Resident Evil: Experimento X

Capítulo 18 - Blanka Vs. Zangief


O russo e o monstro verde se encaravam como duas feras sedentas de sangue, olhares furiosos. Num grito, Zangief atacou com um soco fortíssimo, capaz de nocautear um exímio lutador instantaneamente, mas Blanka se esquivou rolando sobre o piso.

– Você me irrita, mutante maldito! - berrou o cabo.

Em meio à confusão, a pequena Jill correu para junto de seu pai. Logo em seguida, o combatente soviético rasgou sua camiseta com as mãos, deixando à mostra seu tórax musculoso. Com a intenção de provocar o adversário, Zangief cruzou os braços e começou a rir, dizendo:

– Não pode me vencer! Nem é mais humano!

Surtiu efeito. Blanka, rosnando, saltou sobre o oponente, pronto para fincar as garras de suas mãos no peito deste. Entretanto, o russo já aguardava tal reação e, rindo ainda mais alto, repeliu o brasileiro com um devastador chute em seu abdômen.

– Desista! - exclamou Zangief. - Sou tão forte quanto um tigre siberiano!

– Fale menos e lute mais! - murmurou Blanka, voltando ao embate.

A cobaia da Umbrella investiu desta vez com uma cabeçada no tórax do cabo, da qual este não pôde desviar. Para completar o ataque, Carlos agarrou os dois ombros do soldado, usando suas garras para feri-los. Zangief gemeu de dor, enquanto seu sangue pingava sobre o chão do restaurante.

– Isto não vai ficar assim! - ameaçou o colega de Nicholai.

– E não vai mesmo! - replicou Blanka. - Eu o derrubarei em poucos instantes!

– Ora, seu...

Ainda sangrando, o russo saltou, tentando atingir o tórax do oponente com os dois pés. Porém, o mutante se abaixou, e o golpe de Zangief acabou por derrubar um carrinho de metal repleto de talheres, entre eles uma afiada faca de cozinha, que foi apanhada pelo cabo.

– Vou arrancar sua pele e usá-la como casaco! - gritou o soviético.

Blanka correu na direção do adversário, disposto a provocar nele novos ferimentos com as garras. Todavia, num golpe rápido e indefensável, Zangief fincou a faca na coxa direita do brasileiro, fazendo-o cair imediatamente.

– Desgraçado! - berrou ele, sofrendo devido ao ferimento.

– É agora que a festa vai começar...

Cerrando os dentes, o russo ergueu Carlos pelos braços, virando-o de ponta-cabeça. Em seguida, flexionou ao máximo suas pernas para logo depois dar um salto sobre-humano. Todos aqueles que assistiam à luta viram, boquiabertos, quando Zangief girou Blanka no ar, trazendo-o consigo de volta ao solo e fazendo com que a cabeça do monstro verde se chocasse violentamente contra o piso.

– Eu sou o maior! - exclamou o cabo, erguendo os braços em pose triunfal, após a conclusão do destrutivo golpe.

Certo de que vencera o confronto, o russo virou-se de costas para Carlos, caminhando na direção de Nicholai e Ocelot. Por esse motivo, não percebeu que Blanka, apesar de todos os ferimentos em seu corpo, havia se levantado lentamente, avançando a passos rápidos até o lutador soviético.

– Atrás de você, imbecil! - alertou o capitão Zinoviev.

Tarde demais. O mutante agarrou Zangief pelo pescoço, liberando, através dele, uma potente descarga elétrica no corpo de seu inimigo. Debatendo-se freneticamente, o russo gritava de dor, tentando inutilmente se libertar. Alguns segundos depois, Blanka soltou seu oponente, que veio ao chão, totalmente nocauteado.

– Vê-lo em ação é uma piada! - disse Carlos por fim, arrancando a faca de sua perna.

Nesse instante, o monstro verde percebeu que estava sob a mira de um grupo de policiais, os quais haviam acabado de adentrar o hotel-cassino. Pensando rápido, Blanka começou a tentar encontrar uma maneira de se livrar daquela situação.

– Parado! - ordenou o líder dos homens da lei.

Porém, contrariando o oficial, a cobaia da Umbrella correu na direção de uma janela e, não sendo atingido por pouco pelos disparos dos policiais, saltou através dela, ganhando a rua, pela qual desapareceu num piscar de olhos.

– Droga! - praguejou Nicholai, vendo que a chance de obter uma amostra do sangue de Blanka lhe escapara por entre os dedos.

 

Mais alguém presenciara o confronto entre Blanka e Zangief. Tal indivíduo era o belo e traiçoeiro Vega, que acabara de deixar a sala de espetáculos após o término de seu show. Sem pensar duas vezes, o espanhol apanhou um rádio que carregava consigo, murmurando, enquanto tentava contatar um de seus parceiros na Shadow Law:

– O Bison simplesmente não vai acreditar nisso...

 

Naquele momento, Balrog, segurando um saco de gelo junto à cabeça, era transportado numa luxuosa limusine até o quartel-general da Shadow Law em Las Vegas. Resmungando devido aos ferimentos e à humilhante derrota perante Edmund Honda, o boxeador ouviu subitamente um “bip”. Sabendo que alguém lhe contatava via rádio, apanhou o aparelho, que se encontrava ao seu lado, sobre o banco, e atendeu ao chamado:

– Balrog na escuta!

– Aqui é o Vega! Tenho ótimas notícias!

– Do que se trata? O público finalmente percebeu que estava sendo drogado por um suposto ilusionista de quinta categoria?

– Errado, seu idiota. O mutante da Umbrella que escapou do complexo amazônico está aqui em Las Vegas!

– O quê? - espantou-se Balrog, saltando sobre o assento.

– Você ouviu muito bem, não se faça de bobo! O maldito monstro esverdeado está na cidade, acabou de escapar do Golden Nugget após deixar um brutamontes russo em estado de coma! A polícia está em peso pelas ruas, procurando-o!

– Precisamos informar o chefe!

– Eu farei isso, não se preocupe. Siga até o quartel-general e me informe sobre eventuais ordens por parte de Bison. Aquela aberração deve estar em nossas mãos antes que as autoridades a peguem!

– Entendido. Mantenha-me informado!

– Peço o mesmo. Desligo.

A limusine prosseguiu, sem que Balrog ou o motorista desconfiassem de que estavam sendo seguidos por dois jipes trazendo homens dispostos a tudo para colocar um fim definitivo na Shadow Law...

 

No Golden Nugget, as pessoas, mais calmas, perguntavam-se sobre o que realmente havia acontecido ali minutos antes. Ao mesmo tempo em que os funcionários do hotel-cassino calculavam os prejuízos, Dick Valentine abraçava fortemente sua filha, a qual ainda soluçava.

– Calma, filhinha... - dizia ele, consolando-a. - Já passou...

– Creio que, após tamanho contratempo, nosso jogo deva ser interrompido por tempo indeterminado! - afirmou o homem do tapa-olho. - E então, vai pagar o que me deve?

Num demorado suspiro, Dick soltou a filha, retirando vários maços de dólares de dentro da jaqueta. Ocelot apanhou as notas, olhando brevemente para Nicholai, que ajudava alguns enfermeiros a levarem Zangief até uma ambulância parada do lado de fora do hotel-cassino. Em seguida começou a contar o dinheiro, verificando se Valentine pagara corretamente a quantia em questão.

– Faltam quinhentos dólares! - informou o russo em tom frio.

– Querendo me enganar, Dick? - indagou o caolho num sorriso intimidador, levantando-se da mesa junto com alguns capangas armados.

– Não posso dar tudo que tenho! - justificou-se Valentine, voltando a abraçar Jill. - Retirei o necessário para que eu e minha filha paguemos a conta do hotel! Se não o fizermos, acabarei sendo preso!

– Jogo é jogo! Há vencedores e perdedores! Se não me pagar tudo, garanto que a conseqüência será muito pior que a prisão!

– Espere! - exclamou um homem desconhecido, aproximando-se deles junto com uma mulher e duas crianças. - Eu pagarei o que ele deve!

– Oh, vejo que ainda existem “bons samaritanos” hoje em dia! - riu o homem do tapa-olho, enquanto o recém-chegado lhe estendia cinco notas de cem dólares. - Acho isso uma grande burrice, mas de qualquer forma...

O caolho apanhou o dinheiro num gesto rápido e inexpressivo, deixando o local junto com seus capangas, entre eles Revolver Ocelot. Dick, cumprimentando seu salvador com um caloroso aperto de mão, disse-lhe:

– Obrigado, nem sei o que seria de mim e minha filha se não fosse por sua admirável generosidade! Como se chama?

– Matt Redfield! - respondeu o homem, sorrindo. - Esta é minha esposa Melissa e estes dois endiabrados são meus filhos Chris e Claire!

– Todos adoráveis... - murmurou Valentine. - Há algo que eu possa fazer por vocês?

– Por favor, não se incomode... - replicou Matt. - O importante é que o senhor possa pagar a conta do hotel! Não precisa se preocupar em retribuir!

Os adultos não perceberam, mas Chris e Jill trocavam um olhar fixo, repleto de admiração e agradecimento. Ambos se sentiam intensamente atraídos, tomados por essa vontade súbita que muitas vezes atinge os jovens. Pensaram em iniciar uma conversa, todavia, Matt e Melissa já seguiam até o elevador e Claire pediu que o irmão se apressasse.

– Tchau! - foi o que Chris disse, enquanto se afastava da filha de Dick.

A garota retribuiu com um aceno, e os dois estavam certos de que voltariam a se ver algum dia, mesmo se não lembrassem daquele breve e inusitado encontro ocorrido no Golden Nugget...


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