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1985

        Quando se fala em Kid Abelha é impossível não lembrar-se do delicioso e inesquecível Educação Sentimental, um dos clássicos da década de 80. Apesar do atraso do lançamento do disco devido a participação da banda na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, não fez com que os fãs se desesperassem. Mais uma vez, várias e várias músicas foram sucessos: "A fórmula do amor", "Garotos", "Educação sentimental II", "Os outros" e explosiva "Lágrimas e chuva", cuja a letra foi inspirada no filme futurista-cult Blade Runner e arranjos criados após uma jam session em Teresópolis, na casa dos pais de George.

        Com Educação Sentimental, o sucesso do Kid Abelha aumentava na proporção das críticas negativas e pessimistas, principalmente classificando o grupo como descartável. "Há um limite entre o que é descaradamente aproveitador e o que não é. O mais interessante, no entanto, é você ver que o público de rádio não distingue isso. Na programação, você está no mesmo saco de todos os outros trabalhos. Eu, por exemplo, gosto de um oitavo das coisas que tocam em FM. Mas quando a gente recebe cartas das pessoas, eles elogiam nossa música e dizem que gostam também de umas coisas que a gente até acha descartável. A marca fundamental do nosso trabalho é a sinceridade. Para mim o sucesso é ser perene", disse Paula em entrevista à Folha Ilustrada.

        Mas a coisa pegou fogo mesmo em fevereiro de 86, em um show do cantor Léo Jaime no Estádio de Remo da Lagoa, no Rio: Leoni abandona o Kid. Tudo aconteceu porque Léo chamou os kids para cantar "A fórmula do amor", mas, por um lapso, esqueceu de chamar Leoni. Foi então que tudo começou. Nos bastidores, Leoni, que estava totalmente deslumbrado com o sucesso, ficou irritadíssimo e agrediu verbalmente Paula, que, imediatamente, deu-lhe uma pandeirada para esfriar os ânimos. Herbert Vianna e Fabiana Kherlakian (ex-modelo e herdeira da grife Zoomp), namorados de Paula e Leoni, respectivamente, se meteram na briga também, resultando em mais confusão e notas sensacionalistas nos jornais, com manchetes dizendo que "acesso de ciúme afasta Leoni do Kid Abelha".

        Sobre o fato, George detona: "O sucesso traz à tona muitas coisas de ego e o espaço da banda é limitado. O Leoni começou a pirar nesta viagem de ser superstar numa época de estética de caras e bocas estimulados pela Fabiana. A idéia inicial dele era fazer um disco solo e continuar no Kid, mas começou a rolar mil climas, mil fofocas...". Leoni então fundou Os Heróis da Resistência, emplacando dois ou três sucessos, mas que logo fracassou. Assim que o baixista saiu do Kid, os abelhas ficaram desacreditados perante a mídia, público e gravadora, que passou a investir fortunas na banda de Leoni e deixando o Kid Abelha para segundo plano. Paula dizia que estava tudo bem: "No balanço final, o saldo desses três anos foi muito positivo pra gente. Tocamos no Rock In Rio, fazemos shows adoidado de norte a sul. Nosso próximo disco será bem diferente, pois o Leoni era uma coisa muito casal, muito feita a dois, sufocante até. Cansei. Resolvi abrir a cabeça, sem compromissos. Eu não tenho a mínima preocupação com o que vou dizer". Mas era evidente que a banda ainda estava fragilizada e necessitando de mudanças urgentes...

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