Bens tombados
destru�dos no Brasil
A. Bens tombados
demolidos
A.4. Igreja de Nossa Senhora
do Ros�rio, Berilo, Minas Gerais (1991)
Sum�rio
Resumo
A. Caracter�sticas
B. Tombamento
C. Saque e destrui��o
D. Fotos
Ap�ndice I. Pinturas no forro da Igreja do Ros�rio
Ap�ndice II. Bens culturais edificados hist�ricos em Berilo, Minas
Gerais, Brasil
Ap�ndice III. Notas hist�ricas de Berilo e suas edifica��es
E. Refer�ncias bibliogr�ficas
F. Endere�os
Resumo
A igreja do Ros�rio, situada na cidade de Berilo, ex-�gua Suja, na
bacia do rio Ara�ua�, afluente do rio Jequitinhonha, nordeste do Estado de Minas
Gerais, foi edificada no s�culo XVIII. Possu�a caracter�sticas
primitivas.
Tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrim�nio Hist�rico Nacional) em
1974, quando j� havia sido despojada por saque de seus bens art�sticos,
ruiu parcialmente em dezembro de 1988 e foi demolida em 1991.
A. Caracter�sticas
A.1. Foi edificada no s�culo XVIII, provavelmente pela Irmandade do
Ros�rio (hoje sem continuidade).
A.2. � citada no Livro Tombo da par�quia, segundo informa��es de Helena Isolde
Brans. De acordo com essa historiadora, na Igreja do Ros�rio foram inumadas pessoas
brancas, entre as quais familiares do inconfidente Jos� da Silva e Oliveira Rolim
(padre Rolim, de Diamantina), que era propriet�rio em �gua Suja (embora os Autos da
Devassa n�o citem bens de sua propriedade nessa localidade; Jardim,
1989:295-300).
A.3. Alguns moradores da cidade a conheciam como Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos
Homens Pretos, mas na d�cada de 1970 j� era conhecida apenas como Igreja de
Nossa Senhora do Ros�rio.
A.4. A pintura colonial de seu forro de t�buas de madeira, em
policromia (t�mpera) foi estudada pelo especialista Carlos Del Negro
(Ap�ndice I).
A.5. Encontra-se em Carrazzoni (1987:191-192),
a �nica representa��o iconogr�fica publicada da igreja (desenho, baseado
provavelmente em foto no cart�rio do IPHAN)
A.6. A capela foi erigida na t�cnica da estrutura aut�noma de madeira (gaiola), com
paredes n�o-estruturais de adobes.
A.8. Escreveu Carlos Del Negro (Del Negro, 1978:196) sobre a
igreja:
�O altar-mor faz parte do quarto grupo. Os
suportes internos s�o colunas retil�neas em arco-pleno; os externos comp�e-se de
quartel�es. Entre os suportes, nas peanhas com doss�is, est�o uma Santa e um Santo
pretos. A capela-mor abre-se, para cada lado, por meio de dois arcos. A igreja estava
sem assoalho por ocasi�o da visita [a 13 jul. 1966]. Pertencem ao grupo mais antigo,
de arquivoltas conc�ntricas, os altares-cruzeiros�.
A.9. Segundo o arquiteto S�lvio de Vasconcelos, �pelas caracter�sticas dos altares
laterais ent�o existentes na capela, poderia ser talvez a mais antiga da regi�o�
(Carrazzoni, 1987:191-192).
A.10. Carrazzoni (1987:191-192) traz breve descric�o da igreja:
�Estrutura de taipa e madeira, cobertura em duas �guas e beirais em cachorros. O
frontisp�cio � singelo, compondo-se de porta principal e duas janelas a ela
diagonais, na altura do coro. A capela � destitu�da de torres...�
A.11. A an�lise do desenho na mesma publica��o mostra que as envazaduras superiores
(do coro) eram portas-janelas, n�o janelas; eram providas de balaustradas; as
ombreiras possu�am arremate que ultrapassava a linha da soleira; as vergas eram
retas, provavelmente encostadas no frechal; as ombreiras internas situavam-se fora do
prolongamento das ombreiras da porta inferior (como na Matriz da Concei��o).
O beiral prolongava-se atrav�s da fachada fronteira, isolando
o front�o, provido de �culo redondo. A porta principal tinha verga com a face
inferior em arco abatido, e reto na face superior, na mesma altura das soleiras das
portas-janelas. Havia socos nas ombreiras.
Cada fachada lateral era vazada com dois �culos redondos e
porta central com verga reta (ao menos na fachada esquerda).
A sacristia possu�a porta fronteira e duas janelas laterais.
O telhado era de duas �guas.
Era desprovida de campan�rio externo ou torre-sineira.
O frontisp�cio atravessado pelo prolongamento do beiral (como na Matriz de Sabar�, na
capela de S�o Sebasti�o de Mariana e na Matriz de Bento Rodrigues � Vasconcellos,
1944:87-8) a diferenciava das mais igrejas da regi�o das Minas
Novas.
A.12. A igreja foi erigida na t�cnica da estrutura aut�noma de madeira (gaiola), com
paredes n�o-estruturais de adobes. Esse � o sistema construtivo dominante na regi�o,
como em outras regi�es mineiras e no sul da Bahia nos per�odos colonial e imperial
(Paiva, 1998).
A.13. Outros dados sobre a igreja est�o dispon�veis em
IPHAN,
como a informa��o de que o coro era guarnecido por treli�as de madeira.
B. Tombamento
B.1. Tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional
(IPHAN) em 1974.
B.2. Processo IPHAN 720-T-63.
B.3. Bem inscrito sob o n.o 512, Livro de Belas-Artes volume I, folha 93, a 13 de mar�o de
1974 (IPHAN, 1994:60).
B.4. A igreja n�o foi destombada.
B.5. Berilo pertence � jurisdi��o da 16.a Superintend�ncia Regional II do
IPHAN (Diamantina), vinculada � 13.a
Coordenadoria Regional (Minas Gerais), esta com sede em Belo Horizonte
(ver Ap�ndice III. Endere�os).
C. Saque e destrui��o
C.1. Segundo relatos de informantes locais, as obras de arte da igreja do Ros�rio
(tr�s ret�bulos, forros pintados, portas almofadadas, pe�as das janelas, pia batismal
de pedra) foram retirados e vendidos por mandat�rio pol�tico local
para negociantes de antig�idades, entre
1972 e 1974, por CR$ 75000,00 (foram revendidos imediatamente por R$ 800000,00 pela
negociante que as comprou).
C.2.Os membros da Irmandade do Ros�rio n�o se mobilizaram
para impedir a venda ilegal.
C.3. Nessa �poca a par�quia estava sem cura, recebendo
ocasionalmente sacerdote visitador, que fazia as dispensas e que autorizou
irregularmente a venda.
C.4. Note-se que a retirada das pe�as foi feita antes da
efetiva��o do tombamento federal, e talvez apressado pela imin�ncia deste.
C.5. Carrazzoni (1987:191-192) informa que a igreja �j� n�o mais
possui sua antiga porta em almofadas�.
C.6. A igreja do Ros�rio ruiu parcialmente (telhado, parede fronteira e
parte anterior da nave-m�e) em dezembro de 1988, ap�s longo per�odo de
abandono; os principais danos que levaram ao colapso estrutural foram causados por
deteriora��o de madeiras por chuvas e cupins. J� estava, ent�o, sem as portas e obras
de arte, roubadas anteriormente.
C.7. Anteriormente parte de uma das paredes laterais j� havia ru�do, o que levou
pessoa residente em outro Estado a angariar materiais de constru��o para tentar
reergu�-la, o que n�o foi feito.
C.8. Foi arrasada em 1991 (demolida; Foto 1), ao
que consta por funcion�rios da Prefeitura Municipal (gest�o 1989/1992), novamente sem
protestos dos irm�os da Irmandade do Ros�rio.
C.9. A igreja nunca foi desconsagrada pela diocese.
C.10. Muitas das pe�as da gaiola (estrutura aut�noma de madeira), na �poca sem valor no
mercado de antig�idades, ficaram v�rios anos no local da demoli��o
(Foto 2).
C.11. As obras de arte roubadas da igreja nunca foram arroladas na
lista oficial de
Bens culturais procurados do IPHAN, talvez por terem esses bens j� sido
roubados quando da abertura do processo de tombamento federal.
C.12. N�o foi aberto processo pertinente pela pol�cia local, pelo IPHAN ou pela
Pol�cia Federal. Trata-se de regi�o onde as viol�ncias de fundo pol�tico ainda
grassam; essa falta de garantias de seguran�a pode ter inviabilizado provid�ncias
oficiais. As pessoas que promoveram os saques na igreja do Ros�rio ainda s�o ativas
na pol�tica local.
C.13. Nova igreja foi constru�da pelo Padre Nuno de Castro e Silva, sendo
inaugurada em desagravo � santa em 1993, Pra�a da Matriz, agora sob a invoca��o de
N. S. do Ros�rio de F�tima.
O Padre Nuno, que chegou a Berilo em 1976, sempre lutou pela
conserva��o da Igreja do Ros�rio e da Matriz da Concei��o, contra comerciantes que
visavam as antig�idades tamb�m desta.
C.14. O mesmo padre desencorajou a continua��o das atividades da Irmandade do Ros�rio
de Berilo, por considerar os irm�os dessa irmandade coniventes com o desaparecimento
de sua igreja.
C.15. Segundo informantes, a pia batismal encontra-se em sala de visitas de m�dico em S�o
Paulo (SP) e as portas est�o hoje decorando boate na mesma cidade. Ignora-se o
paradeiro dos forros pintados e ret�bulos.
D. Fotos
Foto 1. A igreja do Ros�rio (Berilo, Minas Gerais) na �poca de seu colapso em
1988/ 1989. V�-se o arco-cruzeiro, o arco que levava � sacristia esquerda e, �
esquerda, alguns cachorros da fachada direita. Veja a mesma imagem em ponto maior.
Foto 2. Pe�as da gaiola da igreja do Ros�rio (Berilo) logo ap�s sua
demoli��o em 1991, em terreno adjacente ao s�tio original.
Ap�ndice I. Pinturas no forro da Igreja do
Ros�rio
A pintura colonial de seu forro de t�buas de madeira, em t�mpera, foi estudada por
Carlos Del Negro (Del Negro, 1978:196 e 233 e fotos
146-147). Escreveu:
�a) PINTURA DO FORRO DA NAVE (foto n.o 146)
Decora��o monocrom�tica sobre fundo branco, pintada em grisaille, com tinta
gris-azul. Na data da visita, 13/7/1966, havia, para ver, restos da decora��o.
Desenvolve o modelo das balaustradas retil�neas laterais, pintadas acima da cimalha
da nave. De cada lado, est�o sentados dois anjos sobre as molduras da balaustrada,
trazendo numa das m�os um vaso de flores e, na outra, uma palma. H�, em
correspond�ncia com os anjos, um consolo ornamental para formar ressalto nas
molduras.
Ao centro, monstruosamente mutilada, a tarja circular,
constitu�da de enrolamentos, acantos, concheados, querubins entre nuvens, ramos de
flores e, rematada por molduras em forma de front�o, inclu�a a imagem de N. S. do
Ros�rio.
a) PINTURA DO TETO SOB O CORO (foto n.o 147)
Pintada em grisaille, com tinta gris-azul sobre o
fundo branco.
Numa tarja aproximadamente oval, constitu�da de enrolamentos,
acantos, concheados, com ramos de flores pendentes, v�-se uma torre, ao centro da
perspectiva sugerida por fileiras de �rvores (arauc�rias?). As �reas vazias na tarja,
al�m de ser preenchidas por quadriculados, como � comum, mostram tran�ados de esteira
e ainda outras texturas inventadas pela fantasia do artista. Al�m da queda de t�buas
pelo apodrecimento, substitu�ram-se algumas com pinturas provenientes de outros
lugares, como, por exemplo, na parte m�dia da torre. H� uma inscri��o por cima dela,
pouco vis�vel: MILLE CIPPEI PENDENT EX EA?� (:196).
Ap�ndice II. Bens culturais edificados
hist�ricos em Berilo, Minas Gerais, Brasil
1
Matriz de Nossa Senhora da Concei��o
S�c. XVIII.
Processo IPHAN 720-T-63.
Inscrito sob n�mero 511, Livro de Belas-Artes volume I, folha 93, a 13 de mar�o de
1974 (IPHAN, 1994:60).
Fotos, plantas e descri��o est�o dispon�veis em SPHAN/ Pr�-Mem�ria,
c. 1981, Carrazzoni (1987:191-192) e em
IPHAN.
Restaurada pelo IPHAN e pelo IEPHA em 1954/1955, 1959 e 1998 (SPHAN/ Pr�-Mem�ria,
c. 1981).
Estudada por Del Negro (1978:195 e fotos 144-145).
Dessa igreja foi desviada (vendida para negociantes de arte) enorme c�moda da
sacristia, por volta de 1974. Segundo informantes a c�moda teria cerca de sete metros
de comprimento, n�o tendo sido fotografada antes do roubo.
Houve movimenta��o nos meios pol�ticos locais para sua
demoli��o e venda das imagens, ret�bulos, forros pintados e mais obras de arte (nos
moldes do acontecido com a Igreja do Ros�rio), mas os esfor�os do padre local
(portugu�s de nascimento) n�o s� impediram o saque como tamb�m promoveram o restauro
da igreja e a fotografia de todas as pe�as pelo IPHAN.
P�gina virtual:
www.iphan.gov.br/bancodados/benstombados/mostrabenstombados.asp?CodBem=1279
2
Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio
Dados acima.
3
Conjunto urbano
A localidade conta com um conjunto edificado
(resid�ncias) dos s�culos XVIII e XIX, de import�ncia como patrim�nio
urban�stico-hist�rico (Paiva, 1998).
A maioria dessas edifica��es encontra-se na Rua do Porto, e algumas pr�ximas �
Matriz e imedia��es.
Esse conjunto hist�rico-edificado da cidade e arredores est� sendo atualmente
levantado pelo Eng.o Celso Lago Paiva e pela historiadora Isolde H. Brans.
Ao menos uma edifica��o, a da grande resid�ncia colonial de dois
pavimentos denominada localmente �Casa do Tiradentes� (Foto 3),
merece tombamento federal (Paiva, 1998).
Foi pedido para ela a prote��o do tombamento estadual
(IEPHA), em 1997.
A edifica��o foi estudada por Carlos Del Negro, que a referiu
como �casa de Abreu Vieira� e dela publicou foto (Del Negro,
1978:197, Foto 148), deixando escrito:
�Na data da visita, 13/7/1966, encontramo-la desocupada. No
sal�o principal e nos quartos, os tetos apainelados, em forma de pir�mide
quadrangular truncada, e sem clarab�ia, eram decorados. O forro da varanda voltada
para o rio Arassua� tamb�m ostentava pinturas [...]
Segundo informa��es obtidas no local, O Servi�o do Patrim�nio
reformou a casa h� quatro anos, por interm�dio do Sr. Isa�as Jos� do Ros�rio.
Descortina-se, da varanda, bel�ssima vista do vale do Rio
Arassua� [...].�
Documenta��o atualmente em pesquisa sugere ter sido a
edifica��o erigida por Domingos de Abreu Vieira ou pelo padre
Rolim.
Foto 3. Resid�ncia setecentista � beira do Rio Ara�ua�. Ao fundo e � esquerda, a
matriz da Concei��o. Foto de 1991.
4
Ru�nas do antigo Registro colonial
Ru�nas de edifica��es em alvenaria de pedras situadas pouco
abaixo da foz do Ribeir�o do Bonito no Rio Jequitinhonha, na margem direita deste,
no munic�pio de Berilo.
S�o conhecidas por alguns moradores de Berilo como o �Quartel
portugu�s�.
Pohl registrou a exist�ncia de um �Quartel Velho de Santana�
nas imedia��es (Pohl, 1976:327).
Os top�nimos �Guarda�, �Guarda Velha�, �Guardinha�,
�Quartel�, �Quartel Geral�, �Registro� ou �Registro Velho� ocorrem ocasionalmente no
Brasil, podendo indicar a exist�ncia pret�rita desses estabelecimentos oficiais. S�o
t�o sugestivos para o arque�logo e o historiador vi�rio quanto �Porto� ou �Porto
Velho�.
Os registros sediavam no Brasil colonial os destacamentos
respons�veis por tentar coibir o tr�fico de ouro, diamantes e outros itens de
transporte controlado (incluindo correspond�ncia), por tentar limitar o tr�nsito de
estrangeiros e sacerdotes (em certas regi�es) e por controlar a entrada nos distritos
diamant�feros. Os registros cobravam ainda direitos de passagens de pontes e
interprovinciais.
Dispunham de caserna, o que justifica o termo militar
�Quartel�, ainda que exagerado. Da� os termos �Guarda� e �Guardinha�.
Como caserna abrigavam temporariamente os soldados e oficiais
das patrulhas em tr�nsito que policiavam os caminhos e faziam dilig�ncias oficiais
(top�nimo �Patrulha�).
O s�tio hist�rico-arqueol�gico do �Quartel portugu�s� ainda
n�o foi descrito, pesquisado, escavado ou tombado.
Nenhuma edifica��o foi ainda tombada em Berilo (MG) pelo
IEPHA.
Nota.
A identidade de diversos pessoas que forneceram informa��es para esta p�gina, de
Berilo e de outras localidades, foi preservada no interesse de sua seguran�a, a seu
pedido.
Ap�ndice III. Notas
hist�ricas de Berilo e suas edifica��es
1. Aires de Casal (1754?�1821?) escreveu sobre �gua Suja (denomina��o antiga
de Berilo) em 1817 (Casal, 1976):
�Quatro l�guas ao nordeste do precedente [Arraial e Freguesia
de Santa Cruz da Chapada], e 7 do Fanado [Minas Novas], est� o consider�vel Arraial e
Par�quia de �gua Suja, junto � conflu�ncia da ribeira do seu nome com o Arassua�,
ornado com uma igreja matriz dedicada a N. Senhora da Concei��o.�
2. O bot�nico franc�s Auguste de Saint-Hilaire (1779�1853) escreveu sobre �gua
Suja, onde esteve a 26 de junho de 1817 (Saint-Hilaire,
1975:289):
��gua Suja, cabe�a de uma par�quia, est� situada ao p� de uma
colina, no lugar em que um c�rrego tamb�m chamado �gua Suja se lan�a no Ara�uai.
Essa povoa��o � principalmente constitu�da de uma rua que se
estende abaixo da conflu�ncia, ao longo do Ara�uai, e que, formando um cotovelo,
remonta um pouco sobre a margem do �gua Suja. A rua � estreita e cal�ada.
As casas s�o em geral baixas, pequenas e quadradas; todas s�o
cobertas de telhas; a maioria � constru�da de adobes; tem poucas janelas, e os tetos,
adiantando-se muito para fora das paredes das casas, tornam a rua um tanto
sombria.
Al�m desta �ltima, duas igrejas e algumas casas
esparsas alteiam-se sobre a encosta de um pequeno morro que domina a maior parte da
povoa��o [...]
A maioria das casas de �gua Suja pertencem [sic] a lavradores
que s� vem ao povoado aos domingos; por isso encontrei-as quase todas fechadas [...]
Fui alojado em uma bela casa que pertencia ao juiz de Fora de
Vila do Fanado; e da varanda dessa casa podia descortinar perfeitamente a encantadora
posi��o do povoado.
Segundo o autor das Mem�rias hist�ricas do Rio de
Janeiro, vol. VIII, parte II [Pizarro], �gua Suja foi fundada em 1728, e elevada
a par�quia em 1729; [...] contam-se a� 95 fogos e 760 habitantes [...]�
3. O m�dico, mineralogista e bot�nico austr�aco Johann Emanuel Pohl
(1840�1917) esteve em �gua Suja a 20 de agosto de 1820 e sobre ela escreveu
(Pohl, 1976:336):
�[...] chegamos ao ribeir�o �gua Suja que [...] des�gua no
Rio Ara�ua� [...] Depois de atravessarmos esse ribeir�o, alcan�amos o arraial de
mesmo nome, edificado na conflu�ncia dos referidos cursos de �gua, que fica a tr�s
l�guas e tr�s quartos da Chapada.
Grande parte deste lugar ocupa a encosta oriental, o restante
forma uma rua ao longo da margem do rio. Deve haver, ao todo, umas sessenta casas,
entre as quais algumas assobradadas. As ruas s�o mal cal�adas.
A igreja matriz � um dos melhores edif�cios.
Embora sua situa��o n�o seja das melhores, � prefer�vel,
contudo, � do Fanado.
Na aus�ncia do Comandante, um alferes muito atencioso nos deu
para resid�ncia um sobrado que tinha pertencido ao falecido Juiz de Fora de Fanado.
Estava inteiramente abandonado e nele encontramos espa�oso abrigo com o devido
mobili�rio e uma rica cole��o de livros jur�dicos em l�ngua portuguesa, que enchia
todo um aposento.�
Pohl informou que nessa �poca a jurisdi��o
eclesi�stica do julgado de Minas Novas, da qual dependia �gua Suja, pertencia ao
Arcebispado da Bahia (op. cit.:321)
4. Em 1830 o �Arraial e Matriz da Agoa �uja�, pertencente ao Termo e Villa de Bom
Sucesso de Minas Novas, possu�a 130 fogos na povoa��o (Rela��o,
1897:27).
5. O pol�tico, militar e historiador Raimundo Jos� da Cunha Matos (1776�1839)
(Matos, 1981, vol. 1:194 e vol. 2:168) citou em 1837 a par�quia
de �N. Sra. da Concei��o do Arraial de �gua Suja� como igreja filial curada
extramuros da par�quia de �S�o Pedro da Vila de Bom Sucesso de Minas Novas�, esta
ainda subordinada � jurisdi��o do Arcebispado da Bahia. A par�quia da Concei��o tinha
ent�o como igreja filial outra de mesmo orago, no arraial de Sucuri�.
6. Jos� Joaquim da Silva (Silva, 1878:104-5) citou a �Freguezia de
Nossa Senhora da Concei��o d�Agua Suja� como filial do munic�pio de Minas Novas
(�Freguezia de S. Pedro do Fanado de Minas-Novas�), sendo esta freguesia cabe�a da
Comarca de Jequitinhonha.
7. O pesquisador de hist�ria mineira Waldemar de Almeida Barbosa (1907�1999)
acrescenta mais dados hist�ricos (Barbosa, 1995: 48).
Com a decad�ncia da minera��o, a freguesia foi transferida em
1846 para o vizinho arraial de Sucuri� (lei 312 de 8 de abril); criada novamente a
par�quia, veio a ser suprimida pela Lei 1479, de 9 de julho de 1868.
Mais uma vez reinstaurada, teve sua denomina��o alterada para
�gua Limpa, pela Lei 2419, de 5 de novembro de 1877.
O nome Berilo foi imposto a 7 de setembro de 1923 pela
Lei 843. Tornou-se munic�pio a 30 de dezembro de 1962, por for�a da Lei 2764.
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- MATOS, Raimundo Jos� da Cunha, 1981.
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- VASCONCELLOS, Salom�o de, 1944. Bandeirismo. B. Horizonte, Bibl. Mineira
de Cultura, 131 p. + 2 mapas, il.
F. Endere�os
1
Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional �
IPHAN
16.a Superintend�ncia Regional II (Diamantina)
Til Costa Pestana (historiadora)
Paulo Elias Gomes
Casa Chica da Silva
Pra�a Lobo de Mesquita 266
Diamantina MG
39100-000
Fone/ fax (0 xx 38) 531-2491
http://www.iphan.gov.br/iphan/end-srs.htm
2
IPHAN � 13.a Coordenadoria Regional (Minas Gerais)
S.ra Monica Elis, chefe do Arquivo
(0 xx 31) 335-0747, ramal 37
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Belo Horizonte MG
30140-082
(0 xx 31) 335-0747, ramal 37 e 335-0724
Fax (031) 335.0625
http://www.iphan.gov.br/iphan/end-crs.htm
3
Par�quia de Nossa Senhora da Concei��o � Berilo MG
Padre Jos� Nuno de Castro e Silva
Berilo MG
39640-000
0 xx 33 737-1106
4
Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de MG � IEPHA
Prof. Fl�vio Lemos Carsalade, Presidente
Pra�a da Liberdade
Edif�cio da Secretaria de Transportes e Obras P�blicas
4.o andar
Belo Horizonte MG
30140-010
(0 xx 31) 213-6000; fax 213-5999 e 5939
(0 xx 31) 213-5940, 213-5946
http://www.iepha.mg.gov.br/
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Bens tombados
destru�dos no Brasil
Refer�ncia bibliogr�fica desta p�gina
PAIVA, Celso Lago, 2000. Bens tombados destru�dos no Brasil. A. Bens demolidos. 4.
Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio, Berilo, Minas Gerais. Dispon�vel na
Internet:
http://www.geocities.com/lagopaiva/rosario.htm.
13 ago. 2000 (publica��o).
© Celso Lago Paiva
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Editor deste
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