Sete Gatos e uma Louca!

Capítulo 11 - Começando a entender


Lex ainda podia ouvir o eco da última frase de Mulder em sua cabeça. Ele nem mesmo percebera que todos tinham deixado o local. Lex olhou em volta e viu apenas Vegeta sentado numa cadeira próxima à janela olhando para o lado de fora.

- Você acha que.... - Lex começa a falar.

- Que você parece comigo? - Vegeta se vira em sua direção e completa a pergunta que Lex iria fazer. - Com certeza não! - e ele volta a olhar pela janela.

- É que... - apesar de Vegeta não questionar a atitude de Lex, este achou por bem explicar. - É que.... Minha vida é uma constante batalha, Vegeta. Estou sempre sob o julgamento de todos por causa de um maldito sobrenome.... Mas ninguém sabe o quanto eu luto para não ser igual ao meu pai... Ninguém sabe o quanto eu quero ser apenas Lex, apenas eu, sem pré-julgamentos, sem comparações... No entanto, o pior de tudo isso é que abomino as coisas que meu pai faz, mas... Ao mesmo tempo, eu já me peguei fazendo coisas semelhantes... Fico pensando se maldade é uma coisa que se passa através do sangue... Se estou condenado a ser como ele... Eu... Eu morro um pouco mais por dentro toda às vezes que sinto que sou comparado a ele..... Ser comparado a você me fez.... - ele parou de repente. - Desculpe..... Você nem faz idéia do que eu falo....

Vegeta ouve o desabafo de Lex e apenas sorri. Não era um sorriso de ironia, nem de alegria... Era mais um sorriso de solidariedade.

- Não creio que esteja condenado a ser como ele. - Vegeta falou num tom que Lex não imaginava que ele pudesse ter... Um tom sério, mas ao mesmo tempo sem ataque.... e sem defesa.

Nesse momento, Vegeta percebeu que Lex ficara surpreso com sua última afirmação.

- Se soubesse de minha história, entenderia o que quero dizer. - Vegeta diz já levantando-se para sair também.

- Espere, Vegeta. - Lex pede. - Por que não me conta a sua história? Eu... Gostaria de ouvir..... O que você acha? A gente parece que vai ter muito tempo livre pela frente mesmo.

Vegeta observa Lex calado por alguns instantes e depois volta a sentar-se.

- Você não iria acreditar... Como eu já disse, não sou desse planeta.

- Admita... É difícil de acreditar em algo assim...

- Sim, pode até ser... Por isso é que seria uma perda de tempo eu te contar a minha história.

- Vamos tentar... Digamos que eu acredite que não é desse planeta. O que aconteceu? Por que veio para cá? Quando digo "para cá", quero dizer para o planeta Terra.

- Se soubesse...

- Quero saber. Por acaso veio para cá para dominar o planeta? - Lex fala em tom de brincadeira.

- Exatamente. - Vegeta responde seriamente.

- Sério?

- É... Sério... Minha raça é uma raça guerreira. Meu pai era o Rei do planeta Vegeta e ele, assim como parece ser o seu, sempre esteve do lado mau da história. Digamos que ele nunca era o mocinho... Aprendi a ser impiedoso, frio, orgulhoso... Matar era a minha maior diversão. - Vegeta foi falando e percebendo a mudança no semblante de Lex. Ele não sabia se Lex estava acreditando ou não, mas com certeza estava assustado com o depoimento. - Nós dominávamos planetas para vendê-los. Éramos... Mercenários do espaço.

- Mer.. Mercenários do espaço? Então veio dominar a Terra mesmo?

- Foi o que eu disse, não foi?

- E o que aconteceu?

- A Terra não era um planeta tão fácil de ser conquistado como nós pensávamos. Esse planeta tinha protetores muito fortes... Um deles, um outro saiyajin que foi enviado a esse planeta quando ainda era um bebê para domina-lo, mas tudo se inverteu e ele usou todo o seu poder para fazer exatamente o contrário. Foi ele quem eu tive de enfrentar quando cheguei aqui... Ele e seus amigos... Seu nome é Kakarotto, mas nesse planeta ficou conhecido por Goku.

- Eles te venceram?

Vegeta o olhou friamente por causa dessa pergunta, mas ele tinha que admitir que tinha sido exatamente isso.

- Sim... Me venceram... E isso me atormentou por muito tempo... Numa outra ocasião fomos obrigados a lutar do mesmo lado... Era um inimigo em comum...

- E vocês o venceram?

- É claro! Se um saiyajin já tem uma força insuperável, imagina dois.

- Por isso ficaram amigos?

- Lógico que não! Meu planeta tinha sido destruído por esse inimigo em comum e eu não tinha para onde ir. Poderia ficar pelo universo, mas alguns motivos me fizeram ficar na Terra. E isso tudo foi a mais ou menos 25 anos atrás.

- O quê? Vinte e cinco anos atrás? Eu nem era nascido. Fico pensando quais motivos teriam sido esses que te fizeram ficar... Você disse ainda há pouco que sua mulher é uma grande cientista... Alguma ligação?

- O que me segurou nesse planeta foi minha obsessão em querer superar o outro saiyajin que tinha feito da Terra o seu lar.......... - Vegeta faz uma pequena pausa e volta a deixar escapar um meio sorriso. - E também um belo par de olhos azuis, não posso e também não quero negar.

- Mulheres.... Elas acabam nos dominando...

- O que você achou dessa história? - Vegeta pergunta levantando uma sobrancelha na direção de Lex. - Acha que é tudo mentira?

Lex ficou calado com o olhar fixo em Vegeta... Parecia avalia-lo.

- Conheço uma mentira quando escuto uma.... Eu sei que parece loucura, mas acredito em você... Você não sabe de onde eu venho, Vegeta... Lá em Smallville acontecem coisas muito estranhas... Acho que só falta mesmo um extraterrestre por lá... De resto, tem tudo.

Vegeta não disse mais nada. Apenas levantou-se para deixar o lugar tal qual os outros.

- Obrigado por conversar comigo e me contar a sua história.... Foi muito interessante.... Na verdade, foi incrível.... - Lex diz antes que Vegeta alcance a porta de saída.

Vegeta continuou calado... apenas balançou a cabeça afirmativamente e saiu.

Naquela noite, o grupo foi dormir cedo depois do jantar.

E no outro dia....

Jack foi o primeiro a acordar. Eram cerca de sete da manhã. Ele seguiu para a cozinha e encontrou tia Nastácia colocando comida para Gatinha.

- Ei tia... Bom dia...

- Bom dia, menino Jack. Tou alimentando a gatinha que vocês encontraram, hehe... Deu confusão essa "Gatinha", não foi? Vocês irritaram o menino Hotohori de verdade... E ele é sempre tão bonzinho com todo mundo.

- Ah tia... Não foi de propósito não... E além do mais, foi tudo idéia do Mulder. Foi ele que fez toda a suposição sobre a Gatinha ser a tal Miaka... E afinal, quem é essa tal Miaka, hein tia? A senhora sabe?

- Eu sei que esse é o nome da menina que o menino Hotohori ama.

- Ama? O Hotohori ama uma mulher? Eu pensei que ele fosse gay.

- Claro que ele não é isso... - rebate tia Nastácia.

- Pois é... - Jack fala com ar pensativo. - Eu fiquei em dúvida quanto a isso... Sabia que o Mulder brincou de querer dar um beijo nele? Eu achei que ele ia se revelar naquele momento aceitando que o Mulder o beijasse, mas ele não admitiu isso de maneira nenhuma. Daí pensei que o Mulder tava pondo o Hotohori à prova, mas considerei muito arriscado da parte dele.. Vai que o outro aceitava... E aí? O Mulder tava frito...

- O menino Mulder já entendeu qual é o problema do menino Hotohori... Ele já percebeu que não é boiolice não...

Jack abriu um sorriso com as palavras de tia Nastácia.

- Se não é "boiolice" tia, o que é que é então?

- O menino Hotohori se acha o homem mais lindo do mundo... Nunca notou?

- Já... E por isso mesmo que eu penso que ele é gay. Isso não é atitude de homem sério. Por exemplo eu... Eu sou lindo, mas nem por isso ando com um espelho no bolso e tentando me ver refletido em qualquer vitrine ou poça d'água. Isso é "boiolice"! - e riu divertido.

- Vou dizer uma coisa pra você... Ninguém nesse mundo de Deus é perfeito, entendeu, menino?

- Sim, e daí?

- Daí que se o menino Hotohori não tivesse esse tipo de vaidade em excesso, ele não podia de estar nesse mundo não.... - e foi a vez de tia Nastácia rir.

- Tiaaaa.... A senhora tá querendo dizer que o Hotohori é quase perfeito? Que o único defeito que ele tem é essa síndrome de "espelho, espelho meu"? Agora magoei...

- A tia só tá brincando com você, menino Jack. Pra mim, vocês todos são perfeitos!

- Sabe o que eu tava pensando, tia?

- O quê?

- Será que a senhora não é tal da Éli? Vai ver foi a senhora que armou tudo isso aqui!

- Eu? Você ficou doido, menino Jack?

- Então é a senhora que ama a gente, hein, tia? - Jack disse entre risos.

- Bom, não vou negar que gosto muito de vocês todos, mas eu não ia ter dinheiro pra fazer tudo isso aqui não, menino.

- Ah tia, que pena então... Aposto que essa tal "Éli" não é tão legal como a senhora e também não deve cozinhar tão bem, hahahaha....

- Sabe que cozinhar ela não cozinha mesmo não.. Não sabe nem fritar ovo, hihihi... Mas ela é muito legal sim... A tia sabe que vocês vão amar ela tanto quanto ela ama vocês.

- O que a senhora sabe sobre ela, tia? Conhece ela há muito tempo?

- Não, menino... Ela passou só duas semanas lá no sítio e foi aí que eu conheci ela... Ela me falou muito, muito de cada um de vocês. Por isso é que eu tenho essa sensação que conheço vocês tão bem... Nessas duas semanas eu também pude conhecer muito da menina Éli. Sabe que esse carinho dela por vocês foi um ponto crucial pra eu aceitar esse trabalho temporário? Pois é... A tia precisa do dinheiro, mas não ia entrar assim de cabeça num seqüestro de más intenções de jeito nenhum, menino. A tia é do bem.

- Eu sei, tia... A gente percebe logo de cara que a senhora é do bem...

Os dois olham ao mesmo tempo para porta de acesso à cozinha e vêem Aoshi parado lá.

- Menino Aoshi! Que bom que está de pé! Está com fome? O café está quase pronto! É só uns minutinhos!

- Pra falar a verdade, estou realmente com fome. - Aoshi diz se aproximando da mesa e procurando uma cadeira.

- E aí, Aoshi? Já está recuperado? - Jack o cumprimenta.

- É preciso muito mais que uma chuva insignificante para me derrubar. A propósito, esqueci seu nome...

- Jack Bauer... Bom, não parecia algo assim tão insignificante ontem, mas se você diz. - Jack segue em direção à porta. -Tia! Acho que vou experimentar a piscina antes do café...

- Vai sim, filho... Aproveite pra se divertir um pouco enquanto está aqui. Fiquei sabendo que sua vida é muito agitada. É verdade que você passa vinte e quatro horas trabalhando direto sem parar nem pra dormir?

- É isso aí, tia! É não é atrás de uma mesa assinando papéis não. É salvando a vida do governo ou evitando guerras nucleares.

- Você sozinho? - Aoshi o encara surpreso com a afirmação.

- Ah, não é nada.... Eu ganho pra isso.... - Jack responde com um sorriso quando já estava no limite da porta. Ele sai em seguida.

- Ele protege o governo? Ele não parece o tipo de homem certo para missões como essa. - Aoshi comenta com tia Nastácia.

- Não subestime o menino Jack... Ele tem muito valor... Assim como você, menino Aoshi.

- O que pode saber sobre mim?

- Sei o que a menina Éli me contou....

- Essa mulher por acaso lhe contou sobre meus fracassos?

- Na verdade, menino, ela contou sobre suas perdas... - ela pausou por alguns segundos. - Sobre a sua dor.... Não tou sabendo de nenhum fracasso....

Aoshi a fitou enquanto ela colocava um bule de leite quente com bolinhos em sua frente.

- Minha... dor? - Aoshi repetiu em forma de pergunta.

- Isso... Mas também falou do modo como enfrentou ela e como tem se esforçado para superar.... Falou de suas habilidades, de sua força, de sua bravura... ela falava de você de um jeito tão empolgante que eu já tava admirando você, menino Aoshi, antes mesmo de te conhecer.

- Quando ela vai aparecer?

- Isso eu não sei, mas tem uma máquina lá na sala que você pode falar com ela, se quiser....

- É... eu ouvi a carta... Escute... - diz Aoshi mudando de assunto. - Por que acha que aqueles dois foram atrás de mim no meio da chuva?

- Os meninos Shiryu e Hotohori? Você não faz idéia não?

- Não... Por que acha que eu deveria saber?

- É que eles também tem espírito de união assim como você, menino Aoshi. Tanto um como o outro fazem parte de um grupo de amigos leais... eles dois são capazes de qualquer coisa por qualquer um de seus amigos... E eles carregam esse sentimento por onde quer que eles sigam... enquanto estiverem aqui, vocês são o grupo que devem permanecer unidos.... Eles dois, mais do que os outros, sabem disso. Fico pensando o que você vai pensar agora que eu vou lhe dizer que eles te aqueceram com o calor de seus próprios corpos....

Os olhos de Aoshi quase saltaram do rosto com tal afirmação.

- Mas por quê? - ele pergunta ainda com semblante surpreso.

- Eu precisei de tempo pra preparar o remédio e você tava perdendo o calor do corpo muito rápido.... Ia morrer, sabia? As cobertas não tavam adiantando muito... Por isso eles resolveram te aquecer com o calor do corpo deles, mas não se preocupe não! - ela disse com uma pontinha de ironia. - Eles tavam vestido e você também, hihihi!!!!

- Eu nem pensei nisso! - ele responde num grito instantâneo enquanto pega mais um bolinho. - Só fico intrigado com tudo isso.... Por que.... Por que se preocupar?

- Eu já disse... É da natureza deles se preocupar com o grupo.... E você, menino, faz parte do grupo atual....

Aoshi ficou lembrando do abraço de Hotohori quando este o viu recuperado.

"Então foi por isso tanto contentamento? Ficaram realmente preocupados comigo.....?"


Capítulo 12

Capítulo 10

Index

Hosted by www.Geocities.ws

1