O fígado, a maior glândula do
corpo humano, apresenta formato triangular ou semelhante a um
hemicone à visão ântero-posterior. Pesa em torno de 1.200 a 1.600g no
adulto, localizando-se no quadrante superior direito do abdome (hipocôndrio
direito estendendo-se para o epigástrio). Sua superfície superior
acomoda-se à superfície inferior do diafragma e a inferior apoia-se
sobre as vísceras do abdome superior. É envolto
por uma cápsula fibro-conjuntiva denominada cápsula de Glisson
e também por peritônio propriamente dito em quase toda sua extensão,
exceto em uma pequena área, na sua face póstero-inferior próximo à
veia cava inferior, onde está em contato direto com o diafragma (área
nua) e ao nível da fosseta biliar.
Dividido anatomicamente em
2 lobos: direito e esquerdo, separados anteriormente pelo ligamento
falciforme; inferiormente pela fissura do ligamento de teres;
posteriormente pelo ligamento venoso. O lobo
direito é ainda subdividido em lobo quadrado inferiormente e lobo
caudado posteriormente.
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Setores
e segmentos anatomocirúrgicos do fígado, separados por planos
fissurais. Os cincos setores são: posterior (I), lateral
esquerdo (II), paramediano esquerdo (III + IV), paramediano
direito (V + VIII) e lateral direito (V + VI). Os segmentos
portais são I e VIII e os venosos hepáticos são: 1 ou
posterior (azul), 2 ou esquerdo (róseo), 3 ou intermédio
(amarelo) e ou direito (verde).
(DiDio, 1999). |
Funcionalmente
o fígado é dividido em 8 segmentos (I, II, III,
IV, V, VI, VII, VIII) segundo
as subdivisões dos sistemas vasculares arterial e venoso, assim como
sua drenagem biliar. É
a chamada divisão segmentar ou setorial ou cirúrgica (Fig.1). Os
segmentos I,II,III e IV correspondem ao lobo esquerdo. Os
segmentos V,VI,VII e VIII ao lobo direito. Esta divisão
segmentar auxilia as ressecções e lobectomias hepáticas, pois cada um
destes segmentos são "independentes", ou seja, quando se
resseca cirurgicamente um segmento, o outro se mantém funcionalmente hígido.
Em circunstâncias normais, pode-se palpar o lobo
direito no rebordo costal direito ao nível da linha hemiclavicular.
O lobo esquerdo, habitualmente não é palpável. Contudo, em
condições patológicas, quando aumentado (hepatomegalia), pode ser
palpado na região epigástrica.
Quando se consegue palpar o fígado deve-se analisar
tamanho, consistência, superfície e bordas. Nas hepatites
agudas, geralmente o fígado apresenta-se doloroso, aumentado
globalmente de tamanho, consistência fibro-elástica,
superfície e bordas lisas.
Nas hepatites crônicas e cirroses
a consistência varia de discreta a muito aumentada; o tamanho de
aumentado a atrófico e impalpável; a superfície pode ser irregular ou
nodular e as bordas geralmente são rombas.
Na esquistossomose mansônica, a consistência hepática
encontra-se aumentada, a superfície pode ser irregular e o lobo
esquerdo proeminente.
Nas neoplasias primárias ou secundárias a consistência
pode ser muito endurecida e até lenhosa.
Caracteristicamente o fígado recebe um aporte
sanguíneo elevado (ao redor de 25% do débito cardíaco), do
qual cerca de 70% circula pela veia porta
que recebe as veias esplênica e mesentérica superior, contribuindo a artéria
hepática com os restantes 30%.
Esta dupla irrigação (venosa e arterial) confere ao fígado
algumas peculiaridades e elevada capacidade metabólica.
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