A Esfera e o Cilindro |
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O método de Exaustão de Eudoxo é rigoroso mas estéril. Em outras palavras, uma vez conhecida uma fórmula, o método de Exaustão pode se Constituir num elegante instrumento para prová-la, mas o método por si só, não se presta para a descoberta inicial do resultado. Quanto a esse aspecto, o método de exaustão assemelha-se muito ao principio de indução finita. Como então Arquimedes descobriria fórmulas que tão elegantemente demonstrava pelo método de exaustão? Somente com a descoberta do livro O Método em 1906 foi-se possível responder a esta pergunta. Sejam ABCD um círculo com diâmetros perpendiculares AC e BD ; AFG um triângulo ( retângulo em A ) isósceles, com base FG e altura AC ; e EFGH um retângulo. Girando esta figura em torno do eixo obtemos: uma esfera, gerada pelo circulo ABCD ; um cone, gerado pelo triângulo AFG ; e um cilindro, gerado pelo retângulo EFGH . Seja MN uma reta do plano como na figura acima, perpendicular a AC , cortando este segmento no ponto Q. Como QP = AQ e o triângulo OAQ é retângulo, temos:
Por outro lado, o triângulo OAC é retângulo em O e OQ é perpendicular a AC , logo, por semelhança de triângulos entre os triângulos AOC e AOQ temos que,
donde obtemos, notando que QM = AC e tomando = AC,
Portanto,
Esta relação é agora interpretada como traduzindo o equilíbrio dos pesos numa alavanca com apoio em A . De fato, pela lei da alavanca ( dada pelo próprio Arquimedes em seu livro " Sobre o equilíbrio de figuras Planas " ), e relação acima nos diz que os círculos de raios QP e QO , quando transferidos para , equilibram o círculo de raio QM localizado em Q . (Nesse raciocínio estamos imaginando os pesos dos círculos proporcionais às suas áreas.) Até aqui o raciocínio matemático é perfeitamente rigoroso, mas agora vem a parte heurística do argumento; consideramos o cilindro como união infinita dos círculos de raio QM , Q variando de A até C ; e analogamente para a esfera e o cone. Remontamos a esfera e o cone no extremo da alavanca ( como na figura abaixo ) e concluímos que esses sólidos devem equilibrar o cilindro com centróide no extremo T da alavanca, onde AC . ( Agora o peso dos sólidos são tomados como proporcionais a seus volumes. ) Então, sendo , e os volumes da esfera, do cone e do cilindro respectivamente, teremos: = ,
Arquimedes já sabia que . Substituindo este resultado na equação anterior e simplificando, vem: , mas como CG = 2 TD , segue-se que o volume do cone é 8 vezes o volume do cone obtido por rotação do triângulo ABD , como ilustra a figura acima, isto é: , onde R é o raio da esfera. Daqui e de , resulta finalmente a formula do volume da esfera. . Jayme Alves de Oliveira Neto
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