História do Partido da Social Democracia Brasileira
O PSDB e sua origem
"O PSDB nasceu da confluência de diferentes vertentes do pensamento político contemporâneo. Nosso programa está sintetizado em três palavras: social, democrático e brasileiro"
Franco Montoro
No início de 1988, representantes de várias correntes político-trabalhistas, democratas-cristãos, social-democráticos e liberal-progressistas juntaram-se para formar o PSDB. Cada um trouxe uma contribução ideológica e a reunião foi capaz de juntar no novo partido os ideais de liberdade democrática, igualdade e justiça social.
Acompanhando a tendência mundial, movimentos semelhantes foram surgindo em outros países da América Latina, como Chile e Venezuela, e também em vários países da Europa. Tais transformações só vieram confirmar a tese de alguns estudiosos de que os partidos políticos fortemente centrados numa ideologia singular estavam em declínio.
"O Social-democrata defende, basicamente, o diálogo permanente entre opiniões e pensamentos divergentes"
O pluralismo de idéias, a justiça social, a função gestora do Estado e a participação da sociedade civil passaram a nortear uma política moderna e regida por dois pontos extremamente importantes: a luta contra a corrupção e a exigência da ética na vida pública.
Todos esses preceitos estiveram presentes no PSDB desde a sua fundação. Nosso programa que, conforme as palavras de Franco Montoro, pode ser definido por social e democrata, prevê o diálogo entre opiniões e pensamentos diferentes, o respeito às organizações da sociedade civil e principalmente às reformas estruturais do Estado.
O PSDB também defende a reeleição, o voto distrital, a promoção da justiça social, a política do emprego e a autonomia sindical, a expansão do ensino público e da saúde gratuita, a seguridade social, o combate à inflação, o crecimento econômico, a distribuição de renda, a reforma agrária, a preservação do meio ambiente, além da participação marcante no cenário internacional e na integração latino-americana.
Na Social-democracia a propriedade privada, as cooperativas, as estatais e até as formas comunitárias de produção coexistem pacificamente. Não importa o caráter da propriedade, mas a função social que ela desempenha.
Fundadores do PSDB
Conforme ata da reunião realizada em 24 e 25 de junho de 1988:
André Franco Montoro |
SP |
Célio de Castro |
MG |
João Gaspar Rosa |
SC |
Pompeu de Sousa |
DF |
Ricardo Furlan Rodrigues |
SP |
Luiz Eduardo Caminha |
SC |
José Freitas Nobre |
SP |
Luiz Carlos Bresser Pereira |
SP |
Neylor José Toscan |
PR |
Fabio Feldmann |
SP |
Guiomar Namo de Mello |
SP |
Renildo Soares Vilar |
MG |
Francisco das Chagas Rodrigues |
PI |
Paulo de Tarso Tavares Silva |
PI |
Claudio de Sena Martins |
SP |
Antonio Perosa |
SP |
Sérgio Longman |
PE |
José Cruz Macedo |
DF |
Geraldo Alckmin Filho |
SP |
Luiz Benedicto Máximo |
SP |
Ester Monteiro da Silva |
RJ |
Dirce Tutu Quadros |
SP |
Antonio Rubens Costa de Lara |
SP |
Gilda Figueiredo Portugal Gouvêa |
SP |
Saulo Queiroz |
MS |
Vanderlei Macris |
SP |
Ruth Corrêa Leite Cardoso |
SP |
Ziza Valadares |
MG |
Waldir Alceu Trigo |
SP |
Camillo Calazans de Magalhães |
DF |
Nelton Friedrich |
RS |
Afonso Arinos de Melo Franco |
RJ |
José Lucena Dantas |
DF |
Robson Marinho |
SP |
Antonio Carlos Tonca Falseti |
SP |
Therezinha Marcolin Scalco |
PR |
Rose de Freitas |
ES |
José Ignacio Ferreira |
ES |
José Carlos Grecco |
SP |
Koyu Iha |
SP |
Carlos Cotta |
MG |
Cássio Gonçalves |
MG |
Artur da Távola |
RJ |
Sílvio Abreu |
MG |
Paulo Lacerda |
DF |
Deni Lineu Schwartz |
PR |
Fernando Leça |
SP |
Vera Lucia Barreto Moreira |
DF |
Euclides Girolamo Scalco |
PR |
Mauro Campos |
MG |
Vicente Joaquim Bogo |
RS |
Vasco Alves |
ES |
Caio Pompeu de Toledo |
SP |
Hermes Zaneti |
RS |
Moema São Thiago |
CE |
João Bastos Soares |
SP |
Maria da Glória da Veiga Moura |
DF |
José Guedes |
RO |
José Oliveira Costa |
AL |
Virgildásio de Senna |
BA |
Maria de Lourdes Abadia |
DF |
Jayme Santana |
MA |
Joaquim dos Santos Andrade |
SP |
Carlos Mosconi |
MG |
Anna Maria Rattes |
RJ |
Volnei Garrafa |
DF |
Octávio Elísio Alves de Brito |
MG |
Sérgio Roberto Vieira da Motta |
SP |
Eduardo Jorge Caldas Pereira |
DF |
José Richa |
PR |
José Roberto Magalhães Teixeira |
SP |
Maria Delith Balaban |
DF |
Cristina Tavares |
PE |
Eliézer Rizzo de Oliveira |
SP |
Sergio de Otero Ribeiro |
DF |
Pimenta da Veiga |
MG |
Amarilio Proença de Macêdo |
CE |
Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima |
DF |
Fernando Henrique Cardoso |
SP |
Clovis de Barros Carvalho |
SP |
Valter Rodrigues Veloso |
DF |
Mário Covas Júnior |
SP |
José Maria Guimarães Monteiro |
SP |
José Aristides de Moraes Filho |
DF |
Luiz Carlos Sigmaringa Seixas |
DF |
José Paulo Bisol |
RS |
Odaisa Fernandes Ferreira |
RO |
João Gilberto Lucas Coelho |
RS |
José Edgard Amorim Pereira |
MG |
Ecléa Terezinha Fernandes |
RS |
José Serra |
SP |
Raymundo Theodoro Carvalho de Oliveira |
RJ |
Geraldo Campos |
DF |
José Afonso da Silva |
SP |
Heloneida Studart Soares |
RJ |
Tomaz Gilian Deluca Wonghon |
RS |
Francisco de Assis Küster |
SC |
Maria Laura de Souza Carneiro |
RJ |
José Duval Guedes Freitas |
RJ |
Ronaldo Cezar Coelho |
RJ |
José Roberto Bassul Campos |
DF |
Maria Silvia Elias Lauandos |
SP |
Beth Azize |
AM |
Juarez Marques Batista |
MS |
Tercília Maria M. Xavier |
RS |
Vilson Luiz de Souza |
SC |
Leonardo Nunes da Cunha |
MS |
Renan Calheiros |
AL |
Carlos Heitor Pioli |
MG |
Como parte dos atos de fundação do Partido foi constituída a Comissão Diretora Nacional Provisória integrada por 11 membros, que decidiu adotar um sistema de rodízio para a presidência do partido. Como primeiro tucano a ocupar o cargo foi escolhido o senador Mário Covas , que seria seguido pelo senador José Richa , pelo senador Fernando Henrique Cardoso e pelo ex-governador Franco Montoro . Para o posto de primeiro secretário-geral foi escolhido o Dep. Euclides Scalco e para o de tesoureiro o deputado federal Jayme Santana. Na mesma ocasião foi aprovada a constituição de Comissões Diretoras Regionais Provisórias em São Paulo , Paraná , Santa Catarina , Rio Grande do Sul , Minas Gerais , Rondônia , Perambuco , Paraíba e no Distrito Federal.
O Tucano
Não há quem não associe o tucano ao PSDB. A ave-símbolo do partido é amplamente utilizada em toda nossa comunicação visual e tornou-se um codinome para identificação de nossos companheiros. O tucano nasceu em Brasília, numa das reuniões de preparação para a formação do partido, por sugestão de companheiros de Minas Gerais. Três razões fundamentais levaram esse animal de bico longo a ganhar o posto-chave do PSDB: primeiro, por tratar-se de uma ave brasileira, o que deixa transparecer a preocupação com nossa gente e nossa terra; segundo, por ser uma das aves-símbolo da defesa do meio ambiente e finalmente por possuir o peito amarelo, cor das Diretas-Já - movimento que se tornou o ícone da luta pela democracia no País e que fora protagonizado por vários fundadores do partido.
As primeiras conquistas
"O PSDB foi responsável pela oxigenação da Assembléia Legislativa, após quase uma década de domínio do PMDB. Hoje temos transparência e informações para a sociedade"
Ricardo Tripoli
Quando o PSDB partiu para sua primeira eleição, em 1988, foi como se uma ducha de água fria caísse sobre aqueles que acabavam de fundar o partido que iria inaugurar uma nova forma de fazer política. O discurso, livre dos extremismos de esquerda ou direita, livre da demagogia e com propostas modernas para a adoção da justiça social só fora capaz de eleger três prefeitos em todo o Estado de São Paulo.
"A esperança ressurgiu quando o Plano real, do então ministro Fernando Henrique Cardoso, derrubou a inflação"
Às vésperas da primeira eleição presidencial direta após o período da ditadura - Jânio Quadros tinha sido o último presidente eleito pelo voto popular em 1960 - esse número parecia bem pouco animador para aqueles que se propunham a militar no partido. O momento, apesar das aparências, era propício para o crescimento, pois com a perspectiva da eleição direta para Presidente da República em 1989, a saudável prática da discussão política, iniciada com a eleição para governador em 1982 e com a campanha das Diretas Já, em 1983, vinha ressurgindo em todos os segmentos da sociedade.
"Em menos de uma década de existência, conquistamos 1/3 do Estado de S. Paulo"
Em 1992, éramos 49 prefeitos no Estado de São Paulo. Nessa época, porém, os discursos contra o fisiologismo e a favor da modernidade tomaram conta de muitas siglas políticas e mais uma vez veio a frustração: o povo assistiu, viu e sentiu a retórica transformar-se no pesadelo de mais um plano econômico que sacrificou a todos, sem qualquer benefício para o País. Felizmente, Collor e sua trupe de corrupção foram banidos da política. A esperança popular só reacendeu novamente quando o Plano Real, elaborado pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso, derrubou a inflação, sem que o povo fosse pego de surpresa, sem que perdesse dinheiro ou ficasse novamente com aquela sensação de ter sido usado. A serenidade com que o Plano Real foi implantado e seu sucesso garantiram a vitória de Fernando Henrique Cardoso nas eleições de 1994.
No Estado de São Paulo, a trajetória ascendente do PSDB continuava. Embalado por um discurso que defendia a ética, a modernidade e a racionalização da máquina administrativa. Mário covas ganha, também em 1994, o governo do Estado. O PSDB chega ao poder para transformar seu discurso em prática e promover as reformas de que o País e o Estado necessitavam para retomar seu desenvolvimento. Em 1996, contabilizando aqueles que vieram para o partido, chegamos a 112 prefeitos. Em 1997, são 222 prefeitos e 158 vice-prefeitos. Conquistamos mais de 1/3 do Estado em menos de uma década de existência.
Ainda em 1994, outra importante vitória fortaleceu o partido. Após oito anos de hegemonia do PMDB e de uma política baseada no fortalecimento pessoal, o PSDB conquistou também a presidência da Assembléia Legislativa, além de outros cargos na Mesa Diretora. Essa vitória foi fundamental para que a Assembléia resgatasse sua postura de transparência e modernidade.
O que é Social Democracia
A social-democracia propõe uma sociedade em que os ideais da igualdade e da justiça social convivam com a preservação das liberdades democráticas e individuais, no contexto de uma economia de mercado. Os social-democratas se distinguem tanto dos liberais quanto dos comunistas. Dizem não à economia estatizada assim como rejeitam a soberania do mercado.
Existem dois elementos centrais na doutrina social-democrata: primeiro, a existência de um sistema político livre, democrático, com partidos fortes e organizados. É no jogo aberto da política que se promovem as mudanças na sociedade, feitas com liberdade, através do convencimento, nunca com imposição de idéias, nem pela força. Além disso, a social-democracia valoriza e respeita a organização da sociedade civil, como forma de participação popular. Sindicatos, cooperativas e ONGs em geral constituem força básica da democracia moderna, exigindo transparência nas decisões de governo.
A doutrina social-democrata também afirma ser imperativo o controle social do mercado e a submissão da propriedade privada à sua função social. A social-democracia não aceita a tese neoliberal de "quanto menos governo melhor". As chamadas leis do mercado, manifestando-se livremente, podem ocasionar danos ao conjunto da sociedade. Especialmente em países onde as desigualdades são enormes, cabe ao Estado garantir os direitos sociais básicos.
Nem mínimo nem máximo: a social-democracia defende o Estado necessário, eficiente e operativo. Assume como falso, portanto, o dilema entre estatal e privado. Fundamental será sempre o caráter público dos órgãos e das políticas governamentais. O governo pode ser forte sem ser grande, reforçando seu poder regulador mesmo quando se reduz o patrimônio estatal.
No espectro ideológico tradicional, a social-democracia coloca-se como força de centro-esquerda, preocupada com a correção das desigualdades sociais. Nas tendências do mundo contemporâneo, os social-democratas ajudam a construção da chamada "terceira via", uma sociedade empreendedora e justa, globalizada - porém defensora da cultura nacional -, progressista e sustentável.
Fonte: "Uma viagem pela Social Democracia" (Clóvis Volpi)
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