CEZAR ZAMA é um nome que ouvimos desde a meninice, pois na Praça da Catedral de Sant'Ana, a principal de Caetité, o Fórum da Comarca levava-lhe o nome. Deveria, portanto, ter sido um grande jurista... Mais tarde, quando se reformou aquele prédio, foi renomeado para o saudoso Promotor, dr. Vanni Silveira, e foi sob esta guarida que iniciamos nas hostes jurídicas nosso labor advocatício, e já então sabíamos que Zama nunca fora jurista. Antes, porém, havíamos ouvido falar dum escravo, que assassinara o célebre médico. Mas era um equívoco, porque o "jovem" Zama tinha o mesmo nome e profissão de seu pai, este sim vítima do homicídio que abalou a História da cidade em meados do século XIX. A Biblioteca Pública Municipal, foi em 2001 regulamentada e batizada homenageando o luminar caetiteense CEZAR ZAMA. O mesmo operou a Academia Caetiteense de Letras, nominando sua Cadeira primeira com o patronato de Cezar Zama. E muitos conterrâneos, revelando-se desconhecedores da História, comentaram ter sido uma temeridade tal elogio... As confusões prosseguiram, até mesmo se consagrarem num livro, como o mais novo do Prof. e Acadêmico Barjesmen, que diz: "quando ocorreu a execução do escravo que matou o Senador César Zama." (A Festa do Dois de Julho em Caetité, p. 26 - grifos originais). Ora, o médico italiano assassinado era um, o brilhante Caetiteense Cezar Zama outro. E "em 1840", quando seu pai foi morto, era uma criança de apenas dois anos de idade! Que cresceu para se tornar célebre, inclusive pela luta na Abolição da Escravatura, foi sempre deputado, jamais ocupando o Senado, quer no Império, quer na República. Para resgatar a Memória, para fazer jus à verdade, lançamos mais este Caderno de Cultura, todo em homenagem à figura deste homem, acima de muitos de nós, que o esquecemos. André Koehne |