Resident Evil: Experimento X

Capítulo 9 - A Morte não Pode Morrer.


A fuga de Carlos Blanka pela selva prosseguia, rápida e destruidora. O mutante chegava a derrubar árvores centenárias com sua enorme força para abrir caminho. Sorriu por um instante, lembrando-se de quando escapara de seus perseguidores na nascente do rio. Ele realmente os havia assustado! Nunca o pegariam! Ele morreria se fosse preciso, mas aqueles malditos não o capturariam!

De repente, o monstro verde ouviu o som que mais temia desde que fugira do complexo da Umbrella: hélices girando. Mais um helicóptero se aproximava, trazendo provavelmente novos homens dispostos a tudo para levar Blanka de volta ao centro de pesquisas. O mutante parou numa clareira, fitando o céu azul. Após contemplar o belo vôo de um tucano, o fugitivo viu surgir a aeronave diante de si, aproximando-se cada vez mais do chão. A cobaia da Umbrella respirou fundo. Teria de reagir novamente.

O helicóptero pairava alguns metros acima da clareira. O piloto fez um sinal com as mãos, e imediatamente um soldado saltou da aeronave com uma corda pendurada às costas, atingindo o chão sem nenhuma dificuldade. Em seguida o combatente livrou-se do que lhe prendia, sacando um rifle M16 equipado com lança-granadas. Usava máscara de gás e um uniforme camuflado para a selva, que possuía o emblema do guarda-chuva vermelho e branco nos ombros, além de um nome... “Hunk”.

Achando que aquela palavra lhe soava familiar, Blanka observou atentamente seu curioso adversário por vários segundos. Ele caminhou alguns passos na direção do mutante, apontando-lhe a devastadora arma com certo receio. Logo exclamou, sua voz abafada pela máscara:

- Venha comigo e não haverá problemas!

“Pelo menos esse aí tentou conversar”, pensou Carlos. De qualquer maneira, o monstro verde não poderia ceder de forma alguma. Continuou olhando para Hunk, que engatilhou o rifle, insistindo:

- Repito, venha comigo ou serei obrigado a usar de força letal!

Foi então que Blanka lembrou-se das circunstâncias nas quais ouvira aquele nome antes... Hunk...

- Vamos tirar esse cara daqui, Hunk! Acho que encontramos quem o senhor Deller queria!

A criatura esverdeada cerrou os dentes, rosnando como um animal selvagem. Hunk era o nome de um dos homens que o haviam capturado no armazém em Manaus! Aquele desgraçado era um dos responsáveis por Carlos ter sido usado como cobaia num experimento insano!

A fúria de Blanka atingiu nível incontrolável. Urrando, correu na direção do oponente, que começou a disparar com o rifle. As balas nada causavam ao mutante, e no fundo Hunk sabia que não poderia detê-lo daquele jeito. Quando a aberração estava prestes a saltar sobre seu corpo, o combatente, num gesto desesperado, tentou repeli-la com um chute, certo que de nada adiantaria...

Mas, para sua grande surpresa, Blanka, atingido pelo golpe, recuou gemendo, tendo uma das mãos cobrindo o tórax. Hunk olhou sem entender, confuso sobre como havia conseguido ferir um ser de força muito maior que a sua com um simples chute.

O mutante, porém, não se deu por vencido: saltou novamente, atingindo o adversário no abdômen com um belo soco. Hunk cambaleou para trás, perdendo o equilíbrio, sofrendo, no entanto, uma dor de mínima intensidade. Havia algo errado com seu organismo. Como estava conseguindo resistir daquela maneira às investidas da criatura?

Foi a vez do soldado da Umbrella atacar, confiante. Aproveitando-se do espanto de Blanka perante um oponente verdadeiramente à altura, Hunk acertou-lhe dois potentes socos no rosto, os quais arrancaram sangue dos lábios do monstro verde. Recuando mais uma vez, Carlos percebeu que teria de rever sua estratégia de combate.

- Renda-se agora se quiser viver! - exclamou Hunk, voltando a apontar o rifle M16.

Nunca! Para Blanka aquilo era mais que uma questão de honra e dignidade. Precisava fugir daqueles que o perseguiam para garantir sua liberdade e sobrevivência. Ele não podia desistir.

- Veja o que fizeram comigo! - gritou o mutante com sua voz totalmente inumana. - Nunca me entregarei!

O ex-soldado correu então novamente até seu inimigo, disposto a trucidá-lo ali mesmo se sua vida dependesse disso. Hunk apertou o gatilho da arma, e mais disparos vieram na direção de Blanka, nada lhe causando. Quando se encontrava próximo o suficiente do adversário, a cobaia girou no ar, deixando a eletricidade tomar conta de seu corpo, como fizera durante sua fuga da nascente. A potente e mortal descarga de energia atingiu o soldado da Umbrella em cheio, empurrando-o fortemente para trás.

Mas, ao contrário do que Carlos esperava, Hunk se manteve consciente. Tomado por enorme dormência, o combatente sentiu a devastadora corrente elétrica percorrendo cada canto de seu corpo, certo de que aquele ataque teria eliminado imediatamente uma pessoa normal. Porém, de alguma forma, Hunk não era mais uma pessoa normal, e sabia que isso tinha algo a ver com a injeção que Deller lhe aplicara na noite anterior...

Depois de alguns segundos, o soldado percebeu que seu organismo havia voltado ao normal, apesar da dormência ter persistido com menor intensidade. Voltou a olhar para Blanka, cuja expressão facial revelava total confusão. A aberração esverdeada perguntava-se incessantemente sobre como Hunk havia sobrevivido àquela investida. Ele deveria pelo menos ter desmaiado! Seria também aquele combatente vítima dos experimentos diabólicos da empresa do guarda-chuva?

A cada instante Hunk convencia-se mais disso. Nesse momento o mutante verde viu que talvez teria de tomar uma atitude da qual jamais se orgulharia: fugir. Encontrara um oponente à altura, e se continuasse lutando acabaria debilitado demais, senão morto. Blanka olhou de forma apreensiva ao redor, planejando minuciosamente sua retirada. Apesar de ter sido transformado num monstro, Carlos ainda era o estrategista nato que tanto se destacara no Exército.

Contrariada ao extremo em seu íntimo, a aberração esverdeada virou-se de costas para seu adversário e correu na direção da mata. O soldado da Umbrella, fitando a cena, conseguiu até compreender o que Blanka sentia naquele momento. Há pouco Hunk descobrira que fora usado como cobaia por Deller e isso em nada lhe agradava. De qualquer forma, porém, era obrigado a deter o fugitivo, cumprindo sua missão.

Dessa maneira, o monstro verde voltou a ficar sob a mira do rifle...

E o lança-granadas agiu...

O projétil cortou o ar velozmente, provocando som aterrador. Logo veio a explosão, intensa e barulhenta, que incendiou várias árvores ao redor. Contemplando a fúria das chamas, Hunk perguntou-se em sua mente se Blanka havia conseguido escapar. Na verdade ele sabia muito bem que sim, e no fundo de sua alma uma voz cada vez mais insistente torcia para que o mutante esverdeado conseguisse se livrar das garras da Umbrella...

- Ele fugiu, vamos embora! - exclamou Hunk, voltando para dentro do helicóptero, que havia pousado rapidamente.

- Por Deus, eu pensei que o senhor fosse ser morto por aquela coisa! - afirmou o piloto, impressionado com a luta que acabara de presenciar.

- Não seja tolo, rapaz... - murmurou o combatente da Umbrella, acomodando-se num dos assentos da aeronave. - A morte não pode morrer...

Em seguida o helicóptero decolou.


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