Resident Evil: Experimento X

Capítulo 8 - Infiltração Fluvial


O som do barco a motor contrastava com a fascinante paisagem natural do rio Amazonas. Na embarcação estavam Guile, Nash, Barry, Vulcan Raven, Decoy Octopus e Cammy, os quais, já com um plano traçado, pretendiam se infiltrar no laboratório onde Bison fora visto.

William, pensativo, olhava fixamente para as árvores na margem próxima ao barco, perguntando-se sobre que tipo de experiência diabólica a “Shadow Law”, como era conhecida a organização terrorista de Bison, estaria realizando naquelas misteriosas instalações. Lembrou-se do sinistro monstro verde. Teria sido ele vítima da terrível sede de poder do conhecido criminoso?

Sem saber ao certo o que pensar, Guile olhou para a bela Cammy. A inglesa tinha seus longos cabelos loiros divididos numa franja e em duas compridas tranças que chegavam até sua cintura. Ela era, sem dúvida, um colírio para os olhos. Em seguida, William notou que Raven também estava imerso em seus pensamentos, fitando as águas fluviais.

– Refletindo sobre a missão, Raven? - perguntou Guile ao forte soldado.

– Não apenas ela, mas sobre toda a minha vida em si - respondeu Vulcan, voltando-se para o autor da pergunta. - Você é um grande guerreiro, William Guile, posso sentir. Ainda será o homem que derrotará Bison! Para isso, precisa apenas confiar em seu julgamento. Os melhores soldados são aqueles que tomam sábias decisões!

– Obrigado pelo conselho... - murmurou William, sem dar muita importância às palavras do membro da Fox-Hound.

O barco continuou seguindo pelo rio, enquanto seus ocupantes se preparavam para a batalha contra terroristas inescrupulosos.

 

– Ande logo, Balrog! - exclamou Vega passando uma das mãos por seus longos cabelos loiros, enquanto o boxeador negro descarregava os equipamentos da aeronave junto com alguns outros homens de Bison. - Tenho um show amanhã à noite em Las Vegas no Golden Nugget, temos que fazer tudo dentro do prazo!

– Lembre-se que também amanhã à noite lutarei contra aquele campeão japonês de sumô num ringue a poucos quarteirões do Golden Nugget! - replicou Balrog, irritado. - Estou com tanta pressa quanto você!

O lutador de boxe e os soldados da Shadow Law traziam caixas de madeira para fora do avião C-130, as quais possuíam o emblema de um crânio alado, símbolo da organização. Vega apenas observava, braços cruzados, sem perder sua pose de conquistador castelhano. Encontravam-se numa pista de pouso clandestina ocultada pela densa floresta amazônica.

– Você vive me surpreendendo, Vega! - exclamou Balrog, colocando uma caixa no chão. - Um toureiro recentemente convertido em lutador de rua resolve sem mais nem menos iniciar uma carreira como mágico, sem abrir mão de seus conhecimentos sobre botânica!

– Mágico não, ilusionista! - corrigiu o espanhol. - Ganharei rios de dinheiro com meus shows, e assim poderei realizar inúmeras viagens ao redor do globo, através das quais aprimorarei minhas técnicas de luta!

– O salário que Bison lhe paga já não é o suficiente? - indagou o boxeador em tom de deboche.

Vega não respondeu. Voltando-se para os demais terroristas, percebeu que todo o equipamento já havia sido descarregado. Após um suspiro, o jovem gritou:

– Vamos lá, pessoal! Peguem tudo que precisarem! Minhas amadas flores nos esperam!

 

O helicóptero da Umbrella sobrevoava a interminável floresta equatorial. Dentro da aeronave, o clima era de total derrota. Sagat, que já recobrara a consciência, tinha seu tórax coberto por vários curativos manchados de sangue. Mas, pior que a dor, era a humilhação. O maior lutador de rua do planeta, campeão de inúmeros torneios, fora vencido por um mutante horrendo criado em laboratório, cujas técnicas de combate eram bem inferiores às suas.

Wesker, por sua vez, sorria disfarçadamente. Tudo estava correndo como queria. Os homens da Umbrella haviam desperdiçado uma oportunidade perfeita de capturar o mutante, perdendo vários soldados de forma patética. Talvez Albert nem precisasse interferir na operação. Vincent e os outros incompetentes colocariam tudo a perder através de suas próprias ações. O cargo de chefe de pesquisas em Raccoon estava cada vez mais perto de ser alcançado...

Nesse instante, todos ouviram um repentino “bip”. Alguém contatava Goldman pelo rádio. O jovem cientista atendeu ao chamado, apanhando seu comunicador:

– Vincent falando!

– Aqui é Turner! O esquadrão de Hunk já está procurando pelo mutante na área próxima ao rio! Fiquem em estado de alerta! Talvez a assistência de vocês seja necessária!

– OK, estaremos prontos!

E Wesker estaria pronto para atrapalhar, caso visse seus interesses em risco...

 

Dois soldados da Shadow Law seguiam à frente abrindo caminho com facões, cortando a densa vegetação que impedia o progresso dos terroristas, enquanto Balrog, Vega e os demais comandados de Bison os seguiam. Todos tinham mochilas às costas. O calor e os mosquitos geravam grande incômodo. O lutador de boxe exclamou, impaciente:

– Deste jeito nós derrubaremos metade da Amazônia sem que encontremos suas malditas flores, Vega!

O espanhol olhava ao redor, examinando atentamente os espécimes vegetais que os cercavam. Percorreram mais alguns metros, já cansados de tanto andar, até que Vega disse, apontando para uma árvore próxima:

– Encontramos!

Os demais abriram caminho, enquanto o castelhano seguia até o local. Junto às raízes do vegetal era possível ver inúmeras flores do tamanho da palma de uma mão, as quais possuíam pétalas violetas com simétricas listras brancas. Vega sorriu, enquanto iniciava a coleta do achado.

– Vejo que mais algumas pessoas serão alucinadas por aquele seu maldito gás! - riu Balrog.

– E o que há de mal nisso? - perguntou o espanhol, enquanto apanhava uma das flores. - Eu apenas lhes levarei alegria e fantasia, um mundo imaginário de delícias que apenas eu posso proporcionar!

Alguns meses antes, Vega havia descoberto que, a partir do pigmento daquelas raras flores equatoriais, era possível sintetizar um poderoso alucinógeno em forma de gás, o qual, em contato com o sistema nervoso de uma pessoa, faria com ela entrasse num profundo estado de delírio. Tal recurso estava sendo amplamente usado por Vega em sua recente e próspera carreira como ilusionista em Las Vegas.

– Dêem uma olhada ao redor, deve haver mais delas por aqui! - ordenou o toureiro aos soldados de Bison, que obedeceram prontamente.

 

Às margens do rio, numa pequena praia, havia um posto de comando com um improvisado ancoradouro, no qual eram descarregados suprimentos e equipamentos para o complexo da Umbrella vindos pelas águas fluviais. O local, ligado às instalações comandadas por Emanuel Deller através de um túnel subterrâneo, era separado do centro de pesquisas por cerca de quinhentos metros. Geralmente eram os próprios soldados da Umbrella responsáveis pela guarda do posto, mas, por insistência de Bison, naquele momento os combatentes da Shadow Law patrulhavam a área. Seis deles, mais precisamente.

Um dos terroristas, o tenente Kampur, de origem indiana, dirigiu-se até a guarita de concreto do posto fitado por outros dois soldados, que estranharam o fato do superior ter voltado tão rápido do complexo, para onde seguira minutos antes. Dentro da edificação, o recém-chegado encontrou o capitão Samak, que se encontrava sentado ao lado de uma mesa com um rádio. Era um guerreiro de prestígio entre as tropas de Bison.

– Você acredita que ainda não pegaram aquele mutante? - exclamou o superior de Kampur, irritado.

– É realmente difícil de acreditar... - murmurou o tenente, sentando-se próximo ao capitão.

– Até parece mentira! O próprio Sagat foi derrotado por aquela aberração!

– Às vezes é algo desafiador distinguir fantasia de realidade!

Dizendo isso, Kampur levantou-se bruscamente, sacando uma pistola 9mm com silenciador. Sem que Samak pudesse reagir, o tenente disparou, atingindo-lhe em cheio na testa. O corpo sem vida do capitão desabou da cadeira, caindo de bruços sobre o chão da guarita.

Kampur olhou ao redor, apreensivo. As paredes da edificação impediram que alguém testemunhasse o que o tenente acabara de fazer. Em seguida o indiano apanhou um rádio que tinha pendurado ao cinto, informando através do aparelho num tom de voz totalmente diferente:

– Aqui é Octopus. Já eliminei um, faltam quatro!

– Entendido, tenha cautela! - respondeu Nash.

O mercenário da Fox-Hound encerrou a comunicação. Saiu então da guarita, ocultando a arma. Os dois homens da Shadow Law que o haviam observado momentos antes conversavam próximos ao rio, de costas para Octopus. O mestre do disfarce apontou a 9mm na direção dos terroristas, efetuando rapidamente dois disparos após mirar brevemente.

Ambos os corpos vieram ao chão, atingidos mortalmente. O invasor sorriu, contemplando a cena. Sua pontaria era mesmo infalível. Restavam agora apenas dois combatentes a serem aniquilados.

Cauteloso, Octopus contornou a guarita. Deparou-se com um soldado fumando um cigarro. Mais um tiro certeiro, e o capanga de Bison caiu imóvel aos pés de seu assassino. O último terrorista veio correndo na direção do mercenário, prestes a abrir fogo com sua AK-47, mas foi derrubado sem poder apertar o gatilho. O local estava limpo.

– Tudo OK! - informou Octopus pelo rádio.

Pouco depois, o membro da Fox-Hound pôde ouvir o som do barco a motor se aproximando da praia. Logo seus ocupantes pisaram na areia, caminhando apreensivos até Octopus. Este se livrou da máscara que lhe cobria o rosto, revelando sua verdadeira identidade.

– Bom trabalho, Decoy! - exclamou Guile.

– Mais fácil, impossível... - murmurou o mestre do disfarce. - Creio que não estamos lidando com profissionais...

– Mesmo assim, precisamos ter cuidado! - alertou Barry.

Raven olhou para os corpos dos terroristas, tomado por estranha sensação. Apesar de conviver constantemente com a morte, ela ainda lhe perturbava. Às vezes ele se perguntava sobre qual o verdadeiro significado da vida, por que motivo estava naquele mundo, e quando se veria livre dele.

Depois de darem alguns passos, os invasores ouviram um grito furioso. Voltando-se na direção do barulho, perceberam que um capanga de Bison corria na direção deles, armado com uma faca.

Cammy pareceu aceitar o desafio, saltando na direção do inimigo. Porém, pouco antes de atingir o chão, a inglesa girou no ar em posição horizontal, colocando as mãos atrás da cabeça, num parafuso de agilidade sobre-humana.

– Cannon Drill! - gritou ela.

As botas da jovem atingiram o tórax do adversário com enorme força, fazendo com que este desmaiasse imediatamente, cuspindo sangue. Novamente de pé, a integrante da Fox-Hound olhou para seus colegas de equipe, que a fitavam atônitos, impressionados com sua incrível habilidade em combate.

– Venham, creio que a entrada do túnel que leva ao complexo seja por aqui! - exclamou Octopus, caminhando na direção de uma casamata ao norte da praia.


Capítulo 9

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