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Parte I / Parte II


Análise Literária - Senhora II
Texto do trabalho: José de Alencar Senhora

Aqui você encontra:
Foco Narrativo
Características Psicológicas (Aurélia, Lemos e Seixas)
Fatos Históricos
Críticas Abordadas

 

SENHORA - FOCO NARRATIVO sobe

O Foco Narrativo utilizado em Senhora

José de Alencar escreveu o livro em terceira pessoa, com o narrador se permitindo a onisciência, ou seja, narrando os fatos de fora e, ao mesmo tempo, de dentro, quando penetra na interioridade de diferentes personagens. Sugerimos como exemplo este trecho na página 27:

"Opôs-se formalmente Aurélia; e declarou que era sua intenção viver em casa própria, na companhia e D. Firmina Mascarenhas.
- Mas atenda, minha menina, que ainda é menor.
- Tenho dezoito anos.
- Só aos vinte e um é que poderá viver sobre si e governar-se.
- É a sua opinião? Vou pedir ao juiz que ele há de atender-me.

A vista desse tom positivo, o Lemos refletiu, e julgou mais prudente não contrariar a vontade da menina. Aquela idéia do pedido ao juiz para remoção da tutela não lhe agrada. Pensava ele que às mulheres ricas e bonitas não faltam protetores de influência."

  

SENHORA - CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS é

Características Psicológicas dos Principais Personagens
Por Fábio Fernades Dantas Filho

AURÉLIA- Aurélia era uma mulher diferente. Diferente de todas as outras que naquela época viviam. Era como uma estrela, das mais bonitas e mais brilhantes, não julgada pela intensidade com que sua luz brilha mas, pelo modo com que esta o faz. Era uma mulher daquelas que por onde passa, a todo encanta. Era uma mulher que seduzia a quem pudesse ter a honra de observa-la. Mas junto a esta sua característica tão marcante, ainda mais marcante era quanto a sua maneira de agir e de pensar, já era tão linda e especial quanto a era na sua determinação e no seu jeito de querer opor-se á algumas regras determinadas pela sociedade mas que não agradavam-lhe. Aurélia era aquele tipo de mulher que a todos pode dominar e que tem tudo o que quer ter, possuindo uma lábia, um jeito seu que domina as pessoas que rodeiam-lhe. Mais superficialmente, ela era educada, delicada corajosa, elegante, informada, inteligente, experiente...Era com certeza, alguém que nasceu para a riqueza e para a alta sociedade, e talvez, a característica que consideramos a mais importante, que pode ser a explicação de seu sucesso no domínio das pessoas: a sua frieza.

A seguir, todas estas características de Aurélia serão estudadas e comprovadas com passagens do livro.

Primeiramente, baseando-se na diferença de Aurélia para as outras mulheres, inúmeras citações demonstram isso, como a as primeiras frases do livro, na página 9:

"Há anos raiou no céu uma nova estrela.

Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.

Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade."

A partir dessa sua introdução, o livro ressalta várias vezes essa sua característica de mulher marcante, principalmente entre os homens que a disputam, como mostra esta frase, na página 9/10:

"Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia."

E este outro exemplo, na página 10:

"Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com a sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que a ameaçavam."

Uma característica de extrema importância na formação do caráter de Aurélia é a sua determinação, e a sua capacidade de dominação, o modo como impõe seus desejos às pessoas. Trechos que demonstram essas suas características encontram-se em várias situações decisivas no livro, como nas discussões entre ela e Lemos sobre assuntos diversos como sua tutela (página 27):

"Opôs-se formalmente Aurélia; e declarou que era sua intenção viver em casa própria, na companhia e D. Firmina Mascarenhas.

- Mas atenda, minha menina, que ainda é menor.

- Tenho dezoito anos.

- Só aos vinte e um é que poderá viver sobre si e governar-se.

- É a sua opinião? Vou pedir ao juiz que ele há de atender-me.

A vista desse tom positivo, o Lemos refletiu, e julgou mais prudente não contrariar a vontade da menina. Aquela idéia do pedido ao juiz para remoção da tutela não lhe agrada. Pensava ele que às mulheres ricas e bonitas não faltam protetores de influência."

Além dessa muitas outras citações são feitas, como esta na página 31:

"- De certo, meu tutor; mas essa aprovação o senhor não há de ser tão cruel que há de ser tão cruel que a negue. Se o fizer, o que eu não espero, o juiz de órfãos a suprirá.

- O juiz?... Que histórias são essas que lhe andam metendo na cabeça, Aurélia?

- Sr. Lemos, disse a moça pausadamente e trepassando com um olhar frio a vista perplexa do velho; completei dezenove anos; posso requerer um suplemento de idade mostrando que tenho capacidade para reger minha pessoa e bens; com maioria de razão obterei do juiz de órfãos apesar de sua oposição, um alvará de licença para casar-me com quem eu quiser. Se estes argumentos jurídicos não lhe satisfazem, apresentar-lhe-ei um que me é pessoal."

E os resultados de sua segurança são claramente percebidos nesta frase de Lemos, na página 34:

"- Você é uma feiticeirinha Aurélia, faz de mim o que quer."

E sua determinação é percebida também nesse argumento, na página 37:

"-Em todo caso quero que o senhor compreenda bem o meu pensamento. Desejo como é natural obter o que pretendo, o mais barato possível; mas o essencial é obter; e portanto até metade do que possuo, não faço questão de preço. É minha felicidade que vou comprar."

Já quanto á característica opositora de Aurélia, podemos perceber uma de suas revoltas importantes, em relação ao dinheiro, o modo com que pode abrir a todas as portas. Essa revolta é percebida na página 12:

"As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamente contra a riqueza que lhe servia de trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas, receberia como rainha desdenhosa a vassalagem que lhe rendiam.(...)

Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão."

Já quanto a sua educação, são de inúmeros os exemplos citados na narrativa deste livro, como este opinião de dona Firmina, na página 18/19:

"- Outras muito mais bonitas que ela não chegam a seus pés.

A viúva citou quatro ou cinco nomes de moças que então andavam no galarim e dos quais não ma recordo agora.

- É tão elegante! Disse Aurélia como se completasse uma reflexão íntima.

- São gostos!

- Em todo caso é mais bem educada do que eu?

- Do que você, Aurélia? Há de ser difícil que se encontre em todo o Rio de Janeiro outra moça que tenha sua educação. Lá mesmo, por Paris, de que tanto se fala, duvido que haja."

Aurélia era ainda uma moça extremamente informada, daquelas moças que costumam dominar os mais diversos assuntos do cotidiano como mostra na página 29:

"Era realmente para causar pasmos aos estranhos e susto a um tutor, a perspicácia com que essa moça de dezoito anos apreciava as questões mais complicadas; o perfeito conhecimento que mostrava dos negócios, e a facilidade com que fazia, muitas vezes de memória, qualquer operação aritmética por muito difícil e intricada que fosse."

Sua experiência mostra - se principalmente decorrente das fazes em que tangenciou, sua fase pobre e sua fase rica, como é citado na página 32, durante a conversa de Aurélia e Lemos sobre seu casamento:

"- Esqueces que desses dezenove anos, dezoito os vivi na extrema pobreza e um no seio da riqueza pra onde fui transportada de repente. Tenho as duas grandes lições do mundo: a da miséria e a da opulência. Conheci outrora o dinheiro como um tirano; hoje o conheço como um cativo submisso. Por conseguinte devo ser mais velha d que o senhor que nunca foi nem tão pobre, como eu fui, nem tão rico, como eu sou."

E por último, quanto à principal de suas características, sua frieza, encontramos, como em algumas outras vezes, várias citações e situações em que esta sua característica regente é lembrada, como esta quando ela fala á Lemos sobre o seu casamento com a maior frieza (página 30)

"- Tomei a liberdade de incomodá-lo, meu tio, para falar-lhe de objetivo muito importante para mim.

-Ah! Muito importante?... repetiu o batendo a cabeça.

- De meu casamento! Disse Aurélia com a maior frieza e serenidade."

E ainda quanto ao fato de ela costumar dar preços aos homens, como se fossem objetos. Assim é percebido logo nas primeiras páginas do livro, como é visto na página 12:

"Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, dando - lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava seus adoradores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial."

Como exemplo temos esse comentário, na página 13:

"- É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sorrindo; vale bem como noivo cem contos de réis; mais eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me contento com esse."

É claro que nem todas as características incontáveis de Aurélia Camargo foram citadas, mas procuramos o fazer do modo mais abrangente possível, pois é difícil caracterizar esta mulher tão especial.

LEMOS -

"Nessa ocasião e no meio das risadas da menina, anunciaram o Sr. Lemos, que foi imediatamente introduzido na sala."

Assim é a introdução de Lemos à narrativa de Senhora. Lemos era um velho não muito diferente de muitos outros, possuía baixa estatura, era não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Possuía como características psicológicas mais superficiais, uma certa vivacidade, que combinava com seus olhos de azougue como é citado em sua apresentação na página 26:

" Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mais rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz, e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue.

Lemos caracterizava-se também por ser um velho extremamente alegre, provido de boas risadas com é escrito pelo autor na página 26:

"Logo à primeira apresentação reconhecia-se o tipo desses folgazões que trazem sempre um provimento de boas risadas com que se festejam assim mesmo."

Essa sua alegria característica, demonstrada alguma vezes, com pequenas ironias, e é acompanhado com outra pequena citação, na qual o próprio encarrega-se de fazer sobre as desculpas Bernadina sobre as suas constantes faltas:

"Não escapou este pormenor ao Lemos, que pela solenidade da conferência avaliava de sua importância.

Com que história virá ela hoje? Dizia entre se o alegre velhinho.

Aurélia sentou-se à mesa de érable, convidando o tutor a ocupar a poltrona que lhe ficava defronte."

Era extremamente risonho quando encontrava-se em seu estado natural, como mostra a seguinte frase na página 34:

"Quando voltou a seu lugar, o Lemos estava de todo restabelecido dos choques por que havia passado; e mostrava-se ao natural, fresco, titilante e risonho."

Lemos também caracterizava-se por ser uma pessoa extremamente confiante. Talvez quanto à isto, mostra-se apenas em companhia de Aurélia, como demonstra-o em sua conversa com a mesma sobre seu segredo, na página 34:

"- Reflita bem, meu tio. Vou confiar-lhe meu segredo, um segredo que a ninguém neste mundo revelado, e que só Deus sabe. Se depois de conhecê-lo, o senhor não me quiser servir, ou não souber, eu jamais lhe perdoarei.

- Pode confiar em mim sem susto o seu segredo, Aurélia, que mostrar-me-ei digno dessa confiança.

- Creio Sr. Lemos, e para tirar-lhe qualquer escrúpulo que por acaso lhe assalte, lhe juro pela memória de minha mãe, que se há para mim felicidade neste mundo, é somente esta que o senhor me pode doar.

- Disponha de Mim."

Lemos era ainda um velho otimista, principalmente nos negócios que costumava fazer, e sabia perfeitamente conduzir uma transição, mesmo que estas não se acomode em bons resultados de início, como foi o caso da sua conversa com Seixas pelo dote de cem contos de réis oferecidos por Aurélia, como determina claramente a passagem na página 64:

"Lemos Voltara satisfeito com o resultado de sua exploração. Era o velho um espírito otimista, mas à sua maneira; confiava no instinto infalível de que sua natureza dotou o bípede social para farejar seu interesse descobri-lo."

Além dessas suas características, Lemos era dotado de uma inteligência enorme, complementada de uma inteligência enorme, complementada por um extinto infalível e de uma extrema experiência. Tudo isto é comprovada do negociar o dote com Seixas e do perceber os primeiros resultados, como mostra na página 64, também:

" - Não se recusam cem contos de reis, pensava ele, sem razão sólida, uma razão prática. O Seixas não a tem; pois não considero como tal essas palavras ocas de tráfico e mercado, que não passam de um disparate."

E continuando sua conclusão instituaria, na página 69 temos:

"Assim convencido de que Seixas não tinha o que ele chamava uma razão sólida para rejeitar o casamento proposto, não vira Lemos ainda na primeira recusa senão um disfarce, ou talvez um impulso dessa tímida resistência, que os escrúpulos costumam expor à tentação. Esperava, pois, pela salutar revolução que dentro de poucos dias se devia operar nas idéias do mancebo."

E para confirmar esta alta experiência de Lemos e seu instinto infalível, ainda na página 65 apareciam os resultados da negociação:

"Não sei como pensarão da filosofia social de Lemos; a verdade é que o velhinho não mostrou grande surpresa quando uma bela manhã veio dizer-lhe seu agente que o procurava um moço de nome Seixas.".

SEIXAS - Uma importante características de Seixas, talvez o que mais o difere dos outros homens da época, é o enorme contraste entre a sua vida social que levava na alta sociedade e vida que tinha em casa com sua família. Seixas era, apesar de não ser tão rico, um homem de classe, que possuí bens caríssimos, só disponíveis as pessoas da mais alta sociedade. Quanto às suas características mais interiores, Seixas era fino, nobre, elegante, educado, extremamente inteligente,... todas essas características e outras serão mostradas e comprovadas a seguir:

A primeira característica percebida em Seixas é a sua nobreza, de quem nasceu para a alta burguesia. Ela é citada logo na sua apresentação, na página 41, que demonstra a divergência entre o mundo em que Seixas vive e o lugar que mora:

"Um observador reconheceria nesse disparate a prova material de completa divergência entre a vida exterior e a vida doméstica da pessoa que ocupava esta parte da casa.

Se o edifício e os móveis estacionários de uso particular denotavam escassez de meios, senão extrema pobreza, a roupa e objetos de representação anunciavam um trato de sociedade, como só tinham cavalheiros dos mais ricos e francos da corte"

"Foi assim que Seixas insensivelmente afez-se à dupla existência, que de dia em dia mais se destacava. Homem de família no interior da casa, partilhando com a mãe e as irmãs a pobreza herdada, tinha na sociedade, onde aparecia sobre si, a representação de um moço rico." (Pag. 50)

Seixas era um moço extremamente jovem e carinhoso, sabia perfeitamente como tratar as irmãs (que bajulavam-no a toda hora e brigavam ciumentas por ele), e apartava por diversas vezes, brigas entre as duas para agradar-lhe, como ocorre na página 46:

"Seixas acompanhava com um sorriso de remoque, mas repassado de ternura e desvanecimento, a contestação das duas irmãs.

- Mas afinal que culpa tenho eu, Nicota, do que fez a senhora D. Mariquinhas? Não me dirás, menina?

- Não lhe acuso, mano. Alguém tem culpa de querer mais bem a uma pessoa do que a outra?

- Ciumenta! Exclamou Seixas."

"É este o ponto da queixa? Pois senhora D. Mariquinhas vá-se embora, que eu quero conversar outro tanto tempo com Nicota e com ela só. Está satisfeita? Assim fica bem paga?

Nicota sorriu, ainda entre o arrufo, como raio de sol através da nuvem.

- E o café

- Ah! Também temos o café? Pois, filha, vai buscar outra xícara que eu receberei com muito prazer das tuas mãos. E também me darás um charuto que eu fumarei até o meio em lugar desta ponta. Ainda falta alguma coisa?

A jovialidade de Seixas e o seu carinho não só desvaneceram as queixas da Nicota, como restabeleceram a cordialidade entre duas meninas, que se queriam extremosamente com afeto, só estremecido pelo ciúme do irmão mimoso." (Pág. 47).

Seixas era um daqueles homens que não batalhavam muito pelo que queriam, ficava sempre no determinado, sem força para romper com a rotina, como é mostrado na página 48 em:

"Já estava no terceiro ano, e se a natureza que o ornara de excelentes qualidades lhe desse alguma energia e força de vontade, conseguiria ele vencendo pequenas dificuldades, concluir o curso, tanto mais como um colega e amigo, o Torquato Ribeiro, lhe oferecia hospitalidade até que a viuva pudesse liquidar o espólio.

Mas Seixas era desses espíritos que preferem a trilha batida, e só impelidos por alguma forte paixão rompem com a rotina."

Seixas era uma pessoa altamente fino e elegante, dotado de poderes por participarem da alta burguesia, como demonstra este parágrafo na página 49:

"Que um moço tão bonito e prendado como o seu Fernandinho se vestisse no rigor da moda e com a maior elegância; que em vez de ficar em casa aborrecido, procurasse os divertimentos e a convivência entre dos camaradas; que em suma fizessem sempre na sociedade a melhor figura, era para aquelas senhoras não somente justo e natural, mas indispensável."

Fernando era ainda, muito dedicado à sua família, ajudando-a nas despesas de casa, como é visto na página 52:

"O rendimento da caderneta da Caixa Econômica e dos escravos de aluguel andava em 1:500$000 ou 125$000 mensais. Como, porém a despesa da família subia a 150$000, três senhoras supriam o resto com seus trabalhos de agulha e engomando, no que as ajudavam as duas pretas do serviço doméstico.

Ao tomar a direção dos negócios da casa, seixas fez uma alteração nesse regulamento. Declara que entraria 25$000 que minguavam, ficando as senhoras com todos os produtos de seu trabalho para as despesas particulares, no que ele ainda as auxiliaria logo que pudesse".

E preocupara-se com os problemas de suas irmãs, como acontece na página 51:

" Mariquinhas, mais velha que Fernando, vira escoarem-se os anos da mocidade, com serena resignação. Se alguém se lembrava de que o outono, que é a estação nupcial, ia passando sem esperança de casamento, não era ela, mas a mãe, D. Camila, que sentia aperta-se-lhe o coração, quando lhe notava o desbote da mocidade.

Também Fernando algumas vezes a acompanhava nessa mágoa; mas nele breve a apagava o bulíço do mundo."

E a confiabilidade de Seixas, derivada de sua alta responsabilidade assume uma maior administração na sua casa, como temos nas páginas 51/52.

"Quando Fernando chegou à maioridade, D. Camila nele resignou a autoridade que exercia na casa, e a administração do módico patrimônio que ficara por morte do marido, e que embora partilhado nos autos, ainda estava intato e em comunhão.

Aqui, acabamos o estudo das características psicológicas de Aurélia, Lemos e Seixas.

 

SENHORA - FATOS HITÓRICOS sobe

Algumas vezes, José de Alencar utiliza fatos que ocorreram na época para representar datas. Escolhemos dois exemplos desses fatos históricos dentre os quais destaca - se a candidatura de nosso escritor, como é visto neste trecho, da página152:

"Por essa época predispuseram-se as coisas para a candidatura que o nosso escritor sonhava desde muito tempo; e coincidindo elas com a partida da tal estrela nortista, lembrou-se Fernando de fazer uma excursão ero-político por Pernambuco, a expensas do Estado."

O outro fato histórico usado por José de Alencar nesta narração é a guerra do Paraguai, como é percebido neste outro trecho:

"A formosa mulher atravessava a sala pelo braço do General Barão do T que para não desmentir o seu garbo marcial, fazia naquele momento de heroísmo superior ao que mostrava na guerra do Paraguai, onde havia sido um meio bayard."

  

SENHORA - CRÍTICAS ABORDADAS sobe

Críticas Abordadas em Senhora

José de Alencar critica em Senhora em muitos trechos o modo como o dinheiro influía na sociedade da época ( e ainda influi ), utilizando para fazê-la, a sua personagem principal : Aurélia.

José de Alencar procurou mostrar como o dinheiro elevavam as pessoas por entre a alta sociedade, se o possuiam, e como rebaixavam - nas, se não o tinham, como mostra ao relatar a vida de Aurélia, a sua faze pobre e a sua ascendência após receber a herança de seu avô.

A narração do livro cita por várias vezes como Aurélia recorre ao pensamento de que todos rodeavam - na por causa do dinheiro que possuía, como é visto neste parágrafo na página 12:

"Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão."

E ainda nesta revolta de Aurélia na página 107, no diálogo com Seixas:

" - É então verdade que me ama?

-Pois duvida, Aurélia?

-E amou - me sempre, desde o primeiro dia que nos vimos?

-Não lho disse já?

-Então nunca amou a outra?

-Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei - o para minha esposa, para ti...(...)

- Ou para outra mais rica!...(...)

José de Alencar critica ainda as intrigas de amor entre as pessoas da sociedade da época, como a quetão do caça - dotes, visto também na mesma citação anterior, neste trecho:

"(...)- Ou para outra mais rica!(...)"

Ainda relacionado com estas características da época, José de Alencar critica ainda, o modo como os pobres eram quase como excluídos da sociedade, da alta burguesia como é visto várias vezes na segunda parte do livro, quando Aurélia era pobre.

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