses se atrapalharam tanto assim. Divulgam
idiotices de tamanha grandeza que até o cérebro de uma anta está pronto para dar
alarme. Claro que estes profissionais que divulgam a notícia, passam pelo
controle da chefia, que cada vez mais recebe ordens dos patrões, que, por sua
vez, obedecem aos "patrocinadores". "Under control" ... "Under Control" -
parece aviso de alerta antes de explosão.
Ainda assim, com a informação sob controle ou não, a história está muito, mas
muito mal contada. A continuar neste ritmo, aquela velha gafe de um grande
jornal do país que deu em primeira página "Acharam o Corpo de Ulisses", quando
as buscas ao corpo do Senador haviam sido encerradas, será lembrada como
sopinha no mel.
E como defensora do imaginário infantil, tenho medo das próximas manchetes sobre
o caso. Podem esclarecer o ocorrido desta forma: "Papai Noel faz manobra
indevida e rena de nariz vermelho é sugada pela turbina". Ou ainda: " trenó
descontrolado do bom velhinho, invade espaço aéreo do avião da Air France.
Passageiros eufóricos abrem as portas de emergência para pegar os presentes que
caíram do saco". É brincadeira, né?
No resumo da ópera, o que se sabe é que, achando as caixas pretas, que não são
nem nunca foram pretas e sim laranjas para serem mais facilmente identificadas
pelas equipes de resgate, não haverá informação suficiente para bater o martelo.
E... por que caiu o tal avião? Pilotos experientes. Aeronave nova. Checada,
virada do avesso. Então, o que pode ter ocorrrido?
Sabotagem do concorrente? Tentativa de sabotagem de ministros desavisados e
bocas-grandes como o Sr. Jobim?
É até possível compreender que um ministro da Justiça, como o nosso, que coloca
seu "dedo" em casos pertinentes ao Judiciário, não tem respaldo nem aqui, nem na
China. Mas ele ainda se presta a dar pareceres técnicos sobre partes do avião
estarem assim ou assado no mar e portanto ele descarta a hipótese de explosão e
outras coisinhas mais. Ou age deliberadamente de má fé ou, na dúvida, fala o
que lhe vem à cabeça e dane-se. Este nao faz jus ao salário que recebe porque
nao é pago pelo povo para confundir e fazer este papelão.
Especialistas do mundo inteiro repetem que o avião se desfragmentou. Pelo amor
de Deus, brasileiro é criativo, mas deixa o povo fazer piada. Agora imprensa e
governantes daqui e da terra do Napoleão acharem que os brasileiros e o mundo
inteiro são desinformados e acreditam em história da carochinha, aí, não!
Virou um carrossel. Coisa de francês mesmo. Aquele antigo perto da Tour Eiffel,
do Museu Rodin, do rio Sena. Roda, roda e volta sempre no mesmo ponto. E nós, de
braços cruzados observando os profissionais que formam opinião e deveriam
informar, terem a cara de pau de soltar pérolas assim:
"O avião estava em velocidade além da permitida". Bom se 900 km/h é a velocidade
permitida e apropriada, porque os pilotos deveriam incorporar o espírito do
Senna e ir além dela, próximo à do som? Também não baixou o espírito do
Barrichello para tirar o pé ou quebrar antes da reta de chagada.
E voltando a me socorrer dos personagens do Chico Anysio, na escolinha do
Professor Raimundo, já diziam as más línguas: "a ingnorânça é qui astravanca o
pogressio". Do jeito que a coisa vai, a imprensa brasileira não demora a entrar
para o Guinnes Book por divulgar as piadas mais sujas de todos os tempos. (A
Imprensa francesa deve ficar em segundo lugar, já que a Reuters salvou a
pátria).
Agora que é uma coincidência atroz terem dois homônimos de terroristas
conhecidos , residentes na Franca num vôo com pilotos experientes, aeronave nova
e com vistoria em dia, sendo que alguns dias antes, em Buenos Aires anunciaram
que uma bomba seria colocada num Airbus da Air France... ah, isso é!
Querem saber?
Se a culpa não for dos pilotos, nem do Papai Noel, será do Berlusconi, porque o
Capo italiano, assim como todo italiano que se preze, anda cuspindo marimbondo
desde que o tal terrorista Battisti foi recebido com honras e pompas pelo
governo brasileiro, depois de uma temporada na Cidade-Luz. O mesmo terrorista
que, dizem as más línguas, tem uma grande e profunda amizade com a italiana
Carla Bruni, a tal cantora que casou com o Sarkozy e virou a primeira-Lama da
França.
Bom, então se não foram os pilotos, nem o Papai Noel e não foi o Berlusconi,
foram os pobres dos homônimos (meu Deus, não bastasse um homônimo de terrorista,
havia dois no tal avião? Dois homônimos de terroristas?). É que, quem sabe,
homônimo de terrorista incorpora os princípios e propósitos de quem tem os mesmo
nomes. Foram eles! Chega de culpar sempre os pilotos e agora o Papai Noel e o
Berlusconi.
E enquanto a imprensa brasileira dá uma de franco-atiradora e mira nos
incrédulos leitores e espectadores, os "patrocinadores", da terra do samba e do
L'amour, viverão felizes para sempre... ao som de "Ne me quitte pas". Voilá! E
saravá meu Pai!
Que fique entre nós... acho que não há tantos mistérios assim entre o céu e a
terra: que o avião da Air France explodiu, ah, explodiu.
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Júnia Turra é jornalista
e escreve nesta coluna às quartas-feiras.
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