Resident Evil: Experimento X

Capítulo 10 - Corações e Mentes.


Guile, seguido pelos demais membros da equipe invasora, cruzava cautelosamente os frios corredores do centro de pesquisas, arma em punho. Por sorte, aparentemente ainda não haviam sido detectados pelos guardas.

– Que tipo de experiências insanas o Bison pode estar realizando neste lugar? - indagou Nash.

– Não sei, mas algo me diz que ele não está sozinho nisso... - murmurou William, fitando o símbolo de um guarda-chuva vermelho e branco presente em alguns pontos do trajeto.

Logo venceram mais uma curva, e o som de armas sendo engatilhadas fez seus corações dispararem. À frente deles havia inúmeros soldados da Shadow Law e da Umbrella, que lhes apontavam fuzis AK-47 e rifles M16, respectivamente. Quem os comandava era Turner, que exclamou num sorriso traiçoeiro:

– Ponham as armas no chão já, se não quiserem morrer!

Seguiram-se alguns instantes de total silêncio, nos quais os invasores, suando frio, pensavam no que fazer. Já os guardas, igualmente tensos, estavam prontos para apertar o gatilho de suas armas ao mínimo sinal de reação por parte dos intrusos.

Súbito, Guile, num gesto de aparente rendição, guardou sua pistola num dos bolsos da calça. Seus colegas de equipe estranharam tal ação, mas no fundo sabiam que William possuía uma carta na manga. Em seguida ele abriu os braços cerrando os dentes, observado pelos atônitos vigias do complexo.

– Mas o que é que ele está fazendo? - perguntou um deles, confuso.

Num movimento rápido, Guile uniu novamente os membros superiores, cruzando-os diante de si como se fosse estrangular alguém, enquanto gritava:

– Sonic Boom!

Uma potente onda de energia em forma de bumerangue foi lançada pelos braços de William, percorrendo velozmente o corredor na direção dos incrédulos guardas. Estes, ao serem atingidos pelo ataque, tiveram seus gritos de dor somados a uma intensa explosão luminosa, enquanto caíam desmaiados.

Barry, olhando para os corpos inertes de seus inimigos, murmurou, coçando sua barba:

– Eu também gostaria de ter esses poderes...

– É tudo uma questão de treino e concentração, soldado! - sorriu Guile, já avançando pelo corredor. - Vamos, pessoal! Precisamos descobrir o que o Bison está tramando por aqui!

E seguiram em frente.

 

O helicóptero de Hunk sobrevoava a floresta equatorial na direção do centro de pesquisas. O soldado da Umbrella, já não mais usando a máscara de gás, apanhou seu rádio, contatando o comando da operação:

– Deller, você me ouve?

– Alto e claro, Hunk! Conseguiram deter o mutante?

– Negativo, senhor. Estou voltando para o complexo!

– Ordeno que continue sobrevoando a área em busca do mutante, soldado!

– Desculpe, mas não obedecerei, senhor. Repito: estou voltando para o complexo!

– Como ousa me desobedecer, soldado? - irritou-se Deller.

– Vá pro inferno!

Dizendo isso, Hunk encerrou a comunicação, guardando o aparelho. Em seguida apanhou sua pistola calibre 45, engatilhando-a. Tinha algumas contas a acertar com Emanuel Deller... Oh, sim! Aquele maldito pagaria pelo que havia feito!

– Senhor, venha ver isto! - exclamou o piloto, tirando o soldado de seus pensamentos.

Hunk seguiu até a cabine frontal da aeronave, perguntando:

– O que há?

– Olhe! - respondeu o jovem que pilotava o helicóptero, apontando para uma estrada de terra envolta pela selva através do vidro. - Eles devem estar precisando de ajuda!

Fitando a direção indicada pelo rapaz, Hunk viu um ônibus* parado no meio do caminho, provavelmente quebrado ou sem combustível, e alguns jovens ao redor do veículo juntamente com um indígena, totalmente desesperados. Tudo levava a crer que se tratava de uma excursão escolar passando sérios apuros. Deveriam descer e ajudá-los?

– Não há tempo! - disse Hunk friamente. - Devemos voltar ao centro de pesquisas o mais rápido possível!

– Mas, senhor...

– Isso é uma ordem, soldado!

Uma ordem? Bem, levando em conta que Hunk há pouco desobedecera a uma ordem explícita de Deller, o piloto não teria obrigação alguma de cumprir o que seu superior lhe ordenava, mas mesmo assim o fez. O helicóptero mudou de direção, deixando para trás o pobre grupo perdido na floresta...

 

Enquanto isso, na sala de onde a Operação Ômega era comandada, Deller deu um soco na mesa, inconformado com a insubordinação de Hunk. Na verdade, porém, seria até melhor que ele voltasse ao complexo para auxiliar na captura dos invasores. Um incômodo alarme soava agora pelas instalações, denunciando a presença dos intrusos.

Emanuel olhou para sua direita, onde se encontrava o sinistro Bison. Com um sorriso sádico no rosto, o comandante da Shadow Law exclamou, como se houvesse lido os pensamentos de Deller:

– Eu cuidarei deles!

O amedrontador terrorista deixou então a sala, braços cruzados, observado pelo intrigado chefe de pesquisas, que foi tomado por grande espanto ao perceber que os pés de Bison não tocavam o chão.

 

O grupo de Guile continuava prosseguindo pelos corredores do complexo, seus integrantes preparados para tudo. Devido ao incessante alarme, sabiam que cedo ou tarde teriam de enfrentar mais capangas de Bison, senão ele próprio.

– Para onde vamos agora? - perguntou Decoy Octopus, vendo que havia inúmeras entradas ao redor.

Súbito, uma das portas do corredor se abriu automaticamente, como se tivesse ouvido a indagação do membro da Fox-Hound. Os integrantes do grupo olharam brevemente através da entrada, quando Cammy exclamou:

– Eu vou à frente!

Nash assentiu com a cabeça. A inglesa caminhou para dentro da nova sala, sempre cautelosa. Tratava-se de um local amplo e vazio, cuja única porta de acesso era aquela que a jovem acabara de cruzar. As paredes cinzas davam aspecto frio ao ambiente. Numa delas via-se alguns monitores de vídeo enfileirados, todos fora do ar. Acima destes, atrás de um vidro, havia uma espécie de cabine de monitoramento, com computadores e cadeiras. Cammy concluiu que naquela sala era realizado algum tipo de teste.

De repente, um som fez a membro da Fox-Hound gelar. Olhando para trás, viu que a porta que levava de volta ao corredor havia se fechado. Desesperada, a jovem correu até ela, gritando:

– O que está acontecendo?

– Não sei, a porta foi lacrada! - respondeu Guile, chutando o obstáculo em vão. - Droga, é uma armadilha!

Nesse instante Cammy ouviu uma sinistra gargalhada atrás de si, a qual arrepiou cada pêlo de seu corpo. Trêmula, a inglesa se virou, deparando-se com um homem de uniforme vermelho, braços cruzados, capa negra e um quepe que possuía o emblema de um crânio alado. O mais aterrador era que ele flutuava alguns metros acima do chão.

– Bison, seu maldito! - exclamou a jovem.

– Olá, minha linda! - saudou o comandante da Shadow Law, voz capaz de abalar o mais corajoso dos homens.

– Cale a boca, seu assassino desgraçado!

Dizendo isso, Cammy correu enfurecida na direção de Bison, atacando com uma ágil voadora. Porém, no exato instante em que atingiria o terrorista, este desapareceu subitamente, deixando no ar uma silhueta azulada que num piscar de olhos se apagou.

Confusa, a inglesa levou alguns segundos para perceber que Bison havia se tele-transportado, reaparecendo atrás de si. Ouvindo a perturbadora gargalhada do terrorista, voltou-se rapidamente para o oponente, mas era tarde demais. Não pôde evitar que ele a agarrasse pelo uniforme, suspendendo-a acima do piso.

– É inútil resistir, minha linda... - murmurou Bison, envolvido por uma poderosa onda de energia. - Olhe nos meus olhos!

– Nunca! - berrou ela, tentando em vão se soltar.

– Olhe nos meus olhos! - insistiu o líder da Shadow Law, suavizando a voz.

– Solte-me! - gritou Cammy, lágrimas escorrendo por seu rosto.

– Ora, não chore, minha linda... Olhe nos meus olhos e se acalmará!

Foi quando a jovem fitou o rosto de Bison, contemplando os olhos de seu inimigo, dois globos brancos sem brilho algum. De alguma forma, sentiu-se hipnotizada por eles. Tentou se soltar mais uma vez, mas seu corpo perdia as forças rapidamente, entrando em estado de dormência. Aos poucos tudo se apagava, e apenas os dominantes olhos de Bison permaneciam, brilhantes e atraentes. Prestes a perder a consciência, percebeu que o terrorista a deitava em seus braços, gargalhando. Mas, estranhamente, para Cammy aquela risada nada mais tinha de assustadora. Pelo contrário, ela a reconfortava. Logo mergulhou num sono profundo e tranqüilo, feliz por estar nos braços de Bison... Feliz e realizada...

 

Após alguns minutos que para os demais membros do grupo invasor pareceram durar um século, a porta finalmente se abriu. Guile foi o primeiro a entrar, preocupadíssimo, pois assim como os outros ouvira os gritos desesperados de Cammy. Porém, não encontrou ninguém na ampla sala.

William olhou ao redor, intrigado, enquanto seus colegas de equipe também adentravam o local. Que teria ocorrido ali?

– Sinto que o poder das trevas se manifestou há pouco neste lugar... - afirmou Vulcan Raven.

– Bison... - murmurou Guile, percebendo que a boina vermelha de Cammy se encontrava caída no chão. - Ele vai pagar!

Nisso, todo o complexo estremeceu. Luzes vermelhas se acenderam pelos corredores, enquanto uma voz gravada anunciava:

– Atenção! O sistema de autodestruição foi ativado! Repito: o sistema de autodestruição foi ativado! Todos os funcionários devem se dirigir imediatamente para as áreas de evacuação! Isto não é um exercício!

Os invasores respiraram fundo. Nash exclamou, determinado:

– Não temos muito tempo! Sei que Cammy está viva e que logo teremos uma oportunidade para livrá-la das garras de Bison. Precisamos sair daqui antes que tudo vá pelos ares! Rápido, vamos voltar por onde viemos!

Todos obedeceram com um aperto em seus corações.


(*) - Referência à história “Perdidos na Floresta”, da ficwriter Namixinha (ou Nammy-Chan), publicada na FF-SOL.

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