Last Land

Sexto Dia - Lembranças, As Peças que Montam o Passado

Capítulo 23 - Amotinados


Olhando para a máscara branco gelo, praticamente a única parte da armadura de Diamante da Amazona de Grifo que não é transparente, Lucy recebe, com receio, a pergunta de Seika.

- Você pode fazer isso? - novamente lhe indaga a Amazona.

Lucy:

- Eu... não sei. Será que eu consigo fazer isso, Clef?

Clef:

- Lucy, você é o núcleo de Zefir. Você é capaz de fazer aquilo que você acreditar que é capaz.

Seika:

- Eu realmente preciso voltar pra Terra com estas armaduras.

Seiya:

- Queria que ficasse mais um pouco, mas sei que deve respeito a Zeus.

Seika:

- Nós prometemos a Atena que no fim da tarde de ontem estaríamos retornando com vocês. Já irei voltar sem vocês e com a notícia da morte de um companheiro e ainda extremamente atrasada. - e finalmente brinca - Se fosse um emprego comum eu estaria despedida por justa causa.

Seika chama o irmão para mais um abraço e ele vai.

Seiya:

- Logo irei pra casa, Seika.

- Eu estarei esperando pra te visitar.

Clef:

- Quer tentar agora, Lucy?

Lucy:

- Tá bem. Vou fazer o meu melhor.

A Amazona posiciona-se em meio a todas aquelas armaduras que ela havia recolhido, inclusive a de Hecatônquiro.

Seika, enquanto aguarda o procedimento de Lucy, olha para Seiya, pensando:

- Zeus é um bom senhor. Ele me perdoaria se eu me atrasasse mais, porém alguma coisa criou um portal para ir daqui pra Terra e por ele nós viemos. Agora preciso voltar e saber o que era aquilo. Mas também desejo sorte a você, irmão! Porque aqui não está bem, ainda.

O núcleo de Zefir agora está concentrado, tentando usar seus poderes.

Ela murmura:

- Seika, volte para a Terra. Para o lugar de onde veio e vá com seus pertences.

Assim como o poder de Esmeralda, uma luz ofuscante toma conta de todo o recinto, impedindo a visão.

Pelo menos desta vez ninguém está muito surpreso com o fenômeno.

Noutro local do castelo...

Priscila está orgulhosa de si mesma. Ela mesma sabe que é apenas a irmã da verdadeira Priscila, a qual já morreu há muito tempo. A antiga Priscila era a verdadeira ferreira, porém Sierra vê que aprendeu o ofício com tanta destreza quanto a irmã, apesar da falecida ser a titular.

Sierra havia conseguido criar a espada mágica do elemento terra, uma bela arma, cujo cabo tem a forma de raízes entrelaçadas harmoniosamente, de cor de ouro e prata, a lâmina é diferente das outras, é meio curvada e larga, lembrando bastante a espada que Ferio usava, um estilo meio árabe.

Neste instante a arma flutua no ar, em meio aos tecidos alvos flutuantes de Priscila.

Antes que Sandhye possa falar, algo do seu caráter nervoso, Marine coloca-se ao seu lado e se deixa notar sua expressão de impaciência.

Desta vez sem muita relutância, a não ser umas quatro vezes que Sandhye vai tocar a espada e antes disso recua sua mão com medo, até que um grito de irritação de Marine acaba com o receio da novata.

Priscila:

- Seja paciente com ela, Marine. Você vai ser a professora dela.

Marine:

- Se der pra ensinar esgrima com essa espada esquisita.

Priscila se sente criticada:

- Bem, a culpa foi minha.

Marine:

- Que é isso, Priscila?! Leva a sério, não! Eu... ela vai se virar, ok? - pega a mão de Sandhye - Vem comigo.

 

No agora sombrio Mundo Celestial, Lengue, sendo levemente abraçada pelo seu marido Hiouga, fala a Leiga, com uma expressão preocupada. O casal está junto de Hakeshi e Leiga, num dos cômodos do palácio. Os guardiões Dan, Kenya e Ryuma também estão ali.

Lengue:

- Você acha que isso teve a ver com o que está acontecendo hoje?

Leiga:

- Como vou saber? Mas pelo menos você lembrou de nos contar isso.

Lengue, com culpa nos olhos:

- É... quando Indra sumiu certa vez por um tempo, dizendo que iria meditar, isolado de todos, eu como, infelizmente, era apaixonada, eu o segui e então o encontrei se dirigindo ao porto para ir a Zefir. Mas ele me viu e pediu que eu nunca contasse isso pra ninguém e eu, tola que era, realmente não contei, até ontem à noite.

Hiouga:

- Pelo menos você contou.

Dan:

- Não podia ter escondido isso da gente! Se tivesse contado na época, já podíamos ter desconfiado daquele mestre fajuto! E muita coisa podia não ter acontecido!

Hiouga:

- Ei Dan! Vai com calma! Ela agora é minha mulher!

Dan:

- Você tem um mau gosto terrível...!

Kenya os interrompe:

- Se ele foi a Zefir, não ajuda muito. Lengue, você sabe por que ele foi lá?

Lengue:

- Ele não me disse. Eu fui tola e não o questionei na época.

Dan zomba:

- Concordo.

Hiouga:

- Ei Dan?!

Ryuma agora interfere:

- Ei, acalmem-se vocês dois! Não adiante ficar brigando. Ainda não sabemos se essas trevas agora têm algo a ver com a visita de Indra a Zefir há anos atrás.

 

Uma enganosa sensação de paz invade os plebeus de Zefir, que estavam no castelo, alguns juntam os seus poucos pertences, juntando em trouxas de tecidos feitos de seda animal ou de fibras vegetais e amontoam-se esperançosos em retornar para seus antigos lares.

A porta de saída do castelo está cercada de um grupo de pessoas ansiosas, porém Rafaga impede que os aldeões saiam.

- Não saiam, eu estou avisando! Há gênios desconhecidos lá fora e vocês viram o que um deles fez!

Um dos aldeões diz:

- Nós nos responsabilizamos. Queremos voltar para nossas casas, nossas terras!

Rafaga:

- Não vou permitir que abram estes portões!

- Mas queremos sair agora! - protesta outro.

Rafaga:

- Vocês não tem noção de perigo! Não podem sair enquanto aqueles gênios estiverem em Zefir. Não vou permitir que ninguém mais morra.

Os aldeões tentam aproximar-se ao mesmo tempo, unindo forças para passar por Rafaga, todos tem têm expressões ameaçadoras. O espadachim fica receoso.

- Deixe nos sair!- Ralha outro individuo.

Rafaga preocupado vai aos poucos envolvendo o cabo de sua espada com a palma de sua mão, tentando adiar ao máximo o momento de sacá-la e assustar aquela gente frágil.

Enfim eles estão muito próximos e tentam segurar Rafaga, mas antes mesmo que ele saque a arma chega Caldina, com sua dança mágica, que faz o grupo de aldeões insatisfeitos desmaiarem num sono profundo imediatamente, caindo um sobre o outro.

Rafaga aliviado afasta seus dedos da sua arma e comenta:

- Ainda bem que você chegou, minha querida.

Caldina:

- Estavam irritados, né? Geralmente não são assim.

Rafaga:

- Eles já estão cheios de ficar presos aqui, é compreensível.

Mais uma vez as palmas das mãos exaustas de Cisne apoiando-se em um escudo antiqüíssimo pendurado na parede, na sala de armas.

Hyoga olha mais uma vez, frustrado, o grande bloco de gelo que aprisiona Lantis. Ele não conseguira derreter o gelo que ele mesmo havia criado.

Neste instante Yusuke chega no recinto.

Yusuke:

- Ei cara! Você passa o tempo todo tentando tirar ele daí!

Hyoga, com olheiras de cansaço:

- Ele já passou do limite do suportável

Yusuke:

- Se você acha que não pode, deixa comigo, porque eu sou o máximo!

Urameshi chega tirando Hyoga da frente, com um puxão. Seu dedo indicador brilha e ele aponta contra o gelo:

- Rei Gun!

O cometa de energia é disparado e atinge o bloco de gelo, mas ao invés do gelo ser despedaçado o Rei Gun é que transforma-se em vários cometinhas pequenos que espalham-se em todas as direções e atingem as relíquias antigas daquele ambiente, partindo escudos, espadas, cetros, castiçais e tudo que está em seu caminho, inclusive abrindo crateras nas paredes.

Os pedaços dos objetos caem no chão, num som metálico irritante.

Yusuke, com expressão de espanto com aquilo, vira-se para Hyoga e indaga:

- Se eu disser que tava assim quando eu cheguei, você confirma?

Num dos aposentos do castelo, um aldeão, um homem de meia idade, com vestes simples, tenta, com um pouco de dificuldade, subir até a uma janelinha no alto da parede; para isso ele coloca a cama inclinada sobre a parede e pisando sobre ela, faz uma escada até lá em cima.

Ele olha pela janelinha e vê uma ave a distância se aproximando do castelo. Rapidamente enfia o braço para fora. Aguarda uns segundos e puxa-o de volta, trazendo a ave pousada em seu braço.

A ave é de penas claras, tem um belo topete de penas arrepiado. Na verdade é similar a um dos pássaros usados por Jamian na vila. Essa ave traz uma mensagem enrolada e amarrada à sua pata.

O homem tira e abre e lê a mensagem:

- Nero, Xarigan é grato por se aliar à sua causa e saiba que o atual núcleo de Zefir não é capaz de dar a paz que nossa terra merece. A calmaria que vocês observam em volta é uma farsa. A apenas alguns quilômetros de distância do castelo tudo em Zefir continua a ruir como antes. Por favor, espalhe esta notícia para os outros aldeões que estão insatisfeitos com a ordem atual. E junto com essas pessoas preparem o castelo para que Xarigan possa chegar até o núcleo de Zefir.

O homem de barba rala faz uma expressão de dureza e aperta a carta na mão, num gesto de determinação.

- Xarigan é o núcleo certo para Zefir. Só pode ser ele. - diz Nero.

Com o alvo, o gigantesco castelo, pequeno no horizonte.

Xarigan anda de um lado para outro. Observa minuciosamente suas tropas de aldeões armados. Os homens estão divididos em dois grupos, um liderado por Abner e outro por Ikki.

Xarigan:

- Escutem todos! Nosso objetivo é invadir o castelo, mas só um precisará morrer nessa guerra.

Ikki:

- Se não os tivesse poupado da outra vez, agora você teria mais facilidade entrar lá!

Xarigan:

- Seria mais fácil, Ikki, mas eu não quero ser mal visto aos olhos do meu futuro povo.

Abner:

- Nós apenas queremos dar um novo núcleo. Alguém que pode Ter idéias firmes quanto a Zefir.

Ikki ira-se:

- Cale a sua boca, Máscara da Morte! Depois de tudo o que já fez, agora quer se passar por um defensor da justiça?!

Abner enche-se de vontade de reagir às críticas, mas sua mente apenas confirma as palavras do Cavaleiro de Fenix.

Xarigan interfere:

- Nossa força não pode se dividir. A força deles é que tem que se dividir. Como sabem, após o nosso primeiro combate por ali, pode não parecer, mas deu frutos. Um aldeão abrigado no castelo notou nossa intensa vontade de mudar o futuro deste mundo. Nero está encarregado de divulgar nossos ideais no ninho do inimigo.

Abner murmura:

- Como uma religião.

Xarigan:

- Dividimos o inimigo e faremos acesso através dos nossos simpatizantes de lá.

O chefe da aldeia novamente confere a posição de suas tropas com um olhar austero, até que vê uma pessoa fora da formação.

Logo Xarigan move-se em direção do indivíduo, quando abismado, percebe o homem de roupas longas, cabelos castanhos e uma inconfundível chupeta na boca.

Koema:

- Xarigan! Não está na hora de você me ajudar de novo?

Xarigan realmente não gosta da presença do deus juiz, com uma expressão de ódio.

Os aldeões olham a expressão meio abobada de Abner e Ikki, que parecem pensar que já viram aquele sujeito antes, mas não conseguem lembrar quem é.

Xarigan:

- Koema! Eu disse que meu acordo com você estava rompido!

Koema:

- Que é isso, Xarigan?! Não se esqueça que está vivo de novo por minha causa! É só uma troca de favores!

Xarigan:

- Antes eu tivesse escolhido continuar morto debaixo daquela pedra a anos atrás.

Xarigan leva a sua mente a anos atrás, quando havia retirado Abner ainda criança da carruagem que iria ser esmagada pela rocha ele próprio acabara morto sob o pedregulho.

- O que?! Você morreu naquele acidente? - exclama Abner.

Xarigan vira-se para Abner e, com tom de pai para filho, diz:

- Não se preocupe... eu voltei, não é?

Xarigan lembra-se de atravessar a pedra como se fosse um espírito e é o que ele era realmente, quando viu sangue do seu corpo escorrendo pela madeira do piso da carruagem.

Várias pessoas fizeram esforço para retirar seu corpo, arrastando-o, ensangüentado de baixo da rocha.

- É assim que eu termino? - murmurou ele, vendo o seu próprio resgate frustrado.

- Talvez não. Depende de você.

Chegou então uma moça de cabelos rosa, voando sentada num remo. Botan.

Xarigan olhou para ela, chocado.

Botan:

- O mundo espiritual não esperava a sua morte, sua atitude em salvar o garoto foi uma surpresa.

Voltando à atualidade, Xarigan esbraveja:

- E me lembro então de quando você me fez de tolo.

Xarigan lembra-se de ser levado até a mesa de Koema, o deus juiz, que mexia em papeladas e carimbava vários papéis, quando então viu Botan chegando com Xarigan e parou para falar com ele.

Koema:

- Botan, já se explicou porque queremos te dar uma chance, não é? Você não era um cara de bom caráter e de repente acabou morrendo porque foi ajudar alguém! Nós fomos pegos desprevenidos, então você tem a opção de voltar se quiser, mas vai ter que trabalhar pra mim, como detetive sobrenatural.

Xarigan:

- Detetive sobrenatural?! Mas que é isso?

Koema:

- Você tem as missões que eu te passar e pelo nosso acordo você tem que cumprir. A primeira é encontrar quem, em Zefir, está em contato com o mundo inferior. Agora vai!

Xarigan:

- Logo?! Nada sei, ainda! Por que toda essa pressa?

Koema:

- Porque se você demorar, podem enterrar você, te cremar ou sei lá. Você não quer voltar?

Xarigan, nervoso:

- Está bem, está bem! Eu vou!

Koema:

- Nós teremos contato com você quando for necessário! - chama o próximo da fila.

A porta da sala de Koema foi fechada bem na cara de Xarigan, que vira-se e viu a fila que ia até o horizonte, na frente do escritório do deus juiz.

- Ele pediu pro próximo entrar. - disse Xarigan.

Botan chegou ao jovem Xarigan e disse:

- Vamos. Sua hora ainda não chegou.

Retornando ao presente, o chefe da aldeia esbraveja:

- Você mal me explicou no que eu me metia. Mandava Botan aparecer as vezes em explicações breves que pouco ajudaram. Depois de ficar tentando dar um flagrante naquela mulher, quando consegui, aquele povo me acusou. Acreditou nela e por pouco não fui morto novamente por aqueles tolos e cegos que não percebem o verdadeiro mal.

Koema:

- Eu sei que foi muito ruim o que houve com você, mas Zefir precisa de você como detetive sobrenatural de novo.

Xarigan:

- Eu não vou mais obedecer ordens suas, Koema!

Koema:

- Xarigan! Não seja cabeça dura! Zefir e outros mundos também estão em risco iminente.

Xarigan:

- É isso mesmo que vou resolver hoje. Saia do caminho!

O chefe da aldeia desembainha sua espada.

Xarigan:

- Você me apressou, não porque podiam cremar meu corpo e sim pra não me dar maiores detalhes do que eu teria que enfrentar.

Koema fica um tanto constrangido.

- Não é bem assim, fica calmo.

Xarigan mexe a lâmina da espada, mas apenas para apontar para o castelo e gritar:

- Vamos, meu povo!

Koema rapidamente berra:

- Não adianta! Botan já foi ao castelo para avisar que vocês estão indo para lá. Seus planos estão arruinados.

Xarigan:

- Maldito Koema!

Koema:

- Pare com isso, Xarigan! Me escute e ajude Zefir.

Xarigan sente-se vencido. Ele crava a espada no solo com raiva, num bufar de ira.

Koema:

- Ouça! Você tem que unir forças com os castelões e não enfrentá-los!

Xarigan sente-se ofendido:

- Unir forças!! Você está louco! Aqueles negligentes são a razão da desgraça deste mundo!

Abner:

- E todos nós compartilhamos dessa idéia.

Repentinamente, um burburinho se forma entre o grande grupo de aldeões, mas não por causa da conversa. Todos olham para cima.

Koema, Abner e Xarigan olham para cima e vêem um gênio voando bem acima deles, que toma rumo de descer.

Aldeão:

- O que é aquilo descendo?

Xarigan, alerta:

- Afastem-se todos! É um gênio!

Todos se debandam; o gênio semelhante a um louva-deus pousa entre Xarigan e Koema.

Xarigan exclama:

- Deus Brafma! Que é você, criatura?

Suzako, dentro do Neo Mashim, responde:

- Este é o gênio Quitame! Da nova terra que será Zefir! Queremos mudar o sistema do núcleo.

Koema está impressionado e comenta para si mesmo:

- Até onde já chegaram?!

Xarigan rejeita o monstro:

- Que nova terra é essa?! Quem são vocês, que querem o mesmo que eu?

Suzako:

- Somos idealistas, como você! Venha, suba! Eu o levarei ao castelo.

Quitame coloca um dos braços achatados no chão, servindo de plataforma.

Xarigan olha, desconfiado.

Koema se desespera:

- Não, Xarigan! Você não sabe quem...

O gigantesco louva-deus consegue acertar uma patada no deus juiz, que cai ao chão.

Xarigan olha com sarcasmo Koema caído e sobe no braço da criatura.

Xarigan:

- Se conseguir me por dentro do castelo, não interessa de onde você vem. - para os subordinados - Continuem o ataque. Só que eu vou na frente.

Koema levanta-se com dores, mas já vê Quitame voando com Xarigan sobre sua cabeça meio achatada.

Koema aflito:

- Tarde demais! Eu tinha que ter falado antes. Isso é terrível para ele e para você também! - diz para o ex-Cavaleiro.

Abner intrigado:

- Por que para mim?

Koema:

- Quem comanda esses Neo Mashins é Seikiakko.

Abner nunca arregalara os olhos em sua vida como agora, ao ouvir esta frase, percebe que a pessoa que ele mais respeita nessa vida está à mercê da pessoa mais desprezível que ele conhecera em toda sua existência.

Ikki, zombeteiro:

- Por essa você não esperava.

Abner berra às tropas:

- Vamos em frente, rápido! Precisamos avisar Xarigan!

 

No pátio do castelo uma curiosidade se iniciará ali.

Marine irá treinar sua pupila.

A Guerreira das Águas está com a coluna ereta, espada em pé e calcanhares unidos, formando um ângulo com os pés, de 40 graus; ela põe a outra mão na cintura.

Sandhye assiste a outra. A Guerreira da Terra está bem nervosa. Segura sua arma com os dedos, mas mantendo a espada longe do seu corpo, demonstrando estar com medo de sua arma.

Marine:

- Vai, imita a minha posição!

Sandhye imita a posição da outra.

Marine agora abre as pernas em paralelo aos ombros e aponta a espada para Sandhye, que logo dá passos para se afastar.

Marine:

- Ei, garota! Faz o que estou fazendo! Você tem que aprender esgrima!

Sandhye:

- Tá bem.

Marine:

- Me ataca! E não vem com essa de que você tem medo de me ferir! Você não vai me acertar!

Sandhye:

- Jura?

Marine:

- Não sou burra de perder pra você! Vem logo! Eu prometo não revidar.

Sandhye então empunha sua arma com firmeza e ataca num golpe lateral, mas ela fecha os olhos com força, na hora que ataca, sendo que atinge alguma coisa.

Ela abre os olhos e vê a espada cravada numa pequena árvore que há no pátio.

Marine:

- Se você fechar os olhos, não vai saber onde tá acertando!

Sandhye, inclinando a cabeça:

- Por favor, me desculpa.

Marine:

- Vai! Me ataca de novo!

Sandhye, nervosa, com as mãos trêmulas aponta sua espada e vai contra Marine, projetando o corpo para a frente e o braço esticado.

Marine realiza uma defesa de prima. Ela bloqueia a arma da adversária com a parte da espada mais próxima de sua mão, onde há mais resistência.

Marine:

- Agora defende o meu golpe!

Marine dobra os joelhos, ergue a espada e coloca o outro braço para trás, para dar equilíbrio, na posição "en garde".

A Guerreira das Águas contra-ataca, gritando:

- I I Á Á Á Á!!

Sandhye, com medo, sai correndo por causa do grito.

Sandhye:

- Pra que gritar? Precisa mesmo disso? Assusta...!

Marine:

- Ora, você grita se quiser, mas isso se faz para esbanjar sua energia. Que pergunta! Você nem parece japonesa!

Anne, que assistia ao treino, se aproxima:

- Marine, tem certeza que dá pra ensinar esgrima com essa espada que ela tem?

Marine:

- Nem quero saber! A Sandhye vai aprender esgrima de qualquer maneira! Esgrima é a melhor luta do mundo!

Sandhye fica com uma gota de suor nervoso na testa.

Neste instante chega Kurama no pátio, que se aproxima e indaga:

- Eu poderia ajudar no treino? Eu gosto de fazer isso, inclusive há muito tempo eu ajudei Yusuke a treinar.

Marine:

- Nem me fale daquele garoto!

- Me chamaram?! Tô aqui!! - berra Yusuke, chegando no pátio também; vai logo chegando a Sandhye e dizendo - Escolheu mesmo treinar com ela? Que azar! Esperava que você fosse se tornar uma boa Guerreira!

Marine berra:

- Cala a boca! O que tá fazendo aqui? Só veio me encher o saco?

- Cuidado para não apanhar de novo, Yusuke. - diz Botan, que entra por uma das janelas do local.

Kurama:

- Botan!!

Botan:

- Olá!! Vim avisar pra vocês que a aldeia de Xarigan vem aí.

Yusuke:

- De novo!? Esse cara quer apanhar de verdade!

Anne:

- Tenho que avisar o Guru.

Botan:

- Yusuke, não o subestime. Xarigan, pode ser tão perigoso quanto você, já que ele é um detetive sobrenatural e apenas se recusa a usar essa capacidade porque ele se voltou contra nós do Mundo Espiritual.

Yusuke fica pasmo.

- Todos os planetas têm seus detetives sobrenaturais, dependendo da necessidade do Reikai. - diz a deusa da morte.

Kurama:

- Então também houve invasões de demônios por aqui.

Botan:

- Mais ou menos. Koema estava desconfiado que alguém de Zefir e no Mundo Celestial estava tendo contato com o Youkai e o Inferno.

Kurama:

- Você nos disse há dias que um demônio estava agindo aqui em Zefir. Onde ele está?

Botan:

- Está vindo com Xarigan.

Sandhye se desespera:

- Mestra Marine, me ensine mais, por favor! Agora!

Marine:

- Não dá tempo!

Sandhye:

- Por favor! Por favor! Eu quero servir para alguma coisa! Me deixem ser útil!

Marine comove-se com a frustração da garota e diz, erguendo sua espada:

- EN GARDE!!

Sandhye sorri e imita Marine.

Botan continua:

- Koema tá tentando esfriar o ânimo de Xarigan, mas não sei se vai adiantar.

Kurama:

- E quem está no escritório dele?

Enquanto isso, no Mundo Espiritual, diaboide está sentado à mesa de Koema, carimbando papéis em pilhas de metros de altura. Ele lamenta-se:

- Por que sobrou pra mim carimbar as entradas no além de todas as pulgas que morreram desde vinte anos atrás? Elas não podiam ficar mais um pouquinho no purgatório? Por que eu peguei esse trabalho encalhado? Eu prefiro selecionar os que chegam agora.

O azulão olha para os seus lados e vê colunas de papel infindáveis, que o cercam totalmente.

Diaboide:

- Assim não vou nem conseguir sair pra ir no banheiro. E eu fui tão legal, batendo na cabeça do senhor Koema, para ele lembrar do Xarigan...!

 

Pelos corredores do castelo, o afobado Kuwabara vai correndo e gritando:

- Pessoal! Pessoal! Finalmente o Shiryu tá acordando!

Em poucos minutos vários amigos estão no quarto dividido por Kazuma e o Cavaleiro.

Shiryu, aos poucos, vai abrindo os olhos; parece a ele tudo meio embaçado e um tanto duplicado em sua visão, porém em segundos ela entra em foco.

Anne, um das que rodeiam a cama onde ele repousa, comenta:

- Que alívio! Eu achava que meu poder de cura não tinha funcionado direito.

Shiryu, enfim, toma consciência e se vê cercado por todas aquelas pessoas ao redor de seu leito. Assim nem senta-se no colchão; ele está um tanto surpreso.

Clef , com satisfação:

- Que bom que você também se recuperou, meu jovem!

Seiya também está feliz. Porém, por garantia, pergunta:

- Estou feliz que finalmente acordou, Shiryu, mas você está bem? Está sentindo alguma coisa?

Shiryu:

- Eu estou bem. Não sinto dor nenhuma. Obrigado pela preocupação, mas eu gostaria de perguntar uma coisa.

Seiya:

- Pergunta.

Shiryu:

- Quem é você?

Esta frase choca não só Seiya quanto a todos ali. O cavaleiro de Dragão olha a todos ao redor com expressões de espanto que ele não compreende o porquê.


Capítulo 24

Capítulo 22

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