Resident Evil: Experimento X

 Capítulo 23 - Nash Vs. Cammy; Guile Vs. Bison.


 Cammy saltou e tentou atingir Nash com um chute aéreo. O lutador cobriu a face com os dois braços e conteve o golpe, preparando-se para reagir em seguida usando uma rasteira. Assim abaixou-se e girou sobre o chão com uma das pernas esticadas, mas a adversária pulou no momento exato, evitando ser atingida. Bison somente ria enquanto observava a luta na mesma posição. Já Guile o examinava atentamente esperando o momento certo para investir, não percebendo, todavia, que o criminoso passara a flutuar, seus pés alguns centímetros acima do piso. Quando finalmente correu na direção do inimigo, erguendo um dos punhos para atingi-lo com um devastador soco, julgou que poderia nocauteá-lo de imediato caso o golpe surtisse efeito... Mas, para sua surpresa... Acabou passando direto por Bison, como se o corpo dele fosse somente um holograma ou coisa similar!

Na verdade o líder da Shadow Law havia se tele-transportado para outra parte da sala sem aparentar o mínimo esforço. Para piorar, estava agora atrás de William. Antes que o militar pudesse ter certeza do que ocorrera, atordoado, o oponente aproximou-se deslizando pelo ar e aplicou-lhe um impiedoso chute nas costas. Guile caiu num gemido, julgando que talvez tivesse agora uma ou duas costelas partidas. Virou-se então rapidamente, cuspindo sangue sobre Bison... Mas antes mesmo que o líquido rubro sujasse a farda do maníaco, ele já havia desaparecido novamente. A única coisa que permanecia inalterável era sua sinistra gargalhada.

Pare com as brincadeiras, desgraçado! – irritou-se o soldado. – Não é homem o bastante para lutar comigo?

Simultaneamente, Nash bloqueava uma série de socos e chutes de Cammy, a loira aparentando uma leveza ágil e ao mesmo tempo força persistente em seus ataques. Combatia com os olhos bem abertos, inexpressivos, sem piscá-los. Estava mesmo imersa num transe profundo causado por Bison do qual tinha de ser libertada o quanto antes.

Agente White, consegue me ouvir? – o amigo de Guile tentou comunicar-se com a moça.

Foi em vão, porém, pois ela continuou procurando atingi-lo de todas as formas com os braços e as pernas. O rapaz ainda conseguia evitá-los, mas não sabia por quanto tempo...

William continuava a tentar ferir Bison, porém ele era como um fantasma, algo intangível, desaparecendo e reaparecendo seguidamente em locais aleatórios, logrando assim sempre escapar dos golpes do adversário. Urrando, este tentou num dado momento atingi-lo com um chute giratório, porém o terrorista escapou mais uma vez no instante crítico, reaparecendo bem perto de Guile, logo às suas costas. Agarrou-lhe então o braço direito e cochichou junto a um de seus ouvidos:

Desista enquanto ainda não sofre tanta dor!

E logo depois torceu o membro com incrível violência, o militar berrando enquanto tinha os ossos tirados do lugar. Caiu quase incapacitado de prosseguir lutando, gemendo num misto de sofrimento e raiva extremos. Ele precisava fazer Bison pagar, estava realmente disposto a fazê-lo comer grama pela raiz... Só tinha de se recuperar um pouco... E tentar ao máximo esquecer os latejantes ferimentos.

M-maldito... – balbuciou, começando a levantar-se com dificuldade do piso.

O que há, senhor Guile? – zombava o guerreiro do Psycho Power emanando sua aura negativa. – Não é mais capaz de me derrotar? Terá sido algum dia?

V-vá... Se ferrar!

Bison então pisou nas costas doloridas de William, pressionando seu corpo contra o chão respingado de sangue com esforço e crueldade indescritíveis. Cerrando os dentes e contraindo os músculos, Guile estava determinado a resistir até o último suspiro, fazendo de tudo para não sucumbir antes de pelo menos dar uma boa lição ao inimigo.

Ainda engajado com Cammy, Nash notou o infortúnio do parceiro e desejou auxiliá-lo, porém ao mesmo tempo não poderia descuidar de White: a ferocidade dela nos ataques crescia a cada segundo. Subitamente recuou, mas o combatente sabia que a razão certamente seria apenas preparar um novo golpe. Dito e feito: ela logo retornou correndo e, estendendo uma das pernas, executou uma investida que por pouco não tirou o oponente do solo.

Thrust Kick!

O poderoso chute destinava-se ao seu tórax, o qual Nash conseguiu proteger a tempo com os braços. Mesmo assim o impacto do ataque fez com que seu corpo retrocedesse alguns passos. Bufando, logo se posicionou novamente para lutar. Tinha de dar cabo de Cammy o mais rápido possível ou ao menos se aproveitar de alguma brecha para partir em socorro do amigo que, se não fosse logo ajudado, acabaria morrendo pelas mãos vis de Bison.

O vilão continuava a ferir e humilhar Guile, impedindo todas as suas tentativas de erguer-se do chão e revidar. O militar tinha de encontrar alguma maneira... Seu orgulho e sua própria vida dependiam disso.

Pensando em desistir? – provocou Bison.

Nunca!

Esforçando-se mais do que podia, William, num veloz movimento, repeliu uma das pernas do inimigo socando-lhe o joelho. O criminoso ficou atordoado por poucos segundos, porém foi tempo o bastante para que Guile conseguisse finalmente se levantar e colocar-se em posição defensiva, mesmo mal podendo permanecer em pé. Endireitou o pescoço, estalou as mãos, olhar fixo no repugnante adversário. Era hora de moê-lo.

Mordendo os lábios, tentou mover os dois braços para frente com força... Mas logo sentiu uma intensa fisgada no direito, retraindo-o. Esquecera-se de que fora quebrado, e qualquer ação que o envolvesse ficava assim impossibilitada. Não poderia efetuar o “Sonic Boom” e, gemendo, constatou que aquela sua idéia frustrada apenas dera tempo a Bison de recompor-se.

De fato, o chefe da Shadow Law já revidava:

Psycho Crusher!

Em seguida saltou, seu corpo sendo tomado por uma camada de energia azul enquanto rodopiava no ar horizontalmente, um dos braços esticados na direção de Guile. A velocidade que assumiu fora incrível e William acabou não tendo tempo de desviar, ainda mais devido à dor em seu braço: foi atingido no peito pelo punho do oponente e praticamente atropelado por seu corpo, sendo atirado cerca de cinco metros até uma das paredes da sala, com a qual colidiu de costas. Fora completamente tomado por chamas também azuis, crepitantes, as quais, além de fazerem sua pele arder como nunca, pareciam afetar sua mente já cansada e confusa. Danificou mais algumas costelas com o impacto, caindo sentado no chão com o amparo do concreto frio atrás de si. Gritou, sangrando. O fogo anil desapareceu de si como por mágica, de súbito, mas o sofrimento permaneceu. E lá estava Bison novamente, flutuando, braços cruzados enquanto contemplava sua desgraça gargalhando.

William! – bradou Nash ao testemunhar o que acontecia.

Com a face repleta de hematomas, exausto, trêmulo, chegando até a babar, Guile executou um novo esforço para se erguer do piso com as pernas bambas, o que acabou por calar a risada do inimigo. Este não esperava que ele fosse continuar lutando após ter levado tantos golpes e ferimentos, porém recusava-se a ser derrotado. Pois bem. Muito mais sério do que antes, Bison se dispôs a garantir que isso acontecesse de forma rápida e incrivelmente dolorosa, dando um fim à sua diversão. Aquele maldito já se mostrara petulante demais.

Ergueu o braço direito na direção do soldado, e o punho foi logo envolto por uma esfera de energia violeta. Precisava apenas concentrar um pouco mais dela e logo tudo estaria acabado...

Isto é, se a vidraça que separava a sala da sacada não houvesse sido quebrada com violência, milhares de cacos de vidro voando sobre o chão.

Mas o que é isso? – Bison voltou a cabeça.

Até Cammy parou de lutar, afetada pela súbita reviravolta nos eventos que tinha início ali, e permaneceu de pé, imóvel, olhos focados numa parede enquanto aguardava novas ordens feito um robô. A atenção dos três demais lutadores já havia se transferido para a figura bestial que acabara de adentrar o recinto.

Verde e laranja, pêlos espessos, garras afiadíssimas, uma digna fera com algo de humano. Carlos Blanka. E, exibindo os dentes brancos e pontudos, deixava claro a que viera até ali. Mesmo assustados e sem compreenderem a situação, só a pose da criatura serviu para elucidar Nash e Guile que, aliviados, perceberam que só teriam de assistir de camarote ao que estava para acontecer. E seria algo nada bonito.

A tensão inativa durou mais alguns instantes, até que, urrando ameaçadoramente, o recém-chegado finalmente atacou.

Pulou sobre Bison, cravando-lhe as garras bem no peito. Por algum motivo, fosse a tremenda selvageria daquele que investia ou a perplexidade do terrorista, este não conseguiu reagir, gemendo de uma maneira seca, inexpressiva, como se apenas sentisse os golpes, mas não dor. Em seguida Blanka mordeu seu pescoço, sangue vertendo aos borbotões sobre ambos e ao redor do confronto. Depois voltou a usar as mãos, arranhando todo o corpo do inimigo com cortes profundos, raivosos. O criminoso era retalhado pelo ser mutante que ele mesmo indiretamente criara.

Por fim o brasileiro se desvencilhou do adversário numa cambalhota para trás, fitando-lhe ofegante devido a todo o vigor que gastara. Bison caiu de joelhos, sangue minando em praticamente todas as partes de seu corpo, boca aberta de modo atônito enquanto seus olhos inumanos encaravam a escuridão de sua própria aura. E, grunhindo, Blanka, logo depois de olhar para cada um dos presentes, desatou a correr na direção da porta dupla da sala, cruzou-a quase a derrubando e desapareceu pelas escadas rumo ao térreo. Ninguém o perseguiria. Seu objetivo, sua vingança, estavam cumpridos.

Agora a situação ficava por conta dos dois amigos inseparáveis da Força Aérea. E eles sabiam muito bem o que fazer.

Guile conseguira, num esforço quase sobre-humano, manter-se de pé durante todo o ataque de Blanka a Bison e, concentrando-se, julgou que poderia continuar assim por no mínimo mais um minuto. Trôpego, porém firme, William examinou seu braço direito quebrado, que latejava imensamente, e depois seu braço esquerdo quase intacto. Girou-o num breve exercício e lembrou-se das palavras de Vulcan Raven na Amazônia e das da misteriosa cigana pouco tempo antes. Era sim um grande guerreiro, e tinha de honrar isso. Sentindo-se pronto, moveu somente o membro não-ferido para frente com incrível velocidade e, mesmo sem acreditar-se plenamente maduro para aquilo, resolveu confiar um pouco em seu espírito.

Sonic Boom!

Para sua surpresa, conseguiu criar a onda de energia apenas com um braço da mesma forma que Nash. O ataque luminoso cruzou o ar rapidamente rumo a Bison, ainda com a guarda baixa na mesma posição e, atingido e englobado pela súbita descarga de poder, foi arrastado por ela, ao mesmo tempo em que soltava um longo grito, rumo à mesma sacada pela qual Blanka surgira. Sem conseguir se agarrar a algo ou ao menos tentar frear o processo, o líder da Shadow Law despencou do alto do prédio rumo à noite, seu berro frustrado logo se tornando o mero eco de um demônio que perdera uma batalha que imaginara jamais capaz de perder.

Agora plenamente exaurido, William caiu sentado, respirando com dificuldade. Precisaria passar uns bons dias no hospital até poder encarar uma briga de novo, ainda mais uma como aquela. Riu para Nash, que se aproximava também com um sorriso na face. Haviam vencido.

Cadê a loirinha? – Guile indagou olhando em volta.

Cammy desaparecera tão rápido quanto surgira, provavelmente aproveitando o momento de distração dos demais para escapar sem ser notada. Era quase certo que ainda se encontrava sob a influência de Bison, mas os dois lutadores ainda a trariam de volta para seu lado. De certa forma sabiam que ainda a veriam novamente.

Será que é o fim do Bison? – inquiriu Nash, mãos na cintura.

Tratando-se dele... Acho bem difícil... Mas pelo menos agora ele pensará muito bem antes de se meter com a gente!

William suspeitava que, apesar do triunfo que haviam acabado de obter, aquela história ainda não chegara ao fim. E, refletindo acerca disso, foi auxiliado pelo parceiro a se levantar e, apoiado a ele, iniciou o trajeto para fora do local.


Epílogo

Capítulo 22

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