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Caderno de Cultura Caetiteense
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Os Primeiros habitantes de Caetité
&

ORIGEM DO NOME DE CAETITÉ
ÍNDICE
JUSTIFICATIVA
UM ERRO ANTIGO
OS TAPUIAS
BIBLIOGRAFIA
Caderno de Cultura Caetiteense - Conteúdo de livre reprodução, desde que citada a fonte:
André Koehne - Site Cultural do Município de Caetité - Bahia - 2002-2009
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UMA CONCLUSÃO, FINALMENTE
CAETITÉ - ORIGEM DO NOME
  "...baseei-me, principalmente, em dados encontrados na ENCICLOPÉ-DIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, obra oficial, realizada pelo I.B.G.E., no governo do Dr. Antônio Balbino de Carvalho Filho, em 1958, segundo os quais CAETITÉ "foi originariamente, uma aldeia de índios Caetés onde mais tarde os portugueses" ..."  - Diz Marieta Lobão Gumes no Capítulo 1.º de seu "Caetité e o 'clã' dos Neves", de 1975.
   "Consagrado" oficialmente, o equívoco do IBGE produziu frutos, contraditórios mesmo a outras publicações oficiais, como o "Atlas Histórico Escolar", do MEC, de 1973.
   Já Arthur Dias, em 1896, dizia: "Consta de antigas tradições que Caetité fora em suas origens históricas uma aldeola de índios Cahetés d'onde talvez lhe procede o nome..." (in "
Homenagem ao dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima").
   O texto é praticamente repetido em Pedro Celestino da Silva, em 1932, para quem "Consta de antigas tradições que a povoação de Caetité, fora em sua origem uma aldeia de índios Caetés a que se aliaram colonos portugueses..." (in "Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, vol. 58").
   A professora Helena Lima Santos, no enciclopédico "
Caetité, pequenina e ilustre", de 1996, deslinda o erro, ao se deparar com o assunto, e então veremos o quão significou para o meio intelectual do Brasil a figura de seu causador, cujo depoimento passou a figurar em todas as publicações oficiais, como as já retrocitadas: "A ampliação deste erro fui eu próprio o culpado, pois quando o Dr. Francisco Vianna, em 1892, Diretor do Arquivo Público da Bahia, incumbido pelo governo de escrever seu precioso livro "Memórias sobre o Estado da Bahia", teve necessidade informação dos municípios, e como outros, dirigiu-se a este, sendo eu, como secretário de Conselho, encarregado de responder o seu pedido, cometi o erro palmar de afirmar que Caetité foi uma antiga aldeia de índios Caetés. Tudo que se vê sobre Caetité naquele livro foi dado por mim que incorri dest'arte para a voga que foi dado desde então a essa errônea origem o nome de minha terra".
   Este mea culpa foi publicado no jornal A Penna, de 1928, por seu proprietário, João Gumes. Citado por D. Helena, entretanto, não foi bastante para evitar se propagasse ainda, como se vê de algumas publicações recentes, quais a oficial "Caetité, Talhos e Retalhos" de nossa Secretaria de Educação, no ano 2001, que diz:
   "...afirma que o lugar onde se encontra a cidade de Caetité começou com uma aldeia fundada por uma terrível tribo chamada Caeté cujo significado é mata escura que então dominava a região, e de onde foi expulsa pelos bravos Tupinambás, conquistadores do litoral. Fugindo dos Tupinambás, os Caetés foram para o norte até atingirem a Paraíba..."
   Ignoramos a fonte desta contraditória informação, mas ela igualmente enveredou por um erro que, se começou com João Gumes, passou para Francisco Vianna e daí para todos os outros, tende a se perpetuar, qual cisto insidioso.
   Ainda que se confronte o afã de João Gumes, no romance "Os Analfabetos", de 1932, em reparar o informe equivocado, fazendo expressa referência aos tapuias como nossos primevos habitantes, as fontes históricas abundam de tal forma que o desiderato parece infrutífero: sempre aparecerá aqueles que acreditam em tudo o que lêem e, pesquisadores "de um livro só", como falava Thomas Bacellar, tornam-se por sua vez repetidores do mesmo...
   Havia (e sobreviveu) uma necessidade de estender os tupis por todo o território brasileiro.Este movimento foi denunciado, já no séc. XIX, pelos etnógrafos que visitaram o Brasil: "
O sentimento mais primitivo e rude que se havia formado sobre os índios é que eles constituíam uma só família (...) o sistema tinha a vantagem de trazer grande simplificação, embora à custa da verdade sacrificada." , como disse João Ribeiro, em sua História do Brasil. Era aquilo que Ehrenreich chamava de tupimania dos primeiros etnógrafos...
   A nós nos bastam estas justificativas para descartar os alagoanos caetés. Mas isto, em si, não nos esclarece a questão:
quem eram os  primeiros habitantes de Caetité?
    Para ripostar tal informação crucial, empreendemos uma pequena pesquisa. Antigos alfarrábios foram consultados, sempre conduzindo para uma efetiva comprovação de que aqui foi território povoado por tribos da linhagem
(que antigamente se escrevia com "g", razão pela qual aqui aparece também com esta grafia).
   As obras citadas são lapidares para o estudante de História, e consagradas no meio acadêmico. Sem que a "armadilha" dos caetés faça mais e mais vítimas, enveredaremos pela redescoberta dos
TAPUIAS  DE  CAETITÉ !
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