Resident Evil: Experimento X

Capítulo 7 - Blanka Vs. Sagat


O mutante examinou o rosto de seu adversário. Com certeza não seria uma luta fácil. O oponente de Blanka aparentava grande habilidade. Súbito, o careca partiu correndo na direção do monstro verde, gritando furiosamente. A cobaia do Vírus Ômega precisava se defender. Tinha que reagir.

Quando seu inimigo se aproximou o suficiente, Blanka saltou no ar, colocando as mãos sobre os joelhos. Fez seu corpo girar como se fosse um porco-espinho, chocando-se contra o adversário. Este recuou, enquanto o mutante, num movimento ágil e perfeito, pousava novamente de pé sobre as pedras da nascente.

- Nunca poderá vencer o grande Sagat! - exclamou o indivíduo, revelando seu nome.

Ambos permaneceram onde estavam por alguns segundos, em posição de combate, aguardando um provável ataque de seu oponente. Foi então a vez de Blanka investir. Urrando de forma inumana, o “soldado-elétrico” correu na direção de Sagat, pronto para acertar-lhe um soco na face. O capanga de Bison, porém, esquivou-se no exato momento em que o mutante executou o movimento, fazendo com que o punho deste golpeasse o vazio. Sagat aproveitou a situação para aplicar um forte chute nas costas de Blanka. O monstro gemeu, observado pelos atônitos ocupantes dos helicópteros.

- Sei que pode lutar melhor, mutante! - riu o careca, sem cansar-se de provocar o adversário.

A fúria da criatura verde tornou-se ainda mais intensa. Cerrando os dentes, apoiou os braços no chão e girou as pernas, derrubando Sagat com uma bela rasteira. Em seguida Blanka tentou acertar um soco em seu oponente antes que este pudesse se levantar, mas o capanga de Bison, prevendo a investida do mutante, gritou, dobrando as pernas:

- Tiger Uppercut!

Num belo salto, Sagat tirou Blanka do chão, acertando-lhe no queixo com um gancho de força sobre-humana. O monstro verde não esperava tal ataque. Gemendo, a cobaia caiu sobre as pedras a cerca de três metros de onde estava seu adversário. O careca, rindo, viu Blanka se levantar e, cambaleando, colocar as mãos na cabeça. Zonzo, o fugitivo mal conseguia manter-se de pé.

- Mutante idiota! - zombou Sagat. - Ainda tem esperança de me derrotar?

Aos poucos Blanka recuperou-se do golpe, voltando a encarar seu inimigo. Ele estava caçoando de sua desgraça, chamando-lhe de mutante, aberração. O monstro verde sentiu seu corpo formigar, enquanto fechava os punhos, deixando que seu ódio por Sagat o dominasse completamente. Não, Blanka não possuía esperança de derrotá-lo. Ele tinha certeza de que o faria.

Tomando grande impulso, a cobaia do Vírus Ômega correu mais uma vez na direção de seu oponente. Este apenas sorriu, permanecendo no local em que se encontrava. Seguro de sua superioridade perante Blanka, Sagat achava não ter o que temer. Mas equivocara-se.

A poucos passos do adversário, o mutante saltou sobre ele. O capanga de Bison, que conseguira manter-se de pé, tentou se soltar, mas o monstro verde agarrava seus ombros com enorme força. Frente a frente, os olhares dos dois ferozes lutadores se encontraram num instante de indescritível tensão. Sagat desesperou-se ao ver Blanka abrir a boca repleta de dentes afiados como facas.

O que o careca tanto temia ocorreu: a cobaia da Umbrella começou a morder-lhe o tórax vorazmente, arrancando grande quantidade de sangue. Sagat gemia, enquanto o líquido rubro misturava-se à água da nascente. Em questão de segundos o peito do adversário de Blanka estava totalmente tingido de vermelho, com as marcas dos dentes do mutante bem visíveis. O ex-soldado soltou seu oponente, o qual, após olhar para a aberração tomado por um misto de dor e vergonha, caiu inconsciente sobre as rochas úmidas.

Blanka observou o corpo inerte de Sagat por alguns segundos. Conseguira derrotá-lo. Ergueu os braços e abriu a boca suja de sangue, soltando uma série de urros altos e provocadores. Em seguida voltou-se para cada um dos helicópteros, batendo fortemente em seu peito com as mãos num gesto de desafio. Saltou girando no ar, urrando com intensidade ainda maior. Queria que toda a floresta o ouvisse. Ele, Carlos Blanka, estava disposto a enfrentar e vencer quem o desafiasse.

Os soldados pareceram aceitar a provocação do monstro. Através de cordas, desceram rapidamente dos helicópteros, armados com fuzis e submetralhadoras. Assim que as botas de seus inimigos tocaram as pedras da nascente, Blanka, num ato de aparente covardia, mergulhou dentro do rio com um salto, submergindo rapidamente.

- Ele está fugindo, vamos pegá-lo! - exclamou um dos combatentes da Umbrella, apontando para o curso fluvial.

Nisso, Wesker e Vincent também já haviam saído da aeronave onde antes se encontravam. De pé sobre uma das pedras escorregadias, observavam atentamente os movimentos dos soldados, que adentravam as águas do rio em busca de Blanka.

Foi quando Goldman, fitando tal cena, lembrou-se dos poderes mutantes da cobaia. Um vírus criado a partir do DNA de uma enguia, transformando seu hospedeiro num “soldado-elétrico”. A água era condutora de eletricidade...

- Não, saiam daí! - gritou Vincent, desesperado, percebendo o perigo que aqueles homens corriam. - Vocês não podem entrar na água!

- Temos que cumprir as ordens do comandante Turner! - replicou um dos combatentes, mergulhado no rio até o abdômen.

Não havia sinal algum de Blanka. Goldman fechou os olhos. O pior estava para acontecer...

A descarga elétrica foi rápida, intensa e fulminante. Os soldados, pegos de surpresa, agitaram-se freneticamente, deixando suas armas caírem. Aqueles que estavam a salvo sobre as rochas contemplaram atônitos o massacre de seus colegas. Após alguns instantes, os corpos eletrocutados caíram imóveis, boiando sobre a água. Ao longe era possível avistar um vulto verde desaparecendo velozmente pela correnteza do rio...

- Deller não vai gostar nem um pouco disto... - murmurou Vincent, mordendo os lábios.

 

Na vila de pescadores, a agitação provocada por Carlos Blanka aos poucos se dissipava. Enquanto alguns moradores tentavam reanimar o homem atingido pelo dardo de Vincent, o garoto Carlos Oliveira encontrava-se sentado sobre as tábuas do ancoradouro, pensando no monstro verde. Afinal de contas, quem era ele? Teriam as lendas contadas por seu avô sobre as criaturas místicas da floresta se tornado realidade?

Nesse exato instante, o pai do pequeno Carlos fitava os dois misteriosos indivíduos que haviam chegado há pouco numa lancha pelo rio. Possuíam sotaque estranho, e perguntavam a todos os habitantes da vila sobre o que havia acontecido.

Eram Nicholai e Zangief. Ignorando as ordens de Ocelot, os dois russos partiram numa lancha em busca do complexo de pesquisas da Umbrella, quando se depararam com o caos provocado por Blanka. De acordo com os ribeirinhos, um monstro verde de agilidade fora do comum havia atacado o povoado. Provavelmente um experimento que fugira ao controle da multinacional farmacêutica.

- Imagine, Zangief! - exclamou Nicholai, gesticulando sonhadoramente. - O Exército Vermelho seria invencível possuindo soldados como esse tal monstro! Precisamos obter acesso à pesquisa da Umbrella!

- Mas, senhor, nós ainda não temos certeza de nada! - argumentou o outro agente, trajando uma camiseta branca que deixava seus músculos à mostra. - Lembre-se também que estamos agindo sem o consentimento de Ocelot!

- Que se dane Ocelot! É por causa de homens como ele que a Mãe Rússia caminha para o abismo! Precisamos fazer algo por nossa pátria, Zangief! Seguiremos o rastro desse monstro e obteremos uma amostra de seu sangue, ou não me chamo Nicholai!

 

A raiva de Deller aumentava a cada segundo que passava ouvindo o relato de Goldman pelo telefone. Não era possível. Treze soldados mortos e o homem de Bison seriamente ferido! Até aquele momento, a Operação Ômega resultara num grande fiasco.

- A equipe de Hunk está a caminho! - berrou Emanuel através do aparelho. - Não quero mais descuidos, entendeu?

- Sim senhor!

Deller desligou. Olhou então para os indivíduos presentes na sala. Sentados ao redor de uma mesa com um mapa da região estavam Turner, dois tenentes e o sinistro Bison. Respirando fundo, Emanuel disse:

- Estamos tendo alguns contratempos, mas em breve teremos o senhor Carlos Blanka novamente em nossas mãos.

Turner, irritado, deu um soco na mesa, enquanto Bison, olhando para o mapa, sorria de forma apavorante. A carnificina o divertia imensamente.


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