|
António de Oliveira Salazar, seguido de Álvaro Cunhal e
Aristides Sousa Mendes, foi eleito o melhor dos «Grandes Portugueses»
através de um concurso televisivo promovido pelo canal público RTP
provocando uma situação incomoda da interpretação destes resultados por
vários historiadores e sociólogos que tentam minimizar as repercussões
históricas deste concurso televisivo.
Inicialmente excluído da lista do concurso da RTP «Os Grandes
Portugueses», António de Oliveira Salazar foi incluído quase à «última
da hora» após múltiplos protestos dos telespectadores do canal estatal
luso, acabando por ser o eleito dos 10 últimos selecionadas: Afonso
Henriques, Álvaro Cunhal, Aristides Sousa Mendes, Fernando Pessoa.
Infante D. Henrique, D. João li, Luís Vaz de Camões, Marquês de Pombal,
Vasco da Gama e Salazar.
Trinta e sete anos após a sua morte, António de Oliveira Salazar
continua a suscitar uma multiplicidade de sentimentos junto da população
portuguesa.Ódio. admiração, indiferença e curiosidade são o cocktail de
emoções que o ex Ditador de Santa Comba Dão ainda provoca junto dos
portugueses, criando agora a situação «politicamente incorreta» incomoda
após ter sido eleito o «Grande Português»de sempre destronando nomes que
marcaram a resistência contra o regime do Estado Novo que propulsionou
Salazar a totalitarismo.
Após um longo período de tabu editorial, pós-revolução do 25 de Abril,
de se abordar independentemente a questão de Oliveira Salazar o mundo
livreiro luso compreendeu rapidamente que a marca «Salazar» provocava
importante sucessos editorais de vendas.Um sinal á discreto do interesse
português pelo «seu ex ditador» que acabou por se refletir neste
concurso televisivo.
«Imaginem que Álvaro Cunhal ganha este concurso» comentava um lisboeta
num restaurante da capital portuguesa«, peguei o telemóvel (celular) de
todos os meus colegas e amigos e votei Salazar»confessou. Uma atitude
que reflete também o «combate» partidário nos bastidores do concurso
travado através do voto numa personalidade de «direita» ou «esquerda»,
segundo as convicções políticas, ou um voto meramente histórico ou
cultural.
Todavia o voto político prevaleceu.
Concursos similares deram resultados menos polêmicos, Winston Churchill
na Inglaterra, Charles de Gaulle em França, Konrad Adenauer Alemanha
Ronald Reagan nos EUA. Os checos elegeram figuras como, Václav Havel
(ex-presidente e dramaturgo) e Dvorak (compositor). Os Sul-africanos,
Nelson Mandela (ex-presidente) e Christiaan Barnard (cirurgião que
desenvolveu a técnica do transplante cardíaco), enquanto na Finlândia
fez parte da lista, Jean Sibelius (compositor). Os belgas optaram por
Jacques 8rel (cantor), Eddy Merckx (ciclista) e Hergé (criador do Tintim).
O programa também foi produzido na Malásia e Equador, encontrando-se
neste momento em produção no Chile.
(Contínua na pág. 8) |