Resident Evil: Experimento X

Capítulo 19 - A Cigana Misteriosa.


– Mas para onde é que esse filho da mãe está nos levando? - indagou Nash, que, junto com seus colegas, ainda seguia a limusine de Balrog pelas ruas da cidade.

– Seja paciente... - murmurou Vulcan Raven. - Ele nos levará até a toca do leão, e então poderemos domá-lo...

– Isso se o leão não nos domar primeiro! - preocupou-se o tenente Harris.

Nesse instante, o coronel Court contatou-os pelo rádio. Guile atendeu-o:

– Sim?

– Aqui é o coronel Court. Acabei de receber uma transmissão urgente da polícia. Parece que o hotel-cassino Golden Nugget foi invadido há pouco por um monstro verde que provocou verdadeiro pandemônio no local. Alguns oficiais tentaram detê-lo, mas o desgraçado fugiu antes que conseguissem!

– Monstro verde? - perguntou Guile, recordando-se da misteriosa criatura que vira no complexo da Umbrella na Amazônia. - Percebo que todas as pistas encontradas por nós acabam de alguma maneira levando ao Bison!

– Não compreendo, soldado!

– Eu lhe explicarei depois. Continuaremos a seguir Balrog até o provável reduto da Shadow Law. Desligo.

Guile guardou o comunicador, enquanto Nash indagava:

– O que há?

– Acho que teremos mais trabalho esta noite do que pensávamos, parceiro...

 

Após terem deixado a academia de artes marciais na qual haviam passado boa parte do dia treinando, Ryu e Ken passeavam no conversível deste último pelo iluminado e tentador centro de Las Vegas. Depois de acenarem para algumas garotas numa calçada, os dois rapazes passaram na frente do luxuoso hotel-cassino Silver Star, onde havia grande aglomeração de pessoas e veículos.

– Que estará havendo aí? - perguntou o japonês, curioso.

– Ah, eu me esqueci de falar! - disse Ken num sorriso. - Luigi Perini, cineasta amigo do meu pai, está gravando um filme de artes marciais aqui na cidade! O astro é aquele tal Fei Long, um dos melhores lutadores do mundo! E esse hotel-cassino é um dos sets de filmagem...

– Fei Long? - surpreendeu-se Ryu. - Puxa, os filmes dele são ótimos! Ele nunca usa dublês! Eu bem que queria um autógrafo...

– Pois então vamos pedir! - exclamou o jovem milionário, já estacionando o veículo. - Ele não vai negar, ainda mais meu pai sendo amigo do diretor!

– OK!

A dupla de lutadores saiu do carro, caminhando até as pessoas que trabalhavam no filme, as quais naquele momento faziam uma pausa, pois logo em seguida seria gravada a grande cena final. Sem demora encontraram o diretor, que comia um sanduíche para repor as energias.

– Senhor Perini, como vai? - saudou Ken.

– Ora essa, se não é Ken Masters! - riu o cineasta, interrompendo a refeição. - Eu não o vejo há anos! E seu pai, como vai?

– Atarefado com os negócios, como sempre! E as filmagens, como vão indo?

– Não poderiam estar melhores! Fei Long é um grande ator, sabe dominar o kung-fu com extrema perfeição! Se depender dele, esse novo filme entrará para o livro dos recordes em matéria de bilheteria!

– Ele está ocupado no momento? - perguntou Ryu, entrando na conversa.

– Não, de modo algum! Fei Long, venha até aqui!

O ator se aproximou, fitando os recém-chegados com receptividade e respeito. Era possível perceber que eles também eram fortes e ágeis lutadores.

– Olá! - disse o discípulo de Bruce Lee, cumprimentando-os. - Muito prazer, como se chamam?

– Meu nome é Ryu, e este é o Ken! - respondeu o japonês, entusiasmado. - Sou um grande fã seu, Fei Long! Seus movimentos são incríveis! Quando está lutando, parece até ser mais leve que o próprio ar!

– Isso é resultado de muito treino, Ryu... Não foi nada fácil adquirir a habilidade que possuo hoje!

– Nós também treinamos muito, sempre buscamos aprimorar nossas técnicas! - afirmou Ken.

– E qual o estilo de luta de vocês?

– Karatê! - exclamou Ryu. - Shotokan, para ser mais exato!

– Muito interessante! Sempre admirei o grande Gouken, ele era o maior mestre desse método de combate. Vocês chegaram a conhecê-lo?

– Foi ele quem nos treinou!

Fei Long não podia acreditar. Aqueles dois haviam sido ensinados pelo próprio Gouken, o homem que praticamente fora o inventor do Shotokan! O ator percebeu que aquele era um momento único, e não poderia perder a oportunidade de crescer ainda mais como lutador.

– Que tal um embate entre um de vocês e eu? - propôs o astro.

– Como disse? - indagou Ryu, certo de que não ouvira direito.

– Uma luta, aqui e agora! Daqui a pouco gravarei a última cena do meu filme, e por isso preciso de um bom aquecimento!

– Cara, eu não sei se é uma boa idéia... - argumentou Ken.

– Mas por que não? Vamos, apenas uma luta!

Os dois amigos trocaram olhares surpresos. O japonês, assim como Fei Long, considerou aquela uma oportunidade de ouro. Num gesto rápido, Ryu retirou sua camiseta, colocando-se em posição de combate.

– Eu prefiro ficar fora disso! - afirmou Ken, tomando distância.

O ator também se preparou, assumindo sua pose de luta.

– Pronto? - perguntou ele.

– Pronto! - respondeu Ryu, concentrado.

E lançaram-se um contra o outro.

 

Enquanto isso, nos subúrbios da cidade, a limusine que transportava Balrog finalmente parou diante de um amplo e muito bem protegido condomínio, composto por quatro prédios de seis andares cada, cercados por um alto muro em cuja única brecha havia uma guarita repleta de seguranças fortemente armados.

Os jipes que seguiam o veículo frearam discretamente numa esquina próxima, e seus ocupantes passaram a observar atentamente os movimentos de Balrog e seus capangas, que se preparavam para entrar no local.

– Finalmente encontramos a fortaleza daquele maldito... - murmurou Nash.

– Daqui do helicóptero é possível ter uma visão melhor do lugar! - informou pelo rádio o major Campbell, que sobrevoava o condomínio furtivamente. - Há várias patrulhas de soldados vigiando a área. Pelo que consigo enxergar, a maior parte deles está armada com rifles M16. Também vejo alguns cães, alarmes... E até um veículo blindado!

– Uma invasão nada fácil, percebo... - afirmou o coronel Court, entrando na freqüência.

– Eu tenho alguns ganchos e cordas aqui! - disse Decoy Octopus. - Podemos escalar o muro!

– Creio ser essa a melhor forma de entrarmos - concordou Barry. - Podemos nos dividir em dois times. O primeiro se infiltrará pelo lado direito da guarita, e o segundo pelo lado esquerdo!

– Parece-me razoável... - murmurou Guile. - Já que não temos tempo para elaborar um plano melhor, esse está de bom tamanho!

– William Guile! - exclamou uma voz feminina completamente incógnita.

Todos se assustaram, olhando ao redor para identificar a autora do chamado. Nash, sempre atento, viu do outro lado da rua uma misteriosa mulher de pé junto ao portão de um armazém, corpo totalmente coberto por uma capa marrom.

– Ela o chamou, Guile! - disse Vulcan Raven, sempre sério. - Deveria ir ver do que se trata!

– Mas o quê? - estranhou William, atordoado e confuso. - O que aquela mulher pode querer comigo? E como ela sabe meu nome?

– William Guile! - repetiu ela, desta vez em tom mais alto.

– Talvez seja uma informante! - especulou Nash. - É melhor ir até lá, cara! Não se preocupe. Caso seja uma armadilha, nós o cobrimos daqui!

– OK...

Inseguro e temeroso, Guile deixou o jipe, seguindo, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça camuflada, até a intrigante personagem. Assim que o combatente se aproximou, a mulher deixou parte de seu rosto à mostra. William viu que este possuía bonitos contornos, e que algumas mechas de cabelo roxo lhe cobriam a testa.

– Vou direto ao assunto! - resmungou Guile impacientemente. - Quem é você, como sabe meu nome e o que quer de mim?

– Vejo que é um patriota devotado, William... - sorriu a mulher, fitando a tatuagem da bandeira dos EUA presente no braço direito do militar.

– Você não tem direito de afirmar coisa alguma sobre mim! Tire logo essa capa para acabarmos de vez com esta palhaçada!

– Americano arrogante! - gritou ela, deixando evidente sua origem italiana devido ao forte sotaque na voz. - Saiba que sou uma cigana! Nós temos o dom de interpretar o destino das pessoas e usar isso para ajudá-las! Ninguém conhece Bison melhor do que eu...

– O que você sabe sobre aquele crápula?

– A pergunta correta é: o que exatamente você deseja saber?

Aquela mulher possuía enorme astúcia, característica que Guile não demorou a perceber. Depois de alguns instantes escolhendo as palavras certas, o soldado indagou:

– Qual o seu envolvimento com Bison?

– Nós dois possuímos o mesmo poder. A diferença é que ele o corrompeu, usando-o para praticar ações malignas. Por esse motivo eu o combato e auxilio aqueles que também o fazem. Muitos pensam que ele é invencível, mas uma pessoa será capaz de derrotá-lo... E ela não será eu...

– Posso ao menos saber seu nome, cigana?

– Você o saberá, na hora certa... Agora, deixe-me ler sua mão!

Hesitante, Guile o permitiu. Tateando suavemente a palma direita do norte-americano, a italiana analisava a personalidade deste e os desafios que o aguardavam na árdua luta contra a terrível Shadow Law...

– É um homem determinado, William... Determinado e corajoso... Também conhece o verdadeiro valor de uma amizade... Sua autoconfiança é outra qualidade a destacar, entretanto, é preciso que você saiba controlá-la, ou ela acabará se tornando sua ruína...

– Faço tudo para cumprir meu dever...

– Pois bem. Vá! Volte a se unir àqueles que também querem acabar com Bison e sua abominável organização. Eu lhe desejo sorte e discernimento. Agora vá!

Guile voltou-se para os jipes, distanciando-se da cigana a passos lentos, enquanto as palavras dela circulavam em sua mente. Ao entrar novamente no veículo em que antes se encontrava, William olhou mais uma vez para a calçada com o intuito de fitar a mulher uma última vez, mas ela havia desaparecido sem deixar rastro.


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