A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   


Artigo em Destaque

Anterior                                                                Próxima



DORA BELTRÃO

Na contramão da História

BELÉM (PA) - Esta semana nossa atenção foi despertada para uma notícia sobre a intenção da CVRD-Companhia Vale do Rio Doce S/A de construir uma usina termelétrica a carvão mineral no município de Barcarena...Estado do Pará...a qual produzirá 600 MW/hora de eletricidade...dos quais a metade será usada para a planta que opera a produção de alumínio da ALBRAS-Alumínio Brasileiro S/A...uma das suas subsidiárias...sendo esta em parceria com a NAAC-Nippon Amazon Aluminium Co. Ltd. A outra metade (300 MW/hora)...será vendida para o sistema ELETRONORTE...que a somará aquela gerada pela Hidrelétrica de Tucuruy...para o abastecimento de parte do Norte e Nordeste do Brasil.

A produção da ALBRAS é de cerca de 900 mil toneladas de alumínio por ano. No processo de obtenção industrial do alumínio metálico...se faz a redução eletrolítica da alumina, sendo usadas as chamadas “cubas de redução eletrolítica”...que são grandes fornos elétricos operando pela passagem de enorme quantidade de corrente elétrica através de eletrodos...o que gera um calor de 960oC...necessário para fundir o minério e extrair o alumínio.

A ALBRAS construir uma termelétrica...parece uma boa idéia??? Sim...para o governo deve parecer...visto que o presidente Lula já declarou que se as hidrelétricas no Rio Madeira não forem construídas...ele autorizará a construção de Usinas Termelétricas ou mesmo a Termonuclear Angra-3 na Amazônia!!! Porém...se considerarmos estritamente sob alguns aspectos das vertentes ambiental e econômica...a "excelente" intenção da Vale do Rio Doce peca em quesitos fundamentais...senão vejamos:

1 - Sabemos que a queima de combustíveis fósseis é a que mais contribui para a degeneração ambiental e...dentre estas...a queima de "fuel-oil" e de carvão mineral em caldeiras são as mais agressivas;

2 - Considerando que a ALBRAS dista apenas 30 quilômetros em linha reta da Capital paraense...que hoje já é um grande centro populacional...pois é uma cidade com aproximadamente 2 milhões de habitantes...e que no entorno da ALBRAS situam-se cidades menores...como Barcarena...Mojú...Vila-do-Conde e Abaetetuba...que são cidades menores...mas que também têm população expressiva para os padrões das cidades interioranas do Norte e Nordeste...será inegável que a poluição gerada pela futura termelétrica a carvão mineral provocará danos para as pessoas...sem falar do meio ambiente amazônico...já grandemente agredido...muito embora a ALBRAS declare que usará "equipamentos chineses de última geração na prevenção de poluição ambiental". Se a China produz estes equipamentos...por que não os usa para diminuir a poluição que assola o seu próprio país??? A China é o segundo maior poluidor ambiental;

3 - A ALBRAS também enfatiza que usará carvão mineral colombiano...portanto...contribuirá para aumentar a pauta das importações brasileiras. Mesmo sem embasamento...suponho que a geração térmica por carvão mineral importado será muito mais cara do que a energia que hoje ela paga para a ELETRONORTE.

Feitas estas colocações...ficam duas perguntas:

1 - Será que a energia que atualmente a ALBRAS usa...fornecida pela ELETRONORTE e já subsidiada de tal forma que o seu preço é nivelado ao custo de produção de Tucuruy...não é atraente para continuar a sua produção de alumínio?

2 – Será que a estatal ELETRONORTE não dá garantias de confiabilidade ao suprimento de energia para a ALBRAS?

Seriamos todos muito tolos se imaginássemos que o planejamento de grandes empresas como a ALBRAS sejam capazes de cometer a omissão de não considerar a possibilidade do advento de alguma turbulência de cunho político como uma possível causa para inviabilizar a continuidade operativa do seu empreendimento.

O mais certo é que o seu planejamento levou tudo em conta e acertou “em cheio”. Agora...ao se comprovarem os fatos...dá seqüência ao que já estaria “no papel”. Os motivos certamente são outros...entre os quais se pode costurar os recentes episódios protagonizados pelos chamados "movimentos sociais" (MST, Via-Campesina e outros que tais) na ocupação e depredação da Hidrelétrica de Tucuruy...fartamente noticiados pela mídia...e combatidos com tamanha lenidade pelo governo atual...que perdeu o "timing" para tomar providências realmente sérias em defesa daquele importante patrimônio nacional. Depois de tudo o que fizeram...a exemplo do quebra-quebra do Congresso...até agora NINGUÉM sequer foi indiciado como responsável pelo ato insano. Façamos todos uma reflexão sobre isto!

Frente ao que se vê...é de supor que a ALBRAS não mais se sente confiante na capacidade governamental de manter a confiabilidade operativa do sistema elétrico brasileiro frente a agressões como aquela...que chegam ao clímax ao se ouvir as declarações ameaçadoras de um "líder" de um "movimento social" qualquer que...“brincando” com os inúmeros botões de comando das turbinas da Hidrelétrica orgulho nacional...sem se importar com as conseqüências de seu ato tresloucado...chega a dizer que se o governo não acatar as suas reivindicações...ele mesmo poderá derrubar as torres de transmissão de energia para obrigar o governo a atendê-los.

Isto tudo nos mostra que o Brasil tem a tendência de andar na contra-mão da História...portanto: Amazônia...visite-a...antes que eles instalem usinas termelétricas ou atômicas...e acabem de vez com ela!!!

Acooordaaa Braaasiiilll!!!

Leia também: A vergonha do Ruy...e o nosso cansaço

_________________________________________________
Dora Beltrão, é Psicóloga em Belém, no Pará, e colunista deste Mandando Pra Rede
    


SEGUNDA
 28/05/2006

Dora Beltrão é
Psicóloga em
Belém, no Pará,
e colunista deste
Mandando Pra
Rede
















Expediente/Mens@gem/Quem Somos
A reprodução do material disposto neste sítio será permitida mediante autorização do Editor

Hosted by www.Geocities.ws

1