A BOMBACHA

 

As origens da bombacha

       Existem várias versões para a origem da bombacha. Uns afirmam que chegou na região do Rio do Prata por volta de 1860, como sobras das guerras coloniais inglesas, que copiavam as vestimentas dos povos conquistados. A bombacha seria, então, de origem turca.
       Outra versão é de que a origem seria árabe. Durante a invasão moura na Península Ibérica, a calça larga teria se incorporado ao vestuário do norte da Espanha – na região chamada La Maragateria – e depois trazida para a América do Sul pelos maragatos durante a colonização.
       Da Espanha também se adotou o nome: Bombacho, que significa calça larga. No Rio Grande do Sul a vestimenta passou a ser utilizada logo após a Guerra do Paraguai* pelos mais pobres ou no trabalho nas estâncias. Depois, por todos.

Tipos de bombacha

       As diferenças entre as bombachas estão nos acessórios. Cada região do Estado possui uma característica própria:

• Na Fronteira
São largas com favos-de-mel (adorno na lateral também conhecido como favos-de-abelha ou ninhos). Na cintura se usa, na maioria das vezes, uma larga faixa preta de lã grossa. A guaiaca tem uma ou duas fivelas, uma bolsa ao lado esquerdo para o relógio de bolso, uma bolsa maior nas costas para carregar notas de dinheiro, meio-coldre e uma bolsa menor para carregar as moedas. A faca é usada atravessada às costas.

 

• Na Serra
São estreitas e também possuem favos-de-mel. Não se utiliza faixa na cintura. A guaiaca é muitas vezes peluda, o coldre é inteiriço e ao lado esquerdo há um lugar para a faca. As bolsas são encontradas nos mesmos lugares da guaiaca da fronteira.

• No Planalto e nas Missões
São de largura média e também possuem favos-de-mel na parte lateral. Não se utiliza faixa na cintura. A guaiaca é idêntica à usada na Fronteira.

 

Como deve ser usada

TECIDOS: brim, linho, tergal, algodão e tecidos mesclados.
CORES: claras e escuras, respeitando a sensibilidade cromática do gosto pessoal, fugindo-se de cores agressivas, chocantes e contrastantes.
PADRÃO: liso, listrado e xadrez discretos.
MODELO: cós largo sem alças – dois bolsos grandes na lateral e, eventualmente, na parte posterior – largas (fronteira) – estreitas (serrana) – favos-de-mel ou de-abelha (sem enfeites ou fantasias maiores de botões e franjas) – abotoada no tornozelo.
A indumentária completa do gaúcho tem ainda:

• Camisa: Preferencialmente de algodão, em cores sóbrias e claras, com mangas longas.
• Lenços: De cores branco, vermelho, verde e xadrez miúdo.
• Bota de couro: Preta ou marrom
• Colete: Sem mangas, de uma só cor.
• Guaiaca: Geralmente de couro curtido ou modelos funcionais.
• Chapéu: Tradicionais usados na Fronteira, na região serrana, missioneira e no Planalto.

Não se deve usar:
· O lenço preto em festas e bailes, usado somente em caso de luto.
· O gaúcho, por convenção social, não deve usar chapéu no interior dos ambientes, até mesmo dentro de casa.
· O uso de túnicas militares com a bombacha.
· Camisas em cores combinando com a saia ou vestido da prenda, ou ainda, nas cores da bandeira do Rio Grande do Sul.
· Barbicachos em plástico brilhante, penduricalhos ou correntes metálicas.
· Tiradores com pinturas e penduricalhos.
· Botas brancas ou coloridos diversos, fugindo do convencional.
· Camisas fulgurantes, brilhosas ou de cetim.
· Bombachas coloridas ou plissadas.
· Conjuntos pretos.
· Faixas uruguaias, argentinas, paraguaias e chilenas.
· Guaiacas castelhanas recamadas de moedas e com vistosa rastra.
· Manga arregaçada de camisa e faca à cintura nos bailes.
· Casacos, jalecos ou blusas "tipo-campeira" com adornos de favos-de-mel ao longo das mangas e pala frontal.

 

Traje oficial


No Rio Grande do Sul, a bombacha, juntamente com toda a indumentária característica do gaúcho, é considerada traje oficial desde 1989, quando a Lei das Pilchas foi aprovada na Assembléia Legislativa.


Lei das Pilchas


Lei nº. 8.813, de 10 de janeiro de 1989 - Autoria: Deputado Joaquim Moncks

Art. 1º. - É oficializado como traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul, para ambos os sexos, a indumentária denominada "Pilcha Gaúcha".

Parágrafo Único - Será considerada "Pilcha Gaúcha" somente aquela que, com autenticidade, reproduza com elegância, a sobriedade da nossa indumentária histórica, conforme os ditames e as diretrizes traçadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho.

Art. 2º. - A "Pilcha Gaúcha" poderá substituir o traje convencional em todos os atos oficiais públicos ou privados realizados no Rio Grande do Sul.

Art. 3º. - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Assembléia Legislativa do Estado, em Porto Alegre, 10 de janeiro de 1989


Diretrizes sobre a Pilcha Gaúcha

1º. - O traje de honra e de uso preferencial na vida do tradicionalismo no Rio Grande do Sul e que representa a imagem atual do homem e da mulher gaúcha é a "Pilcha Gaúcha" exaltando o uso da BOMBACHA (e seus complementos) e do VESTIDO DE PRENDA.

2º. - Recomenda-se que o uso de trajes de época (quatro trajes fundamentais) , já referendados pelo 23º. e 43º. Congressos Tradicionalistas possam constituir momentos especiais do tradicionalismo tais como: desfiles, mostras, festivais, concursos artísticos específicos.

3º. - Outros trajes de época resultantes de pesquisas documentadas serão considerados após aprovação pelo Comitê Superior a ser constituído por no mínimo 3 especialistas nomeados pelo MTG.

4º. - As pesquisas a que se refere o artigo anterior deverão ser encaminhadas ao MTG, no mínimo com 90 dias antes do prazo de sua aplicação.

5º. - As determinações contidas neste Manual devem ser observadas e cumpridas pelos tradicionalistas, enquanto diretriz aprovada no 43º. Congresso Tradicionalista Gaúcho de 8 a 11/01/98 em Santa Cruz do Sul.

 

 

* Guerra do Paraguai

Há também a versão de que a bombacha teria surgido na Europa no século XIX. Entre 1854 e 1856, Inglaterra, França e Turquia estiveram em guerra contra a Rússia, conflito mais conhecido como a Guerra da Criméia. Para combater os avanços da Rússia, que estava vencendo sucessivas batalhas, os aliados adotaram a tática de infiltrar soldados disfarçados nas linhas inimigas. Usariam as mesmas roupas dos inimigos para tentar confundi-los: calça folgada, amarrada à perna acima do tornozelo, quase sempre com botas de cano.
Na expectativa de a guerra se prolongar, a indústria têxtil inglesa produziu uma enorme quantidade de bombachas. Mas a tática não deu certo e a Rússia venceu a guerra. As tais bombachas sobraram e ficaram armazenadas em Londres.
Em 1866 iniciou a Guerra do Paraguai. Para derrotar o exército paraguaio, Uruguai, Argentina e Brasil unem-se formando a tríplice aliança. A Inglaterra tinha interesse na derrota do Paraguai, e por isso forneceu, além das armas, os uniformes para os exércitos aliados – aquela roupa armazenada havia 10 anos em Londres. Apesar de provocar estranheza, os soldados não recusaram a oferta inglesa, já que não tinham o que vestir. Logo após a guerra, a vestimenta teria sido adotada para os trabalhos no campo e a partir daí se tornado um símbolo dos gaúchos.

 

Fonte de Pesquisa usada: clicRBS

 

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