Last Land

Segundo Dia - Combates Equivocados

Capítulo 6 - Fui Eu


Xarigan desembainha sua espada de debaixo de seus panos requintados, enquanto Lantis já o esperava empunhando a sua lâmina.

Xarigan:

- Como cresceu, Lantis! Muito tempo já se passou. O que acha, castelão? Amadureceu o suficiente para enfrentar-me?

Lantis não fala. Age, avançando contra o chefe da aldeia.

É metal contra metal. O tinido do choque entre as duas lâminas se repete sem parar, pois a técnica de ambos é equivalente, e até o momento, a carne de nenhum dos dois é danificada.

Xarigan:

- Muito bem rapaz, vejo que cresceu e apareceu.

Ambos atacam-se e ferem um ao outro simultaneamente, assim como curvam-se pela dor das feridas.

Xarigan:

- Aprecio sua evolução mas não posso deixá-lo evoluir mais, castelão.

Xarigan abre uma das mãos na qual há quatro bolinhas e aproximando-as de sua arma, as esferas começam a flutuar rodeando a lâmina da espada, como um elétron a um núcleo de átomo.

Lantis olha de maneira espantada.

Xarigan:

- Não fala, mas sei que pensa o que isto deve ser. Eu chamo de órbita mortífera. Vamos à luta!

Os dois defrontam-se novamente. Xarigan ataca com sua arma incrementada, contudo Lantis usa sua espada para defender-se e aproveitando um descuido de Xarigan, chuta o peito do chefe da aldeia, que cai esborrachado no chão.

Lantis aproxima-se dele, porem vê nele um olhar irônico.

Lantis olha para sua espada e percebe que as esferas que circulavam a arma de Xarigan, agora circulam ao redor da sua, e rapidamente vão se movendo, passando pelo cabo e logo chegando a rodear o braço do castelão; neste momento as esferas tornam-se repletas de espinhos e fixam-se no braço e ombros de Lantis, ferindo-o.

O povo vibra com a vantagem de Xarigan.

koenma gagueja surpreso ao ver no monitor o chefe da aldeia:

- Xa-xa-xa...

Surge o diabóide vestido de mexicano:

- Legal, senhor koenma! Estava na hora do senhor se divertir um pouco. Vamos dançar o chá-chá-chá!

koenma:

- Tá maluco, diabo?! Eu não quero dançar isso!

O Diabóide agarra seu patrão e sugere:

- Então uma valsa.

koenma berra:

- Me larga Diabo!

Assustado, diabóide larga o baixinho, que cai de cabeça no chão, crescendo nela um galo tão grande, que levanta seu chapéu e ele reclama:

- Seu imbecil! A pancada me fez esquecer quem é Xarigan!

O azulão fica entristecido:

- Desculpe, senhor koenma, eu só queria te alegrar.

koenma esculacha:

- Nunca vai conseguir, você ainda existe!

Neste instante na aldeia, Seiya e Yusuke disparam como metralhadoras socos um no outro, mas nenhuma defesa é vazada.

Yusuke:

- Chega! Quero ver se você agüenta ess...

No momento em que soca o abdome de Seiya, ele também soca o seu, ambos recuam.

Seiya:

- Como você pode ser tão forte não sendo um cavaleiro?

Yusuke:

- E precisa saber andar de cavalo para ser forte? Eu acho que você não almoçou hoje. Está muito fracote.

Seiya:

- Você é muito convencido. Para te calar, lhe mostrarei a força de um cavaleiro de Atena.

Yusuke:

- Deixa de papo e vem pra mão!

Avança Urameshi agressivamente, porém não com prudência; dando oportunidade do cavaleiro desviar-se do seu soco e dar-lhe uma cotovelada nas costas, levando-o a perder o equilíbrio e lixar o solo com sua face.

Os habitantes da aldeia exaltam-se ao ver a vantagem de Seiya e começam a comemorar aos berros.

Yusuke vira-se para a torcida:

- Calem essas matracas, seus puxa-sacos! Ou eu baixo o cacete em todo mundo aí!

Intimidada a torcida tapa suas bocas com as mãos.

Seiya:

- É natural torcerem para quem vai vencer.

Yusuke:

- Uma ova! Beija o chão, panaca!

O Detetive Sobrenatural ainda no chão, estica seu corpo e chuta as canelas de Seiya, fazendo com que o cavaleiro caia para a frente, sobre o próprio Urameshi. Contudo, antes de cair, Yusuke começa a socar-lhe sem parar, como se fosse um saco de farinha.

Sem poder cair no chão, o corpo de Seiya sacode sob o efeito dos incontáveis socos desferidos pelo outro.

Yusuke, pondo a sola dos sapatos no tórax de Pégaso, estica as pernas com toda força, arremessando-o no ar. Porém mesmo depois desta seção de golpes, Seiya consegue pôr seus pés contra um tronco de árvore, flexiona as pernas e logo após estica-as, pondo desta vez a si próprio a cruzar o ar.

Seiya dispara:

- Meteoro de Pégaso!

Estando Yusuke ainda sentado ao solo, começa a ser atingido pelos golpes de Seiya, que o fazem rolar como uma bola de boliche, até entrar numa cabana.

Lá dentro uma mulher e uma criança gritam:

- Um castelão!

E cada uma empunhando uma vasilha de metal, começam a espancar Yusuke, formando uma "granja" em sua cabeça, até que Yusuke abaixa-se e uma panela atinge a outra, fazendo os agressores vibrar como os metais que se chocaram.

Kurama ataca Leiga com seu chicote de espinhos, o oponente usa seus aros para defender-se, acaba tendo um deles arrancado de sua mão.

Leiga:

- Meu aro!

Kurama com a arma de Leiga na mão a observa por alguns instantes e depois joga-a no chão, próximo ao Rei Karla, dizendo:

- Não quero que fique em desvantagem, pegue sua arma.

A argola está jogada sobre um tufo de capim baixo e Leiga desconfia em sua mente:

- Eu já percebi que você controla os vegetais.

Leiga quebra um galho seco de uma planta morta ao lado e com ele tira o aro de cima do capim e diz:

- Você não me engana, queridinho.

Kurama:

- Como agora, por exemplo?

Leiga assusta-se e vê o galho que segura criar ramificações, as quais encravam-se embaixo de suas unhas da mão que as segura.

Kurama:

- Esta é a trepadeira infernal. Os seus ramos são capazes de percorrer e se dividirem por cada uma de suas veias, as obstruindo e impedindo a circulação de sangue.

Leiga sente dor e medo. Sangue começa a escorrer de debaixo de suas unhas penetradas e reclama:

- Eu pensei que o truque estivesse no capim!

Kurama:

- Não se preocupe; esse sofrimento logo acabará quando os ramos chegarem ao seu coração.

Leiga:

- Isto não vai acontecer! - e com a outra mão pega seu Shakiti e grita - Ohn Karla Sowaka!

Leiga é envolvido por um forte somma e a planta de Kurama é incinerada por esta força.

Agora vestindo seu shakiti, Leiga diz:

- Sou Leiga, o Rei Karla! Não gostei do estado em que deixou minhas unhas, queridinho, deu muito trabalho para faze-las.

Avança e agarra Minamino pelo braço, dizendo:

- Vou te levar a um passeio no céu de Zefir.

O quadro reverte-se num instante e Kurama, que tinha a vitória nas mãos, agora está sendo carregado involuntariamente para as alturas pelo oponente.

Leiga:

- Espero que saiba voar. - e solta-o.

Para salvar-se Kurama lança seu chicote para cima e ele envolve o pescoço de Leiga, que vê-se em agonia.

Kurama adverte:

- Basta um puxão e eu o degolo!... Desça já!

Leiga não quer acordo e liberta-se usando seu aro para cortar o chicote, antes que algo grave acontecesse.

Kurama é entregue à sorte, seus cabelos ficam para cima pela velocidade da queda, vendo o chão aproximar-se mais e mais, e num movimento manual hábil, atira uma semente para baixo, a qual chega antes dele ao solo e em segundos se transforma numa gigantesca flor, cujo pistilo é grande e macio, e Kurama cai sobre ele, ficando a salvo.

Vendo o triunfo do oponente, o Rei Karla ainda no ar, invoca sua magia:

- Naumak Sanmandah Bodanan Makhakarla Sowaka! Tempestade de pena Karla!

Uma energia em forma de pássaro é disparada pelo guardião de Deva e vai até Kurama, que tenta fugir, mas acaba alvejado nas costas e derrubado.

Enquanto isso, no mesmo local.

Ikki:

- Detenha-se, garota! Não pretendo lutar com uma mulher.

Anne mantém-se repleta de coragem:

- Desista de atacar o castelo e eu paro.

Ikki:

- Está pedindo demais, não insista, ou eu vou esquecer que há uma moça em minha frente.

Anne:

- Eu não tenho medo!

Ikki:

- Ora, quem a pôs como guerreira?!

Anne:

- Foi nossa querida princesa Esmeralda, e em memória dela eu tenho a obrigação de defender o castelo de todos os inimigos.

Ao ouvir as palavras de Anne, Ikki enfurece-se:

- Eu vou destroçar todos vocês admiradores daquela maldita traidora!

O cosmo de Fênix torna-se uma massa de ódio e ele perde seu controle emocional, dando um violento tapa na moça, derrubando-a e partindo seus óculos ao meio.

Anne com seu rosto sangrando, pensa:

- Nunca vi alguém com tanto ódio no coração! Ele odeia tanto a princesa Esmeralda!...É ele! Só pode ser ele que matou Fério, porque sabia que Ferio era irmão da princesa.

Com seu coração tomado de mágoa, a guerreira de Windom levanta-se dizendo:

- Eu vou lutar com você até o fim!

Uma ventania de fúria começa a soprar, saída do corpo de Anne, remexendo os cabelos e as caudas de Fênix.

Ikki:

- Então possui poderes! Melhor, pois agora não preciso conter meus ataques.

Ela olha Fênix com ira, de seu olho escorre uma lágrima, a qual o vento carrega pelo ar até tocar o punho cerrado do cavaleiro.

Anne:

- V-você tirou a minha felicidade! Você tirou a minha razão de existir! Eu não vou perdoar nunca!

Anne ergue sua arma e ataca o cavaleiro com vários golpes, embalada em sua mágoa a garota deixa a cada golpe, uma gota fugir de seus olhos, enquanto exclama:

- Você não tinha o direito de fazer isso!

Ikki não compreende muito bem o que lhe diz, mas sua fúria o cega demais para que venha a ter vontade de esclarecer o que ocorre. E com agressividade agarra o pulso da moça, fazendo-a largar a espada.

Anne bate com o outro punho no braço de Fênix para que a solte, todavia a força física não é uma de suas vantagens. Então Fênix com um movimento bruto, arremessa Anne contra o tronco de uma árvore, fazendo-a gemer em dores.

Ikki:

- Escute garota! se preza tanto aquela maldita, reze para que ela a salve disto!- O seu corpo é então coberto por chamas - Ave Fênix! - ataca com sua magia, e fogo ardente é lançado contra a garota, e toda aquela área fica submersa em fogo.

Todos olham aquelas chamas, imaginando o final trágico de Anne.

As chamas se apagam aos poucos, e logo se vê a copa da árvore reduzida a garranchos negros.

Diminuindo mais sua intensidade, o fogo permite ver a guerreira intacta apesar daquele ataque, pois ela está dentro de uma cúpula de vento criada por sua magia.

Ikki:

- Como?!

Anne de imediato retribui com seu: - Tempestade Verde!

Ikki é forçosamente jogado ao alto pela ventania, caindo então sobre um grupo de Aldeões, que até tentam sair da frente mas não há tempo. E Fênix acaba ferido pelas pontas das lanças que eles empunham.

Os espadachins Lantis e Xarigan discutem mais do que lutam.

Xarigan:

- Diga-me, Lantis, ainda lhe foi passada a missão de punir-me pelo crime que vocês dizem que cometi?

Lantis:

- Sim, caso encontrasse você um dia.

Xarigan:

- Cada vez mais percebo que vocês do castelo não enxergam um palmo à frente de seus narizes!

Lantis:

- Eu o punirei em nome de Guru Clef! - levanta sua espada e raios caem do céu e são absorvidos pela lâmina e logo liberados quando Lantis ordena:

- Relâmpagos! Ataquem!

Xarigan é eletrocutado pelos raios, mas resiste bravamente, e com suas vestes fumaçando, retruca:

- Garoto insolente! Não sabe distinguir o benfeitor do malfeitor!

Lantis:

- O que quer dizer?

Xarigan:

- Descubra você! - e joga novamente as esferas espinhentas.

Porem Lantis as rebate com a espada e uma delas cai bem na frente de uma cabana, onde caíra Yusuke pouco antes.

Neste ínterim levanta-se Urameshi com irritação e arranca as vasilhas das mãos das mulheres:

- Dá isso aqui!

Corre então em direção a Seiya, o qual volta a atacar com meteoros de Pégaso. Porém Yusuke aproveita-se dos utensílios domésticos para ajudar em sua defesa até que as vasilhas se despedaçam pelos golpes de Pégaso, mas é o suficiente, pois Urameshi já lança-se sobre Seiya.

- Te peguei!

Os dois entrelaçam seus dedos um no do outro, numa medição de força, na qual não parece haver vantagem para nenhum.

Yusuke:

- É teu fim, seu imbecil!

Seiya:

- Não adianta, assim não chegaremos a nenhuma conclusão.

Yusuke larga as mãos de Seiya e coloca seu dedo indicador direito no nariz do oponente.

Seiya:

- O que vai fazer? Me dar um sermão?

Yusuke:

- Pode considerar assim... Rei-Gun!

Uma grande explosão há no local, um cogumelo de fumaça forma-se e todos param para ver aquela cena, contudo o mais impressionado parece ser Xarigan, que olha arregaladamente:

- Mas será possível? Outro!

Lantis chama-o ao combate:

- Não desvie sua atenção do duelo!

Xarigan incomodado fere Lantis com um veloz golpe, enquanto reclama:

- Deixe-me ver o que houve! Não atrapalhe!

Logo a fumaceira se desfaz e então pode-se ver Seiya caído e Yusuke tranqüilo, girando como um bambolê no dedo indicador a tiara de Pégaso. E zomba:

- Cantou de galo e virou canja. Quem vai ser o outro franguinho?

Seiya:

- Não há outro e não há franguinho! - diz o cavaleiro que retoma o combate, mas ainda não levanta-se direito pelo seu estado lamentável.

Yusuke:

- Qual é, mané?! Não quer colaborar? Tô de saco cheio de você!

Urameshi desfere chutes em Seiya, porem o cavaleiro desvia-se e o ato de chutar o ar faz o sapato do detetive sair de seu pé e voar por cima da aldeia.

No lado oposto da aldeia Kuwabara ignorando o que se passa, deitado no chão, com as mãos atrás da nuca, fala:

- Puxa, respirar aqui é bem melhor do que em Tóquio. Aqui o ar é bem mais puro.

O calçado cai no nariz de Kuwabara que o retira e reclama:

- Quem fez isso?! Já sei de quem é este sapato! Só pode ter sido o Urameshi. Você me paga! - toca-se, então - Urameshi! Ele está na aldeia! - levanta-se correndo.

No outro lado as lutas equivocadas continuam, com Yusuke e Seiya já bem acabados. Quando chega Kuwabara:

- Urameshi!

Seiya:

- Vocês se conhecem?!

Yusuke:

- Cala a boca! - e exclama - Kuwabara! Você aqui!?

Kuwabara:

- O que tá fazendo Yusuke? Pára de lutar!

Yusuke:

- Que estória é essa, Kuwabara? Está doido?

Kuwabara:

- Pára com isso, ele é meu amigo!

Yusuke fica furioso e corre em direção a Seiya que se posiciona. Porem Yusuke salta por cima dele e chega até Kuwabara berrando:

- Como você é burro! Kuwabaraaaaaa!

Derruba Kazuma no chão, sobe em cima e começa a soca-lo sem parar, xingando-o:

- Seu imbecil! Eles devem ter te seqüestrado e você nem percebeu ainda! Sua mula! Besta que nem tu não existe!

Kuwabara vai ficando com a cara cada vez mais inchada.

Seiya fica confuso com a cena, quando vê um papel jogado ao chão, logo pegando-o e abrindo-o, vendo nele desenhado as quatro figuras e comenta:

- Parece comigo e Ikki, e esses outros dois são os... Cavaleiros Dourados!

Grita Seiya com veemência:

- Parem de lutar! Isso tudo é um engano!

Kurama:

- O que?!

Leiga:

- Tem certeza, queridinho?

Diz Seiya a Yusuke:

- Qual a missão de vocês?

Yusuke:

- Destruir os assassinos desenhados no papel.

Seiya:

- Os verdadeiros assassinos são os outros dois. Chamam-se Afrodite e Máscara da Morte, nós os conhecemos.

Yusuke diz a Kuwabara, que está todo inchado:

- Foi mal, Kuwabara! Você sabe que sou seu amigo.

Leiga comenta:

- Imagina se não fosse.

Xarigan:

- Não vieram destruir nosso povo?

Kurama:

- Lógico que não. Este engano só nos fez gastar tempo e energia à toa.

Yusuke:

- Eu até achei um aquecimento legal!

Seiya observa Ikki e Anne lutando:

- Eles dois não pararam!

Os homens da aldeia sentem-se culpados ao verem Ikki com feridas consideráveis:

- Como sente-se, senhor Fênix?

- Nós traremos ervas curativas, venha comigo.

Ikki irritado por estar cercado de todos aqueles aldeões, grita:

- Afastem-se! Fênix é imortal! - Ikki aumenta seu cosmo de forma a faze-lo empurrar os homens à sua volta e com os olhos apertados de ira, olha para Anne com a intenção no mínimo de trucida-la. O cavaleiro dirige os passos novamente em sua direção.

Seiya chama o amigo:

- Ikki, pare de lutar! É tudo um engano!

Mas Fênix faz que não ouve.

Anne abre uma das mãos e uma corrente de ar é incessantemente disparada por sua palma.

O cavaleiro não tem dificuldade em ir contra esse vento, se aproximando rapidamente da guerreira.

Contudo aquele vento na verdade não tinha a intenção de ir contra Fênix e sim de ir até a espada de Anne, ainda jogado ao solo. E com um movimento curvilíneo, aquela corrente de ar faz a arma movimentar-se até que ela vem voando de volta à guerreira.

A espada vem bem na direção das costas de Ikki, que continua olhando para a garota, fixamente.

Porem o cavaleiro descobriu o ataque surpresa, e salta, deixando a espada passar. Desce então do salto, atingindo um ombro de Anne com os pés.

Ikki a vê em dores:

- Seja forte! Está apenas colhendo o fruto de sua imprudência! Agora tem que suportar a fúria de Fênix!

O cavaleiro furioso aproxima-se, aperta seu punho e desfecha um estrondoso soco, amassando o rosto. Porem não o de Anne, e sim de Seiya, que meteu-se no meio do combate. E mesmo com a face esmagada pela mão de Ikki, ele diz ao amigo:

- Ikki, o que está fazendo? Já falei que esta luta é um engano!

Ikki:

- Não se meta, Seiya!

Anne:

- Eu não quero que me defendam! Eu tenho... - chora de novo - ...que vingar a morte do meu amado Ferio!

Ikki:

- De quem fala, garota? Não conheço esse tal Ferio.

Anne:

- Ahn?! Não conhece?! Então não foi você que o matou?!

Seiya:

- É isto que estou tentando dizer. Máscara da Morte e Afrodite também estão em Zefir, e provavelmente eles são os culpados.

Ikki:

- Aqueles dois ressuscitaram?!

Seiya:

- Por isso todos nós temos que nos juntar e ficar preparados a um possível encontro com eles.

Ikki:

- Alie-se você. Não conte comigo para isso.

O cavaleiro de Fênix sem querer conversa anda em direção a mata fechada.

Leiga:

- Volte aqui, cavaleiro, não me diga que levou esse engano para o lado pessoal!?

Seiya fala, enquanto vê Ikki sumir na selva:

- Não adianta Leiga, eu o conheço e sei que ele não vai tirar essa estória da Esmeralda da cabeça tão cedo.

 

Na biblioteca do mundo espiritual, onde há estantes enormes, lotadas de livros, com todo o conhecimento do Reikai, koenma em cima de uma escada procura um auxílio para lembrar-se de Xarigan e passando o dedo sobre as lombadas dos livros, vai lendo:

- Xintoísmo, Xícara, X-Men, X-1999, X-Files, Xarigan.

koenma retira este último livro da estante o qual está com todas as páginas rasgadas e exclama:

- Ai! Eu não acredito!

Diabóide diz do pé da escada:

- Opa! Me dei mal!

koenma:

- Diabo! Por que este livro está todo rasgado?

Diabóide:

- Puxa! Entre tantos livros não imaginei que fosse exatamente este!

koenma:

- Do que está falando?

Diabóide:

- Ah, é que eu costumo pegar alguma coisa para ler quando eu vou no banheiro, então peguei este livro. Só que eu me distraí e quando percebi estava lendo o papel higiênico e o livro eu...

koenma:

- Chega! Nunca vi alguém tão incompetente! Por que não vai tricotar sapatinhos para os hexagêmeos do monstro centopéia?!

Diabóide:

- Tá bom, senhor koenma. - e sai do recinto.

koenma comenta:

- O que eu gosto nele é que ele faz qualquer idiotice que eu mando.

 

Reunidos, os grupos de Urameshi e Seiya conversam sobre seus procedimentos futuros.

Anne:

- A deusa Hakeshi do Mundo Celestial tem a capacidade de convocar as pessoas, assim como a princesa Esmeralda?!

Kuwabara:

- Muito bem, então o que estão esperando? Vamos o mais rápido possível encontrar esta Hakeshi, eu tenho que voltar antes do show de rock. Olha, estou até com as entradas da minha turma aqui. - diz, sacudindo uns cartões.

Yusuke toma-os e os rasga em picadinho.

Kuwabara dá uma "gravata" em Urameshi e protesta:

- Você tá louco! Por que fez isso?

Yusuke:

- Esquenta não, Kuwabara. Você não ia usar mesmo; o Kurama fez o favor de nos comprometer a ficar nesta roça até tudo ser esclarecido.

Seiya:

- E eu ainda tenho que esperar a volta de Ikki mesmo.

Xarigan:

- Nego esse pedido. Devem partir imediatamente, meus soldados lhes guiarão até o barco da aldeia.

Leiga:

- Que mudança de opinião tão repentina, Xarigan! Não queria tanto que ficássemos?

Seiya:

- E quanto a Ikki?

Xarigan:

- Não se preocupem, quando ele aparecer, mando-lhe aguardar a volta de vocês aqui. Vão ao Mundo Celestial e depois venham buscar o restante de quem tem que ser transmigrado.

Um dos aldeões diz:

- Vamos agora, sigam- nos.

Lantis que menos simpatiza com o chefe da aldeia, fala:

- Concordo, perdemos já muito tempo neste local.

Os heróis caminham então junto com os seus guias para o veículo aquático que está a certa distância na floresta.

Xarigan está próximo a uma cabana, assiste os outros sumirem entre a mata ao longe, ele está tranqüilo recostado a parede de madeira quando uma voz lhe pergunta de dentro do casebre:

- Já foram?

Xarigan:

- Foram neste instante. - Ótimo. - lhe responde Ikki, recostado junto à parede dentro da cabana, com seus braços cruzados e olhos fechados.

 

No Castelo de Cristal, Caldina e Rafaga estão no salão de entrada, em vigilância do portão principal.

Rafaga comenta, meio entediado:

- Parece que vamos ter que passar o dia todo aqui, sozinhos.

Caldina com seu jeitão assanhado, joga-se nos braços de Rafaga, dizendo:

- O dia não poderia ser melhor, não acha?

Rafaga é pego de surpresa:

- Ãhn? Ah, sim!

Caldina:

- Então beije-me, meu grandalhão.

Rafaga:

- Claro, meu amor.

Os olhos de ambos fecham-se delicadamente, bem como suas mãos se tocam, suas faces aproximam-se lentamente e seus lábios posicionam-se para tocarem-se, quando um estrondo os interrompe.

Caldina:

- Que é isso?!

Rafaga:

- Alguém está forçando o portão.

O som foi de Hyoga e Tagnov que jogam-se com o ombro contra o portão, para que ele ceda.

Rafaga usa seus fortes braços para segurar a porta, e diz:

- Eles são muito fortes, mas talvez eu os impeça de entrar.

As violentas investidas continuam, porem Tagnov comenta:

- O portão é muito resistente! E alguém o está segurando do outro lado!

Hyoga:

- Mas nós conseguiremos! - diz Cisne, que junta suas duas mãos, aponta para baixo e grita -Pó de diamante!

Um ar frio é lançado ao chão e passa pela fresta abaixo da porta, chegando do outro lado e congelando Rafaga dos pés até os joelhos.

Rafaga:

- O que?! - vê-se em apuros, pois não pode mover suas pernas grudadas no chão.

Hyoga:

- Agora vamos!

Tagnov e Hyoga com uma ombrada violentíssima simultânea, arrombam o portão, fazendo-o esbarrar em Rafaga com extrema força, que, apesar de ser solto do gelo, foi atingido de tal forma a faze-lo desmaiar.

Caldina assusta-se:

- Rafaga!

O cavaleiro e o homem-lobo invadem o salão, sendo que Caldina não se acovarda e abrindo seu leque mágico, põe-se no caminho dos invasores.

Hyoga:

- Uma mulher!

Tagnov:

- Não se engane! Lembre-se do que eu disse, Hyoga!

Caldina:

- Lamento, amores, mas daqui vocês não passam.

Ela então começa a dançar na frente deles e estrelinhas saem de seus brincos, com seus movimentos.

Hyoga sente suas pernas tremerem:

- E-estou me sentindo estranho... um sono irresistível... - seus olhos começam a fechar.

Caldina:

- Calminha, meninos! Eu vou faze-los dormir por um século!

Tagnov:

- É magia dela! - e ele abre sua mão liberando da palma vários raios negros, que ao atingirem Caldina a deixam inconsciente, pelo forte impacto.

Tagnov vira-se e ajuda a Cisne:

- Está bem?

Hyoga:

- Agora estou melhor, mas para onde iremos agora?

Tagnov discretamente usa seu faro aguçado e pensa, olhando para um dos corredores do castelo:

- Sinto em minhas narinas o mesmo cheiro que senti no local onde mataram meu neto Inov. Eu te achei Guerreira Mágica de Rayearth! - ordena então a Hyoga - Você vai pelo outro corredor; por este vou eu e lembre-se, por mais pacífica que seja a aparência deles, não tenha piedade, pois eles não terão de você.

Hyoga:

- Confie em mim.

Os dois separam-se correndo um por cada corredor.

Em seu salão Clef percebe:

- Há invasores no castelo!

Marine:

- O que?!

Askot:

- Ai, essa não! Preciso ir ajudar Caldina!

Corre Askot, para a saída, quando cai sentado, pois esbarrou no tórax protegido pela armadura de Cisne, pois Hyoga já invadira o recinto naquele instante e olha a todos no salão nada simpático.

Enquanto isso, Lucy está só em seu quarto fechado, refazendo sua única e ruiva trança. Quando ouve:

- Senhorita Lucy!

Lucy fica surpresa:

- Quem é?

Tagnov:

- Sou do povoado; estou de visita aqui e gostaria de conhecer a famosa guerreira de Rayearth.

Lucy inocentemente, fala com empolgação:

- Que bom! O pessoal do povoado é tão legal!

Abre a porta, e diz assustada com a aparência do homem:

- Mas... você parece com o ...

Tagnov:

- Inov, não é? Ele era meu único neto e você o matou!

Lucy:

- O que quer aqui?

Tagnov:

- Que pergunta tola! Achei que você fosse mais inteligente. - diz batendo a porta atrás de si e com um murro arranca a maçaneta da porta, a qual é arrebentada, deixando os dois a sós no quarto. E fala ainda - Guerreira Mágica, eu vou transformá-la num galho sem ramificações de sua árvore genealógica, assim como fez a Inov, que morreu sem descendentes, deixando nossa família a uma futura extinção.

Lucy tenta conversar:

- Eu tive que destruí-lo porque ele seguia Zagard, eu não sabia que a Princesa era a causa de todo o mau! Não fiz por crueldade!

Tagnov:

- Como um cão ele obedecia a seu dono, mas eu só obedeço aos instintos de sobrevivência da minha espécie, esta a qual você condenou! E eu neste momento condeno a sua sobrevivência!

Lucy:

- Fala isso tudo, mas você é igualzinho a ele.

Tagnov:

- Não, ele era igual a mim. Agora, adeus Guerreira Mágica!

Da mão do homem-lobo lançam-se raios negros novamente, mas Lucy foge pelo quarto, enquanto invoca sua espada.

 

Um imenso pano branco estufa-se pela ação do vento. É a vela do barco da aldeia, o qual Yusuke, Kuwabara, Anne, Kurama, Seiya e Lantis pegam emprestado para atravessar o mar.

Uma corda é desamarrada de um toco de árvore por um dos aldeões de Xarigan, liberando o barco para o imenso azul do mar.

Outro aldeão acena:

- Boa sorte, assim lhes deseja o nosso chefe.

Reclinado a beira do barco, Kuwabara indaga a Leiga:

- Ei, Leiga! Sobe aqui! Ainda tem muito espaço!

Leiga está sobre seu shakiti, que lhe serve de barco e responde:

- Não, queridinho, com o shakiti chegarei na frente. E você tome cuidado para não enjoar no barco.

Kuwabara irrita-se:

- Você tá pensando que eu sou molenga, é?

Yusuke comenta:

- Molenga é esta banheira de pau. Vamos levar um século para chegar nesse tal Mundo Celestial.

Anne:

- Eu vou aumentar a velocidade. - aponta suas mãos para a vela e libera uma ventania forte, dando grande velocidade ao veículo.

Seiya admirado, fala à Kurama:

- Ela é impressionante, pena que aqueles malditos mataram seu amado, mas nós faremos justiça por... qual é o nome dela? Desculpe, nem todos nós fomos apresentados.

Kurama:

- Chama-se Anne.

Seiya sente um choque em seu coração e um calafrio percorre seu corpo por cada veia, dando uma sinistra sensação gelada. Um sentimento de culpa invade sua mente como uma ventania muito mais forte que a da Guerreira Mágica, bem como em seus olhos a lembrança da cena de Fério morrendo em seus braços se repete milhares de vezes em apenas poucos segundos. O cavaleiro chega por um instante a perder o equilíbrio, tendo que se apoiar com o arco de ouro como se fosse uma bengala.

Kurama fica preocupado:

- O que foi, Seiya?

Seiya responde, meio confuso:

- Na-nada, só estou meio tonto... só isso. - retira-se para o canto do barco e com as mãos apertando a amurada fortemente, lamenta -Ela é Anne! Não pode ser isso! Não foram Afrodite e Máscara da Morte que mataram Fério! Fui eu! Eu manchei minhas mãos com sangue inocente! Isso nunca aconteceu antes! Eu o matei por engano! Droga! Eu sou o causador do sofrimento dela! Fui eu!


Capítulo 7

Capítulo 5

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