Last Land

Sexto Dia - Lembranças, As Peças que Montam o Passado

Capítulo 22 - A Assunção


Durante a indecifrável madrugada de Zefir, a qual em nada difere das manhãs totalmente escuras e relampejantes que vinham tendo ultimamente, Guru Clef está a meditar novamente com o olhar direcionado à janela.

Seu olhar denota preocupação pura; suas centenas de anos não conseguem evitar que sua mente se inundasse de preocupações com facilidade.

- Pensando em pessoas novamente, não é Guru Clef?

Ele olha discretamente para Priscila, atrás de si e fala:

- Não consigo evitar, Priscila. Nós estamos tentando proteger os que se abrigaram no castelo, mas não consigo parar de pensar no povo de Xarigan. Lá fora tudo está cada vez mais hostil, até mesmo para o meu filho.

Priscila, com admiração:

- Seu pensamento é sempre coletivo, Guru Clef; você não pensa em si mesmo nunca! Você ama a todos!

Clef:

- Se é assim, você é como eu, Priscila; você é minha alma gêmea.

Priscila ouve aquela frase como se fosse a coisa mais bonita de sua vida. Ouvir tais palavras do velho sábio é muito difícil; ele não deixa de ser uma pessoa bondosa, mas seus sentimentos nunca são exteriorizados.

A mulher não resiste à frase e chega ao Guru, abraçando-o pelas costas. Ela abaixa-se um pouco e encosta seu rosto sobre a cabeça do seu amado.

- Clef, - diz ela, com um sorriso tranquilo, com os olhos fechados - eu... eu... amo Zefir, como você ama.

Clef não esperava por essa demonstração de carinho repentina; ele sente os braços da linda mulher o envolvendo, fazendo-o sentir-se extremamente amado. Ele porém, não retribui a carícia, mas não a afasta também. Sua mente confusa lhe faz pensar.

- Não consigo evitar de pensar se o meu filho me odeia desde que foi mandado pra Terra, ou quando chegou a Zefir e falou com Priscila.

Priscila percebe que o Guru não retribui o seu carinho fisicamente, mas ela não se decepciona.

- Não podia esperar mais que aquelas palavras. -pensa

Ela o solta, olha-o sorrindo e diz:

- Acho que já é hora de ajudar aquela menina novata. Por nossa Zefir!

 

Sob a tormenta que a terra de Zefir está passando, caído no solo estéril, uma criatura de forma humanóide, de pêlo azul e três dedos vê uma espada lhe atravessar o peito, até que a ponta da lâmina faz um som metálico ao tocar numa pedra abaixo do corpo do monstro, o qual dá seu último urro de agonia e desintegra-se, como se nunca tivesse existido.

Xarigan retira sua espada do solo e fica olhando a lâmina limpa; o sangue havia desaparecido junto com a criatura.

O reflexo de um homem de cabelos rebeldes pode ser visto. Xarigan volta-se e vê Abner, sem armadura, que chega ao seu lado.

Abner:

- Você acha que já está recuperado?

Xarigan austero:

- O suficiente para proteger o meu povo e ir atrás do meu objetivo.

Abner:

- Precisamos de um lugar para abrigar o povo. Tudo está ruindo!

Xarigan:

- Com exceção do castelo, nós vamos para lá hoje mesmo!

Máscara da Morte não se surpreende; já esperava por esta resposta, contudo diz:

- Se formos lá agora não conseguiremos ter a sorte de encontrá-los dormindo, como da vez passada.

Xarigan:

- Não faremos como da vez passada.

Ele ergue a lâmina para vê-la brilhar no reflexo dos relâmpagos.

- Zefir terá um novo núcleo. Eu!

 

No seu quarto, Lucy afaga a cabeça canina de Rayearth, ela tem uma expressão muito seria devido as coisas que vem ocorrendo. Mas não consegue deixar de lembrar de seu cão Hikari enquanto olha para o gênio, contudo mesmo com a cabeça deitada sobre as patas cruzadas e cochilando, Rayearth tem um jeito majestoso que logo o diferencia de um canídeo comum.

- Estou saindo.- murmura ela enquanto deixa a sala .

Andando pelos corredores, Lucy mesmo já recuperada parte de suas forças, está um pouco cansada.

Está passando pelo corredor com várias portas dos lados; são os quartos; uma delas abre bem ao lado dela, repentinamente.

Como cara de sono, Kuwabara surge e diz:

- Ah, é você! E então? Está se sentindo melhor?

Lucy sorrindo:

- É... já passou. E vocês aí?

Kuwabara olha para dentro e vê Shiryu totalmente desacordado; desde que o haviam colocado ali, não movera um centímetro.

- Não esquenta não. O Shiryu ali só tá meio cansado! - dá uma risada boba - E aí? Eu vou tomar café. Posso ir com você?

Lucy:

- Er... bem, eu tava pensando em ir ver o pessoal das aldeias, antes.

Kuwabara:

- Ah, tá bom. Depois te vejo.

Ele não é muito inteligente e seu raciocínio não é muito rápido, por isso sua mente pensa por etapas:

1 - Huum, ela vai ver o pessoal da aldeia. - com expressão calma.

2 - Peraí, me falaram que ela não podia ver eles... mas por que? - com expressão de "raciocínio".

3 - Ah... é porque ela vai descobrir que morreu gente por causa do Gênio! - com expressão de vitória por lembrar-se.

4 - Mas aí o Gênio foi criado a partir da força dela! - pensa, com medo no rosto.

5 - Mas o que devo fazer? Huuum...! - com dúvida.

6 - Vou impedi-la! - com determinação no semblante.

- Lucy! - grita Kuwabara, quando a garota já está no final, virando a esquina do corredor.

Ela vira-se:

- Hã? - responde ela.

Kuwabara chega correndo até ela.

- Peraí, Lucy!

Lucy confusa:

- O que foi?

Kuwabara:

- É que querem falar com você!

Lucy:

- Quem?

Kuwabara pensativo; não sabe o que dizer:

- Huumm... é...é...

Vozes de um casal:

- Nós, Lucy!!

Surgem Caldina e Rafaga com rostos sorridentes. Ambos acabaram de sair do quarto.

Caldina passa o braço nos ombros de Lucy e vai levando-a a caminhar:

- Garotinha! Tenho um monte de coisas pra lhe contar! - diz a mulher com aquele seu jeito extrovertido que chega a deixar Lucy assustada.

- Ah, tá... - fala a garota.

Numa sala do castelo, Priscila, já com suas vestes brancas que costuma usar nos seus rituais de transmutação das matérias, olha para a Guerreira da Terra, meio intrigada.

- Você disse que havia conseguido o mineral escudo na Fonte. E por que não me dá para que sua arma seja feita?

Sandhye está meio receosa, como sempre, e murmura:

- M... mas... vai ser estranho.

Priscila:

- Estranho?!

- É. - confirma a garota.

Priscila, mais intrigada:

- Deixa disso Sandhye, você precisa ser uma Guerreira Mágica completa; me dê o mineral.

A garota não fala nada. Hesita por uns instantes, mas logo estica o braço no qual há a pedra mágica e um brilho sai da pedra e o mineral escudo guardado surge à frente da ferreira.

Priscila fica pasma ao ver que a pedra tem a forma de um monstro. Antes que pudesse perguntar alguma coisa, Sandhye já corria para fora da sala, como se tivesse cometido algum crime.

Priscila pensa:

- Ela transformou uma criatura em escudo?! Este é o poder da Guerreira da Terra! Impressionante!

Enquanto isso Lucy foi levada por Caldina de um lugar para outro no castelo, ela lhe apresentava os lugares, alguns objetos e esculturas, mas logicamente Caldina não a leva ao pátio e aos aposentos onde boa parte dos aldeões estão abrigados. Após isso a morena leva a garota para um salão muito bonito, onde há algumas pessoas das aldeias, mas principalmente Clef e os outros castelões e visitantes .

Lucy, entrando na sala, diz para Caldina:

- Caldina, por que você me mostrou todas aquelas coisas? Eu já conhecia aquilo tudo.

Caldina mostrando-se alegre:

- Ah, não se preocupe com isso, Lucy, agora só fique aí com eles.

Clef:

- Não se zangue com ela, Lucy; ela apenas quer aliviar a sua tensão sobre o cargo que irá assumir.

Marine, Sandhye e Anne aproximam-se da Guerreira de fogo.

Marine:

- Lucy, eu tenho toda a confiança de que você vai trazer a paz de volta à Zefir.

Anne:

- Não há como negar que você é uma pessoa muito determinada e é isso que este mundo precisa agora.

Sandhye:

- Elas já me contaram tudo. Você é uma garota muito corajosa. Queria ser como você, que conseguiu superar tantas coisas. - de repente os olhos da Guerreira da terra enchem-se de tristeza - Nossa! Que vida triste que você teve! Coitada! - e esfrega os olhos úmidos, com o antebraço.

Marine olha Sandhye , aborrecida, e murmura:

- Grande incentivo que ela dá!

Yusuke agora aproxima-se e diz:

- Dizer que você é uma gatinha, ajuda?

Hyoga:

- A mulher mais forte que já conheci!

Kurama:

- Todos dependem de você, Lucy. Inclusive nós. E sei que você vai conseguir.

O pequeno Mokona pula no colo de Lucy e abana as orelha como lhe é de praxe.

- Pu pu pu!

Lucy, mais melancólica:

- Amigos acho muito legal da parte de vocês que queiram me alegrar, mas antes de assumir como núcleo eu gostaria de, pelo menos, poder ver os aldeões, aquelas pessoas tão simples, simpáticas e frágeis que devo proteger.

Irritado, Kuwabara aumenta a voz.

- De novo! Será que você não entende que a gente não quer que você veja eles?!

Lucy arregala os olhos, nervosa.

- Isso... quer dizer que aconteceu alguma coisa com eles, não foi? E por minha causa... não é isso? Foram os Gênios!?

Ela olha para todos na sala, porém ninguém fala nada.

Lucy deixa Mokona no chão e sai correndo do recinto, cheia de lágrimas e os dentes cerrados por uma dor interior que está sentindo.

Quando a garota deixa a sala, todos olham para Kuwabara com expressão recriminatória. Ele, abobalhado, comenta:

- Como ela deduziu isso? Eu não contei nada!!

Yusuke irritado:

- Aí pessoal, bem que eu falei pra não deixar esse panaca vir aqui! Essa foi demais, Kuwabara! Acho que você merece um castigo na mesmo moeda. O que você acha, Kurama? Você sabe do eu tô falando!

Kurama cruza os braços:

- Desta vez eu não me oponho. Vá em frente.

Kuwabara:

- Que é? Tá a fim de me bater? Fique sabendo que não vai ser fácil!

Yusuke:

- Não, Kuwabara, é bem pior. Escuta. Lembra que a Yukina tem um irmão que desapareceu?

- Sim e daí? - diz o outro - Eu já sabia disso.

Yusuke continua:

- Lembra que o Hiei também tem uma irmã que sumiu?

- Ah é, né? Bom, e daí? Eu já sabia que tinha esses dois desaparecidos. Por que?.

Yusuke:

- Não, seu burro, não há ninguém desaparecido.

Kuwabara:

- Como é? E por que você não me apresentou a eles?

Yusuke segura Kuwabara pela camisa:

- Seu burrão! Yukina e Hiei são irmãos!

Os olhos pequenos de Kuwabara se arregalam ao máximo, e seu queixo cai.

- O qu... a... a... aaaa! - é o som emitido pelo rapaz.

Urameshi sacode Kuwabara:

- E aí? Gostou, seu imbecil?

Kazuma Kuwabara está paralisado. Não se mexe, nem diz uma palavra.

Yusuke larga sua camisa e ele continua na mesma posição e expressão.

Kurama:

- Ele ficou em estado de choque!

 

Ignorando o ambiente inóspito que Zefir está no momento, Seika está lá fora, na beira da ilha flutuante. Ela observa a obscura paisagem.

Seiya, como é de seu caráter, também está lá fora; não deixaria sua irmã ali, apesar de supostamente ela ser mais forte que ele e ele estar sem sua armadura.

Seiya:

- Você já está há muito tempo aqui fora; o que você quer?

Ela demora um pouco para responder, mas enfim diz:

- As armaduras sumidas do Santuário estão todas aqui em Zefir!

- Surgiram aqui com seus donos. - afirma o irmão.

Seika:

- Vou levá-las para a terra, de volta.

Seiya:

- Você consegue achá-las?

Seika:

- Eu as sinto.

Ela estende as mãos abertas para o alto e fecha os olhos, como se pedisse auxílio divino, e é, de fato, o que ela faz.

- Sei onde todas estão agora.

Em lugares distintos em toda Zefir, todas as armaduras sagradas começam a brilhar palidamente, como se respondessem.

- SAGRADAS ARMADURAS! EU AS LEVAREI AO SEU LUGAR DE REPOUSO! - grita a Amazona.

Após isso e instantes depois, uma estrela cadente risca o céu negro e vem na direção dos dois, quando então perde a velocidade e desce, lentamente sobre o chão à frente deles.

- A Armadura de Corvo! - fala Seiya, surpreso, identificando o objeto que ali chegara. A armadura em formato animal.

Mas as falsas estrelas cadentes continuam a surgir.

Agora chega a Armadura de Peixes, que pousa à frente dos dois irmãos.

Logo depois surge outra Armadura, a de Hércules e causa espanto a Seiya.

- A Armadura de Hércules?! Dócrates também esteve aqui?

Esta armadura tem uma forma curiosa. Se parece com um a parte superior de um homem, agarrando, numa chave de braço, o pescoço de um animal reptiliano com barbatanas ao lado da cabeça.

Na aldeia de Xarigan, um dos aldeões, sai correndo, assustado, de uma cabana onde fazia guarda e apavorado avisa ao tranqüilo Máscara da Morte, que está no chão afiando umas pontas de lança com uma pedra lascada.

- Senhor Abner... senhor... a sua Armadura de Ouro está se movendo!!

Abner continua calmo e afirma:

- Sei. Alguém a está chamando.

Aldeão:

- Olha lá! Ela tá flutuando! Ela vai fugir!

A Armadura de Câncer deixa a cabana flutuando e paira no ar, um pouco acima deles.

Xarigan, junto a Abner, apenas observa.

Máscara da Morte olha para a Armadura, olha para o aldeão e diz:

- A Armadura de Câncer apenas me protegeu para que um dia eu encontrasse o meu verdadeiro destino. Ela está se despedindo.

Xarigan:

- Não vai fazer nada?

Abner:

- Ela pertence ao Máscara da Morte. Eu sou Abner, um habitante de Zefir, que, ao contrário do Cavaleiro Dourado, tem um objetivo e uma razão de viver.

Ele olha para a Armadura em forma de caranguejo e faz um breve aceno de despedida.

- Que o próximo a vesti-la, a mereça mais do que eu. - deseja Abner.

E assim, a Armadura sobe aos céus, tornando-se uma estrela cadente.

Xarigan sorri e contente com o seu pupilo, diz:

- Abner, você será o meu filho agora; não mais de Clef. Eu estou emocionado com o que ocorreu neste instante.

Abner:

- Já devia saber que eu pensava assim. Nós tomaremos o núcleo desta vez e seremos os restauradores de Zefir.

Xarigan sente-se mais orgulhoso.

- Seremos. - e grita ao povo - Vejam!! Eis aqui o meu herdeiro, que terá o núcleo quando meus dias estiverem se esvaindo!!

Porém Abner diz:

- Meu objetivo é salvar minha terra, mas não ser o núcleo, pois eu ainda desejo Sierra, e a terei a qualquer custo.

Xarigan nada responde.

Ikki na aldeia, nervoso, invoca seu cosmo furiosamente, pois ele não quer permitir que sua Armadura escape.

- Ela é minha! Ninguém vai tirá-la de mim!

Porém ele não faz esforço por muito tempo e sente que a Armadura de Fênix obedece a sua ordem e acalma-se.

Neste ínterim, na ilha flutuante, Seiya está abismado, vendo que a Armadura de Câncer também ouvira o apelo de Seika.

- Ela deixou o Máscara da Morte! - exclama Seiya.

A Amazona desconversa e diz outra coisa:

- Seiya, olhe atrás de você.

O Cavaleiro olha e lá vê as armaduras de Dragão e Pégaso montadas em forma de animal.

- Você as consertou? - indaga Seiya, pasmado.

Seika:

- Não Seiya, eu apenas reorganizei os seus pedaços, mas continuam quebradas.

- Você vai consertá-las? - volta a indagar.

- Não. Só poucos Cavaleiros podem fazer isso. Porém isto não é mais seu.

A Amazona de Grifo abre a mão no ar e do castelo sai por uma janela o Arco de Sagitário e vem até a mão dela.

- O meu irmão agora é o Cavaleiro de Ouro de Sagitário.

A Amazona entrega o arco para Seiya.

Seika:

- Sua fase de Cavaleiro de Bronze passou, Seiya. Pégaso agora pertencerá a outro. Sua constelação guia agora será Sagitário; é a ele que você deve pedir auxílio, mesmo que não esteja com a Armadura em Zefir. Você mudou de nível. Tem que aprender isso.

Seiya:

- Deixar Pégaso? - murmura.

- Chegou a hora. Tem que compreender. Sagitário o espera faz tempo, que você invoque suas forças.

- Entendo. - diz ele.

- Você é Sagitário. A Armadura é um símbolo. Assim como um médico não perde sua experiência se puserem fogo no seu diploma, ou se alguém derreter a medalha de um general, não lhe tirará os seus méritos.

Após tal declaração, Seiya diz à irmã:

- Seika, você se tornou uma grande Amazona e talvez a maior da história. Gostaria muito que agora você contasse sua vida. Como foi depois que nos separamos.

A Amazona volta a tirar sua máscara e olha para o irmão.

- Vou contar.

 

Enquanto isso, no pátio do castelo, Lucy encontra uma garotinha, hoje um pouco maior do que ela conhecera antes, a que lhe trouxera uma flor no tempo em que ainda lutava contra criaturas "más", e que achava que Zefir era o mundo perfeito.

O reencontro não foi feliz. A garotinha lhe abraça fortemente pela cintura e entra em profundo pranto:

- Aquelas sombras entraram e tocaram meus pais, tia Lucy, e então... aí eles cariam e... não mais se moveram, eles morreram, tia Lucy.

Lucy, naturalmente, já se emocionaria naturalmente com aquela cena, mas tendo consciência de que fora em parte responsável por tudo, deixa rolar muito mais lágrimas em seu rosto.

Ela abaixa-se e abraça a pequenina, que passa a chorar sobre sua ombreira, sem parar, soluçando.

- Por que isso aconteceu, tia Lucy? Por que Brafma permitiu isso?

Lucy:

- Menininha, você confiava em mim e em minhas amigas, quando todos pensavam que nós éramos monstros naquela vila. E eu te trago uma dor tão profunda...! Me perdoa, por favor!

Menina:

- Perdoar?! Por que? Não entendi, tia!

Lucy dá um beijinho na testa da criança. Levanta-se e, ainda cheia de lágrimas, anuncia:

- Povo de Zefir! O sofrimento de vocês vai acabar hoje! Eu prometo! Eu juro!

Todos ali no pátio olham para ela, com um olhar de descrença.

 

Ainda à borda da ilha flutuante, a Amazona olha para seu irmão com carinho.

Seiya está ansioso demais, mas ela não parece compreender:

- Seika, quando fiquei sabendo de seu sumiço me disseram que você havia desaparecido no dia em que fui levado para a mansão Kido. O que houve com você?

Seika:

- Eu fugi pra ir atrás de você. Foi um tanto complicado encontrar, perambulei nas ruas, mas eu achei a mansão.

- Achou?! Mas... eu não soube de nada! Não vi você! - diz pasmado, o Cavaleiro.

- Não pude entrar! Apesar de ter tentado várias vezes, tinha um homem careca que sempre estava lá, quando eu tentava entrar, ele me expulsava sempre.

A Amazona lembra-se de cenas quando era repelida da mansão a vassouradas por Tatsumi, ou pelos cães malhados carregados com correntes pelo mesmo homem.

- Toda vez que você aparecer por aqui, seu irmão vai apanhar mais ainda! - berrava Tatsumi.

Seiya:

- É por isso que aquele estúpido do Tatsumi gostava de implicar comigo e meus amigos.

Seika:

- Me desculpa por isso. Mas eu parei de tentar entrar, mas continuei um tempo sempre rondando a casa.

Seiya:

- Mas Mino esteve lá e me falou que você tinha desaparecido! Você não a viu?

Seika:

- Eu não sabia! Eu não vi! Talvez tenha passado lá antes que eu encontrasse a casa. Ou depois que eu sai dos arredores.

Seiya:

- E neste tempo lá em volta? O que você fazia? Onde dormia? Onde comia?

Seika lembra-se de dormir ao relento. Lembra-se de remexer o lixo colocados nos becos nos latões colocados fora da mansão.

Encontrava várias coisas ali, incluindo restos de comida, até que encontrou uma camisa de criança com rasgados e suja de sangue.

Seika:

- É a camisa de Seiya! - irritada e chorosa dizia - O que estão fazendo com meu irmão?

Seika correu até as grades do portão e gritou:

- SEIYAAAAAAAAAAAAAA!

Dentro da mansão, num quarto simples, Seiya não ouviu o grito da irmã e gemia rolando em sua cama de colchão velho, com vários machucados pelo corpo, tentando dormir forçosamente.

Um dos seguranças do portão, irritado com o berro da garota, chegou próximo a ela e ralhou:

- Cala a boca, sua mendiga! O senhor Tatsumi já disse que não pode entrar! Cala a boca!

E Seika berrava:

- Estão machucando o Seiya!

O segurança pegou sua arma e apontou para ela.

- Cai fora, pivete, já disse!

A menina arregalou os olhos assustada e deu passos para trás.

Repentinamente, o segurança teve sua arma arremessada para o alto e sentiu dor em sua mão.

- Que foi isso? - exclamou surpreso.

Seika também ficou assustada e correu para longe do portão.

Ela viu, de repente, ao seu lado um homem de estatura média, cabelos escuros e meio ondulados e olhos verde claro, iluminados pelas luzes incandescentes dos postes junto à muralha da mansão.

- Devia parar de insistir em entrar, garotinha, aqueles covardes podem se irritar pra valer com você.

Seika, surpresa:

- Foi você quem fez aquilo?

- Só tem eu por aqui.

Logo ambos estão sentados sobre os galhos de uma árvore, nos arredores da mansão, para descansar.

A garota se empolgou, e vendo a calma e poder do outro, pediu:

- Por favor, me ajude a entrar lá!

- Nem pensar.

Seika ficou decepcionada:

- Mas quem é você? Por que está aqui?

- Eu só estou aqui para proteger todos lá dentro, inclusive o seu irmão. - respondeu ele.

- Como você sabe do meu irmão? Há quanto tempo você está aqui?

- Já a algum tempo.

- E eu não vi? Como? - indaga ela, curiosa.

- Você tem que ser mais atenta.

- Mas eu sou atenta. Como você é tão rápido?

- Você é que é muito devagar.

- Eles não sabem que você está aqui, não é?

- Não, não sabem.

- Você está protegendo eles de que?

- Não devia ter me mostrado pra você - resmungou o homem antes de virar-se no galho, para cochilar.

Na manhã seguinte, Seika à procura de algo para que pudesse matar sua fome, revirou um latão de lixo da mansão. Ela pegou uns restos de arroz e foi colocando na boca, quando aquele misterioso homem a impediu, dizendo:

- Você não precisa comer o resto dos outros; a natureza dá de graça alimento para todos os seres vivos, e, de preferência limpo.

O homem ofereceu uma grande e vermelha maçã para a garota, que logo pegou-a e mordeu-a

- A maçã está limpa, mas você está imunda! Está passando por sofrimentos desnecessários. Vá embora pra onde você veio - diz o homem.

- Por meu irmão eu faço qualquer coisa.

- Você sabe o que vai acontecer com seu irmão?

- Mais ou menos. Querem que ele seja um tal de Cavaleiro, mas ele não queria.

- Exatamente. E logo você não vai poder mais vê-lo, pois ele foi sorteado para ir à Grécia treinar. E se for bem, ele pode se tornar um homem muito forte

- Grécia...? Mas... não pode! - queixa-se a garota, nervosa.

- Ele vai para o Santuário de Atena e lá ninguém pode entrar, a não ser que seja um Cavaleiro. Desista e volte para seu orfanato.

Seika tremeu os olhos nas órbitas.

- Ah, não! Como vou conseguir chegar na Grécia?

- Chegar lá é fácil. Impossível é entrar no Santuário.

Seika:

- Você é estrangeiro, não é? Você é grego?

- Sou. - e ele pensou - Não consigo resistir em responder às perguntas desta menina.

- Você é forte também; e rápido.

- Você é que está dizendo.

Seika, empolgou-se de novo:

- Você é um Cavaleiro, não é? Igual ao que querem que meu irmão seja. Por isso você está aqui. Por favor, me conta tudo, por favor. - ela segurou-o pelo braço.

Seika narra mais uma parte de sua vida.

- Ele ainda se recusou por um tempo, mas enfim revelou que se chamava Apolo e que estava ali para impedir que alguém atacasse as crianças e a verdadeira reencarnação de Atena que estava na mansão. Ele temia um ataque de Poseidon ou Hades, ambos irmãos de Zeus. Ele, o Cavaleiro da Águia Olímpica, foi enviado por Zeus que tinha esperanças que dentre os órfãos da mansão Kido poderiam surgir os Cavaleiros que um dia limpassem o Santuário de Atena, que estava corrompido.

- E o que você fez? - indaga Seiya.

Seika responde:

- Eu implorei para que, se a única maneira de ver meu irmão de novo era tornando-me Amazona, que eu tivesse essa chance de voltar com ele para o Santuário de Zeus e treinar para ser uma Amazona. Ele não queria no início, mas eu soube ser uma garota chata e enfim, ele me levou.

- Se eles, Cavaleiros de Zeus, são tão poderosos, por que eles mesmos não limparam o Santuário? - questiona o irmão um pouco intrigado com tudo que tiveram que passar.

- Porque, se o Santuário de Zeus lutasse contra o Santuário de Atena, Poseidon e hades teriam o caminho livre no mundo. - diz a Amazona.

Seiya acha a resposta convincente e cala-se.

Seika continua a contar sua estória:

- No Santuário de Zeus havia apenas uma armadura a ser disputada, a de Grifo.

Ela lembra-se de olhar a armadura na forma animal, um grifo transparente, parecia de vidro, junto a uma fila de garotos gregos, que também iriam disputá-la.

- Eu era a única garota a disputar a Armadura. Muitos garotos zombaram de mim por causa disso.

Ela se lembra dos meninos rindo, apontando para ela.

- Mas logo impus respeito.

Ela lembra-se dando um soco desconcertante na cara de um menino de aparência forte.

- Passei por inúmeros treinamentos rigorosos, até que no final fiquei somente eu e um rapaz. Isto já anos depois de ter ido pra lá, e tivemos um combate para decidir quem seria o escolhido. E eu vencí.

Lembra-se de quando já jovem, em sua luta ter trocado vários golpes com um rapaz e terminado vencendo com um chute durante um salto bem no ombro do rapaz, que caiu com dores.

- Eu me aproximei da Armadura, feliz, mas ainda não podia usá-la. O treinamento não tinha acabado.

Ela lembra-se de ser impedida de se aproximar da Armadura de Diamante, por Apolo.

- Eu fui obrigada a treinar, lutando diretamente com Apolo e Hefesto.

Ela lembra-se de levar golpes de todos os tipos e violentos ataques dos cavaleiros, com suas magias da Águia e do Hecatônquiro e a imagem desses animais sempre surgiam durante o golpe especial deles.

- Finalmente eu consegui atingi-los e isto já foi muito!

Lembra-se de ter conseguido derrubar Hefesto e Apolo, não ao mesmo tempo, mas em combates separados, mas não foi nada significativo para o estado físico deles, tanto que eles levantaram-se e a puseram a nocaute pela milésima vez.

- Só quando desenvolvi meu Glória Alada do Grifo, finalmente consegui dar trabalho para os dois, e as lutas não tiveram vencedor, nem perdedor.

Volta a lembrar-se de estar muito ferida, arfando de cansaço, em pose de luta contra Apolo, que, notando o resultado, sorria ao vê-la mais forte.

A mesma coisa se repetiu contra Hefesto. A jovem limpou o sangue que escorria de sua boca, enquanto olhava atentamente Hefesto. O Cavaleiro ao perceber o resultado, que ela não caiu, ao contrário de Apolo, ficou com expressão de raiva.

Seika lembra-se de então aproximar-se da Armadura de Grifo, que desmontara-se de sua forma animal e encaixara-se no seu corpo.

Ela, admirada, olhava aquela Armadura transparente brilhar sob o sol.

- E finalmente o desejo de voltar a ver meu irmão poderia ser realizado.

Nessa pausa da fala de sua irmã, Seiya, com uma certa dose de frustração, não retém as palavras:

- Isso deve já ter um tempo. E por que você não veio me procurar, Seika? - disse ele com os olhos úmidos.

Ela pára um instante para observar com carinho a expressão do irmão; tem pena ao mesmo tempo que gosta de saber o quanto ainda é importante para ele, mesmo depois de tantos anos terem se passado.

Seika:

- Meu irmão, o meu sonho teve que ser adiado, porque a minha obrigação era ficar de prontidão no Santuário de Zeus, pois na mesma época que algum tempo eu poderia ter, foi o começo da guerra interna do Santuário, a que você e seus amigos participaram. Enquanto o Santuário de Atena se destruía, o Santuário de Zeus tinha a obrigação de vigiar a Terra contra possíveis ataques de Poseidon e Hades. Zeus e seus cavaleiros seriam a única frente de batalha naquele momento.

Seiya abaixa a cabeça. Ele deveria supor que isso tivesse ocorrido.

Relâmpagos iluminam os dois por um momento, como se exteriorassem os sentimentos atuais do Cavaleiro.

Seika continua:

- Depois veio o Poseidon contra Atena e nós continuamos à espera de Hades. Também surgiram Éris, Durval, Lúcifer e Abel. Este último tentou nos convencer a ajudá-lo a destruir o mundo, mas Zeus se recusou e Abel teve que criar seus próprios Cavaleiros baseados em sua força, assim como nós somos de Zeus.

Seiya olha para a irmã de novo:

- E então?

Seika:

- Após a última das batalhas do Santuário, fomos obrigados a aguardar, pois temíamos um ataque de Hades, que não ocorreu e enfim surgiu esta chance de vir procurar o meu irmão caçula aqui nesta terra estranha.

Seiya choroso:

- Você não sabe Seika, mas o que me deu forças para me tornar Cavaleiro, foi encontrar você, minha querida irmã.

O casal de irmãos se abraça com muita força, como se quisessem conferir se aquele momento de amor fraterno estivesse realmente ocorrendo.

- Seiya. - diz ela, com olhos úmidos.

- Seika. - diz ele o nome de sua irmã - Minha busca teve fim. Ainda bem.

Após o abraço, a Amazona recoloca sua máscara, e com um sinal apontando o castelo, todas as armaduras começam a se mover flutuando centímetros acima do chão e a segui-la, enquanto entra, como se ela fosse magnética.

Seiya observa curiosamente a fila de armaduras sagradas a seguindo. Era algo estranho de se ver.

Ambos retornam para o castelo.

Lucy, enfim, está no sagrado corredor, onde na porta ao fundo guarda-se a tiara do núcleo.

Guru Clef usa seu anel e a porta abre-se, permitindo se ver a tiara do núcleo sobre a fonte mágica.

Clef.

- Eis a coroa do núcleo, Lucy.

Muitos estão ali, junto dela novamente, na grande expectativa.

Caldina:

- Quer MESMO tomar esta responsabilidade pra você?

Lucy:

- Sim, Caldina. Eu não vou mais hesitar. Ninguém pode mais sofrer por minha causa.

Enfim Lucy vai em direção do símbolo do núcleo, mas ao contrário da outra vez, não titubeante e sim quase que correndo, para, por fim, tomar posse de tão difícil cargo.

A Guerreira não vacila momento algum. Seu olhar e pensamentos estão fixos no símbolo do pilar.

Finalmente ela entra na sala da coroa e o objeto mágico emite uma luz ofuscante, que chega a preocupar os que nunca haviam visto um núcleo assumir em Zefir.

Logo, a fonte que protegia o símbolo nada mais protegia, pois ele torna-se uma linda tiara colocada sobre a testa da Guerreira das Chamas.

Anne, vendo a amiga, lacrimeja, emocionada.

- Lucy tornou-se núcleo.

Marine abraça Anne e Sandhye ao mesmo tempo, como se pedisse apoio para ficar de pé. Aquilo não é um momento fácil para elas.

Lucy havia renunciado à vida de uma garota comum na Terra, inclusive o convívio com elas, para se tornar uma solitária núcleo de Zefir. Elas podem voltar para casa algum dia, mas Lucy Shidou deve ficar em Zefir, para sempre.

Lucy, com delicadeza, passa os dedos sobre a tira em sua cabeça, para confirmar que tornara-se mesmo o pilar e diz:

- Agora eu pretendo trazer a paz de volta a este mundo.

Clef aproxima-se dela e menciona ajoelhar-se, mas a moça lhe segura os ombros, implorando:

- Não faça isso, Clef, por favor!

- Está bem, Princesa.

Lucy não parece gostar de que lhe atribuam tão alta nobreza, mas antes que ela diga algo, Clef fala:

- Todas que se tornam núcleo de Zefir são Princesas ou Príncipes. É o nosso tratamento.

Yusuke, curioso, indaga:

- Escuta, e quando há o Rei e a Rainha?

Clef:

- Aqui não há Rei ou Rainha. O único com poder supremo para nós é Brafma. Ele é o nosso Rei.

Yusuke comenta:

- Isto é que é ter deus acima de tudo.

Lucy:

- O que devo fazer agora?

Clef:

- Pense em nós; apenas isso. Apenas queira todo o bem que você pretende à nossa terra e nos salve.

Lucy começa a concentrar-se:

- O que eu quero pra Zefir... eu quero que volte a ser como era antes. Eu quero que o céu volte a ser azul, porque era muito lindo.

Rafaga, neste instante, observando na janela vê que depois de tanto tempo, finalmente raios de luz solar começam a romper a barreira de nuvens escuras que cobrem Zefir, criando lindos círculos luminosos no chão marrom.

- Vejam! - diz Rafaga, maravilhado.

Praticamente, todos chegam-se às janelas, inclusive os aldeões do pátio são chamados às janelas por Ascot, para também observarem as nuvens se dissipando lentamente e dando lugar ao brilho solar.

- Oh! Que maravilha!

- Deus Brafma ouviu as preces!

- Que saudade do sol!

Estas e outras frases são ditas pelas pessoas.

- Eu gostaria que as plantas pudessem crescer tão verdes e bonitas como antes. - diz Lucy.

Lá fora todos observam as árvores mortas que haviam, terminarem de se decompor. Elas caem na terra e se desintegram. Porém no mesmo lugar pequenos brotos vão saindo do solo, com velocidade, desabrocham suas primeiras folhas, seus primeiros galhos vão se espalhando em todas as direções.

- Eu gostaria de ver a água cristalina de Zefir correr pelos rios outra vez, tão limpas que se possa ver as pedrinhas coloridas no fundo. - diz agora o núcleo de Zefir.

Dito e feito, muitas das rachaduras no solo criadas pelos constantes terremotos antes ocorridos, começam a expelir água como poços e, em poucos minutos, já se tornam rios com correnteza.

Lucy, agora, observa pelas janelas. Está muito feliz. Seus olhos brilham, vendo tudo aquilo ali fora, que finalmente algo de bom em Zefir ela está fazendo.

- Mas falta... faltam os animais de Zefir! Eram tantos e tão bonitos...!

Como no livro de Gênesis, assim surgem as aves no céu e as criaturas da água e da terra. Elas aparecem do nada, já adultas e começam a viver suas simples vidinhas.

Priscila ainda não sabe das boas novas, e está na sua sala realizando o ritual para que o mineral escudo amarelado torne-se a espada da quarta guerreira mágica, erguendo-o no ar com magia e envolvendo-o com seu panos alvos esvoaçantes.

Enquanto isso, sob nuvens negras, iluminadas pelos furiosos relâmpagos que nunca cessam, rompendo a ventania gelada que bate em seus corpos, erguendo suas armas antiquadas, o povo de Xarigan volta a sua marcha em direção ao castelo, com intenção de finalmente, tomar o núcleo de Zefir.

Xarigan, Ikki e Abner sempre à frente.

Estão escalando um alto monte, não muito íngreme, com a intenção de olhar o castelo bem adiante.

Os três chegam ao topo antes, retomam a respiração e têm uma grande surpresa; vêem que tudo está simplesmente belo e revigorante em volta do castelo, num raio de uns quilômetros ao seu redor, porém o restante de Zefir está ainda em colapso.

No castelo todos estão animados, mas não sabem que não foi toda a Zefir salva e sim alguns quilômetros ao redor, e que, na verdade, todo esforço do núcleo apenas havia criado uma espécie de oásis em meio ao escuro deserto no qual o restante de Zefir havia se tornado.

Xarigan aperta os olhos, com ódio enquanto olha o castelo de cristal, as mechas de sua franja grisalha sacodem ao vento frio.


Agradeço a colaboração do meu amigo Lexas no conceito da elaboração deste episódio.

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Capítulo 23

Capítulo 21

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