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1987

ENQUETE

        Cinco anos e cinco discos de ouro depois, o Kid Abelha deixou de ser sin�nimo para tudo que se falava de ruim no rock brasileiro. E nesse clima que foi lan�ado Tomate, o primeiro disco de est�dio ap�s a sa�da do Leoni. A liberta��o dos abelhas das amarras pop tecidas pelo ex-baixista n�o � indolor. H� uma evidente violenta��o na tentativa de transforma��o do Kid Abelha em um grupo funk, mais agressivo. "O Kid Abelha funcionava com o Leoni compondo sozinho no viol�o e a gente fazendo o arranjo depois. Ele saiu e n�s nos unimos para realizar um trabalho novo. Valeu pelo grupo continuar existindo", conta Paula.

        S�o oito can��es, onde a melancolia adolescente dos discos anteriores d� lugar a uma celebra��o dan�ante, de bom gosto e com um excelente instrumental aliado ao su�ngue de Nilo Romero. Com a sa�da de Leoni, George Israel encontrou mais espa�o para desenvolver seu toque duro no saxofone, algo na linha de Nino Rott, numa instrumenta��o percussiva, eficiente, mas de pouco floreios. J� as letras de Paula buscam alguma coisa mais nova tamb�m, algo mais maduro, caso mais espec�fico de "Amanh� � 23", que foi tema da novela global O Outro, onde consegue fugir da impress�o da primeira pessoa. Outro ponto alto � o jogo entre fantasia e realidade. Em "No meio da rua" esse jogo fica evidente, misturando uma vida de c�o com discos voadores e vida em outros planetas.

Kid Abelha na turnê Tomate no Palace - SP, 87 / Arquivo pessoal de Leonardo Pires

        No entanto, apesar de toda a superprodu��o musical e art�stica, Tomate n�o vendeu o quanto o grupo e gravadora esperavam: pouco mais de 100 mil c�pias. Mesmo assim, a banda resolveu arriscar e montar um super show, com uma grande infra-estrutura - nada parecido com os shows da �poca. Foi ent�o que surgiu na s�rie Alternativa Nativa um espet�culo com troca constante de figurinos, cen�rios e aparatos c�nicos. Paula Toller, ent�o, era festejada e desejada como sexy symbol, subindo ao palco com uma min�scula minissaia branca que deixava avista sua calcinha (branca, de algod�o). "Eu n�o tinha nenhum plano de mostrar a calcinha", dizia. "N�o foi proposital". Apesar do sucesso de sua performance, a cantora recusava o titulo de sex symbol. "� legal voc� saber que tem algu�m interessado em olhar voc�. Mas detesto essa coisa de sex symbol".

        Terminada a euforia da turn�, os kids, com a ajuda do fiel amigo-escudeiro Paulo Junqueira, resolveram se profissionalizar de forma radical, n�o somente com empres�rios, advogados e contratos, mas no sentido art�stico tamb�m. Questionaram-se porque tocando muito nas r�dios e emplacando m�sica atr�s da outra n�o venderam mais do que 100 mil c�pias do disco, enquanto outras bandas da mesma gera��o como os Paralamas, RPM e Blitz estavam com os discos estourados e na casa dos 500 mil. Sentaram-se com os produtores da gravadora e pensaram em estrat�gias de marketing. Mas viram tamb�m a parte deles, pois pararam um pouco de fazer play-back na TV, restringiram demais os programas de televis�o que iam. Exigiram um empenho maior da gravadora, ao mesmo tempo que tiveram que ceder �s exig�ncias dela.

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