O Hóspede Maldito Medusa

Capítulo 10 - Complicações


O carpete luxuoso do escritório de Argand manchou-se de sangue. Com o seu próprio.

A pequena pistola preta voou de sua mão e com um estrondo seco atingiu a janela. As balas atingiram ainda sua maleta sobre a mesa, jogando-a junto com os inúmeros frascos ao chão.

Juliane deixara escapar um grito agudo de susto. Após um silêncio momentâneo, um grito de dor de Argand e em seguida o chamado de Carlos:

- Juliane!

O soldado atravessara a porta do escritório e disparara três tiros de sua HK, acertando a mão de Argand e jogando sua arma longe. Porém, antes que Carlos pudesse se aproximar da cientista, o outro homem já saltara sobre ela e a imobilizara.

- Afaste-se! – berrou ele.

- Mas o quê...? – indagou Carlos sem entender por que o homem a ameaçava com um frasco contendo um líquido vermelho rotulado.

- É o vírus, Carlos! Afaste-se! – gritou Juliane.

- Ah merda! Não estou entendendo mais nada! – exclamou Carlos – Izael, você devia estar morto! E o que está fazendo na sala de Argand? E ainda por cima com amostras do vírus?

- Idiota! – berrou Izael ao constatar vários dos frascos que carregava na maleta estilhaçados e seus conteúdos encharcando o carpete – Tem idéia do que acabou de fazer?

- Nenhuma. Mas sei bem o que vou fazer se não soltá-la!

- Ah, claro, e se por um acaso eu aplicar o vírus nela?

- Estouro seus miolos!

- E vai deixar a ruivinha que tanto gosta virar um daqueles demônios? É, por que você acabou de destruir os soros que eu carregava na maleta, seu ignorante!

-...

Carlos permaneceu em silêncio, trêmulo, apontando a arma para Izael. Pela primeira vez em muito tempo viu-se intimidado pelo inimigo, colocado em uma situação da qual não pudesse sair.

Izael bufava de raiva enquanto coçava as têmporas, inconformado com a situação e tentando achar uma saída. Por fim não viu outra escolha. Pressionou a agulha contra o pescoço de Juliane.

- Quer saber? Já está tudo ferrado mesmo... Que morram vocês dois! – e então fez a agulha transpassar a pele e ejetar seu conteúdo na circulação sanguínea da mulher.

Retirando a seringa empurrou a cientista, que gritava apavorada ao sentir a perfuração no pescoço.

- Não! Maldito! – o soldado veio imediatamente ao socorro, aparando-a.

Juliane chorava em desespero pressionando o pescoço. Carlos a tinha nos braços, mas parecia mais desesperado que ela. Estavam ambos sem reação, aterrorizados. E absolutamente vulneráveis.

Com relativa frieza Izael foi para trás de sua escrivaninha, buscar a arma que perdera. A mão ainda sangrava bastante, mas com tamanha tensão sequer sentia dor. Empunhou a pistola e apontou para o casal abraçado e às lágrimas.

Olhou-os por um momento. Não se comoveu. Sem hesitação apertou o gatilho.

Mas apenas apertou-o. Não chegou a pressioná-lo até o final. Antes disso um brilho ofuscante atravessou a sala e como um raio o acertou em cheio no peito. Seu corpo se projetou alguns metros para trás, atingiu a enorme janela de vidro e caiu semi consciente.

Xx

A visão estava embaçada e completamente turva. Os sons pareciam distantes e distorcidos. O equilíbrio afetado fazia seu corpo pender para um lado para o outro. Sentiu um pesado tapa no rosto. E rapidamente seus sentidos retornaram e a consciência despertou por completo.

- Argh... O que me atingiu? – resmungou Izael levantando-se com certa dificuldade.

À sua frente estavam Argol, Jill e Niklos, apontando a metralhadora que Carlos portava. Este último agora revirava os frascos de vidro quebrados e atirados ao chão, tentando em vão entender os códigos e siglas dos rótulos.

- Queremos respostas! – impôs Argol.

- Hmm... Tenho opção? – indagou sarcástico.

- Não. – ignorando os gracejos impróprios de Izael, Argol prosseguiu, veemente – Com o que contaminou Juli? Há um antídoto?

- Ah, como vocês me atrapalham a vida! É T-Medusa! Quanto tempo já se passou? Em quinze ou vinte minutos a ruivinha vai virar mais uma daquelas coisas medonhas que querem arrancar pedaços da gente!

Juliane estava sentada em um sofá, um pouco afastada, abraçada à Milena fuzilava Izael com os olhos inchados de choro.

- Não vão dar um tiro nela?

- Vou dar um tiro em você se não contar tudo! – berrou Niklos apontando a arma para a cabeça do homem.

- Vai em frente. Já ferraram com tudo! O brutamontes ali – se referiu a Carlos – destruiu minhas amostras! O soro que mata o T-Medusa era um daqueles frascos!

- Qual deles? – indagou Carlos – Restaram alguns inteiros...

- É um azul. Não estou vendo nenhum inteiro.

- Azul... Não sobrou nenhum azul! – exclamou Carlos – Tem dois verdes e um vermelho!

- O vermelho é o T-Medusa. Se não se importa em me devolver... Vou desenvolver mais soro a partir desta amostra do vírus quando sair desta cidade infernal!

- Ei! Pode fazer mais soro? – indagou Argol.

- Está de brincadeira! – respondeu Izael grosseiro – Se tivesse um laboratório de última geração, todos os reagente protéicos caríssimos, uma hiper-centrífuga e um espectômetro de massa... Sim, eu faria.

- E onde consegue fazer isso?

- Nos laboratórios da Umbrella. O mais próximo está em Amsterdan!

Seguiu-se um mórbido e rápido silêncio.

Em seguida um grito de fúria.

- Maldito! – Carlos pulou para cima de Izael, agarrando-lhe o pescoço e acertando-lhe um murro.

Imediatamente os outros vieram acudir. Por mais que os outros tentassem, somente Argol conseguiu segurar Carlos e afastá-lo de Izael.

- Me solte! – debatia-se Carlos.

- Acalme-se! – gritou Argol sacudindo o soldado enfurecido – Eu vou dar um jeito! Confie em mim!

Depois de alguma insistência Carlos acabou por se aquietar, porém afastou-se do grupo, indo para perto de Juli.

Izael sentou-se em uma das poltronas, limpando o sangue da boca com um lenço.

- Escute bem... – começou Argol – A esta altura não sei nem mais quem é você, ou se foi acidente ou não o contágio pelo vírus. Mas agora o que mais me importa é conseguir um antídoto! E você vai me dizer como...

- Já te falei, árabe! Não há antídoto! Os que haviam Carlos quebrou quando atirou em mim!

- E os frascos verdes?

- Ah... São emulsões de imunoglobulinas... Hã... – parou um instante para buscar palavras com as quais pudesse se explicar – São soros com anticorpos específicos que inutilizam o sítio de ativação do T-Medusa. Em suma, eles impedem que o vírus aja.

- E isso não pode ser usado como cura?

- Não. Apenas como retardante do efeito do vírus. Enquanto os anticorpos estiverem no organismo, o vírus não pode agir. Acontece que estas proteínas contêm alguns derivados de amônia, que o organismo humano identifica como tóxico e o decompõe. Ou seja, este soro possui um efeito limitado. Os anticorpos atuam no organismo por cerca de doze horas apenas. Depois disso o vírus volta a agir.

- Então há uma chance! – exclamou Jill – Podemos aplicar em Juli este retardante e teríamos doze horas para encontrar o soro!

- Gracinha, não ouviu o que eu disse? – respondeu Izael – Só posso manipular mais doses do soro em Amsterdan! Nunca chegaremos a tempo!

- Tem que haver outro meio! – exclamou Argol.

- E há! – gritou Milena, até então em silêncio.

Todos os olhares convergiram para a garota. Com passos firmes e uma expressão carregada, se aproximou de Izael. O homem a olhava com menosprezo, subestimando a capacidade da menina.

- Há? E qual é, pequena cientista?

- Não sei... Mas você sabe! – proferiu ela em tom acusador.

- Do que está falando, Milena? – perguntou Jill.

- Eu sei que ele sabe como conseguir o antídoto! Só que ele não quer contar!

- Ah... Então agora acha que estou escondendo o jogo, mocinha? Pois bem, digamos que eu tenha um antídoto, como vai me obrigar a mostrá-lo?

- Te dando um bom motivo para isso!

- Como é?

Rápida e precisa como uma bala, Milena agarrou a seringa de vidro vermelha sobre a escrivaninha. Ato contínuo, cravou a agulha com toda a força no pescoço de Izael e empurrou o êmbolo até onde conseguiu.

Tão logo percebeu a agressão, o homem saltou da poltrona, urrando de desespero. Retirou a agulha do pescoço e contemplou assombrado o frasco pela metade. Agora ele estava infectado, de novo. E desta vez não havia soro.

- Argh! Desgraçada! – berrou ele.

Com toda a força atirou o frasco de vidro sobre a menina que, por sua vez, em ato reflexo, protegeu o rosto com os braços. O frasco atingiu a pele nua da garota e a cortou. A seu sangue misturou-se a solução de T-Medusa.

Por um instante, Argol sentiu o sangue gelar e suas esperanças sumirem todas de uma vez. Abaixou a cabeça e suspirou pesaroso. A situação complicava-se cada vez mais.

E mais uma vez o cavaleiro se viu sem saber o que fazer.


Palavras do Autor: "Eis mais um capitulo! Gosto de complicar as coisas né? Mas não se preocupem, respostas virão... Espero que gostem! Se puderem deixar um recado no livro de visitas, ou um review, para eu saber oq estão achando da fic. Afinal, escrevo pra vocês! Abraços!" Pinguim.Aquariano

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