Resident Evil: Experimento X

Capítulo 14 - Wesker quebra a cara.


Os infinitos pinheiros que cobriam as montanhas Arklay, situadas a noroeste da pacata Raccoon City, podiam ser vistos através da janela do helicóptero. Acomodado num dos assentos da aeronave, Albert Wesker, após fitar a floresta californiana, começou a contemplar o céu daquele princípio de noite, imerso em seus pensamentos.

Lembrou-se de quando desembarcara no aeroporto de Los Angeles duas horas antes. Um funcionário da Umbrella lhe informara que Spencer queria vê-lo imediatamente nas instalações de Raccoon. Com certeza o fracasso da “Operação Ômega” já havia chegado aos ouvidos de seu superior e agora, mesmo não tendo sido o responsável por tal fiasco, Wesker provavelmente receberia sua recompensa...

– Vamos pousar! - informou o piloto.

As luzes do heliporto oculto entre as árvores surgiram logo à frente. Albert apanhou sua mala, enquanto o helicóptero se aproximava do chão. Próxima ao local de pouso estava a tão imponente e misteriosa Mansão Lord Spencer. Os céticos e despreocupados cidadãos de Raccoon nem ao menos suspeitavam da verdade sobre aquele lugar...

Wesker sorriu ao ouvir o som do motor da aeronave sendo desligado. Haviam chegado. Logo que pisou no heliporto ao deixar o transporte, o jovem de óculos escuros lembrou-se de quando estivera ali pela primeira vez, há oito anos, junto com seu amigo e parceiro de pesquisas, William Birkin. O tempo realmente passava rápido...

Quem veio recebê-lo foi Steve. Naquele momento Albert teve certeza de que ele era um legítimo bajulador. Talvez desejasse algum benefício do iminente novo chefe de pesquisas. Ele disse, ajeitando seu jaleco:

– Como foi na Amazônia, Wesker?

– Minha estada naquele complexo se resumiu em participar de uma caçada idiota a uma aberração esverdeada... - respondeu o recém-chegado com desdém. - Onde está Spencer?

– Ele o aguarda na mansão! Queira me seguir!

Aquele era um bom sinal. O superior de Albert dificilmente recebia algum de seus funcionários num local que não fosse o laboratório subterrâneo. Porém Wesker teria de batalhar contra a ansiedade por mais alguns minutos, já que o caminho para a residência, passando pelos túneis e os fundos da propriedade, era um pouco demorado. Além disso, precisaria encarar os olhares invejosos de seus colegas pelo trajeto. Entretanto, qualquer sacrifício pelo novo cargo valeria a pena...

 

Sentado numa das cadeiras junto à mesinha, Spencer tomava calmamente uma xícara de chá, olhando para seus troféus de caça pendurados nas paredes da sala, entre eles a imponente cabeça de um alce. Recordou-se de quando convidara a rainha da Inglaterra para conhecer a mansão, devido ao interesse dos militares britânicos, conterrâneos de Spencer, pelo trabalho da Umbrella. Fora uma pena a monarca ter recusado o convite, pois ela com certeza ficaria encantada com a incomparável beleza e classe da construção.

Nesse instante a porta do cômodo se abriu. Sem virar-se na direção da entrada, o chefe do complexo Arklay perguntou educadamente, apesar de não apreciar aquela interrupção:

– Sim?

– Senhor, Wesker está aqui! - disse Steve.

– Mande-o entrar!

Albert ganhou então a sala, ligeiramente trêmulo. Sem mais nem menos, viu-se totalmente sem jeito diante do superior. Após mais um gole de chá, Spencer exclamou:

– Sente-se!

– Obrigado, senhor.

Wesker acomodou-se numa daquelas cadeiras macias e confortáveis. Haviam pertencido a Napoleão, e com certeza valiam milhares, senão milhões de dólares. Aliás, praticamente tudo naquela mansão fora, no passado, propriedade de alguma ilustre figura histórica. O relógio na sala de jantar, por exemplo, pertencera a Franklin Roosevelt, presidente dos EUA na época da Segunda Guerra Mundial. Já a estátua de tigre presente numa salinha do primeiro andar da casa fizera parte da coleção particular de Dario I, rei da antiga Pérsia. Todavia, Spencer não pretendia tornar-se uma personalidade tão importante como as citadas colecionando artefatos que a elas pertenceram. Ele o faria revolucionando a guerra como a conhecemos através do T-Virus...

– Então Deller fracassou totalmente em sua empreitada, não? - perguntou o inglês depois de alguns instantes de silêncio.

– Sim, e agora o centro de pesquisas da Umbrella na Amazônia é apenas uma grande e vergonhosa cratera no meio da selva! - afirmou Wesker com satisfação.

– Eu sempre soube que Emanuel não daria conta de algo assim... Às vezes acho que ele perdeu a razão há muito tempo, mas aqueles imbecis da sede européia ainda não perceberam isso... E provavelmente nunca perceberão...

– E quanto ao que havia me prometido? - indagou Wesker vencendo seus temores, buscando aquilo que achava ser seu por direito, após oito anos de trabalho árduo.

– Albert, não quero decepcioná-lo, mas sei muito bem que o fracasso do plano de Deller não ocorreu por sua causa - disse Spencer usando o máximo de sua insuperável franqueza. - E mesmo se você tivesse sido o responsável, eu mudei de idéia. Birkin voltou e está trabalhando com o máximo de dedicação no laboratório. Como sabe, nossa pesquisa logo atingirá o terceiro estágio e precisamos de resultados satisfatórios o mais breve possível!

– Birkin voltou? - quis confirmar o rapaz, incrédulo e decepcionado.

– Exato. E quero que você se junte a ele!

Wesker suspirou. Fora mais uma vez feito de bobo por aquele maldito britânico. Quebrara a cara, porém ainda estava por vir o dia no qual daria o troco em Spencer e na Umbrella. A mais poderosa arma biológica já criada ainda seria dele, a qualquer preço...

 

Aeroporto de Las Vegas.

Blanka não agüentava mais ficar naquela mesma posição. Seu corpo doía. Despertara já há algumas horas, assim que o avião pousara, mas não deixara seu refúgio para não ser descoberto, pois o fluxo de pessoas no local era muito grande. Os dois soldados da Shadow Law que haviam viajado consigo no compartimento de carga sem percebê-lo deixaram a aeronave minutos antes, depois de descarregarem algumas caixas. Por sorte, aquelas atrás das quais o mutante se escondera foram deixadas no lugar onde estavam.

Após intensa vigília, Carlos percebeu que o número de vozes no lado de fora diminuíra significativamente. Talvez aquele fosse o momento certo para fugir. Blanka respirou fundo, preparando-se para correr. Em sua mente, contou até três...

Logo avançou em disparada pelo compartimento de carga, saindo pela porta deste após certificar-se que não seria visto. A alguns metros de distância, alguns terroristas conversavam distraidamente de costas para o avião. Se a cobaia da Umbrella não fizesse barulho, com certeza não o descobririam.

O ex-soldado olhou ao redor, buscando um novo meio de fuga. O pior era que nem ao menos sabia onde estava! Tenso, Blanka avistou seu possível transporte para fora daquele aeroporto: um furgão azul cujas portas traseiras se encontravam abertas. Caminhando silenciosamente, porém de forma ágil, Carlos se aproximou do veículo, perto do qual felizmente não havia ninguém.

Rapidamente o monstro verde se alojou na parte de trás do furgão, fechando as portas para que não fosse percebido. Apesar da escuridão dentro do novo compartimento, Blanka logo sentiu um cheiro familiar, levando-se em conta o fato de que seu olfato também fora aprimorado com sua mutação.

Tateando o que parecia ser uma caixa de papelão, o mutante logo apanhou uma melancia fresca, a qual começou a devorar sem demora, devido ao enorme vazio em seu estômago. Pouco depois alguém deu partida no veículo, ação que mal foi notada por Carlos, já que ele se deliciava com as frutas tropicais transportadas no veículo. Este partiu na direção da cidade, deixando para trás o aeroporto e inúmeros soldados da Shadow Law...

 

Um conversível alugado seguia pelas iluminadas ruas centrais de Las Vegas. Nele se encontravam dois russos, mais precisamente Nicholai e Zangief, incansáveis agentes soviéticos em busca dos segredos da Umbrella.

– Veja, camarada! - disse Zinoviev apontando para os ostentosos cassinos dos dois lados da via. - Estamos no maior centro da escória capitalista! A “Cidade do Jogo”, onde homens e mulheres abrem mão de suas vidas em nome da sorte, com o simples intuito de ganharem alguns dólares!

– Ora, não é tão ruim assim... - murmurou Zangief, sorrindo para algumas belas mulheres de biquíni que dançavam na entrada de um clube.

– Lembre-se: estamos aqui para encontrar Ocelot! Ele nos disse que temos chances de roubar a pesquisa da Umbrella de uma das filiais da empresa neste país, localizada em Raccoon City, Califórnia! Prometeu-nos fornecer plantas das instalações e o equipamento necessário para o sucesso da operação!

Nicholai estava realmente disposto a tudo para se apoderar dos experimentos genéticos realizados pela empresa farmacêutica do guarda-chuva vermelho e branco. Persistiria até o fim, sempre em nome do socialismo e da tão amada Mãe Rússia!


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