Last Land

Quinto Dia - Verdadeiras Intenções

Capítulo 21 -  Peleja Olímpica


Apesar da surpresa causada pela chegada dos dois Cavaleiros de Zeus, Guru Clef não hesitou em chamar os novos visitantes para uma conversa mais calma.

Sentados à uma extensa e ornamentada mesa de mármores, onde praticamente todos os castelões e os visitantes podem encontrar lugar para sentar- se.

Alguns petiscos exóticos de Zefir enchem os belos pratos que estão à frente de todos.

Guru Clef:

- Espero que apreciem esses petiscos. A nossa comida mais comum está escassa. Devido ao colapso de Zefir e essas iguarias sempre nascem nos jardins do castelo.

Umas estranhas frutas, que parecem estrelas de seis pontas, de cor azul escuro, são seguras por Hefesto, que sem problemas as mastiga.

A Amazona, porém, não faz menção de pretender comê- las.

Yusuke, não gostando do aspecto da exótica fruta, comenta:

- Aí, não vai comer, né? Deve tá fazendo careta por baixo da máscara.

Seiya:

- Eu já expliquei! As Amazonas não podem mostrar seu rosto. É uma vergonha maior do que ser vista nua.

Yusuke:

- Ah, é? Então, se eu pedir pra ela tirar a roupa não ofende, né?

Caldina, que acabava de servir a comida para Shurato, assim que tem a bandeja de metal liberada, deixa- a "escapar" e acerta a cara de Yusuke, derrubando- o com a cadeira para trás.

Kuwabara, que está do outro lado da mesa, zomba:

- Bem feito, Urameshi! Pra deixar de ser folgado!

Yusuke no chão resmunga:

- Você vai ver, Kuwabara!

Yusuke engatinha para debaixo da mesa.

Kazuma fica com expressão de surpresa.

Após as cenas ridículas protagonizadas por Yusuke, Shiryu resolve voltar a impor seriedade ao assunto:

- Eu, Seiya e Hyoga decidimos ficar em Zefir para ajudar, de alguma forma, salvar este mundo.

Rafaga ainda guarda rancor e asperamente murmura:

- Ajudaria mais se fossem embora pra sempre.

Neste momento a conversa é interrompida novamente quando Kuwabara é puxado à força para debaixo da mesa, fazendo sua xícara virar e derramar o líquido escuro pela mesa, até cair, aos pingos, na roupa de Sandhye, que estava ao seu lado.

Sem graça, a garota sai da mesa, olha para sua roupa ensopada e, fazendo uma reverência se despede:

- Desculpem. Vou ter que trocar a roupa.

Logo após ela afastar- se, Hefesto diz aos Cavaleiros:

- Vocês, Cavaleiros de Atena, parecem ter esquecido de que tudo o que devem fazer é proteger a deusa Atena e assim a própria Terra.

Seiya:

- Mas não podemos deixá- los!

Uma forte pancada embaixo da mesa é ouvida, a qual sacode a mesma, de forma a fazer com que umas sementes semelhantes a castanhas, mas bem esféricas, saltem para fora de sua cesta e espalhem- se, correndo por toda a grande mesa.

A Amazona, enfim, manifesta algumas palavras:

- Seiya, respeito sua decisão, mas gostaria de falar com você.

Seiya fica curioso, e obedece deixando a mesa, acompanhado dela.

Shiryu continua o diálogo:

- Cavaleiro de Zeus, independente da decisão que Seiya tomará caso mude de idéia, eu pretendo ficar por aqui.

O Cavaleiro de Diamante pega sua xícara e beberica um pouco antes de dizer:

- Entendo, mas vocês mesmos me disseram... não sabem quem são seus inimigos.

Shiryu:

- Mas descobriremos.

Hefesto

- Vocês se importam muito com assuntos alheios.

Shiryu:

- Nós cavaleiros vivemos pelos outros. Você não é assim?

Durante o decorrer deste sério assunto, Marine que está à mesa, contudo não presta atenção ao diálogo. Sua expressão preocupada é de outra coisa que está ocupando sua mente naquele instante.

- Só eu de mulher estou sentada na mesa. Estou correndo risco de... - pensa ela.

De repente seus olhos se arregalam e ela ergue- se da mesa, com um grito:

- AAAI!! Tira a mão da minha perna!

Irritada, ela dá um chute por baixo da mesa.

A cabeça de Kuwabara sai de baixo da mesa enquanto ele cai tonto, com todos os detalhes dos desenhos circulares da sola do sapato da guerreira marcadas em seu rosto.

Clef suspira de tédio.

Yusuke aparece do lado da mesa e ainda zomba:

- Coitado do Kuwabara! Fui eu quem passou a mão e ele é que paga. Falando nisso, que pele macia você tem!

Marine irada:

- Pivete!!

 

Em um aposento do castelo, o gênio Rayearth em forma de um lobo, Lucy e Hyoga estão em repouso em colchões grossos sobre grandes camas.

O trio está na mira dos olhares preocupados dos amigos.

Anne com frustração:

- O máximo que pude fazer foi curar as feridas, Hyoga! Os outros dois não acordam.

Hyoga:

- Mal consigo falar, Anne. Sinto- me esgotado como nunca. Eles devem estar mais que eu.

Rayearth:

- Acalme- se por mim, Guerreira de Windom, eu acordei, porém não sinto força alguma em Lucy.

Anne, preocupada:

- Ela... ela não pode estar...!

Rayearth:

- Claro que não, Guerreira Mágica. Seu coração bate normalmente, mas talvez ela não acorde porque não quer acordar.

Anne nervosa:

- Está dizendo que ela deseja morrer?

Anne aproxima- se, com seus belos olhos verdes, e observa sua amiga, enquanto aperta a mão direita inerte da ruiva dentre as suas palmas.

- Não pode fazer isso, Lucy! Acorde! Você não é assim! Lembra- se que você sempre nos deu forças para continuar, apesar das dificuldades? Cadê a minha determinada amiga?

Porém as palavras de Anne não surtem efeito na amiga, que nem se mexe.

Rayearth:

- Está se sentindo culpada por tudo o que nós de Zefir a forçamos fazer e por tudo que ela perdeu.

Hyoga com ar cansado:

- Mas não Lantis. Ela não o perdeu. Está congelado, mas vivo.

Anne surpreende- se:

- Vivo?!

Hyoga:

- Isso mesmo! Mas se não o tirarmos a tempo, ele não vai suportar mais. Desculpem, eu escondi isso porque queria que Lucy assumisse como Núcleo, então o libertaria. Preciso tira- lo de lá agora.

Hyoga esforça- se para levantar, mas sua perna falseia e ele cairia no chão, se não fosse amparado por Anne.

- Você não tem condições de andar. - diz ela.

Hyoga:

- Graças a você, não vou morrer, mas Lantis vai se eu não agir. Por favor, traga ajuda para me levar a ele.

 

Num corredor de um dos lugares mais altos do castelo, as luzes dos relâmpagos transpassam as vidraças, criando uma forma poligonal luminosa, que dura até menos de um segundo no chão.

Num dos quartos, Seiya está vestindo novamente sua armadura de Pégaso e está junto com a Amazona. Ambos sentam em bancos velhos e até meio bambos de madeira corroída pelo tempo.

Pégaso está um pouco apreensivo. Tenta demonstrar tranqüilidade com sua tiara debaixo do braço, mas está meio tenso.

Seiya:

- Amazona, insistiu que eu vestisse minha armadura, apesar de eu já ter me decidido por não partir. O que isso quer dizer? Está me desafiando?

Grifo:

- Não, caro Seiya, eu apenas tinha muita curiosidade em vê- lo vestindo a armadura, que o fez realizar tantas proezas.

Seiya fica um pouco abobado. Põe a mão na nuca, esfregando os cabelos.

- Ah, que é isso? Esse pessoal exagera! - diz ele.

Grifo:

- Sei sobre a purificação do Santuário, a batalha contra os guerreiros enganados de Asgard e contra a ambição de Poseidon, Abel, Éris, Lúcifer. Eu te acho admirável por ter salvo a Terra tantas vezes. Sei que a armadura de Sagitário, espontaneamente, o ajudou muito. Isso o torna, certamente, um Cavaleiro de Ouro. Você hoje é uma pessoa magnífica.

Seiya, meio convencido:

- Eu faço o que posso.

Grifo:

- Você se considera feliz hoje?

Seiya:

- Eu...? Por que não? Acho que sim.

A Amazona fica calada, pensativa, por alguns segundos, parece sutilmente não gostar do que ouviu, levanta- se do banco, dizendo:

- Está bem. Era só isso que eu queria saber.

A Amazona tenta sair, mas Seiya indaga:

- Espere! Por que você tem essa admiração por mim? Já que é muito superior ao nível de Cavaleiro do que eu, sua estória deve ser mais nobre que a minha.

- Minha história... - murmura ela - ...Seiya, nossas histórias até certa época são iguais.

Seiya:

- O que você quer dizer?

Grifo:

- Nada.

Neste momento Anne vai passando pelo corredor e vê ambos lá dentro. Desvia seu olhar. Volta a caminhar.

Porém estranhamente a sombra da garota não sai do lugar, Anne não percebe, a sombra vai tomando forma tridimensional e em segundos torna- se a Mulher de Negro.

- Não, você quer ficar, não é? - comenta a voz de tom sinistro da falsa Anne murmurante.

Anne parte do corredor sem perceber a outra.

Mulher de negro:

- Anne... eu farei agora você ter o que deseja.

No recinto Seiya vê aquela figura maléfica novamente aparecer. Por mais incrível que pareça, ele demonstra medo ao vê- la.

A Amazona observa e comenta:

- Esta mulher o assusta, Seiya? Por que?

- Porque eu sou o carrasco que vai puni- lo por seus crimes, com a morte! - diz a cópia de Anne que invoca suas espadas energéticas e volta- se para Seiya - Vamos pro túmulo, Cavaleiro!

Seiya fica tenso:

- Você de novo! Nunca vai me deixar em paz?

Mulher de negro:

- Não, nesta vida!

A Amazona segura- a pelo ombro.

- Não permito que faça nada a ele.

- Está bem. - diz a cópia de Anne, sumindo.

Seiya:

- Onde está?

Repentinamente Grifo parece se sentir mal, suas mãos ficam crispadas.

- Que é isso?! Estou sentindo como se meu corpo não fosse meu!! - diz a amazona.

Seiya:

- Não é possivel que ela...

Grifo retoma uma postura normal e fala com entonação diferente, meio irônica:

- Isso mesmo, estou aqui. Dentro deste corpo.

Seiya:

- O que?! Não pode!!

Grifo:

- Que tal agora? Se eu o destruir com ela, será legal, não é? Foi isso que Anne pensou, quando viu o gênio Dwhell ser destruído!

Seiya:

- Por favor, deixe a Amazona fora disso!

Grifo:

- Até pra pessoas fortes como ela, se não conhecer a magia de Zefir se tornam vulneráveis a ela. Vamos lutar, Pégaso!

A Amazona faz pose de luta.

- Você não vai conseguir - diz Seiya preparando- se para o combate.

Aos poucos, pequeninas bolinhas de energia branca começam a se desprender da pele e armadura da Amazona. Vão aumentando de intensidade, mais e mais até se tornar um reluzente cosmo branco.

- Como?! Isto é poder do cosmo, da alma dela? Só ela podia fazer isso!! - exclama Seiya.

Grifo:

- Eu fui feita de alma. Posso influenciá- las, também.

O ser fantasmagórico da mulher de negro usa o corpo da Amazona e antes de atacar resmunga:

- Morra, Seiya!

O Cavaleiro de Pégaso aguarda o ataque, com gotículas de suor frio na testa.

Finalmente Grifo ataca e desfecha um perfeito soco, porém este é defendido por Seiya, que ainda retém o braço da oponente preso a seu peito com seus braços.

Grifo:

- Que?! Isso não está certo!

Seiya cheio de si:

- Você não é uma Amazona! Não compreende como nosso poder surge.

Grifo:

- Sim, eu compreendo! Vou conseguir só pra mandar você pro outro mundo!

Pégaso, para ter mais segurança, coloca- se atrás da Amazona e a segura pelas axilas, com as dobras dos seus braços, dando lhe uma gravata.

- Você não é Amazona! Deixa o corpo dela! - diz ele.

Grifo tenta mover- se, mas lhe parece difícil. Contudo o cosmo começa a surgir ao redor da Amazona.

Seiya olha aquilo estupefato. O cosmo emanado por ela faz os cabelos do Cavaleiro sacudirem.

- Ela está inflamando o cosmo! É muito forte e repentino! Parece um furacão.

Os braços de Seiya conseguem segurá- la por muito menos tempo do que ele acreditava e seu corpo é arremessado contra o teto, esbarrando nele. Neste ínterim Pégaso ainda tem tempo para pronunciar:

- Como conseguiu?!

Grifo olha para cima e salta para Seiya no momento em que responde sua pergunta:

- Bem vindo a Zefir, assassino!

Pégaso tem uma das visões mais incríveis de sua existência. Ele vê Grifo saltar. A Amazona parece que, a cada centímetro do salto, se torna maior e maior, quase uma gigante, e Pégaso vê um punho do tamanho de seu peitoral atingir- lhe e o enviar para um esbarrão ainda mais violento contra o teto e uma desastrosa queda no chão.

Grifo:

- Anne também queria que eu te fizesse isso. No fundo ela quer que eu te destrua, mas ela age assim porque a ética a impede. Em Zefir nada se esconde!

Seiya:

- Eu já disse! Vou ajudar Zefir porque acho que devo isso a ela pelo que fiz, mas nunca darei minha vida, porque tenho muitas pessoas pra proteger na Terra!

Grifo:

- Pena! Anne não acha isso o suficiente!

Seiya:

- O que você pensa que é?! Saia já desse corpo! - e ataca - METEORO DE PÉGASO!

Os ataques do Cavaleiro tem uma velocidade incrível, mas a mulher de negro apossada do corpo da Amazona desdenha:

- Veja só que ataque rápido! Mas pra mim são golpes de lesma!

Grifo, com um movimento de braço, cria uma espécie de barreira à sua frente, desintegrando todos os meteoros.

Seiya fica estarrecido.

A Amazona sorri e retribui com diversos socos.

Pégaso tem a mesma visão de antes, quando Grifo se dirige contra ele, a vê crescer, aumenta de tamanho em milésimos de segundo, inclusive seu punho torna- se do tamanho de um baú.

- Será isso uma ilusão?! - pensa Seiya por um instante.

Porém para lhe contradizer, ele sente o impacto total daquele punho gigantesco, agora direto em seu rosto.

Seu nariz e boca sangram imediatamente, até sua tiara de Pégaso, que não escapou do toque daqueles imensos dedos é partida.

O Cavaleiro cai no chão. Cada pedaço de sua tiara partida cai num canto da parede.

Seiya geme de dor, enquanto pensa:

- Como ela dá golpes tão fortes? Que poder é esse que os Cavaleiros de Diamante têm, que são mais rápidos que a luz? Não pode ser!

Grifo:

- Faça Anne feliz! Pague sua dívida com ela!

Grifo, com uma expressão de psicopata no rosto, ataca Seiya novamente com os seus poderosos socos.

Seiya, mais uma vez, não tem a mínima capacidade de desviar; o seu corpo é jogado como um boneco, ao golpe da Amazona de Diamante.

Grifo:

- Assim não pode ser! Já está morrendo? Mas assim não tem graça! Tem que ser lento, muito lento!

Seiya pensa:

- Não vejo chance em enfrentá- la; tenho que sair daqui. Não posso morrer aqui, agora. - Seiya começa a arrastar- se para fora da sala deixando uma trilha sangrenta no piso.

Grifo aproxima- se do enfraquecido candidato a Cavaleiro de Ouro e lhe dá um chute, mesmo estando ele caído, e diz:

- Dói, não é? É mais ou menos assim que me sinto por dentro, só que as suas feridas podem cicatrizar e as minhas... não podem! Seu maldito! - diz a mulher de negro, chorando através da Amazona.

Seiya é jogado a considerável distância e seu corpo cai bem à frente da porta do recinto.

Seiya pensa, caído, tingindo o piso com seu sangue:

- Por que eu tive que vir para este mundo? Só tive sofrimento. E agora morrerei nas mãos de um fantasma! Será que não tenho jeito de me proteger desses ataques?

Grifo:

- Maldito! Foi assim que fez com Ferio? Hein? Eu vou...

Uma presença inesperada ocorre na sala. É Hefesto, que logo ao entrar bate de frente com Seiya caído ao piso e fica surpreso com o que vê.

Grifo fica com raiva:

- O outro Cavaleiro!

Hefesto, ainda impressionado:

- Grifo! O que está fazendo?

A Amazona nada fala; apenas tem uma expressão aborrecida, olhando- o.

Seiya, com dificuldade olha para cima e diz:

- Hefesto! A sua companheira está possuída por um fantasma que quer me matar. Pare- a, por favor!

Hefesto tranqüiliza- se e, repentinamente, recosta- se no umbral da porta, cruza seus braços e diz, com os olhos fechados e um sorriso cínico uma simples frase:

- Prefiro ficar olhando.

Todos ficam surpreendidos com a resposta.

A mulher de negro desconfia e diz através de Grifo:

- Não pense que cairei no seu truque! Não darei tempo de salvá- lo.

Hefesto:

- Quem vai salvá- lo? Faça o que quiser com ele.

Seiya segura o tornozelo de Hefesto, dizendo:

- O que?! Não entendo sua atitude... por que não me ajuda, Cavaleiro de Diamante? Porque me recusei a partir?

Hefesto pisa forte sobre a cabeça de Pégaso, que continua a se arrastar no chão.

- Sabe Pégaso, um fato lhe tornou meu rival. Você não tem muita sorte. - diz, esfregando o rosto de Seiya contra o chão e depois chuta- o no rosto, fazendo- o cair perto de Grifo, para o qual fala - Você, que está no corpo de Grifo, não quer matá- lo? Pois faça!

Grifo diz, já confiando em Hefesto:

- AH AH AH AH! Que coincidência encontrar mais alguém que conhece o mau que Seiya é! Que ele deve morrer!

 

Em outra parte do castelo.

Shurato está com um olhar preocupado. Ele está num dos quartos do castelo, sentado na beirada da cama, logicamente sem seu shakiti.

- Você vai me deixar dormir ou não?

- Não! Fala! O que você acha que houve com o Leiga? Hein? Fala! - diz Primera, voando ao redor de sua cabeça, como um mosquito.

Shurato arrepia os próprios cabelos com as mãos, nervoso:

- Como posso responder? Aah! Sei lá! Ele sumiu na fonte! Eu também tô preocupado, mas não sei o que fazer!

Primera:

- Vai na fonte procurar ele! - ordena a pequenina.

Shurato:

- Eu vou voltar! Mas amanhã! Eu procurei o máximo que pude hoje!

Primera:

- Você acha que ele morreu?

Shurato:

- Não me faz pensar nisso! Eu já tô cheio disso! Droga! Eu vou voltar praquela fonte e entrar nela pra procurar ele, mas também tenho que ajudar o pessoal aqui.

Subitamente Yusuke entra naquele quarto, e, com expressão sonolenta diz:

- Aí, galerinha! Tô a fim de dormir! Então vê se não ficam fazendo barulho, valeu?

Yusuke joga- se no colchão, que balança sobre a cama de casal, separada no meio por umas tábuas mal pregadas.

Primera:

- Esse tal de Yusuke é um insensível. Parece que não liga pra ninguém!

Yusuke, com a cara afundada no travesseiro fofo, fala com voz abafada:

- Lamentar adianta alguma coisa? Quando aparecer o imbecil culpado disso tudo, eu afundo o focinho dele! Isso é que deve ser feito! Então não critica meu jeitão só porque não sou chorão que nem o Shurato, sua nanica!

Shurato:

- Vê se cala a boca!

Shurato dá um soco na tábua com raiva e bate com a mão bem na ponta de um prego. Puxa a mão, rapidamente, em dores, mas não emite nenhum som.

Yusuke, ainda irritado:

- Otário pode gritar! Eu vi a burrada!

Primera:

- Vocês não ligam pra nada! Eu vou lá, agora!

A Fadinha voa em direção da janela.

Shurato, todo atrapalhado, ergue- se da cama, tropeça e carregando o cobertor, avança nela e a captura.

Primera sacode- se dentro do pano.

Shurato segura o cobertor com o punho, como se fosse um saco.

- Me solta! Soltaaaaa! - exclama ela.

Shurato dá um nó nas pontas do cobertor, prendendo- a lá dentro e ela continua dando seus gritos estridentes, que nem o pano consegue abafar.

Shurato irritado:

- Aaaah! Eu já disse. Outras pessoas precisam de ajuda, inclusive você! Por isso não posso ir atrás de Leiga. Primera, ele é muito forte! Aquela fonte não o vai segurar pra sempre.

Primera:

- Você tem tanta certeza?

 

Enquanto isso, no Mundo Celestial, Leiga está de volta ao palácio da Árvore Celestial. Está cercado por seus amigos, muito curiosos.

Hiouga:

- As fontes Eterna e do Somma são ligadas entre si?

Ryuma:

- Não imaginava que isso ocorria.

Passos rápidos e leves são ouvidos. Leiga olha para o corredor e vê Hakeshi vindo de encontro a ele, correndo.

- Leiga! Leiga! - grita ela nervosa e coloca- se à frente do Guardião Celestial e berra - Por que você e o bobo do Shurato saíram sem me pedir permissão?! Só você voltou? Cadê ele?

Leiga gesticula para acalmá- la:

- Calma, minha deusa! Pelo visto, eu estava enganado! Você está bem! Pensei que algo tinha lhe acontecido!

Hakeshi preocupada:

- É mesmo, Leiga! Eu estou bem. Nós todos estamos bem, mas o Mundo Celestial está ficando escuro. Nunca pensei que os problemas de Zefir pudessem influenciar no Mundo Celestial.

Ryuma:

- Isso nunca aconteceu antes e vice- versa. Isso só acontecia com a Terra. Agora com Zefir, também?

No Mundo Celestial, Lengue está numa espécie de lavoura, onde observa as plantas que estão por ali. Suas folhas estão amareladas, o vento, não tão forte, que sopra naquele instante é o suficiente para desfolhar muitas plantas e algumas até caírem com suas raízes partidas.

A guardiã olha os agricultores ali, com expressão de desânimo total.

Lengue aproxima- se de uma planta que parece ser a única intacta. Pega um fruto dela, semelhante a uma espiga de milho, e esta, mesmo mal sendo tocada, seus grãos caem apodrecidos.

Um dos agricultores fala:

- Está tudo assim! Tudo está morrendo no Mundo Celestial! Desse jeito rapidamente todos nós vamos começar a passar fome.

 

No castelo de Zefir, Seiya está intrigado com que ouvira de Hecatônquiro e insiste:

- Páre de... me... enrolar. O que eu lhe... fiz, Cavaleiro?

Hefesto:

- Está bem. Eu sempre ouvi dizer sobre os Cavaleiros do Santuário que são comandados por uma moça que é a reencarnação da deusa Atena. Quando, enfim, houve o sumiço de vocês ela foi pedir ajudar a Zeus. Então pude ve- la e confirmar que ela é a reencarnação de uma deusa. Era linda, tinha uma doce voz que emanava dos lábios de seda. Após o pedido ao senhor Zeus eu me apresentei a ela pessoalmente. Fiquei encantado com ela.

Seiya diz irritado e dolorido:

- Todo mundo sabe disso.

Hefesto termina:

- Saori deixava as lágrimas rolarem em seu lindo rosto de anjo quando mencionou seu nome. Isso demonstrava um grande afeto por você, porém ela era tão deslumbrante e bela, que não pude me conter e agora estou apaixonado pela deusa. E você é uma pedra no meu caminho. Eu pensei em como faria para matá- lo, sem que ninguém desconfiasse de mim, mas que sorte eu tive dessa boa alma tomar posse do corpo da minha amiga. Agora é só te deixar na mão de Grifo, que ela vai matá- lo e então aos outros eu direi que cheguei tarde demais para ajudar. AH - AH - AH - AH - AH!

Seiya, pelo que ouve, enche- se de coragem novamente e acendendo o seu cosmo, levanta- se esforçadamente dizendo :

- Maldito! Vou matá- lo antes!

Grifo:

- O que ele lhe falou serviu de inspiração? Mas você vai cair de novo e para a morte!

Grifo invoca seu cosmo.

Seiya pensa:

- Não posso perder de novo! Tenho que voltar à Grécia e defender Saori! Pégaso, me ajuda! Me faça enxergar o ataque de Grifo! Assim como quando eu vi os ataques dos Cavaleiros de Ouro. Faça- me ver os golpes do Cavaleiro de Diamante! Pégaso! Se mereço ser seu representante, faça um milagre!

Ataca, correndo contra ela mais uma vez, e Grifo revida.

Seiya então vê o milagre acontecer. Consegue acompanhar os movimentos da Amazona e vê o soco se aproximar.

- Muito obrigado, Pégaso! Eu estou vendo! Tudo!

Seiya, com um tanto de dificuldade, vai desviando das enormes mãos e move seu corpo com destreza.

Grifo:

- Não é possível! Está desviando!

Seiya aproxima- se de Grifo e prepara seu punho para um golpe e ataca... contudo quem é atingido é ele mesmo em seu próprio rosto, por um chute de Hefesto, que percebe que ele igualou- se ao poder da outra por um instante e antes que Seiya tivesse sucesso o derruba.

Grifo:

- Ele quase me atingiu! Como alcançou essa velocidade?!

Hefesto:

- Não arrisque mais esses golpes! Ele já o decifrou! Eu mesmo terminarei de matá- lo.

Grifo:

- Nunca! Ele é meu! Só eu posso matá- lo!

Hefesto:

- Pois faça- o para o bem de todos. Grifo tem golpes especiais. Procura na mente dela! Procure a Glória Alada do Grifo!

Seiya mantém- se em pé, mesmo todo ferido e diz:

- Ele está te usando para os propósitos dele! Percebe isto?

Grifo:

- E daí?! Somente a satisfação de Anne me interessa.

A Amazona fecha os olhos por uns segundos.

Hefesto:

- Isso! Busque na memória dela.

Grifo com uma expressão de maldade ela comemora:

- Sim eu achei e vou destruí- lo! GLÓRIA ALADA DO GRIFO!

Um poder é disparado contra Seiya, que usa de toda sua visão para enxergar a forma da magia, mas é inútil. A única coisa que vê é a imagem da criatura mitológica que a Amazona representa; sente como se um grifo do tamanho de um ônibus se lançasse contra ele e o esmagasse com o peito, enquanto suas asas batem em seus membros como tufões, esticando- os como em instrumentos medievais de tortura, enquanto do seu bico um sibilar insuportável é emitido e suas garras de leão e águia rompem a pele de Pégaso, como se fossem papel. Nesta visão sem ver o menor movimento da Amazona, o Cavaleiro percebe que foi totalmente incapaz de defender- se. Sendo atingido, mais uma vez, pensa:

- Esse é o poder verdadeiro dela! Estou perdido!

Pégaso cai no chão, com o dobro de feridas que já apresentava, sendo que sua armadura está com imensas fissuras. Mesmo assim Seiya tenta levantar.

Grifo irada:

- Não morreu!! Pensei que esta tal amazona fosse capaz. Tenho que achar algo melhor, melhor, mais doloroso!

Hefesto fica aborrecido:

- Pare de resistir, Pégaso! Não quero você no meu caminho!

Seiya:

- Miserável! Disse que veio nos ajudar! Como um homem como você está no santuário de Zeus?

Hefesto:

- Em todo rebanho há uma ovelha negra. Mas não se preocupe, eu ajudarei seus amigos. Somente Seiya de Pégaso não voltará à Grécia. AH AH AH AH AH! A notícia de sua morte a deixará muito triste. Ela deve ser linda chorando como uma viúva, antes mesmo de casar! Mas eu, Hefesto de Hecatônquiro a consolarei. AH AH AH AH!

A mulher no corpo de Grifo ouve as frases de Hecatônquiro ecoarem em sua mente:

- "Chorando como uma viúva, antes mesmo de casar"... "Chorando como uma viúva, antes mesmo de casar."!

O massacrado Cavaleiro de Pégaso vê seu coração tornar- se um poço de revolta e suas palavras são os baldes cheios, retirados desse poço:

- Maldito Cavaleiro de Diamante! Não vai realizar o que quer! Eu não vou me entregar à morte! Eu não defendi todos esses anos a Saori somente por obrigação. Porque como ela gosta de mim, eu gosto dela! Gosto dela, não! Eu a amo! E vou voltar à Grécia para encontra- la novamente, nem que precise destruir todos os Cavaleiros de Diamante! - diz Pégaso, com uma fúria que se reflete no seu cosmo, ao cobrir praticamente o recinto todo. Seus olhos vêem Hefesto como um alvo e seu corpo é um gatilho pronto para disparar contra o Cavaleiro de Diamante.

Grifo vê Seiya virado a Hefesto e protesta:

- Seiya! Vire- se a mim! Eu que te feri! Eu o deixei quase morto! Enfrente- me!

Seiya:

- Eu não te odeio por isso! Hefesto sim, conseguiu o meu ódio!

Apesar dos desafios, Seiya não ouve o dito por Grifo. E olha Hefesto com muita ira, e, incendiando seu corpo com seu cosmo cada vez mais brilhante. Mas Hecatônquiro não demonstra medo.

A mulher de Negro, ao ver que Seiya nem havia ligado para suas provocações, pensa:

- Será que Seiya não é tão mau quanto pensei? Apesar de todos os ferimentos que fiz em seu corpo sua fúria não chega a metade do que está agora. Bastou Hefesto falar aquilo da mulher, que Seiya diz amar.

Hefesto diz, com sorriso irônico:

- Pode me atacar, Seiya. Sou o mais poderoso dos Cavaleiros de Diamante! Sua investida será inútil.

Seiya:

- Não será! Você vai sentir o ... METEORO DE PÉGASOOOOOOO!

Hefesto desvia- se e defende os ataques com facilidade.

Seiya grita, enquanto ataca:

- Pégaso! Eu preciso de sua ajuda mais do que nunca! Mostre o poder das estrelas!

Os meteoros do candidato a Cavaleiro de Sagitário começam a ficar mais brilhantes, assim como mais rápidos, Hecatônquiro começa a perder seu sorriso irônico, mas fala:

- Nunca irá me ferir! Eu sou superior! Uma deusa não pode amar um Cavaleiro medíocre como você!

Seiya empunha toda a sua energia para causar os meteoros de Pégaso, que fazem naquela sala um show de luzes e dominado pela fúria, ainda diz:

- Hefesto! O meu amor por ela vai defendê- la mais do que o mais forte dos escudos! E ninguém, nem se Zeus quiser, me fará separar- me de Saori! E você vai pagar por tentar isso... PÉGASOOOO!

Hefesto não tinha dificuldade de proteger- se dos meteoros, mas agora eles começam a juntar- se para tornarem- se um só, assustando o Cavaleiro de Hecatônquiro, que exclama:

- Que isso?! Estão virando somente um! É um cometa!

Realmente formam- se no ar o Cometa de Pégaso, surpreendendo a Grifo e Hefesto.

- É o seu fim! COMETA DE PÉGASOOOOOO! - grita o Cavaleiro.

A imensa massa de energia esférica vai de encontro a Hefesto, que é obrigado a usar as duas mãos para estacioná- la no ar e faz um esforço para mantê- la ali. Pensa:

- Não pensei que fosse tão difícil aguentar esta magia...! Ugh...! Não vou conseguir agüentar muito tempo! Tenho que fazer algo!

As mãos do Cavaleiro de Diamante começam a sangrar. Ele pensa:

- Vou confiar em meu cosmo! Ele é muito maior que o de Seiya! Eu sou um Cavaleiro de Diamante! Não posso errar este truque.

Hefesto retira um dos braços da bola de energia e começa a faiscar seu cosmo nele. Seu outro braço começa a ceder por força do cometa.

Hefesto:

- UGH...! Eu sou um Cavaleiro de Diamante!

Ele invoca seu cosmo crescentemente no braço livre, enquanto sua mão escorrega do cometa de Pégaso, que vai de encontro ao seu rosto. Seus olhos assustados brilham refletindo a esfera luminosa, enquanto avança contra a magia com seu braço energizado e brada:

- Maldito Seiya! Eu...

Não há tempo de terminar, pois o cometa de Pégaso explode, porém não se sabe se foi porque atingiu Hecatônquiro ou Hecatônquiro a atingiu. A luz toma conta de tudo, ofuscando a visão dos espectadores.

Grifo:

- O que será que houve?

Seiya fica apreensivo, enquanto a luz vai perdendo a intensidade e Pégaso vê algo que não esperava. Hefesto, com o braço à frente de seu corpo, mostrando que conseguira destruir o poder, que com tanto empenho havia sido mandado contra ele.

O Cavaleiro de Diamante diz:

- Sou um Cavaleiro de Diamante! Seiya, foi muito chão para chegar na posição que estou hoje. Devia supor que uma dose de fúria de amor não poderia me vencer!

Seiya fica muito entristecido e desanimado com o que vê. Cai de joelhos no piso, com a colaboração de seu péssimo estado físico lamentando- se:

- Não pode ser! Como posso ter falhado?

Hefesto:

- Prepare- se, Seiya! Eu vou te dar o golpe fatal! Só que Grifo será a culpada. A minha deslumbrante senhorita Atena sofrerá, mas só até eu lhe demonstrar o amor de um homem de verdade.

Hefesto invoca sua energia.

Grifo pôs- se à frente do golpe de Hefesto.

Hefesto:

- Fantasma, não disse que quer Seiya morto?

Ela ataca Hecatonquiro:

- GLÓRIA ALADA DE GRIFO!

Como a magia do outro Cavaleiro de Diamante é mais forte do que a de Seiya, Hefesto é encostado contra uma das paredes do recinto; agüenta- se contra o poder de Grifo, que ataca ininterruptamente.

Hefesto forçado contra a parede, fala:

- Eu sou mais forte que você! Vou sair desta situação!

Seiya vê a cena surpreendido, mas pensa em aproveitar a situação:

- Ela o está atacando para me atacar sozinha? Isso não importa no momento! Ele é muito forte e nem Grifo agüentará muito tempo. Então eu sei o que vou fazer.

Seiya consegue levantar- se, e estando atrás de Grifo, nota a situação:

- Tenho que conseguir, mais uma vez.

Hecatônquiro já consegue desencostar- se da parede e a avançar lentamente reprimindo a energia da amazona.

Atrás de Grifo Seiya grita:

- Dê- me asas, Pégaso!

Seiya dá um grande salto, e imagens de asas surgem, às suas costas e ele ataca Hefesto com meteoros de Pégaso.

Os dois, atacando ao mesmo tempo, é indenfensável mesmo para Hefesto que é empurrado pelos inúmeros golpes de Grifo:

- AAAAAAH! - o seu corpo é jogado novamente contra a parede e enfraquecida ela não resiste, quebrando- se e Hefesto, que estava imprensado contra ela, acaba caindo da imensa altura do castelo, juntamente com alguns pedaços da parede de cristal. Seu grito de horror é terrível.

Seiya perde suas asas assim que pisa no solo novamente.

Grifo, controlada pela mulher de negro ainda olha para o buraco feito na estrutura do castelo.

Seiya fala para a Mulher:

- Vamos acertar logo o que tem que ser acertado! - diz, mesmo com sangue em todo o corpo.

Grifo vira- se para Seiya, o qual fala:

- Saiba que agora, se for preciso, vencerei você!

De repente Grifo cai inconsciente no chão; a mulher de negro, que acabara de abandonar o corpo da Amazona fica ali em pé, no mesmo lugar que Grifo estava em pé.

Seiya:

- Hã?! Você a libertou?

A cópia de Anne o olha com seriedade e fala:

- Ainda há uma coisa que eu tenho que fazer. - diz, esticando o braço com a mão aberta, em direção a Seiya, que fica preparado para o provável ataque.

- SOPRO DA CURA! - ela grita.

Um vento suave, com pequenos brilhos como estrelas, envolvem Seiya, fazendo seus sangramentos cessarem, assim como suas feridas fecharem- se.

Seiya surpreso:

- Você ... me perdoou?

Ela segura um dos punhos de Pégaso com suas duas mãos, numa demonstração de confiança.

- Você não é o que eu pensei que fosse, Seiya. Você ama Saori e Saori o ama. Pensei que fosse alguém fingido e frio, mas você quebrou essa visão. Você não deve morrer. Deve viver para procurar Saori, que te ama. - lágrimas escorrem em seus olhos e diz - Seiya, não se deixe destruir nunca. Por favor, não deixe sua Saori sentir o que eu senti com a morte do meu amado Ferio. É muito ruim. Ninguém merece isso. Quanto mais uma deusa. Eu confio na força que você tem. Adeus e me desculpe pela injustiça que fiz.

A mulher afasta- se de Seiya e corre em direção da parede do castelo.

Seiya:

- Espere!

Ela vai, sem hesitar, e atravessa a parede, sumindo da vista dele.

Seiya murmura:

- Ah, claro! Ela é um fantasma... que no final salvou minha vida...!

Seiya nem acredita que sua vida correu risco tão subitamente por uma idéia psicótica de um Cavaleiro de Diamante.

- Um Cavaleiro como ele cederia a uma paixão tão insana assim, de repente? A ponto de tentar um assassinato? - imagina Seiya.

Um gemer de voz feminina da Amazona relembra Seiya da presença de Grifo e prontamente aproxima- se dela.

Seiya:

- Você está bem?

Grifo observa a destruição ao seu redor, e com noção do que ocorrera antes, fala:

- Me perdoa por isso, Seiya! Eu te feri! Lamento muito!

Seiya:

- Esqueça. Isto não é novidade pra mim.

Mas a Amazona demonstra- se muito preocupada. Coloca as mãos no rosto do Cavaleiro.

- Você está bem mesmo? - diz ela - Tem certeza?

Seiya:

- Você se preocupa comigo mais do que deveria.

Grifo:

- Não diga isso, Seiya. Você é importante pra mim.

A Amazona coloca a mão sobre sua máscara e começa a deslocá- la.

Seiya tenta impedir.

- Espere! Eu já tive muitos problemas porque vi o rosto de uma Amazona!

Grifo:

- Você não tem idéia de quem eu sou?

Seiya fica pensativo, mas nada fala. Não demonstra entender a pergunta.

A Amazona recoloca a máscara no rosto.

- É isso que eu temia! Mas acho que a culpa foi minha! - diz ela - Não, isso é natural, o tempo é implacável.

Seiya:

- Eu não compreendo! Quem é você, Amazona?

Grifo:

- Desculpe por te incomodar. Esqueça. Seiya, diga- me, o Cavaleiro de Hecatônquiro não percebeu? Não notou nossa luta?

Seiya:

- Ele chegou aqui e tentou me matar! Simplesmente apaixonou- se por Saori e quis se livrar de mim tão facilmente como se livrara daquele Gênio, mas nós derrotamos Hecatônquiro.

A Amazona sente- se paralisada por uns instantes e apenas fala:

- Pégaso, não nos subestime crendo que seremos destruídos numa situação tão simples, e não nos superestime, imaginando que nós destruiríamos tão facilmente um ser como aquele gênio.

Seiya:

- Que?! Então você quer dizer que os dois...!

O Cavaleiro corre para olhar o buraco feito na parede. Sua ansiosa visão bate no chão lá embaixo, onde poderia estar o Cavaleiro de Diamante caído, mas ele já não está mais lá.

Pégaso corre em direção à porta.

Grifo:

- O que vai fazer?

Seiya:

- Avisar aos outros sobre ele, antes que volte.

O Cavaleiro de Bronze usa seus calcanhares para frear sua corrida, pois à sua frente, na porta do recinto, já está Hecatônquiro de volta.

- J...já v... voltou! - exclama Seiya, com uma surpresa indescritível.

Hefesto, com um olhar demoníaco:

- Você não contará nada a ninguém. Ninguém saberá a verdade!

Num movimento curioso, o Cavaleiro de Diamante volta para trás no corredor, até seu final e retorna correndo para pegar velocidade. Isto tudo é como se a imagem de Hefesto piscasse à frente de Seiya. Ele mal nota tal movimentação.

O fato é que Hecatônquiro corre para agora agarrar Seiya e a Amazona pelo pescoço, correr mais ainda e lançar- se segurando ambos pelo buraco aberto na parede. Como um cometa eles cruzam aquele céu escuro. E como uma bala de canhão chegam tão longe que começam a perder para a força da gravidade somente na distância de terem passado da Ilha Voadora que ergue o castelo e o trio vai cair lá embaixo, na floresta decadente de Zefir.

Como um avião num pouso forçado, Hefesto vai descendo, arrebentando galhos, arrancando folhas secas e partindo troncos, mas usando os corpos dos dois que segura. A jornada termina numa freada brusca dos pés do Hecatônquiro, que criam um par de valas no chão, e os outros como não puderam se organizar, fream com o tórax de suas armaduras, como se fossem trenós e põem as mãos no chão para parar, mas não conseguem impedir a si mesmos de rolar no solo.

 

Um breu absoluto, um silêncio total, nem frio, nem calor, nenhum cheiro, nada é tudo que Lucy sente naquele momento.

Lucy:

- Será que eu estou morta? Eu não sinto, não vejo, não ouço nada. O que será que há comigo? Talvez seja melhor que eu esteja morta mesmo. Eu não poderia trazer mais males à Zefir. - Oooi! - diz Botan, surgindo bem à frente da Guerreira. - V...você? - exclama, assustada - Por que está aqui, Botan? - Ora, isto é meu trabalho. - diz a deusa com uma pequena luminosidade ao seu redor.

Lucy:

- Não me diga que você é...

Botan:

- Sim, eu sou a deusa da morte. Às vezes é muito duro fazer o meu trabalho, sabe? Mas eu quero dizer que nem tudo acabou ainda pra você, garota. Você está numa situação rara. Está com o corpo extremamente fraco, mas não morto.

Lucy:

- O que você quer dizer?

Botan:

- Quero dizer que morrer ou viver está à sua escolha. Se quiser, você vem comigo; se não quiser, você continuará viva.

A guerreira do fogo observa imagens a sua volta com a fraca luminosidade. Parecem esculpidas em relevo numa parede, mal dá pra enxergar, mas parecem cenas, muitas cenas e umas parecem da vida dela, ela vê a si mesma, Marine e Anne desenhadas ali, num lugar como Zefir, elas e Esmeralda, elas e os três gênios, etc.

Lucy, neste instante, sente- se no pensamento que volta e meia vinha à sua mente e medita:

- Dizem que quando se vai morrer pode- se ver cenas da vida que teve, entendi. Pode ser que as coisas sejam melhores sem mim. Se eu morrer, um outro núcleo pode surgir, sem tantas dúvidas e receios como eu.

Botan fica preocupada:

- Você tem certeza disso? Seus amigos vão sentir sua falta. É uma chance tão rara da pessoa poder escolher se vai ou fica e você vai desperdiçar?

Lucy:

- Eu também irei sentir falta deles, mas... por minha causa tanta gente morreu... até o Lantis.

Botan balança o dedo em sinal negativo.

- Não. Tá enganada. Ele não morreu, ainda.

Lucy surpreende- se:

- Não?! - ela abre um sorriso - Que bom!

Botan:

- Que tal dar uma olhada em você mesma?

Lucy:

- Em mim mesma? Que lugar estranho é esse?

Botan:

- Você está no quarto do andar de cima, que tá fechado. Vem aqui.

Botan pega Lucy pela mão e ambas descem, atravessando o chão como as fantasmas que são no momento, e indo parar no andar inferior, onde Lucy pode ver seu próprio corpo estendido na cama, com Rayearth próximo em outra cama, olhando para ela como um cão protetor.

A ruiva agora fixa sua atenção no peito do seu corpo, que começa a se iluminar.

- Isto é o brilho do medalhão que o Lantis me deu! Ele quer falar comigo! - exclama Lucy.

Botan sorri:

- Isso mesmo, Lucy. Vai lá falar com ele.

O espírito de Lucy é puxado para o próprio corpo por uma força invisível, com uma grande velocidade.

Rayearth observa uma movimentação nos dedos da garota.

- Lucy, finalmente! - diz o animal sagrado.

Lucy, com dificuldade, ergue seu braço esquerdo e toca em seu peito, bem onde está o medalhão.

Seus pequenos lábios pronunciam fracamente:

- Lantis.

Como se por um tipo de telepatia, Lantis, ainda no bloco gelado, conversa com a garota:

- Lucy, sei que você está fraca. Passou maus pedaços, mas resista, Lucy! Eu quero vê- la de novo!

Lucy:

- Eu também, Lantis.

Lantis:

- Juro que um dia ficaremos juntos, mas prometo não permitir que Zefir sofra por isso. Algo poderemos fazer. Erga- se, Lucy. Eu preciso de você!

Lucy:

- Estou tão feliz porque você está vivo...! Eu o amo muito!

- Eu também te amo. - diz ele.

Enfim, os olhos escarlates da garota se abrem, apesar de estarem cheios de lágrimas. A menina vira o rosto para ver seu gênio.

Rayearth:

- Eu também torço por sua felicidade, minha Guerreira Mágica!

Lucy:

- Obrigada. Eu adoro você, Rayearth.

Lucy agora usa a outra mão, e, com as duas, retira o medalhão de debaixo da roupa e o aperta com toda fé.

- Lantis, agora é sua vez. Você tem que se libertar! Tem que sair daí!

Lantis:

- Farei isso por nós.

Na sala em que Lantis está congelado, Hyoga e os demais observam a aura se formando ao redor do castelão.

Priscila:

- Vejam! Uma aura! Ele está resistindo!

Hyoga:

- Ótimo, ele não conseguiria sair sozinho mais com minha ajuda vamos tirá- lo daí.

O Cavaleiro de Cisne coloca as mãos sobre o bloco de gelo. Uma aura branca vai deixando o gelo e entrando no corpo de Hyoga.

A aura de Lantis aumenta dentro do gelo.

- Vamos! Ajude- me a tira- lo daí! - Instiga Cisne.

A voz de Lucy na mente de Lantis:

- Lantis, quero viver somente se você viver!

- Eu viverei! - responde ele, com vontade.

Hyoga continua se esforçando, reabsorvendo seu próprio poder do caixão gelado. Suas mãos parecem se tornar mais brancas que a sua própria armadura.

- Vamos! Seja forte, Lantis!

Uma luz se forma na lâmina da espada do castelão que ali dentro coloca toda sua força de vontade para que esta sirva para ajudá- lo neste momento crucial.

- Eu vou sair! Tenho que sair!

Hyoga observa a aura do espadachim elevar- se mais e incentiva- o:

- Vai! Você pode! Tem que poder!

Cisne também intensifica sua força de novo.

Lucy, no quarto com os olhos fechados, continua apertando o medalhão com força e pensando:

- Lantis...

O castelão retribui a carinhosa intenção, colocando mais força em sua aura, de modo que aumenta de forma tal, que chega a atravessar a camada gelada e criar uma esfera de luz, que engloba todo o bloco.

Hyoga afasta- se esperançoso; os outros também olham com surpresa.

A luz se apaga e, para a surpresa de todos, o caixão de gelo continua intacto, perfeito, liso, brilhante e o pobre castelão não havia mudado sua posição um milímetro sequer.

Hyoga cerra os dentes, frustrado:

- Não é possível! Será que só mesmo as armas de Libra podem destruir isso?!

O Cavaleiro olha para os demais na sala e diz:

- Me perdoem. Estou fraco demais ainda.

Ninguém fala uma sílaba sequer, mas a expressão de Ascot e Rafaga é de acusação.

Lucy naquele quarto apenas deixa uma lágrima escorrer pelo canto do olho até cair no colchão. Desapontada.

- Lantis. - murmura ela.

 

Na floresta decadente. Hefesto, com ar superior ameaça:

- Seiya, não sobrará nada de você e eu culparei Grifo por sua morte.

Seiya:

- Isto não tem sentido! Shiryu e Hyoga sentirão nossos cosmos e saberão que você que me matou! Você é louco!

Hecatônquiro com expressão psicopata:

- Acho que foi este lugar que me deixou assim! Que tal finalmente sentir um golpe de um Cavaleiro de Diamante?

Seiya com medo:

- Vão logo chegar aqui!

Hecatônquiro:

- Eu tenho tempo suficiente!

O Cavaleiro de Diamante volta a aumentar seu cosmo; sob o brilho branco surge a imagem de uma criatura de aparência semelhante a humana, mas com cem braços e cinqüenta cabeças. Um ser mitológico.

Hecatônquiro:

- Um soco meu é como o de cinqüenta Cavaleiros como os de Ouro. Vou aniquilá- lo já! - e grita - PUNHOS DE HECATÔNQUIRO!

Seiya nem tem tempo de erguer os braços para defender- se. Só sente seu corpo ser arremessado para trás, com tremenda velocidade e chocar- se contra uma rocha. Não vê uma cena do golpe que recebera. Está muito abalado.

Ele abre os olhos e vê, meio tonto, que sua armadura ainda está inteira.

- Minha armadura ainda está inteira!?

Pégaso, apesar das dores, sente- se confiante.

- Ele destruiu o gênio, mas eu estou vivo! Então posso enfrentar um cavaleiro de diamante.

Contudo o Cavaleiro de Bronze volta a encher- se de preocupação quando vê à sua frente a Amazona de Grifo caída.

- Ela se colocou aí para me defender! - nota ele.

A Amazona ergue- se com muitas dores; sangra por debaixo da máscara, através das juntas da armadura, que fumega. Porém com veemência diz:

- Não vou deixar que faça nada com ele! Que idéia louca foi essa que deu em sua cabeça?

Hefesto:

- Não sei explicar. Talvez seja coincidência por causa do meu nome. Na mitologia Hefesto também desejava Atena.

Grifo:

- Você está louco!

Hefesto:

- E você? Por que toda essa atenção para com ele, Seika?

Seiya, ao ouvir o nome, seus olhos arregalam- se. Olha para a Amazona e exclama:

- Seika!? Este é o seu nome?

A Amazona vira- se para ele, falando:

- Sim, Seiya. Sou eu, sua irmã!

Seiya:

- Seika, eu nunca imaginei que você fosse...

Seika continua:

- Uma Amazona de Diamante? Por que eu era uma frágil garotinha? Muitas coisas aconteceram!

O Cavaleiro de Diamante fica pasmo também:

- Seika! Eu não sabia que você era irmã de Pégaso! Nunca nos falou nada!

Seika:

- Eu achava melhor assim.

Hefesto:

- Agora as coisas se complicaram pra mim! Vou ter que desintegrar Seiya; e matá- la também! Atena é minha!

Grifo:

- Isso é estúpido! Você não era assim! Eu não esperava de você uma coisa desse tipo!

Hefesto:

- Eu também não sabia de seus lados ocultos! Chega de conversa! Vou matar os dois!

Voz:

- Fico feliz por você, Seiya. Finalmente encontrou sua irmã.

Todos vêem a chegada de mais alguém ali. É Shiryu.

Hecatônquiro vê aquela nova presença com desgosto.

Grifo:

- Hefesto, pare com isso! Sua idéia já está perdida! Renda- se, voltemos pro nosso senhor!

Hefesto berra:

- Se eu não puder ter Atena, ninguém terá! Matarei meio mundo por ela! Ela é uma deusa então só eu posso desposá- la.

Seiya:

- Isso não é amor! É orgulho! Você a quer por orgulho!

Hecatônquiro, em uma fração de segundos, dá um rápido salto em direção a Seiya. Pisa no Cavaleiro já caído em seus pés, os quais crescem de tamanho, afundando Pégaso na terra, dando neste inúmeras pisadas.

Shiryu nem tem conhecimento do que está havendo, porém Grifo já vira e avança sobre Hecatônquiro, caindo ambos no chão numa disputa de força.

Só então Shiryu vê a cena, pasmo por não ter visto como ambos haviam ido parar ali, e seu amigo enfiado no solo, mas não são dois Cavaleiros comuns, são gigantes. Os Cavaleiros de Diamante estão agigantados enquanto se movem. Agora, já de pé, os dois derrubam árvores mortas por onde passam, enquanto desfecham golpes um no outro; mesmo assim a velocidade de ambos é absurda.

O gigante Hecatônquiro atinge a gigante Grifo, que cai sobre uma árvore, esmagando o vegetal. No momento em que ela pára seu corpo retorna ao tamanho normal.

Hefesto também pára. Está no tamanho normal agora e observa Shiryu que expressa certo temor nos olhos.

Hefesto:

- Por que ousou aparecer? Podia ter ficado lá e não visto nada, mas agora terá que morrer também.

Shiryu:

- Como podem ser mais rápidos que a luz? Isso é impossível!

Hefesto:

- Não é impossível, só é improvável. Nós cavaleiros de diamante já sabíamos o que só no século XX a sociedade em geral descobriu. Se ultrapassar a velocidade da luz a massa do objeto cresce de forma absurda, e é necessário energia demais para mantê- lo em movimento. Nós os cavaleiros de diamante ao superarmos a luz aprendemos a controlar nosso volume a medida que a massa aumenta e nosso poder divino nos dá energia para nos mantermos agigantados.

Shiryu perplexo:

- Então é por isso que os vi gigantes! Mas não pense que vou fugir da luta por isso!

Seiya, no lastimável estado em que se encontra berra:

- Não Shiryu! Não use seu ataque contra ele!

Shiryu olha por um instante para o caído amigo e medita:

- Ele tem razão. Máscara da Morte encontrou a falha no meu golpe e rompeu meu peito. Se ele vir meu ponto fraco, ele vai me matar.

Hefesto:

- Que foi? Escolheu morrer sem reagir? Perfeito!

Shiryu:

- Não, eu vou atacá- lo!

Seiya ouve isso e berra:

- Shiryuuuuu! Você não me entendeu?!

Shiryu não responde o amigo e olha para Hecatônquiro firme.

Enfim o Cavaleiro de Dragão avança. Sua mente vagueia em pensamentos pelas poucas opções que tem de atacar.

- Pois bem, não vou lhe desfechar um ataque de um Cavaleiro de Bronze, mas de um Cavaleiro de Ouro.

O Cavaleiro de Dragão aproxima- se do tranqüilo Cavaleiro de Diamante, estica seu braço o máximo possível. Uma aura dourada toma conta dele, e enfim Shiryu grita:

- EXCALIBUR!!

Shiryu aplica- lhe o golpe do Cavaleiro de Capricórnio. Um ataque de um Cavaleiro Dourado poderia prejudicá- lo, assim imaginava o chinês, mas algo impediu que a cabeça de Hefesto fosse atingida. Uma barra de metal incandescente, com uma camada de Diamante cobrindo- a de um lado.

Assim a Excalibur é detida, o Cavaleiro de Hecatônquiro empunha duas barras, as quais estavam ocultas encaixadas na armadura sobre suas coxas, onde agora há um buraco de onde as armas haviam sido tirada. As armas escondidas de Hecatônquiro.

Aquela barra metálica com desenhos gregos em baixo relevo por toda sua lateral, figuras olímpicas desenhadas e avermelhada pela alta temperatura foi bem prejudicial ao ataque com o braço de Shiryu, que se quebra contra a barra.

A expressão no rosto de Shiryu é de uma agonia terrível. Afasta- se com passos cambaleantes, segurando seu braço quebrado, no qual pode- se ver o antebraço com mais uma dobra.

Hefesto:

- Excalibur!? Interessante! Não esperava por isso! Mas você é muito lento...! Me deu tempo pra pensar demais.

Shiryu, com um olhar esgazeado, observa- o com temor.

Seiya pensa:

- Esse Cavaleiro é um monstro invencível!

Hefesto:

- Você teve sua chance, Cavaleiro de Dragão! Agora é minha vez de atacar! Defenda- se, se puder!

Hefesto avança.

- PUNHOS DE HECATÔNQUIRO!!

O Cavaleiro de Dragão nunca havia precisado tanto de seu escudo. Colocou- o à frente de seu corpo, mas ele é muito pequeno.

O que Shiryu vê ir contra ele é a imagem de um gigante com cem braços, com punhos do tamanho de uma melancia, que vêm em socos ao mesmo tempo contra ele. Shiryu sabe que será o maior impacto que já sofrera em toda sua vida e, de fato, ele tem razão.

O ataque é tão rápido que o Cavaleiro nem tem tempo de começar a sentir dor. Só ouve o som de coisas quebrando, metal se partindo. Foram dezenas de estalos seguidos. Esses milésimos de segundo parecem horas, até que ele perde totalmente a resistência.

Seiya assiste Shiryu bater contra uma árvore, Sua armadura de dragão cria varias fissuras e seu escudo explode em pedaços.

O Cavaleiro de Dragão perde sua consciência. Está num estado tão lastimável quanto Seiya agora, mas pelo menos Pégaso ainda tem armadura.

Pégaso, como é natural em sua teimosia, ergue- se do solo com o apoio da rocha em que se esbarrara, deixando digitais avermelhadas em tudo que toca.

Seiya:

- Maldito! Não vou te perdoar pelo que fez a Shiryu!

Hefesto despreocupado:

- Vocês, realmente, são persistentes! Claro, o que eu devia esperar de Cavaleiros que já venceram deuses? Porém...

O Cavaleiro de Diamante aproxima- se e dá um golpe com uma de suas barras contra a armadura de Pégaso e outro com outra barra, e a armadura do Cavaleiro se rompe ao meio, ficando semelhando a um casaco.

- Vocês estão acabados! Estou dizendo! - afirma Hefesto. - E você também! - afirma a Amazona que ressurge no combaate, puxando Hefesto para um novo combate.

A luta entre os Cavaleiros de Diamante recomeça.

O show de luzes resultantes da energia expelida pelos dois é visto até do castelo onde Guru Clef observa de uma alta janela o chão abaixo da ilha parecer relampejar como o céu e seus raios constantes.

Desta vez, porém, a vantagem de Hecatônquiro é maior, pois empunhando suas barras incandescentes não demora em começar a atingir Grifo perigosamente, perfurando sua fina armadura que cobre o pescoço com as pontas da barra, tentando romper a parte mais frágil armadura de Diamante.

Grifo segura as barras incandescentes e sua mão inflama de calor. O Grito da Amazona é inevitável. Todavia ela não larga as barras e põe o pé no peito do inimigo, empurrando- o para trás, fazendo- o soltar as próprias armas.

Seika respira ofegante. Com esforço, com ambas as mãos arranca as barras do seu pescoço coberta de sangue em ebulição que escorre pelo peito, borbulhante.

A Amazona então, com toda sua força, atira as barras aos céus, fazendo- as girar como hélices de helicóptero, sumindo da vista de todos, como estrelas cadentes.

Hefesto enfurecido:

- O que fez com minhas armas?!

Ela volta- se para o irmão e grita:

- Seiya! Entendeu o que eu fiz? Lembre- se da mitologia!

Hefesto atrapalha.

- Cala a boca! PUNHOS DE HECATÔNQUIRO!

Para fazê- la calar o Cavaleiro de Diamante atira seu poder, mas ela revida com seu:

- Glória Alada de Grifo!

Ambos os ataques chocam- se no ar, criando uma enorme esfera de energia que flutua entre os dois que atiram ininterruptamente.

Seiya pensa:

- Mitologia?!

Ele vê a irmã disputando magia com o inimigo.

- Hefesto? Hefesto era o deus que após uma briga de Zeus e Hera fôra lançado dos céus ao chão da terra e tornou- se coxo. Este Hefesto pegou aquelas duas barras e então ficaram os buracos na armadura da perna, é isso!

Pégaso vai quase engatinhando em direção aos dois.

Seiya murmura:

- Mas eu terei força pra atingi- lo sozinho?

- Não, Seiya, por isso estou aqui. - diz Shiryu já de volta, porém tão abatido quanto Pégaso.

- Nós também; demoramos, mas chegamos. - diz Yusuke junto com Shurato e Anne.

Seiya:

- Anne, você aqui?

Anne:

- Seiya, não sei, mas eu sinto que te devo desculpas.

Seiya sabe que não tem tempo, então vai direto ao assunto:

- Temos todos que acertar as pernas de Hefesto! É a única folga da armadura.

Neste ínterim Hefesto consegue vencer a irmã de Seiya, que acaba sendo engolida pela esfera de luz gigante, num grito de dor.

Seiya:

- Agora atacaremos de uma vez.

Seiya, Yusuke e Shurato saem.

Anne atira sua ventania como um escudo que os circula.

Hefesto volta a atirar seu Punhos de Hecatônquiro, porém os outros também atiram.

Yusuke segura- se enquanto pode, com seu Rei Gun. Mas não consegue avançar contra Hecatonquiro. Shurato usa o poder de Shura e ampara mais uma parte do poder do cavaleiro de diamante mas logo com seu poder não avança mais.

Chega a vez de Seiya, que pela irmã, resolve avançar mais do que pode com os Meteoros de Pégaso, que colidem com as mãos gigantescas, que são raramente dissipadas, mas o Cavaleiro continua chegando junto a Hefesto, sendo então atingido pelo ataque de Hecatônquiro e arremessado longe.

Shurato, Yusuke e Anne suam mantendo suas magias.

Shiryu então avançava seguindo Seiya. No momento em que Seiya é derrotado, aproveitando todo o caminho aberto por Seiya entre o poder do inimigo, Dragão coloca- se junto a Hefesto e então dispara o seu:

- CÓLERA DO DRAGÃO !!

Estando a poucos centímetros do alvo Shiryu, usando o braço que lhe restara, atinge letalmente os buracos abertos nas pernas da armadura do Cavaleiro de Diamante.

Os seus ossos se rompem, sangue de Hefesto explode de suas veias, salpicando em Shiryu.

Pela dor que sente Hecatônquiro numa ação pouco pensada, desvia toda a sua força de ataque que o defendia para concentra- la somente em Shiryu, que sofre novamente toda aquela carga, sendo fatalmente lançado longe, tendo seu corpo extremamente ferido, com roupas esfarrapadas, sendo arremessado a uma grande distância. Tem sua armadura quebrada em pedaços tão minúsculos que quase tornam- se em pó, por completo, sobrando- lhe apenas, na cabeça tingida de sangue, a pequena tiara da armadura de Dragão.

Shiryu desta vez perde totalmente a consciência.

Contudo, por Hecatônquiro ter desviado seu poder, ele acaba por ser atingido pelos demais também, sendo ferido de forma a cair e rolar pelo chão, exaurido de dor.

O Cavaleiro de Diamante de Hecatônquiro, com olhar esgazeado agoniza no chão, olhando para o céu cheio de raios e trovoadas. Suas pernas, praticamente vão jorrando sangue e suas últimas palavras são ditas num murmúrio de lamento:

- Não entendo porque fiz isso!

Por fim seus olhos ficam inertes, e o sangue pára de jorrar, quando seu coração cessa de bater.

Nessa situação Seiya não tem mais dúvidas de que o inimigo está vencido totalmente. Ele só com uma caneleira de sua armadura lhe restando, arrasta- se até onde está a irmã, que ainda está com a armadura inteira, mas parece inconsciente.

Pégaso, chegando próximo, com muito amor pode ver o rosto de sua irmã perdida, a máscara está caída ao lado dela.

Seiya, apesar de estar muito mais ferido que ela, ergue a cabeça da irmã, coloca- a sobre seus joelhos e toca o rosto da irmã com imensa saudade e carinho.

Seiya:

- Seika! Acorde, por favor!

Ela não se mexe.

- Seika! Seika! - exclama o Cavaleiro.

Ela, enfim, abre os olhos.

Seiya lhe diz:

- Sabia que seu rosto não mudou quase nada desde que éramos crianças?

Seika, com voz forçada:

- Você também... não! Você... é mesmo incrível! Está aí sentado, mesmo estando bem mais ferido que eu... meu querido irmão.

Ele a olha com afeto e intensidade, como se quisesse gravar muito bem a imagem da irmã que não via desde a infância.

Anne o observa de longe, enquanto pensa:

- Ele não era exatamente o que eu pensava. Ele, no fundo, é uma boa pessoa.

Junto a Anne, Shiryu está melhor, pois a Guerreira já lhe havia lançado o sopro da cura, porém o Cavaleiro continua desmaiado.

Yusuke:

- O cara pegou no sono.

Shurato:

- Depois daquele ataque! Queria o que?

Seiya e Seika continuam sua conversa.

Seika:

- Seiya, queria lhe contar o que houve comigo nesses anos.

Seiya:

- Estou ansioso pra saber, irmã, mas não fale agora. Você precisa descansar.

Seika:

- Como se você também não precisasse...

Contudo, para quebrar aquela cena de bonança após a tempestade, algo gigantesco surge.

É Dwhell, que se aproxima.

Seiya e Seika olham estarrecidos.

Seiya:

- Você disse que ele está vivo! Como sabia?

Seika:

- Só o que morreu era o homem que havia dentro dele.

Os dois estão feridos e cansados demais para atacar.

Yusuke se aproxima, correndo já com a ponta do indicador brilhando.

- Sai fora daqui! - berra ele.

Porém o gênio da morte estica a perna e, com seu passo largo, passa por cima dos dois cavaleiros, indo agachar- se junto ao corpo de Hefesto, e, colocando a mão nele, absorve o Cavaleiro, como se ele fosse líquido.

Após isso a armadura vazia retoma sua forma original, simbolizando um Hecatônquiro. Ela tem o seu elmo aberto como um leque e também seu tronco, nos dois lados do tronco ficam as armaduras dos braços, dando continuidade às esculturas do tronco que parecem vários braços. As pernas de diamante, bem como as barras de metal que retornam voando para ela formam mais um par de braços acima dos demais e abaixo da cabeça.

O resultado final é de uma escultura semelhante a algo com vários rostos que saem de várias cabeças grudadas e vários pares de braços abaixo delas.

A tensão não dura muito tempo. Após realizar a estranha metamorfose, Dwhell parte de onde veio e desaparece.

Devido ao estranho fato, ninguém faz comentário algum. Apenas assistem estarrecidos.

 

No Castelo, Clef, neste momento está junto ao leito de Lucy, ouvindo a garota que ainda muito fraca, está deitada.

Lucy:

- A mulher, Guru Clef, era como aquela que você descreveu. Não compreendo porque ela fez isso.

Clef, muito preocupado:

- Seikiakko reapareceu para fazer isso?! E eu, todos esses anos, crendo que Xarigan era um assassino! E, por causa da minha burrice, meu filho cresceu corrompido pelo ódio! Se soubesse eu poderia tê- lo ajudado!

Lucy:

- Está tudo tão confuso...! Me perdoe pelos gênios que surgiram... eles não causaram nenhum mal, não é? Não conseguiram, não é?

Clef responde uma mentira:

- Não, minha menina do outro mundo, está tudo bem.

Ela também pensa um pouco e fala:

- Clef, eu vou assumir como núcleo. Não vou mais permitir que Zefir sofra.

Clef nada responde. Dá um sorriso repleto de pena para a garota. Na sua sábia mente, os acontecimentos recentes da morte dos aldeões por Dwhell o deixam a meditar sobre o que tem ocorrido ultimamente:

- Talvez, se meu campo de força tivesse sido eficiente e coberto o castelo, a desgraça não teria ocorrido, mas por que enfraqueci? Minha percepção dos acontecimentos já falhou. Agora minha energia do escudo também. Há um desequilíbrio nas forças de Zefir. Talvez os meus poderes estejam fracos porque o medo e as trevas estão suplantando Zefir. Seikiakko está fazendo isso? Ela é capaz? Sem ser o núcleo de Zefir?

Clef, discretamente, vira o rosto. Percebe que Lucy havia decifrado sua expressão preocupada, e sai, andando a lentos passos do recinto.

Kurama vai passando pelo corredor do castelo com certa tranqüilidade, até que ouve um choro baixinho; ele vai seguindo esse som.

Dentro dos quartos das Guerreiras Sandhye desata a chorar, sentada no chão do quarto, cobrindo os olhos.

- Eu não sei que burrice foi essa minha! Eu não devia estar aqui.

Marine tenta acalma- la, ajoelhando- se ao seu lado.

- Calma, Sandhye, você não pode ter tanto medo assim... nós também estamos correndo risco e mesmo assim estamos calmas.

Sandhye porém continua:

- Desculpa, mestra Marine! Eu sou nervosa demais pra estar aqui pra encarar o Landover!

Marine:

- Eu concordo que seu gênio não é tão bonito assim, e nem muito legal, mas no fundo ele tem um bom coração.

Sandhye agora se irrita:

- Bom coração?! Ele transformou uma Guerreira Mágica em pedra.

Marine:

- Bom, é o modo de se falar, né? Mas se acalma, por favor!

Sandhye:

- O problema é que quero ajudar, mas não quero morrer!

Marine já perdendo a paciência:

- Ora, todo mundo morre um dia! Melhor já ir acostumando com a idéia!

Sandhye passa a chorar mais ainda.

Marine faz cara de desgosto, quando ouve umas batidinhas na porta.

A garota de cabelos azuis vai até à porta e a abre e seus olhos brilham de alegria ao ver Kurama com um lindo buquê de flores, realmente muito belas, principalmente pelas rosas tão vermelhas que reluzem.

- Até que enfim alguém neste castelo reconheceu minha beleza! Muito obrigada!

Ela vai pegar o buquê, quando Kurama o puxa para trás, e com expressão sem graça, diz:

- Desculpe Marine, não é pra você.

Marine fica de queixo caído e indaga:

- Como é?!

Kurama, com educação:

- É pra ela! Ela chora desde que chegou... é só pra, talvez, trazer um pouco de alegria para ela.

- Tá bom. - diz Marine, que pega o buquê e, com certa má vontade, entrega para Sandhye, que apenas olha com um sorriso aquelas flores. Pega- as, não tirando a vista das pétalas coloridas, deslumbrada.

- Obrigada, muito obrigada! - diz a novata.

Marine, com uma pontinha de inveja:

- Tá ótimo Kurama. Agora dá licença que este é um quarto de garotas!

Ela fecha a porta, sem dar- lhe tempo de falar mais.

Kurama sacode os ombros e volta a andar pelo corredor.

Marine pensa:

- Esse pessoal em Zefir não sabe enxergar uma garota bonita como eu...!

Sandhye está muito emocionada:

- Eu nunca... nunca recebi flores em toda a minha vida...!

- Nunca? - exclama Marine e pensa - Na Terra já recebi flores de tantos e tantos rapazes, mas é tão difícil escolher, que acabo preferindo ficar sozinha mesmo.

 

Enquanto isso, na entrada do castelo, Hyoga parece surpreso, veio usando uma bengala pela sua condição física; conversa com Seiya e sua irmã. Yusuke e Anne chegam junto.

Seiya carrega Shiryu.

Hyoga:

- O Cavaleiro de Hecatônquiro atacou?

Seiya:

- Não notou?

Hyoga:

- Não senti nada! Deve ser porque estou fraco.

Grifo:

- Shiryu foi curado, mas está sem consciência.

Hyoga:

- Logo agora que Lucy despertou! Por que ele tentou matar você?

Grifo:

- Ele disse umas coisas, mas não acho convincente. Ele sempre foi sério demais. Nunca foi de conversar muito comigo e o outro Cavaleiro de Diamante, mas isto eu não acreditava que fizesse.

Seiya:

- Impressionante também foi ver o quanto violento foi o ataque de Shiryu em Hecatônquiro. Ele podia tê- lo apenas derrubado, mas ele estourou as veias do sujeito. Achei estranho isso.

Guru Clef, que também está ali, comenta em pensamento:

- Acho que o mal em Zefir os está afetando. Lamento muito por isso.

Yusuke:

- Acho que deu a louca em todo mundo aqui! Também este fim de mundo! Quer dizer.. fim de universo que não tem nada! Nem shopping! Nem Carro! Nada! Agora vou tentar de novo fazer a única coisa que dá pra fazer aqui, dormir.

Após mais um comentário fora de hora, Yusuke se retira dando um tapinha nos ombros de Seiya.

Seiya suspira:

- Pelo menos hoje consegui, enfim, achar Seika.

Hyoga fica perplexo:

- O que?! Ela é sua irmã?!

 

 No Mundo Celestial a deusa Hakeshi está em uma varanda do castelo, sobre a árvore celestial.

Lá em baixo o povo de Deva, aglomerado, erguendo panelas vazias para o alto, lhe implora ajuda.

- Deusa Hakeshi!! Ore por nós! Ore mais!

- Deusa! Minha família tem fome!

- Porque somos castigados por Brafma?

- Deusa! Por que abandonou seu povo?

Hakeshi está acompanhada de Leiga, Ryuma e Hiouga.

Ela lamenta o que vê.

- Guardiões, eu não entendo! Todos nós estamos orando sem parar pelo Mundo Celestial. Todos os monges quase não fazem outra coisa além de rezar. Vocês acham que Zefir está mesmo nos afetando?

Leiga:

 - Pode ser. - responde Leiga.

Hakeshi pensa um pouco e, apertando os lábios para tentar conter- se, resolve falar:

- Há pouco tempo andei conversando com umas pessoas e soube de uma coisa.... o mestre Indra esteve em Zefir a anos atrás.

Leiga olha- a com os olhos arregalados, surpreso.

- Indra esteve em Zefir!!!???


Olá Amigos Leitores,

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pelo tempo que fiquei sem colocar um novo capítulo.

Mas agora fiz o mais longo de todos até o momento para compensar o meu atraso.

Neste episódio queria falar sobre Hefesto, o Cavaleiro de Hecatônquiro.

Na verdade sua armadura não é somente ligada aos Hecatônquiros, mas as barras metálicas são exatamente uma alusão ao deus Hefesto. Então ficou uma armadura meio híbrida.

Enfim a irmã de Seiya apareceu, né? Tomara que tenham gostado.

Bem, relembrando que a saga do Hades no Mangá não deve ser considerada para esta fanfic; só a série de TV, no qual não foi resolvido sobre a irmã de Seiya.

Prometo esclarecer mais sobre a irmã de Seiya e outros fatos no próximo capítulo.

Também peço desculpas caso eu tenha cometido um erro sobre física quando descrevi a capacidade dos cavaleiros de diamante. Se alguém puder me esclarecer se está correto ou não, Eu agradeceria.

Aguardo mensagens de elogios ou críticas; saber que vocês estão lendo até aqui é o que mais agradeço a vocês, leitores.

Capítulo 22

Capítulo 20

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