A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

São Paulo, segunda-feira, 1º de junho de 2009

Tiro de Meta


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Dois pesos e duas medidas

O ex-presidente José Sarney, estranhamente depois de tantos anos de benesses, incluindo aí uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, pelo clássico da literatura "Como Preparar Bunda de Tanajura com Farofa"... Ops! Desculpem a falha, acho que troquei o título.

Este é o livro com que uma apresentadora de TV deve candidatar-se a uma daquelas cadeiras. Idade para isto ela tem e até arrumou o marido-cria, o que comprova que já tem, em anos de praia, quase o suficiente para o limite de velocidade nas estradas.

Mas o erudito autor de "Marimbondos de Fogo" (ah, esse sim era o título) foi pego agora (só agora?) com a boca na botija. Tem residência própria em Brasília. Mas, como Presidente do Senado, tem direito a usar a propriedade destinada ao líder daquela Casa.

Ainda assim, caladinho embolsava o auxílio-moradia. Coisa insignificante, cerca de 3 mil e oitocentos reais. Só, que esta gente não abre mão de um tostão. Brigam por migalhas como pombos em praça pública. E se sujam por muito pouco. Pena que a imprensa faça ouvidos de mercador, porque, afinal,  através de Sarney foram dadas tantas concessões de rádio, TV. Para que mexer em caixa de marimbondo, não é?

Será que alguém duvida que o buraco é bem mais embaixo? E se passar do chão, não  fica cada um no seu quadrado, não. Vão todos chafurdar na lama. E pensar que Collor foi execrado apenas por causa de uma reforminha na Casa da Dinda. O cara era modesto.

Imaginem vocês que o tal de Marcos Valério fez reforma tão espetacular em sua residência, que os sheiks ficaram ruborizados. E a atitude de mecenas do administrador do Valérioduto? Imaginem que ele recuperou uma área que fica em Ibirité, na Grande Belo Horizonte. Um sítio com jardins de Burle Marx e mais isto e mais aquilo. O nome do lugar é "Inhoti". Realmente uma beleza. Mas nunca teve por objetivo ser aberto ao público não pagante.

Imaginem se o nobre Valério teria atitude magnânima como a Rainha Maria Teresa da Áustria que projetou os jardins infindáveis do Palácio Schönbrunn em Viena para o povo, destinando apenas uma pequena área lateral para utilização particular da família real.

Quem quiser visitar a maravilha na versão brasileira vai pagar entrada. Também vai poder escolher em que restaurante comer, sendo que em qualquer das alternativas, vai desembolsar  uma quantia que não é para qualquer um não. Ainda mais em tempos de crise.

Ah, mas não tem crise. E mais... O visitante vai ter acesso a exposições espetaculares. Uma delas deveria colocar na cadeia o curador do local, Marcos Valério e Cia. Ltda. Num certo espaço, uma pequena mostra traz fotos de menores e maiores nus, uns com a mão naquilo, outros com aquilo na mão, numa suruba total.

Pior, com seringas, drogas de todo gênero. Isto é arte? Que me conste, no mínimo é um excelente material para ser apreendido pela polícia. Pedofilia pura.

Mas há outros crimes para mais gente além do Valério, ver o sol nascer quadrado.  E não é de hoje. Aquele da Casa da Dinda (o Fernando modesto, porque o outro, o tal de FHC, é um nababo megalomaníaco), já devia ter saído algemado do Planalto. O séquito de esquerda, direita, centro, não interessa a direção; estes todos que tiram escancaradamente dos cofres públicos e que no jargão sindical são grandissíssimos "pelegos", vão continuar a circular livres, leves e soltos? O escritor clássico e político José Sarney vai devolver esta quantia mínima que levou a mais e ficará tudo por isto mesmo?  Se for assim,  em caso de flagrante, atravessador agora pode devolver a droga ao traficante para garantir o perdão da dívida perante a Justiça e a sociedade. Em caso de virem a tona falcatruas do futebol, devolve-se a mala preta e fica tudo certo. Na escola, se o professor pegar o aluno com o livro aberto, não será configurada cola e muito menos o aluno perderá pontos; basta fechar o livro. Que país é este cheio de casas de marimbondo por todos os lados?

E ainda há quem diga que José Sarney é uma raposa. Não, não ofenderia o animal, que é belíssimo e vira casaco por causa de velhotes como este senhor. Coitado do velhinho? Se você tivesse roubado uma laranja, estaria em cana. Desde que, obviamente, não tivesse nenhum "QI" (Quem Indicou), porque, do contrário, poderia até queimar índio e bater em mulher no ponto de ônibus.

Basta um bom advogado, como o ministro da Justiça e fica tudo limpo e claro. Igualzinho à tal da aposentadoria dos perseguidos pelo governo militar. Se o advogado for da turma do Greenhalgh, está no papo. Perguntem ao Ziraldo. Ele sabe o caminho das pedras e do banco.

Mas não pensem que este ou aquele partido não tem o rabo preso. Nos bons tempos em que Lula da Silva era presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, nós da imprensa chegávamos ao ABC Paulista no início da madrugada e ficávamos ali com os grevistas das montadoras. Só lá pelas 11 da manhã, o grande sindicalista chegava num carro com seguranças - carros novinhos destas mesmas montadoras cujos funcionários estavam ali na rodovia em greve – e mudava o rumo da prosa, subia no caminhão, dava o recado para o povão com umas e outras palavras de ordem. Feito o dever de casa, Lula entrava no carro com seu séquito e se mandava.

No frigir dos ovos são todos farinha do mesmo saco. Como na música: "se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão...". Enquanto isto, segurança zero, saúde zero à esquerda, transporte público caótico, educação, digo, "educassão" completamente sem "jestao", Justiça (Ocupadíssima. Imaginem , nesta época do ano, a gráfica do Judiciário tem que trabalhar duro para imprimir os convites de casamento, bodas de prata, de ouro, dos ocupantes deste Poder e os distintos familiares dos mesmos).

É isto aí, quem mandou ser povo? Pare de dizer que é karma, por causa da novela das Oito e de achar que você foi a encarnação da Cleópatra ou de Marco Antonio. Na verdade, para merecer esta turma de sacripantas, acho que o povo brasileiro deve ter jogado pedra na cruz de Cristo. Fala sério. Assim não dá. Chega de dois pesos e duas medidas.

Para ter princípios e ser honesto precisa sofrer tanto? O povo brasileiro não merece este bando que suja o nome do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, fazendo com que os bons que ali estão não se sobressaiam, não consigam ter voz. É uma pena ver gente que estudou tanto, que se dedicou tanto, e que hoje se vê à mercê dos lobistas, enterrar sonhos de Justiça, de Legislação e de administração pública. Já passou da hora de fazer uma limpeza nos Três Poderes, de dentro para fora. E  vamos também dar sequência  na faxina passando pela turma do Itamaraty, depois a turma das Forças Armadas, que no frigir dos ovos, ou estão caçando sapo ou coçando saco. E o povo? E os jovens? E os bons profissionais desempregados? Sem emprego, sem perspectiva, sem nada.

Por estas e outras é que o povo brasileiro começa a agir em bloco, todos iguais e ficam injuriados com aqueles que ousam e são diferentes. Quando a Igreja Católica lança um calendário com padres sarados, lindos, perfeitos e espetaculares, dizem que é um sacrilégio. Há até quem venha com o clichê: "igreja de padres pedófilos". Quanto reducionismo. Que me conste, pedófilo é pedófilo. Seja padre, pastor, rabino, ateu, professor ou político. Tem em qualquer profissão, nacionalidade ou raça.

As pessoas de mente mais rasteirinha ficam pensando "que desperdício"... Ora, desperdício é ver mulher-melão, melancia, mamão, todas com um bundão, peito siliconado e cérebro menor do que uma noz.

Se juntarmos todas estas superstars com nomes de hortifrutigranjeiros, incluindo a mulher-maracujá, a velhota Suzana Vieira, que é mais uma pobre de espírito e com idade suficiente para se dar ao respeito e respeitar o público, não rendem sumo para um copo de suco. Isto mesmo, não têm o tempero de uma Elza Soares, a diva, que poderosa, pode sim posar para a Playboy, com mais de 70. Vai deixar a bunda à mostra  e  pernas curtidas no samba, coisa de mulata da gema. Moooorram todos de inveja. Há quem faça a diferença. Para o bem e para o mal.

José Sarney, Valério e as mulheres-salada-de-frutas entram em um lado da balança. Do outro, de cima do salto, uma Elza Soares ou uma Madonna carregando seu Jesus “made in Brazil”, padres sarados, atletas, surfistas de sunga, que dispensam as mulheres-frutinhas. Alimentam o espírito e não comem a carne ou a carniça que lhes é oferecida às toneladas aqui e acolá. Funciona mais ou menos assim, como naquele velho ditado: "Enquanto os dedos apontam as estrelas, a grande maioria fica olhando  os anéis em cada um deles". Eu já comprei meu calendário faz tempo. Lembrando Vinicius, "beleza é fundamental" - além da física , a beleza dos princípios.


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Júnia Turra é jornalista e escreve nesta coluna às quartas-feiras.
    



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