Bens tombados destru�dos no Brasil
    A. Bens tombados demolidos


      A.4. Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio, Berilo, Minas Gerais (1991)



      Sum�rio
            Resumo
        A. Caracter�sticas
        B. Tombamento
        C. Saque e destrui��o
        D. Fotos
        Ap�ndice I. Pinturas no forro da Igreja do Ros�rio
        Ap�ndice II. Bens culturais edificados hist�ricos em Berilo, Minas Gerais, Brasil
        Ap�ndice III. Notas hist�ricas de Berilo e suas edifica��es
        E. Refer�ncias bibliogr�ficas
        F. Endere�os



      Resumo


        A igreja do Ros�rio, situada na cidade de Berilo, ex-�gua Suja, na bacia do rio Ara�ua�, afluente do rio Jequitinhonha, nordeste do Estado de Minas Gerais, foi edificada no s�culo XVIII. Possu�a caracter�sticas primitivas.
        Tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrim�nio Hist�rico Nacional) em 1974, quando j� havia sido despojada por saque de seus bens art�sticos, ruiu parcialmente em dezembro de 1988 e foi demolida em 1991.



      A. Caracter�sticas


        A.1. Foi edificada no s�culo XVIII, provavelmente pela Irmandade do Ros�rio (hoje sem continuidade).

        A.2. � citada no Livro Tombo da par�quia, segundo informa��es de Helena Isolde Brans. De acordo com essa historiadora, na Igreja do Ros�rio foram inumadas pessoas brancas, entre as quais familiares do inconfidente Jos� da Silva e Oliveira Rolim (padre Rolim, de Diamantina), que era propriet�rio em �gua Suja (embora os Autos da Devassa n�o citem bens de sua propriedade nessa localidade; Jardim, 1989:295-300).

        A.3. Alguns moradores da cidade a conheciam como Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos Homens Pretos, mas na d�cada de 1970 j� era conhecida apenas como Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio.

        A.4. A pintura colonial de seu forro de t�buas de madeira, em policromia (t�mpera) foi estudada pelo especialista Carlos Del Negro (Ap�ndice I).

        A.5. Encontra-se em Carrazzoni (1987:191-192), a �nica representa��o iconogr�fica publicada da igreja (desenho, baseado provavelmente em foto no cart�rio do IPHAN)

        A.6. A capela foi erigida na t�cnica da estrutura aut�noma de madeira (gaiola), com paredes n�o-estruturais de adobes.

        A.8. Escreveu Carlos Del Negro (Del Negro, 1978:196) sobre a igreja:
            ï¿½O altar-mor faz parte do quarto grupo. Os suportes internos s�o colunas retil�neas em arco-pleno; os externos comp�e-se de quartel�es. Entre os suportes, nas peanhas com doss�is, est�o uma Santa e um Santo pretos. A capela-mor abre-se, para cada lado, por meio de dois arcos. A igreja estava sem assoalho por ocasi�o da visita [a 13 jul. 1966]. Pertencem ao grupo mais antigo, de arquivoltas conc�ntricas, os altares-cruzeiros�.

        A.9. Segundo o arquiteto S�lvio de Vasconcelos, �pelas caracter�sticas dos altares laterais ent�o existentes na capela, poderia ser talvez a mais antiga da regi�o� (Carrazzoni, 1987:191-192).

        A.10. Carrazzoni (1987:191-192) traz breve descric�o da igreja: �Estrutura de taipa e madeira, cobertura em duas �guas e beirais em cachorros. O frontisp�cio � singelo, compondo-se de porta principal e duas janelas a ela diagonais, na altura do coro. A capela � destitu�da de torres...�

        A.11. A an�lise do desenho na mesma publica��o mostra que as envazaduras superiores (do coro) eram portas-janelas, n�o janelas; eram providas de balaustradas; as ombreiras possu�am arremate que ultrapassava a linha da soleira; as vergas eram retas, provavelmente encostadas no frechal; as ombreiras internas situavam-se fora do prolongamento das ombreiras da porta inferior (como na Matriz da Concei��o).
            O beiral prolongava-se atrav�s da fachada fronteira, isolando o front�o, provido de �culo redondo. A porta principal tinha verga com a face inferior em arco abatido, e reto na face superior, na mesma altura das soleiras das portas-janelas. Havia socos nas ombreiras.
            Cada fachada lateral era vazada com dois �culos redondos e porta central com verga reta (ao menos na fachada esquerda).
            A sacristia possu�a porta fronteira e duas janelas laterais.
            O telhado era de duas �guas.
            Era desprovida de campan�rio externo ou torre-sineira.

        O frontisp�cio atravessado pelo prolongamento do beiral (como na Matriz de Sabar�, na capela de S�o Sebasti�o de Mariana e na Matriz de Bento Rodrigues � Vasconcellos, 1944:87-8) a diferenciava das mais igrejas da regi�o das Minas Novas.

        A.12. A igreja foi erigida na t�cnica da estrutura aut�noma de madeira (gaiola), com paredes n�o-estruturais de adobes. Esse � o sistema construtivo dominante na regi�o, como em outras regi�es mineiras e no sul da Bahia nos per�odos colonial e imperial (Paiva, 1998).

        A.13. Outros dados sobre a igreja est�o dispon�veis em IPHAN, como a informa��o de que o coro era guarnecido por treli�as de madeira.



      B. Tombamento

        B.1. Tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (IPHAN) em 1974.

        B.2. Processo IPHAN 720-T-63.

        B.3. Bem inscrito sob o n.o 512, Livro de Belas-Artes volume I, folha 93, a 13 de mar�o de 1974 (IPHAN, 1994:60).

        B.4. A igreja n�o foi destombada.

        B.5. Berilo pertence � jurisdi��o da 16.a Superintend�ncia Regional II do IPHAN (Diamantina), vinculada � 13.a Coordenadoria Regional (Minas Gerais), esta com sede em Belo Horizonte (ver Ap�ndice III. Endere�os).



      C. Saque e destrui��o

        C.1. Segundo relatos de informantes locais, as obras de arte da igreja do Ros�rio (tr�s ret�bulos, forros pintados, portas almofadadas, pe�as das janelas, pia batismal de pedra) foram retirados e vendidos por mandat�rio pol�tico local para negociantes de antig�idades, entre 1972 e 1974, por CR$ 75000,00 (foram revendidos imediatamente por R$ 800000,00 pela negociante que as comprou).
            C.2.Os membros da Irmandade do Ros�rio n�o se mobilizaram para impedir a venda ilegal.
            C.3. Nessa �poca a par�quia estava sem cura, recebendo ocasionalmente sacerdote visitador, que fazia as dispensas e que autorizou irregularmente a venda.
            C.4. Note-se que a retirada das pe�as foi feita antes da efetiva��o do tombamento federal, e talvez apressado pela imin�ncia deste.

        C.5. Carrazzoni (1987:191-192) informa que a igreja �j� n�o mais possui sua antiga porta em almofadas�.

        C.6. A igreja do Ros�rio ruiu parcialmente (telhado, parede fronteira e parte anterior da nave-m�e) em dezembro de 1988, ap�s longo per�odo de abandono; os principais danos que levaram ao colapso estrutural foram causados por deteriora��o de madeiras por chuvas e cupins. J� estava, ent�o, sem as portas e obras de arte, roubadas anteriormente.

        C.7. Anteriormente parte de uma das paredes laterais j� havia ru�do, o que levou pessoa residente em outro Estado a angariar materiais de constru��o para tentar reergu�-la, o que n�o foi feito.

        C.8. Foi arrasada em 1991 (demolida; Foto 1), ao que consta por funcion�rios da Prefeitura Municipal (gest�o 1989/1992), novamente sem protestos dos irm�os da Irmandade do Ros�rio.

        C.9. A igreja nunca foi desconsagrada pela diocese.

        C.10. Muitas das pe�as da gaiola (estrutura aut�noma de madeira), na �poca sem valor no mercado de antig�idades, ficaram v�rios anos no local da demoli��o (Foto 2).

        C.11. As obras de arte roubadas da igreja nunca foram arroladas na lista oficial de Bens culturais procurados do IPHAN, talvez por terem esses bens j� sido roubados quando da abertura do processo de tombamento federal.

        C.12. N�o foi aberto processo pertinente pela pol�cia local, pelo IPHAN ou pela Pol�cia Federal. Trata-se de regi�o onde as viol�ncias de fundo pol�tico ainda grassam; essa falta de garantias de seguran�a pode ter inviabilizado provid�ncias oficiais. As pessoas que promoveram os saques na igreja do Ros�rio ainda s�o ativas na pol�tica local.

        C.13. Nova igreja foi constru�da pelo Padre Nuno de Castro e Silva, sendo inaugurada em desagravo � santa em 1993, Pra�a da Matriz, agora sob a invoca��o de N. S. do Ros�rio de F�tima.
            O Padre Nuno, que chegou a Berilo em 1976, sempre lutou pela conserva��o da Igreja do Ros�rio e da Matriz da Concei��o, contra comerciantes que visavam as antig�idades tamb�m desta.

        C.14. O mesmo padre desencorajou a continua��o das atividades da Irmandade do Ros�rio de Berilo, por considerar os irm�os dessa irmandade coniventes com o desaparecimento de sua igreja.

        C.15. Segundo informantes, a pia batismal encontra-se em sala de visitas de m�dico em S�o Paulo (SP) e as portas est�o hoje decorando boate na mesma cidade. Ignora-se o paradeiro dos forros pintados e ret�bulos.



      D. Fotos



        Foto 1. A igreja do Ros�rio (Berilo, Minas Gerais) na �poca de seu colapso em 1988/ 1989. V�-se o arco-cruzeiro, o arco que levava � sacristia esquerda e, � esquerda, alguns cachorros da fachada direita. Veja a mesma imagem em ponto maior.





        Foto 2. Pe�as da gaiola da igreja do Ros�rio (Berilo) logo ap�s sua demoli��o em 1991, em terreno adjacente ao s�tio original.





      Ap�ndice I. Pinturas no forro da Igreja do Ros�rio

        A pintura colonial de seu forro de t�buas de madeira, em t�mpera, foi estudada por Carlos Del Negro (Del Negro, 1978:196 e 233 e fotos 146-147). Escreveu:

        �a) PINTURA DO FORRO DA NAVE (foto n.o 146)
            Decora��o monocrom�tica sobre fundo branco, pintada em grisaille, com tinta gris-azul. Na data da visita, 13/7/1966, havia, para ver, restos da decora��o. Desenvolve o modelo das balaustradas retil�neas laterais, pintadas acima da cimalha da nave. De cada lado, est�o sentados dois anjos sobre as molduras da balaustrada, trazendo numa das m�os um vaso de flores e, na outra, uma palma. H�, em correspond�ncia com os anjos, um consolo ornamental para formar ressalto nas molduras.
            Ao centro, monstruosamente mutilada, a tarja circular, constitu�da de enrolamentos, acantos, concheados, querubins entre nuvens, ramos de flores e, rematada por molduras em forma de front�o, inclu�a a imagem de N. S. do Ros�rio.

        a) PINTURA DO TETO SOB O CORO (foto n.o 147)
            Pintada em grisaille, com tinta gris-azul sobre o fundo branco.
            Numa tarja aproximadamente oval, constitu�da de enrolamentos, acantos, concheados, com ramos de flores pendentes, v�-se uma torre, ao centro da perspectiva sugerida por fileiras de �rvores (arauc�rias?). As �reas vazias na tarja, al�m de ser preenchidas por quadriculados, como � comum, mostram tran�ados de esteira e ainda outras texturas inventadas pela fantasia do artista. Al�m da queda de t�buas pelo apodrecimento, substitu�ram-se algumas com pinturas provenientes de outros lugares, como, por exemplo, na parte m�dia da torre. H� uma inscri��o por cima dela, pouco vis�vel: MILLE CIPPEI PENDENT EX EA?� (:196).



      Ap�ndice II. Bens culturais edificados hist�ricos em Berilo, Minas Gerais, Brasil

        1
        Matriz de Nossa Senhora da Concei��o
            S�c. XVIII.
            Processo IPHAN 720-T-63.
            Inscrito sob n�mero 511, Livro de Belas-Artes volume I, folha 93, a 13 de mar�o de 1974 (IPHAN, 1994:60).

        Fotos, plantas e descri��o est�o dispon�veis em SPHAN/ Pr�-Mem�ria, c. 1981, Carrazzoni (1987:191-192) e em IPHAN.

        Restaurada pelo IPHAN e pelo IEPHA em 1954/1955, 1959 e 1998 (SPHAN/ Pr�-Mem�ria, c. 1981).

        Estudada por Del Negro (1978:195 e fotos 144-145).

        Dessa igreja foi desviada (vendida para negociantes de arte) enorme c�moda da sacristia, por volta de 1974. Segundo informantes a c�moda teria cerca de sete metros de comprimento, n�o tendo sido fotografada antes do roubo.
            Houve movimenta��o nos meios pol�ticos locais para sua demoli��o e venda das imagens, ret�bulos, forros pintados e mais obras de arte (nos moldes do acontecido com a Igreja do Ros�rio), mas os esfor�os do padre local (portugu�s de nascimento) n�o s� impediram o saque como tamb�m promoveram o restauro da igreja e a fotografia de todas as pe�as pelo IPHAN.

        P�gina virtual: www.iphan.gov.br/bancodados/benstombados/mostrabenstombados.asp?CodBem=1279


        2
        Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio
            Dados acima.

        3
        Conjunto urbano
            A localidade conta com um conjunto edificado (resid�ncias) dos s�culos XVIII e XIX, de import�ncia como patrim�nio urban�stico-hist�rico (Paiva, 1998).

        A maioria dessas edifica��es encontra-se na Rua do Porto, e algumas pr�ximas � Matriz e imedia��es.

        Esse conjunto hist�rico-edificado da cidade e arredores est� sendo atualmente levantado pelo Eng.o Celso Lago Paiva e pela historiadora Isolde H. Brans.

        Ao menos uma edifica��o, a da grande resid�ncia colonial de dois pavimentos denominada localmente �Casa do Tiradentes� (Foto 3), merece tombamento federal (Paiva, 1998).
            Foi pedido para ela a prote��o do tombamento estadual (IEPHA), em 1997.
            A edifica��o foi estudada por Carlos Del Negro, que a referiu como �casa de Abreu Vieira� e dela publicou foto (Del Negro, 1978:197, Foto 148), deixando escrito:
            ï¿½Na data da visita, 13/7/1966, encontramo-la desocupada. No sal�o principal e nos quartos, os tetos apainelados, em forma de pir�mide quadrangular truncada, e sem clarab�ia, eram decorados. O forro da varanda voltada para o rio Arassua� tamb�m ostentava pinturas [...]
            Segundo informa��es obtidas no local, O Servi�o do Patrim�nio reformou a casa h� quatro anos, por interm�dio do Sr. Isa�as Jos� do Ros�rio.
            Descortina-se, da varanda, bel�ssima vista do vale do Rio Arassua� [...].�
            Documenta��o atualmente em pesquisa sugere ter sido a edifica��o erigida por Domingos de Abreu Vieira ou pelo padre Rolim.


        Foto 3. Resid�ncia setecentista � beira do Rio Ara�ua�. Ao fundo e � esquerda, a matriz da Concei��o. Foto de 1991.


        4
        Ru�nas do antigo Registro colonial
            Ru�nas de edifica��es em alvenaria de pedras situadas pouco abaixo da foz do Ribeir�o do Bonito no Rio Jequitinhonha, na margem direita deste, no munic�pio de Berilo.
            S�o conhecidas por alguns moradores de Berilo como o �Quartel portugu�s�.
            Pohl registrou a exist�ncia de um �Quartel Velho de Santana� nas imedia��es (Pohl, 1976:327).
            Os top�nimos �Guarda�, �Guarda Velha�, �Guardinha�, �Quartel�, �Quartel Geral�, �Registro� ou �Registro Velho� ocorrem ocasionalmente no Brasil, podendo indicar a exist�ncia pret�rita desses estabelecimentos oficiais. S�o t�o sugestivos para o arque�logo e o historiador vi�rio quanto �Porto� ou �Porto Velho�.
            Os registros sediavam no Brasil colonial os destacamentos respons�veis por tentar coibir o tr�fico de ouro, diamantes e outros itens de transporte controlado (incluindo correspond�ncia), por tentar limitar o tr�nsito de estrangeiros e sacerdotes (em certas regi�es) e por controlar a entrada nos distritos diamant�feros. Os registros cobravam ainda direitos de passagens de pontes e interprovinciais.
            Dispunham de caserna, o que justifica o termo militar �Quartel�, ainda que exagerado. Da� os termos �Guarda� e �Guardinha�.
            Como caserna abrigavam temporariamente os soldados e oficiais das patrulhas em tr�nsito que policiavam os caminhos e faziam dilig�ncias oficiais (top�nimo �Patrulha�).
            O s�tio hist�rico-arqueol�gico do �Quartel portugu�s� ainda n�o foi descrito, pesquisado, escavado ou tombado.


        Nenhuma edifica��o foi ainda tombada em Berilo (MG) pelo IEPHA.


        Nota. A identidade de diversos pessoas que forneceram informa��es para esta p�gina, de Berilo e de outras localidades, foi preservada no interesse de sua seguran�a, a seu pedido.



      Ap�ndice III. Notas hist�ricas de Berilo e suas edifica��es

        1. Aires de Casal (1754?�1821?) escreveu sobre �gua Suja (denomina��o antiga de Berilo) em 1817 (Casal, 1976):
            ï¿½Quatro l�guas ao nordeste do precedente [Arraial e Freguesia de Santa Cruz da Chapada], e 7 do Fanado [Minas Novas], est� o consider�vel Arraial e Par�quia de �gua Suja, junto � conflu�ncia da ribeira do seu nome com o Arassua�, ornado com uma igreja matriz dedicada a N. Senhora da Concei��o.�

        2. O bot�nico franc�s Auguste de Saint-Hilaire (1779�1853) escreveu sobre �gua Suja, onde esteve a 26 de junho de 1817 (Saint-Hilaire, 1975:289):
            ï¿½ï¿½gua Suja, cabe�a de uma par�quia, est� situada ao p� de uma colina, no lugar em que um c�rrego tamb�m chamado �gua Suja se lan�a no Ara�uai.
            Essa povoa��o � principalmente constitu�da de uma rua que se estende abaixo da conflu�ncia, ao longo do Ara�uai, e que, formando um cotovelo, remonta um pouco sobre a margem do �gua Suja. A rua � estreita e cal�ada.
            As casas s�o em geral baixas, pequenas e quadradas; todas s�o cobertas de telhas; a maioria � constru�da de adobes; tem poucas janelas, e os tetos, adiantando-se muito para fora das paredes das casas, tornam a rua um tanto sombria.
            Al�m desta �ltima, duas igrejas e algumas casas esparsas alteiam-se sobre a encosta de um pequeno morro que domina a maior parte da povoa��o [...]
            A maioria das casas de �gua Suja pertencem [sic] a lavradores que s� vem ao povoado aos domingos; por isso encontrei-as quase todas fechadas [...]
            Fui alojado em uma bela casa que pertencia ao juiz de Fora de Vila do Fanado; e da varanda dessa casa podia descortinar perfeitamente a encantadora posi��o do povoado.
            Segundo o autor das Mem�rias hist�ricas do Rio de Janeiro, vol. VIII, parte II [Pizarro], �gua Suja foi fundada em 1728, e elevada a par�quia em 1729; [...] contam-se a� 95 fogos e 760 habitantes [...]�

        3. O m�dico, mineralogista e bot�nico austr�aco Johann Emanuel Pohl (1840�1917) esteve em �gua Suja a 20 de agosto de 1820 e sobre ela escreveu (Pohl, 1976:336):
            ï¿½[...] chegamos ao ribeir�o �gua Suja que [...] des�gua no Rio Ara�ua� [...] Depois de atravessarmos esse ribeir�o, alcan�amos o arraial de mesmo nome, edificado na conflu�ncia dos referidos cursos de �gua, que fica a tr�s l�guas e tr�s quartos da Chapada.
            Grande parte deste lugar ocupa a encosta oriental, o restante forma uma rua ao longo da margem do rio. Deve haver, ao todo, umas sessenta casas, entre as quais algumas assobradadas. As ruas s�o mal cal�adas.
            A igreja matriz � um dos melhores edif�cios.
            Embora sua situa��o n�o seja das melhores, � prefer�vel, contudo, � do Fanado.
            Na aus�ncia do Comandante, um alferes muito atencioso nos deu para resid�ncia um sobrado que tinha pertencido ao falecido Juiz de Fora de Fanado. Estava inteiramente abandonado e nele encontramos espa�oso abrigo com o devido mobili�rio e uma rica cole��o de livros jur�dicos em l�ngua portuguesa, que enchia todo um aposento.�
            Pohl informou que nessa �poca a jurisdi��o eclesi�stica do julgado de Minas Novas, da qual dependia �gua Suja, pertencia ao Arcebispado da Bahia (op. cit.:321)

        4. Em 1830 o �Arraial e Matriz da Agoa �uja�, pertencente ao Termo e Villa de Bom Sucesso de Minas Novas, possu�a 130 fogos na povoa��o (Rela��o, 1897:27).

        5. O pol�tico, militar e historiador Raimundo Jos� da Cunha Matos (1776�1839) (Matos, 1981, vol. 1:194 e vol. 2:168) citou em 1837 a par�quia de �N. Sra. da Concei��o do Arraial de �gua Suja� como igreja filial curada extramuros da par�quia de �S�o Pedro da Vila de Bom Sucesso de Minas Novas�, esta ainda subordinada � jurisdi��o do Arcebispado da Bahia. A par�quia da Concei��o tinha ent�o como igreja filial outra de mesmo orago, no arraial de Sucuri�.

        6. Jos� Joaquim da Silva (Silva, 1878:104-5) citou a �Freguezia de Nossa Senhora da Concei��o d�Agua Suja� como filial do munic�pio de Minas Novas (�Freguezia de S. Pedro do Fanado de Minas-Novas�), sendo esta freguesia cabe�a da Comarca de Jequitinhonha.

        7. O pesquisador de hist�ria mineira Waldemar de Almeida Barbosa (1907�1999) acrescenta mais dados hist�ricos (Barbosa, 1995: 48).
            Com a decad�ncia da minera��o, a freguesia foi transferida em 1846 para o vizinho arraial de Sucuri� (lei 312 de 8 de abril); criada novamente a par�quia, veio a ser suprimida pela Lei 1479, de 9 de julho de 1868.
            Mais uma vez reinstaurada, teve sua denomina��o alterada para �gua Limpa, pela Lei 2419, de 5 de novembro de 1877.
            O nome Berilo foi imposto a 7 de setembro de 1923 pela Lei 843. Tornou-se munic�pio a 30 de dezembro de 1962, por for�a da Lei 2764.



      E. Refer�ncias bibliogr�ficas

      1. BARBOSA, Waldemar de Almeida, 1995. Dicion�rio hist�rico geogr�fico de Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia, 382 p. 2 ed. (1.ed., 1971. B. Horizonte, Promo��o da Fam�lia).

      2. CARRAZONI, Maria Elisa, coord., 1987. Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro, Express�o e Cultura, 534 p., il., 2.ed. (1.ed. 1980).

      3. CASAL, Manuel Aires de, 1976. Comarca do Serro-Frio. P. 178-182 in: Corografia bras�lica ou rela��o historico-geografica do reino do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia/ S�o Paulo, EDUSP, 342 p. (1.ed., 1817, Rio de Janeiro, Impress�o Regia). (Reconquista do Brasil, 27).

      4. DEL NEGRO, Carlos, 1978. Nova contribui��o ao estudo da pintura mineira (norte de Minas): pintura dos tetos de igrejas. Rio de Janeiro, IPHAN, 431 p., il. Nota pr�via de Renato Soeiro. (Publica��es do IPHAN, 29).

      5. IPHAN, 1994. Bens m�veis e im�veis inscritos nos Livros do Tombo do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional. Rio de Janeiro, Minist�rio da Cultura, Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional, XVII + 251 p. 4. ed. revista e atualizada.

      6. JARDIM, M�rcio, 1989. A Inconfid�ncia Mineira: uma s�ntese factual. Rio de Janeiro, Biblioteca do Ex�rcito, 415 p. (Cole��o General Ben�cio 268).

      7. MATOS, Raimundo Jos� da Cunha, 1981. Corografia hist�rica da Prov�ncia de Minas Gerais (1837). Belo Horizonte, Itatiaia/ S�o Paulo, EDUSP, vol. 1, 403 p., vol. 2, 337 p. [1. ed., 1979 e 1981].

      8. PAIVA, Celso Lago, 1998. Relev�ncia cultural e recomenda��o de tombamento e conserva��o a t�tulo perene de sobrad�o colonial sito em Berilo, Minas Gerais. Parecer T�cnico 16/1998, de 23 mar. 1998. 16 p., il. Manuscrito.

      9. POHL, Johann Emanuel, 1976. Viagem no interior do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia/ S�o Paulo, EDUSP, 417 p. Trad. Milton Amado e Eug�nio Amado. Apresenta��o e notas de M�rio G. Ferri. Nota de Milton Amado (Reconquista do Brasil, 14).

      10. 1897. RELA��O das cidades, villas e povoa��es da Prov�ncia de Minas Geraes com declara��o do numero de fogos de cada uma (1830). Revista do Archivo Publico Mineiro 2(1):18-28.

      11. SAINT-HILAIRE, Auguste de, 1975. Viagem pelas Prov�ncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia/ S�o Paulo, EDUSP, 378 p., il. 1.ed. francesa, [1830]. Trad. Vivaldi Moreira. Nota de Edison Moreira. Apresenta��o de M�rio Guimar�es Ferri. (Reconquista do Brasil, 4).

      12. SILVA, Jos� Joaquim da, 1878. Tratado de geographia descriptiva especial da Provincia de Minas-Geraes. Rio de Janeiro, E. & H. Laemmert, 177 p. + XV.

      13. SPHAN/ Pr�-Mem�ria, c. 1981. Igreja de N. S. da Concei��o, Berilo. P. 10-11 in: Programa de obras urgentes. Mem�rias de Restaura��o 3:1-20.

      14. VASCONCELLOS, Salom�o de, 1944. Bandeirismo. B. Horizonte, Bibl. Mineira de Cultura, 131 p. + 2 mapas, il.



      F. Endere�os

        1
        Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional � IPHAN 16.a Superintend�ncia Regional II (Diamantina)
            Til Costa Pestana (historiadora)
            Paulo Elias Gomes
        Casa Chica da Silva
        Pra�a Lobo de Mesquita 266
        Diamantina MG
        39100-000
            Fone/ fax (0 xx 38) 531-2491
        http://www.iphan.gov.br/iphan/end-srs.htm

        2
        IPHAN � 13.a Coordenadoria Regional (Minas Gerais)
            S.ra Monica Elis, chefe do Arquivo
            (0 xx 31) 335-0747, ramal 37
        Sede principal
        Rua Bernardo Guimar�es 2551
        Santo Agostinho
        Belo Horizonte MG
        30140-082
            (0 xx 31) 335-0747, ramal 37 e 335-0724
            Fax (031) 335.0625
        http://www.iphan.gov.br/iphan/end-crs.htm

        3
        Par�quia de Nossa Senhora da Concei��o � Berilo MG
            Padre Jos� Nuno de Castro e Silva
        Berilo MG
        39640-000
            0 xx 33 737-1106

        4
        Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de MG � IEPHA
            Prof. Fl�vio Lemos Carsalade, Presidente
        Pra�a da Liberdade
        Edif�cio da Secretaria de Transportes e Obras P�blicas
        4.o andar
        Belo Horizonte MG
        30140-010
            (0 xx 31) 213-6000; fax 213-5999 e 5939
            (0 xx 31) 213-5940, 213-5946
        http://www.iepha.mg.gov.br/



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            Bens tombados destru�dos no Brasil  



      Refer�ncia bibliogr�fica desta p�gina

        PAIVA, Celso Lago, 2000. Bens tombados destru�dos no Brasil. A. Bens demolidos. 4. Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio, Berilo, Minas Gerais. Dispon�vel na Internet: http://www.geocities.com/lagopaiva/rosario.htm. 13 ago. 2000 (publica��o).

        © Celso Lago Paiva


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        Editor deste s�tio: Celso Lago Paiva,
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