Passa-se a noite em Zefir. Os pássaros cantam com o vigor de um sono renovador. Todos os seres parecem bem dispostos, mas não no mundo espiritual, onde Koema dorme na sua poltrona com os pés em cima da mesa e o chapéu tampando a cara. Quando seu escravo azul entra no seu escritório com a bandeja do café da manhã de seu patrão.
Diabóide:
- Senhor Koema, trouxe seu café da manhã.
Koema acorda meio sonolento, bocejando:
- Uaaar! Que horas são, diabo?
Diabóide:
- Dez horas.
Koema:
- Tá maluco, diabo! Que idéia é essa de me acordar às dez da noite?!
Diabóide:
- Mas são dez da manhã, senhor Koema.
Koema irrita-se mais:
- Mas hein?! Como é que você me deixa dormir até uma hora dessas, diabo? Eu não o mandei pôr o despertador?
Diabóide:
- Eu pus, senhor Koema.
Koema olha ao seu lado e vê o despertador, porém todo amassado, com uma marreta em cima.
Koema:
- Não mude de assunto, diabo! Liga o monitor! Não quero ter perdido nenhum passo do Yusuke!
No castelo, Kurama e Urameshi preparam-se para sair ao cumprimento da missão dada por Koema.
Yusuke:
- Vambora Kurama; tem quatro fuças pra gente amassar e eu tô doido pra fazer isso. - vira-se para o pessoal do castelo - Valeu galera! Depois nós tamos aí outra vez.
Marine fala desanimada:
- Eu mereço!
Yusuke:
- Só não te respondo como devia porque quero economizar saliva para xingar os caras do desenho que a Botan entregou.
Askot:
- Ei, a Botan é tão bonita, será que ela volta?
Kurama:
- Não se preocupe; você vai vê-la de novo.
Askot:
- Mesmo? E quando?
Kurama:
- Você vai descobrir.
Marine:
- O que, Askot? Eu fiquei com ciúmes.
Askot:
- Hã? Não... quer dizer... ela é só um pouco bonita.
Marine alegre:
- Não esquenta, Askot, eu estava brincando.
Askot entristece-se com a afirmação.
Lucy:
- Tomem cuidado. Zefir tem muitos monstros.
Kurama:
- Pode deixar, sabemos nos virar.
Anne calada até o momento, corre até eles e diz:
- Esperem, quero ir com vocês!
Marine e Lucy:
- O que?!
Anne:
- Num lugar como a floresta de Zefir é preciso que alguém que conheça o lugar os guie para que não se percam.
Lantis:
- Não há necessidade de você ir; eu vou.
Anne:
- Não; deixem-me ir também.
Clef:
- Anne, precisamos de vocês três aqui.
Priscila:
- Na verdade, quer descobrir quem matou Ferio, não é Anne?
Anne abaixa a cabeça e novas lágrimas escorrem em seu rosto - mas ela retoma a coragem e fala, quase implorando:
- Guru Clef, deixe-me ir, por favor!
Clef suspira e responde:
- Não posso impedi-la se sua vontade é esta.
Lucy:
- Anne, não nos abandone.
Anne:
- Amigas, eu nunca as abandonarei. Eu voltarei logo e ficaremos juntas, novamente.
Marine:
- Por mais que não queiramos que vá, só você sabe o que Ferio significava pra você. Então faça uma promessa para a gente: Volte logo... e bem!
As três se abraçam.
Yusuke:
- O papo tá beleza pra uma novela, mas vambora que eu quero resolver logo essa parada.
Marine:
- Ir com o Kurama tudo bem, mas esse Yusuke não é de confiança.
Yusuke:
- Qual é?! Tá comigo, tá com Deus, valeu?! Como é que acha que consegui estes músculos? Folheando revistas pornôs?
Marine:
- Não! Deve ser anabolizante!
Anne aparta a briga:
- Por favor, parem! Vamos partir agora; então eu gostaria de ver todo mundo de bem, porque as pessoas que amamos podem sumir de repente e os amigos que ficam, são os que nos consolam.
Kurama:
- Acho que podemos ir, agora.
Os três vão saindo, mas o teimoso Urameshi vira-se e faz uma careta.
Marine fica irada:
- Esse garoto grosso! Tomara que... - abranda a voz - ... fique bem.
Priscila:
- Nunca pensei que algo afastasse Anne de suas companheiras nem por um instante.
Clef:
- Este é o amor, o mesmo sentimento que quase levou nossa Princesa Esmeralda a destruir Zefir. Ele é capaz de fazer coisas surpreendentes.
Rafaga:
- Ainda bem que não sofro disso.
Caldina:
- Como é que é?!
Rafaga:
- Estou brincando!
Na aldeia de Xarigan, Kuwabara mata o tempo socando o ar como treinamento, quando então vê uma porção de crianças da aldeia vindo correndo em sua direção, gritando coisas como:
- Tio! Nos ensina a ser fortes que nem o senhor!
- É ! Pra gente nunca perder pra ninguém!
Kuwabara sente-se o máximo e todo convencido, fala:
- Claro que sim! Kazuma Kuwabara vai lhes ensinar como ficar forte e esperto como eu.
As crianças correm afobadamente, só que passam direto por Kuwabara (que quebra a cara) e amontoam-se em volta de Ikki, que nem sabe o que fazer.
Kuwabara fica aborrecido:
- Esse pessoal não sabe reconhecer um lutador de verdade.
Porém Kazuma percebe que uma das crianças ficou junto a ele e pergunta:
- Ei garoto! Você fez boa escolha. Quer aprender a ser um guerreiro invencível como eu, não é?
Menino:
- Não, eu quero é aprender a falar besteiras e fazer caretas engraçadas que nem o senhor faz.
Leiga, Seiya e Xarigan observam as crianças junto ao cavaleiro de fênix, fato do qual Leiga faz um comentário:
- Parece que Ikki está popular para as crianças.
Seiya:
- Ele gosta de crianças, mas esta obsessão de que a Esmeralda daqui possa ser a sua, pode trazer problemas a ele mesmo. E nós vivemos pra proteger a deus Atena lá na Terra, por isso temos que voltar o quanto antes. Estou desconfiando de que alguém nos tirou de lá para atacar o santuário! E isso não pode acontecer! - diz um tanto nervoso.
Leiga:
- Não adianta ter pressa, queridinho. A minha deusa Hakeshi poderia lhes transmigrar de volta à Terra, mas no meu shakiti só há espaço para mais um e temos que atravessar o mar para chegar ao Mundo Celestial.
Seiya:
- Se pelo menos vocês da aldeia tivessem um barco... não é possível que, morando aqui estejam tão despreparados.
Xarigan:
- Despreparados?! Para ser sincero temos sim um barco para nossa utilização.
Seiya:
- Por que não me falou antes? Empreste-nos!
Xarigan:
- Recuso-me a mostrar onde ele está.
Seiya:
- Já entendi. Vocês querem nos manter o maior tempo possível aqui, não é? Entendo sua atitude em prol do seu povo, mas devo voltar à Terra com urgência para proteger a deusa Atena. Não pode ser tão egoísta assim.
Xarigan:
- Egoísta, eu?! Eu estou pedindo proteção para essas dezenas de pessoas e você está preocupado com apenas uma mulher que se diz uma deusa! Aliás, por causa de uma deusa negligente é que ficamos nessa situação!
Seiya:
- Mas o destino da Terra é incerto se algo acontecer com ela.
Xarigan:
- Incerto também é o que acontecerá com todas essas pessoas que aqui estão.
Seiya olha ao redor e observa as pessoas vivendo suas vidas tranqüilamente na aldeia. Tão pacífico que até seu amigo Ikki, que é uma pessoa amargurada, carrega crianças nos ombros, enquanto outras agarram-se às caudas da armadura de Fênix; Kuwabara, por sua vez, diverte algumas crianças fazendo caretas.
Leiga vê a dúvida de Seiya:
- Essa é uma questão que só você e Ikki podem decidir, queridinho.
Na floresta, Hiei e Hyoga continuam sendo enganados por Tagnov, que os guia com o intuito de satisfazer sua vingança pessoal.
Os três sobem por um barranco no qual Hyoga foi o último a subir, provocando o comentário de Hiei:
- Se quiser ter agilidade, livre-se desta armadura.
Hyoga:
- Ela não é uma armadura comum; ela é sagrada e representa a constelação de Cisne, de onde provém minha energia que chama-se cosmo.
Hiei:
- Esse a quem procura era um idiota ou não soube usá-la direito; foi capturado tão facilmente.
Hyoga:
- Não seja tão arrogante! Se visse a criatura que vimos, veria que não bastava ele vestir a armadura de Dragão para vencer!
Hiei espanta-se:
- Dragão?!
Hyoga:
- Sim, e nem meu poder, Pó de Diamante e o Cólera do Dragão de Shiryu, detiveram o lobo.
Hiei arregala os olhos com o que ouviu e num saque profissional, o demônio saca sua espada e encosta a ponta afiada no pomo de adão de Hyoga.
Hiei:
- Devia ter se calado! Já descobri tudo, seu maldito!
Tagnov:
- O que está fazendo, Hiei?
Hyoga:
- Por que está me ameaçando?
Hiei:
- Não finja! Eu odeio cinismo! Mas eu tenho algo pra dizer sobre seu amigo.
Hyoga:
- Sobre Shiryu?
Hiei:
- Ele escapou do lobo, mas de mim, não! Eu lhe dei o que merecia! A morte!
Hyoga fica estupefato:
- O que?! Você o matou?!
Repentinamente o cosmo de Cisne começa a aflorar de todos os seus poros, congelando a lâmina da espada de Hiei, que ainda a mantinha no pescoço do cavaleiro.
Hiei vê sua arma congelada, afasta-se com um salto para trás e bate com ela num só golpe num tronco de árvore, despedaçando o gelo que a envolvia.
Os dois posicionam-se para uma luta.
Tagnov pensa:
- Mas o que se passa na cabeça desses dois?
Hiei avança com sua espada e tenta retalhar Hyoga de todas as formas, porem o cavaleiro esquiva seu corpo velozmente.
O demônio é incansável, os desvios de Cisne resultam muitas vezes na derrubada de árvores, cujos troncos são cortados pela lâmina errante de Hiei.
Contudo a perícia do demônio é muito grande e enfim consegue dar um talho no abdômem de Hyoga. O que provoca uma ação impulsiva do cavaleiro que atinge o rosto de Hiei com um chute, arremessando-o longe; porém com cambalhotas ele evita o impacto contra o solo, e logo está de pé.
Hyoga:
- Espero que goste da paisagem, pois você fará parte dela para o resto da vida, como estátua de gelo!
Hyoga começa a fazer movimentos com os braços, de modo que lembra a um cisne batendo suas asas.
- Umpf! Quer me intimidar com isso? - resmunga o oponente.
O cavaleiro soca para o alto e de suas mãos saem raios congelantes que alcançam determinada altura e transformam-se em flocos de neve, os quais começam a cair sobre o local.
Tagnov pensa:
- Incrível! Ele está congelando tudo ao redor!
Hyoga ataca:
- Pó de diamante! - dispara uma energia congelante em Hiei, que apesar de surpreso com o ataque, desvia-se saltando para cima de um galho de árvore, tendo esta mesma árvore recebido a magia e tido seu tronco congelando.
Hiei joga sua espada em outra árvore junto ao cavaleiro, cortando um grosso galho, que desencadeia o desabamento da metade da copa do vegetal sobre Cisne, deixando-o preso entre os galhos.
Hiei salta de onde estava e pára de pé sobre os galhos que prendem Hyoga, que tem apenas a cabeça livre, e passa a lhe desferir socos no rosto sem parar, como se treinasse num saco de pugilismo.
O cavaleiro tem seu rosto virado de um lado para o outro pela força dos golpes de Hiei.
Tagnov fala para si:
- Hiei deverá vencer.
Até que em um momento, o corpo de Hyoga amolece, seus olhos fecham, e sua cabeça pende à frente e este só mantém-se de pé pela força dos galhos que o prendem.
Hiei:
- Fácil demais, já está derrotado.
Olha então para cima, vendo sua espada cravada no toco restante do galho que havia cortado. Ele pula, pega-a e desce num só salto, preparando um golpe de misericórdia para o cavaleiro.
Porém do contrário que Hiei esperava, Hyoga recobrou a consciência e já havia libertado seus braços.
Hyoga:
- Não aumente o que seus olhos vêem, a luta está começando agora. - ataca - Trovão Aurora!
Uma ventania forte e gelada saída das mãos cerradas de Cisne atinge Hiei ainda no ar, arremessando-o ao longe, caindo sobre a fofa neve.
Hyoga com seu cosmo faz com que os galhos e ramos que o envolviam tornem-se azulados de gelo, e se despedaçassem totalmente, libertando-se , e pensa:
- Tagnov tem razão, estamos cercados por pessoas e animais traiçoeiros. Que destruíram Shiryu, mas eu vou vingá-lo nesta luta.
No Castelo de Cristal.
Lucy, com o olhar entristecido, observa pela janela. Seus pequenos porem vitoriosos braços abraçam seu próprio corpo, como se encontrasse proteção em si mesma para as coisas que estão sucedendo nesta terra encantada. E medita:
- Como o céu continua tão azul? A grama tão viva? E os animais tão alegres? Quem é este novo inimigo? Como Zefir pode estar passando por uma nova crise? Não há mais núcleo, por que isto, então?
Seus olhos vermelhos fixam-se num pássaro que bate suas asas ativamente à distância.
Então surge Mokona mexendo as orelhas como as asas daquela ave:
- Pu pu puuu.
Lucy então abre um sorriso.
Marine chega, abraçando-a pelas costas, dizendo:
- Sorria, Lucy. Não fica deprimida assim ou vai acabar me contagiando.
Lucy:
- Só vocês mesmo para me alegrar.
Askot chega na sala segurando por coleiras três monstros parecidos com tamanduás. E fala:
- Ei pessoal! Estou levando eles para um passeio lá fora.
Caldina adverte:
- Ei! Nada disso menino! Você sabe que lá fora está perigoso.
Askot:
- Mas os meus monstros... são monstros, ora!
Caldina:
- Mas são caseiros, são muito delicados.
Marine ironiza irritada:
- Delicadíssimos, se nota! Falando nisso, eu cada vez entendo menos Zefir. Quando tinha núcleo estava em crise, e agora que não tem, também está!? Era melhor, então ter deixado a Princesa Esmeralda mesmo, porque já comandava Zefir por tantos anos.
Priscila:
- Você disse "tantos anos", Marine? Por quanto tempo acha que ela foi núcleo?
Marine:
- Nem tenho idéia.
Clef:
- Apenas por cinco anos.
Marine:
- Não acredito! Só isso? Mas então houve núcleos antes dela?
Clef:
- Durante minha vida de 735 anos, vi mais de 20 pessoas serem núcleo de Zefir. Sendo que na sua absoluta maioria governavam com sucesso e passavam décadas no cargo de Zefir, mantendo a paz nesta terra, na qual poucas vezes houve turbulências, e as que houveram eram insignificantes se comparadas à crise atual que se iniciou quando Esmeralda apaixonou-se por Zagard.
Lucy:
- Clef, infelizmente... tivemos que fazer aquilo com a princesa Esmeralda. Mas o que aconteceu com o núcleo antes dela?
Clef:
- Você fez uma pergunta ainda sem uma resposta muito clara, Lucy. Antes de Esmeralda havia uma mulher muito bonita, ferreira de Zefir. Chamava-se Seikiakko.
Priscila:
- Ela era minha mestra. As armas que forjei para vocês guerreiras foram feitas a partir da técnica que ela me ensinou. Era uma grande professora.
Clef:
- Seikiakko governava com inteligência e bondade. Seu único defeito era querer ficar como núcleo para sempre. Até aí nada de estranho, porém um dia ela simplesmente abandonou a tiara de núcleo e foi embora para uma terra vizinha chamada Mundo Celestial.
Marine:
- Abandonou a tiara?! Ela conseguiu fazer isso?! Mas ela não queria ser núcleo para sempre?
Priscila:
- É isto que é estranho. E eu ainda me lembro que ela dizia que só com ela como núcleo Zefir teria a paz eterna. Felizmente surgiu Esmeralda pouco tempo depois. E nunca mais ouvimos falar da antiga ferreira de Zefir.
Lucy:
- Mas Clef, ela estava aborrecida com alguém?
Clef:
- Não sei, talvez tenha sido algum mal entendido.
Na mata, Hiei volta à ação e tenta novamente atingir Cisne com sua lâmina desesperadamente, a fim de concluir a luta a seu favor.
Hyoga frusta as tentativas do oponente com grandes esquivas, e até chega a atingir um soco contra o rosto de Hiei, contudo ele não se dá por vencido.
A luta é extremamente veloz. Praticamente Tagnov só vê vultos indo de um lado a outro e deixando marcas de destruição em seus caminhos.
Tagnov pensa:
- Está dificil imaginar quem vencerá esta luta.
Porem Hiei está disposto a defini-la, pois com um golpe voador, atinge com os dois pés o tórax de Hyoga, que, pela falta de equilíbrio, dá passos descontrolados para trás, até que não sente seu pé firmar-se no chão e agarra-se numa grande pedra ao seu lado.
Percebe então que está a beira de um abismo. Sente-se temeroso.
Hiei:
- Vai pro inferno! Maldito!
Um pouco de neve empurrado pelo pé de Hyoga cai no abismo.
Hiei posiciona-se e ataca Cisne, que, num movimento rápido como um piscar de olhos, desvia da lâmina, a qual crava-se profundamente na pedra.
Hyoga sorri, irônicamente.
Hiei:
- Não pense que largarei a espada por isso.
Hyoga:
- Assim espero.
Hiei:
- O que?! - observa então sua mão e a vê congelada junto ao cabo da espada, e não consegue soltá-la.
Hyoga com seu pé empurra a pedra para o abismo.
A pedra, sob a força da gravidade pesa muito para Hiei, que usa toda a força física que seu porte lhe permite, todavia ele é arrastado para o abismo aos poucos.
- O poder das minhas chamas negras ainda estão fracos! Não consigo me libertar do gelo! - pensa assustado o demônio.
Hyoga não mais se intromete, apenas olha mais frio que seu próprio cosmo, para o oponente naquela situação desesperadora.
Hiei desliza sobre a fria neve criada por Cisne, seguindo involuntariamente o caminho daquela pedra e grita:
- Seu miserável! Ainda vai me pagar por isso!
Hyoga:
- Não blasfeme, não poderá mais matar ninguém.
Então o demônio acaba não conseguindo evitar a sua Segunda queda em Zefir e cai no tenebroso abismo acompanhando forçosamente a pedra.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!
Tagnov aproxima-se do cavaleiro.
- Sabia que venceria. Conseguiu vingar seu amigo.
Hyoga:
- Não importa. Isto não o trará de volta.
Tagnov:
- Entendo se agora não quiser mais ir ao castelo de cristal.
Hyoga:
- Não, eu vou ao castelo e destruirei todos os malignos que lá estiverem, pois não quero que toquem em Seiya e Ikki, os meus outros dois amigos que estão em Zefir.
Tagnov:
- Eu lhe agradeço por sua ajuda. - e pensa - Infelizmente perdi um que poderia me ajudar, mas em compensação o fato tornou minhas mentiras mais reais, deixando Hyoga mais determinado ainda.
Em meio à verdejante floresta, Máscara da Morte e Afrodite caminham sem rumo, afastando as folhagens para dar passagem aos seus corpos.
Afrodite:
- Afastem-se galhos! Não ousem arranhar meu rosto.
Máscara da Morte:
- Preocupa-se tanto com sua face! Devia usar uma máscara como uma amazona.
Afrodite:
- Compreendo que só quem é belo como eu, entende que a beleza deve ser cultivada como a coisa mais importante do universo.
Máscara da Morte:
- Tolice! os anos passam e a beleza acaba. O poder e prazer de destruir pode se sentir até o último momento de sua vida.
Afrodite:
- Às vezes os deuses são injustos. Como alguém que despreza a beleza dessa forma, não tem nenhuma ruga em seu rosto! Os anos não passam para você.
Máscara da Morte:
- Isso não me importa. - e sugere - Vamos parar um pouco por aqui.
Afrodite recosta-se numa árvore e diz:
- Aproveitarei o momento e contemplarei a beleza de minhas rosas. - fala com uma rosa vermelha nas mãos.
O vento sopra. Tanto os cabelos de Afrodite, quanto sua rosa balançam sob sua ação.
Pelo reflexo do sol, apesar de estar perto, Máscara da Morte só vê a silhueta do cavaleiro de Peixes. E ao bater a vista nesta cena, suas pupilas dilatam-se e sua mente produz uma imagem.
O cavaleiro de Câncer vê uma menina também empunhando uma flor, recostada a uma árvore.
Máscara da Morte ainda criança, aproxima-se, carregando outra flor e diz a ela:
- Pra você.
Menina:
- Mais uma? Obrigada.
Máscara da Morte:
- É que você é a garota mais bonita do mundo e ...e-eu quero falar uma coisa. - diz então totalmente tímido - Você quer... éééé ser a mi-minha na-namorada?
O rosto dela não se vê claramente, mas nota-se sua timidez.
Então o menino Máscara da Morte tem sua mão agarrada por alguém que o repreende:
- Vem comigo! Eu já lhe disse pra não vir pra cá!
Máscara da Morte estica o outro braço em direção a menina, e chegam a tocar as pontas de seus dedos e afastam-se pela força daquela adulto que lá chegara.
O pensamento de Máscara da Morte é interrompido por uma indagação de Afrodite:
- Pode repetir a pergunta? - diz confuso.
Máscara da Morte:
- Não foi pra você, idiota! Eu apenas pensava alto.
Afrodite:
- Ora, Máscara da Morte, já teve namorada? Você não sempre achou que era perda de tempo?
Máscara da Morte:
- E continuo a afirmar! Mas foi uma lembrança de minha infância. Eu...nunca tive lembranças da minha infância. Além disso eu nunca tive tempo para essas coisas. Minha vida sempre foi turbulenta. A lembrança mais remota que eu tinha de mim mesmo é de minha adolescência junto aos criminosos das ruas da cidade de Atenas.
Lembra-se que esteve sentado em uma calçada em péssimo estado de conservação, junto com pessoas mal encaradas, todos enrolados com cobertores velhos e empoeirados, eles jogam moedas e notas em meio a roda que fazem no chão e dão risadas sarcásticas pela maneira indevida, e pra eles divertida, com a qual conseguiram aquele dinheiro.
Afrodite:
- Com certeza um lugar como este pode fazer qualquer um lembrar de suas mais belas cenas da vida.
Também na mata, Yusuke, Kurama, Lantis e Anne, caminham sem destino definido, pela Floresta do Silêncio e a cada passo só encontram mais e mais mata.
Yusuke:
- Aí, ó grandão, a gente já andou um bocado e até agora nada. Para onde estamos indo?
Lantis:
- Para algum rio.
Yusuke:
- O que?! Eu não tô com sede não, seu mané! Eu tô doido é pra desenferrujar os punhos.
Kurama:
- Ele está certo, Yusuke. Se uma pessoa está numa floresta, é provável que procure ficar perto de um rio para encontrar água e comida mais facilmente. E aliás, olhe onde pisa p...
Ouve-se um som pastoso.
Yusuke:
- Mas que droga! Eu pisei em...
Kurama:
- Não, é apenas uma fruta mordida caída no chão.
Anne:
- Tomem cuidado, pode ser sinal de algum monstro perto daqui.
Lantis:
- Olhem a moita! - diz, desembainhando sua espada.
A moita a frente do grupo sacode, farfalhando as folhas, indicando a presença de algum ser vivente em seu interior.
Yusuke:
- AAH! Beleza! Hora de lutar!
Yusuke abruptamente aponta seu dedo indicador direito brilhando, em direção ao vegetal e berra:
- Pode vir seu monstro maldito, fedorento e desgraçado!
Algo sai de trás da moita, mas não era bem o que se pensava, e sim um menino de uns sete anos, carregando uma cesta de frutas e chorando:
- Moços, por favor não me façam mal!
Yusuke desanima-se:
- Aaah, é só um moleque. Foi mal, aí, ô garoto. A gente só veio espancar uns caras.
O menino espanta-se.
Kurama o repreende:
- Belo consolo, Yusuke.
O menino já mais calmo pega uma das frutas do cesto e oferece a Urameshi dizendo:
- Eu desculpo você. Quer?
Anne:
- Que bonito, pagando com bondade! Crianças não guardam rancor de nada.
Yusuke agacha-se:
- Valeu, garoto. Dá pra mim.
Porém, em vez de dar em sua mão, o menino esmaga a fruta na cara de Urameshi. Após sai logo a correr.
Com o bagaço da fruta esparramado na cara, o detetive diz, reclamando com a guerreira:
- É... não guardam rancor. Eles devolvem!
Passa a mão com a intenção de limpar-se e vai em carreira atrás da criança travessa. Berra:
- Volta aqui, seu peste!
Kurama chama os outros para correrem atrás de Yusuke.
Finalmente após alguns segundos de desenfreada perseguição, Yusuke consegue agarrar o menino pela gola da camisa, erguendo-o do solo e o adverte:
- Seu pivete! Eu não já tinha pedido desculpas?
Os olhos da criança enchem-se de lágrimas e sua boca trêmula suplica:
- Desculpa, eu não devia ter feito isso!
Yusuke:
- Seu pivete falso! Este papo não cola! Vou te dar umas palmadas!
Menino:
- Eu não falei com você, seu burro!
Yusuke:
- Com quem, então?
Uma voz:
- Comigo.
Só então Urameshi percebe que, além de segurar o garoto, está ele também sendo suspenso pela parte de trás da gola da camisa, por Xarigan, que tem o dobro de sua altura, o qual lhe indaga:
- Quem são vocês?
O resto do grupo de Yusuke chega logo depois, e ao ver Xarigan, Lantis exclama surpreso:
- Xarigan!?
Xarigan também o vê e diz:
- Ora, mas é Lantis! - então larga Urameshi, que cai por cima do garoto que segurava.
Seiya chega e estende a mão para que Yusuke se levante, enquanto indaga:
- Mas o que está acontecendo aqui?
Yusuke ajudado por Seiya, responde:
- Estamos procurando uns palhaços, e um deles é parecido com... - enfim toca-se - ...você!!
Sem dó, o detetive despacha um soco na face de Pégaso.
Porem ao virar-se vê voar em sua direção três penas, disparadas por Leiga, as quais não há tempo de desviar-se, contudo o chicote de Kurama, que tem espinhos laça essas penas.
Kurama:
- Nós sabemos quem ele é e só voltaremos ao castelo após derrotá-los.
Surge à frente de Kurama, Fênix que fala:
- Finalmente apareceram os malditos do castelo. Preparem-se para enfrentar a ave Fênix. Lute com tudo que souber para durar algum tempo vivo na luta!
Segurando o chicote esticado entre uma mão e outra, Kurama afirma:
- Viverei ainda muito anos. Duvide apenas sobre você mesmo.
Ikki:
- Corajoso? Então prepare-se!
Anne empunhando sua espada mágica, põe-se entre os dois e fala:
- Espere! Enfrente a mim!
Kurama:
- Anne, não entre nisso!
Ikki:
- Quem pensa que é, garota? Acha que pode me vencer?
Anne:
- Sim, acho.
Leiga chega a Kurama:
- É, querido cabeludo, você é meu oponente e não abro mão disso.
A confusão está armada novamente; os heróis da aldeia pensam que os do castelo vieram destruí-los, enquanto os do castelo pensam que os da aldeia são os assassinos que procuram.