Jornada nas Estrelas: Deep Space Nine ambienta-se na mesma época de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração e Jornada nas Estrelas: Voyager. As séries passam- se no século XXIV, quando a Terra é um dos líderes da Federação dos Planetas Unidos.

          Com seu formato achatado, nossa Galáxia pode ser dividida em quatro fatias, que Jornada nas Estrelas chama de quadrantes: Alfa (onde se situam a Federação e a maioria das raças destas séries); Beta; Gama; e Delta (onde está a Voyager). O planeta Bajor situa-se no quadrante Alfa, mas longe da Federação, nos limites da Galáxia conhecida. Seu isolamento milenar permitiu o desenvolvimento de uma cultura de grande apuro artístico, cuja religião venera seres sobrenaturais chamados Profetas.

          A poucos anos-luz de Bajor, situa-se Cardássia Um, planeta austero onde impera a disciplina de um regime nazista. A expansão cardassiana ocupou Bajor por seis décadas, escravizando a população e matando milhões em campos de extermínio. Uma resistência de guerrilheiros conseguiu expulsar os cardassianos, cujas tropas de ocupação, nos últimos anos, eram comandadas por Gul Dukat a partir de uma estação espacial, construída em órbita de Bajor. Na retirada, os cardassianos abandonaram a estação.

          Expulsos os cardassianos, Bajor viu-se arrasada e vulnerável. Assim, o governo provisório do planeta pleiteou ingresso na Federação, que enviou uma equipe da Frota Estelar para coordenar a reconstrução e o intercâmbio necessário à admissão. Para abrigar a equipe, Bajor cedeu-lhes a estação orbital abandonada pelos cardassianos, que foi rebatizada Deep Space Nine (Estação Espacial Nove). A estação pertence a Bajor, mas é comandada por Benjamin Sisko, oficial da Frota. Sua tripulação inclui a Primeira Oficial, Major Kira Nerys (pronuncia-se Neríss), que foi uma guerrilheira da resistência durante a ocupação; Doutor Julian Bashir; e Chefe Miles O'Brien, responsável pela manutenção. A oficial Jadzia Dax é uma Trill unida, resultando da fusão da hospedeira Jadzia com o simbionte Dax, que, juntos, formam um só indivíduo. Quando um hospedeiro Trill está para morrer, seu simbionte (cujo tempo de vida é muito superior) é transferido a outro hospedeiro, levando todas as memórias consigo ao formar a nova personalidade. O hospedeiro anterior a Jadzia foi Curzon, velho diplomata que aprontou muito em companhia do jovem Sisko. Devido à forte amizade com Curzon Dax, Sisko trata a jovem Jadzia como "old man" ("meu velho").

          Odo, o chefe de segurança da estação, é um transmorfo, ser gelatinoso que pode tomar a forma de qualquer objeto. Quark é um Ferengi (pronuncia-se ferêngui) que, como os de sua espécie, preza o lucro acima de tudo. Seu bar na estação, o Quark's, serve de fachada para negócios escusos que, não raro, são bisbilhotados pelas habilidades de Odo. Rom, irmão de Quark, é "um idiota" com talento para máquinas. O filho de Rom, Nog, conseguiu uma recomendação de Sisko para ingressar na Frota Estelar. Ainda no bar, o parrudo Morn nunca aparece falando em cena, mas, em uma brincadeira dos produtores da série, é dito o maior tagarela da estação. Por último, o cardassiano Garak habita DS9, mas seu passado é uma incógnita. Sabe-se que é um maquiavélico ex-espião que ainda presta ocasionais serviços e que foi exilado na estação após cair em desgraça.

          Bajor e a Estação Nove estão próximos a uma fenda espacial, um "túnel" para, em minutos, chegar-se ao quadrante Gama, no outro lado da Galáxia. Lá, impera a hegemonia do Dominion, formado pela raça dos transmorfos, que se autodenominam os Fundadores e criaram uma espécie guerreira, os Jem'Hadar (no Brasil, Jemadares), para servir como sua tropa de choque. A capacidade dos Fundadores de se misturarem incógnitos ao ambiente é seu instrumento de terror e desunião: nunca se sabe quando um deles pode estar ouvindo, e qualquer interlocutor pode ser um transmorfo disfarçado. No final da terceira temporada, um Fundador anuncia que "estão por toda parte", indicando que o temor e a desconfiança estão a ponto de imperar também no quadrante Alfa. Já Odo, apesar de transmorfo, permanece do lado da Federação.

          Ao início da quarta temporada, o Império Klingon ainda mantém sua aliança de quase duas décadas com a Federação de Planetas. A cultura klingon é fundada na honra e no valor em combate, e a paz prolongada deixa-os irrequietos, enquanto cresce a apreensão com a possibilidade de uma invasão do Dominion. Então, um golpe de Estado institui novo governo em Cardássia, o que o Alto Comando Klingon atribui a uma ação do Dominion. A pretexto de impedir o estabelecimento do inimigo no quadrante Alfa, os klingons invadem Cardássia.

          Essa invasão contraria a política externa da Federação e rompe sua frágil aliança com o Império Klingon, levando o Capitão Sisko a convocar o Tenente-Comandante Worf para a Estação Nove. Durante sua infância, os pais do klingon Worf foram massacrados em um ataque romulano. Resgatado e adotado por um casal de humanos, ele veio a tornar-se o único de sua espécie a entrar para a Frota Estelar, servindo a bordo da Enterprise na série Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

          A chegada de Worf marca o início da fase bélica de DS9. Durante esta quarta temporada, a Federação vive sob a paranóia da infiltração de transmorfos do Dominion em cada posto de comando, cada cargo de confiança ou posição estratégica. Inicia-se a preparação para uma guerra iminente, envolvendo Federação, Bajor, Cardássia, klingons e Dominion.

João Paulo Cursino é o consultor para termos militares e técnicos nas traduções das séries Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, Deep Space Nine e Voyager para a televisão brasileira.

Este artigo foi registrado no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional sob o número 320.480, livro 586, folha 140, está protegido pela lei n^o 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e foi publicado originalmente em http://www.geocities.com/jpcursino/ds9resumo.htm em 12 de maio de 2004. A reprodução só é franqueada a quem obtiver minha permissão expressa, específica e nas condições ditadas por mim. Eu costumava autorizar a reprodução, até que encontrei meu artigo Uma cronologia de Jornada nas Estrelas na página de uma organização com a qual nunca havia tido contato. O texto havia sido adulterado, com omissão da autoria e meu nome apenas na "bibliografia". Sob minha insistência, concordaram em tirar a obra do ar, mas insinuaram que eu não podia provar ser o autor. Por isso, agora, tudo é registrado.

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