Last Land

Quinto Dia - Verdadeiras Intenções

Capítulo 20 - Objetivos Obscuros


Com o olhar inexpressivo, Sandhye continua à frente do gigantesco gênio, agora parada, aguardando algo, involuntariamente, ainda sob o encanto mágico.

- Tu és a escolhida?! A que tens a honra de receber meus poderes? - diz a grave voz de Landover.

Sandhye diz pausadamente:

- Sou uma Guerreira Mágica. Estou aqui para ajudar Zefir.

Landover:

- Minha magia sobre ti acalmou tua alma. Mas se eu a deixar normal...?

Repentinamente os olhos de Sandhye voltam a apresentar uma expressão de grande medo, muito medo, a ponto de, sem razão aparente, ela desequilibrar-se e cair sentada no chão.

Landover fica aborrecido:

- É esta tua reação diante do desconhecido? Tu achas que tem o direito de se juntar a mim e poder dar ordens a cada grão de areia deste mundo?

Sandhye não responde. Apenas esconde a cabeça entre os joelhos.

Sandhye:

- Mas senhor gênio, você é assustador!!

Landover irado:

- É isso que tens a dizer, criatura ridícula?! És tu que Brafma escolheu?

O gigantesco gorila movimenta seu largo braço e segura os amarrados dos cabelos da garota com as pontas dos dedos, erguendo-a do chão.

Landover:

- Vejo em ti apenas mais um brinquedo! Que me diz se eu te esmagar nas rochas?

Sandhye, segura pelos cabelos, apenas aperta os olhos com dores nas raízes capilares, por estar sendo suspensa.

Landover:

- Não dirás nada?

Ela continua calada, sofrendo, quando de repente, um braço a pega pela cintura e liberta-a de Landover, pondo-a em pé sobre o shakiti.

É Shurato que havia chegado. Ambos afastam-se do gênio.

Landover:

- Saiba que você é um dos que mais me divertiu nos últimos anos.

Shurato:

- Não sou palhaço pra você ficar tirando sarro da minha cara!

Landover:

- Traga a garota aqui!

Shurato para Sandhye:

- Vamos embora! Antes que ele te faça mal.

Sandhye concorda com a cabeça.

O Rei Shura parte com seu veículo em direção à saída.

Qual saída? A parede está fechada.

Ele pára, bruscamente, o shakiti, pasmo.

Landover:

- Ela é minha predestinada; ela me pertence! Fora dos meus domínios, intruso!

Pedras começam a desprender-se das paredes e jogam-se contra Shurato e também sobre a garota que não é poupada, e não demora para que ambos caiam do shakiti.

A queda de Sandhye foi dura. Ela sente bastante a dor de cair no sólido chão.

Porém Shurato caíra mais de mal jeito ainda, mas o solo onde havia tocado estava mole e esticou-se para baixo, como se fosse uma cama elástica, arremessando-o rapidamente para cima de novo.

Antes que Shurato tivesse tempo de gritar ou chamar o shakiti, seu rosto e peito já haviam se esborrachado no teto do templo.

O Rei Shura, com expressão dolorida, começa a cair, porém durante a queda fala sua frase em sânscrito de praxe e invoca seu shakiti para que ele transforme-se em sua armadura do leão branco, e desta vez ele gira no ar e cai de pé no chão evitando a queda.

Shurato confiante:

- Não se preocupe; vou te defender desse monstro! - e repete seu mantra - NAWMAK SAMMANDA BODANAN ABELAUN KEN SOWAKA... O PODER DE SHURAAAAAAAA!

Mais uma vez o poder do guardião é lançado contra o gênio, como se Shurato não tivesse estado na luta anterior contra ele.

Landover:

- Está me subestimando! Eu odeio isso!

O gigantesco gorila, contudo, não lança pedras para se proteger, como acontecera contra Seiya. Ele resolve agir de outra forma, colocando a palma da mão no caminho da magia.

Sua palma muda de cor. Fica meio prateada ou transparente, sendo mais próximo da aparência de um espelho.

A magia do oponente esbarra em sua palma e volta, imediatamente, em direção ao dono.

Landover gargalha, zombeteiramente, enquanto vê Shurato tolamente ser atingido pela sua própria magia e ser arrastado pelo impacto sobre o chão do templo, que tornara-se uma esteira lisa abaixo dele, só para que o rapaz deslizasse até um buraco que surge na parede e que o leva para fora do templo, por onde, comicamente Shurato passa.

O buraco fecha-se após a cena de ridicularização, deixando-o do lado de fora.

Landover:

- Ele é uma criatura engraçada, mas no momento tenho que me preocupar com coisas mais sérias.

O gigantesco gênio aproxima-se mais da Quarta Guerreira e, assustadoramente, diz, enquanto ela nem tem coragem de encará-lo.

- Covarde!! - berra ele.

O insulto não leva a nada. Sandhye continua encolhida sobre si mesma, pensando:

- O que posso fazer? Ele me matará. É certo isso! Mas...

- Olha pra mim quando falo com você, covarde! Você é muito pouco para um gênio como eu! - ordena, asperamente, o Landover.

Ela obedece, imensamente temerosa; seus olhos já estão lacrimejando de medo.

- Covardia! Só isso que tem em você?! Então vou esmagá-la!

Landover direciona seu braço para pegar a garota.

Porém Sandhye corre para a mão dele que se aproxima e, chegando a ela, agarra-se nos pêlos prateados que forram o braço do gênio antes que ele a pegue.

Juntando toda a coragem que consegue encontrar em seu coração receoso, aperta os pêlos fortemente para que mesmo que ele sacuda os enormes braços, ela não se desgrude e grita:

- MUTAÇÃO DA TERRA! DE ACORDO COM MEU CORAÇÃO!!

Ela sabe que aquilo que usara na fonte era sua magia oculta e agora seria uma oportunidade de salvar-se de novo com ela.

Landover faz expressão de surpresa, vendo a ação da menina. A pedra mágica no dorso da mão da guerreira brilha forte e ele diz:

- Não sabia que, além de covarde era uma idiota!

Sandhye, porém, não dá ouvidos e continua investindo na sua tentativa.

- Idiota por tentar me destruir com um poder que minha magia elemental lhe concedeu. Você é tola! - diz o gorila.

Essa frase a faz abrir os olhos, pasma.

De fato nada estava acontecendo com ele, mas as mãos da garota haviam virado pedra.

- Não!! - grita ela, afastando-se com suas mãos de rocha branca, que ainda mantém a posição que ela fazia, quando agarrava os longos pêlos do gênio.

- Por favor! Me poupe! - pede ela, choramingando.

Landover:

- Tenta me petrificar e depois quer que eu a poupe?

O gênio faz um gesto e, na parede do templo um relevo começa a surgir.

Logo pode-se ver as rochas tomando a forma de um nariz, braços, pernas etc., que vão emergindo da parede.

Acelerando o processo Landover usa sua grande mão e arranca de uma só vez aquilo da parede, um resto de pó e pedras escorrem do objeto, que é de uma cor de pedra diferente da parede.

Aquele objeto agora está em pé sobre a palma da mão de Landover. Como Sandhye desconfiara, aquilo era uma estátua de uma mulher de longos cabelos presos em coque, uma armadura não muito diferente da que ela havia visto com as três Guerreiras Mágicas veteranas usarem, e um longo quimono abaixo da armadura.

A mulher apresenta expressão de susto e empunha uma espada, cujo cabo lembra raízes entrelaçadas.

Sandhye observa com medo, mas curiosa:

- Uma estátua de uma garota. Uma garota parecida com uma Guerreira Mágica. Por que tá mostrando isso?

Landover dá mais uma risada zombeteira, erguendo-se para trás, enquanto abre as mandíbulas em risos, gelando a espinha da garota.

Ele coloca aquela imagem humana no chão:

- Uma estátua?! Muito engraçado! AH!AH!AH! Não seja tola! Isto é uma Guerreira Mágica! - diz o gênio.

Sandhye, mais uma vez, desequilibra-se sem razão lógica e cai sentada no piso.

- Ela, há centenas de anos, veio tentar me submeter a ela e achei-a muito incapaz para isso. Então transformei-a numa peça de coleção.

- Você co...coleciona Gue... Guerreiras...!

Landover:

- Guerreiras e mais alguns seres que me interessarem no momento.

Sandhye nervosa:

- Por que?! Você não poderia, por favor, transforma-la em carne de novo?

Landover:

- Centenas de anos depois sua alma já deixou este corpo de pedra, não sou deus, ela está definitivamente morta.

Sandhye apenas deixa-se levar pelo pranto:

- Você é muito cruel.

Lágrimas escorrem por sua face, novamente.

Landover, a fim de assustá-la, pisa com muita força no solo, fazendo a estátua virar e quebrar-se ao meio no chão.

A garota vê aquilo horrorizada. Tenta enxugar as lágrimas com as mãos petrificadas, mas é uma situação estranha para ela, apenas consegue arranhar seu rosto.

Landover irado:

- Idiota sentimental! Esta garota que há séculos tentou me submeter a ela, conseguiu bravamente o escudo, portava uma forte espada, evoluiu bastante e então veio até mim. E você? Só o que sabe é chorar!

Sandhye tenta argumentar:

- Você não me deu tempo pra isso!

Landover cala-a, emitindo sua possante voz aos ecos do escuro templo:

- O que lhe torna diferente para que não tenha o mesmo destino dela? Você não acha que merecia um destino até pior do que virar uma rocha?

Ela apenas abaixa a cabeça e não responde.

Ele respira com raiva e continua:

- Vou te dizer a diferença. Você tem sorte. A sorte de eu sentir o perigo que todo o planeta corre e a possibilidade de eu ficar mais forte, me juntando a você. Apenas isto é o que poupará sua vida. - diz o gênio.

Landover começa, então, a mudar de forma. O corpo arqueado do gorila vai ficando ereto. Seus braços um pouco mais curtos e mais finos. Por fim, debaixo de um brilho, o gênio toma sua forma de robô humanóide.

- Você vai me aceitar? - pergunta a garota surpresa.

Sandhye é erguida no ar, agora num estado de transe e logo ela e o robô somem e reaparecem unidos.

A novata Guerreira Mágica vê-se em pé a grande altura. Sente-se muito alta, logicamente por estar no interior do gênio.

Após isso, o teto do templo desmancha-se e cai como a areia de uma ampulheta, dando espaço para alçar vôo.

Shurato, que sobrevoa por ali com seu veiculo, olha o gênio, impressionado.

Landover novamente mexe com os nervos da garota, lhe dizendo:

- Não pense que fiz isso porque mereceu. Que fique bem claro que eu não sou o seu gênio. Você é que é minha Guerreira Mágica! E muito cuidado com o que faz! Se não for hábil e eu me ferir, vou puni-la com todo o meu ódio!

- Tá. - diz, temerosa, a garota, fazendo seu braço tentar enxugar seus olhos lacrimejantes, movendo o braço do gênio junto.

- Não me faça passar vergonha, ou você vai desejar não ter nascido!

Sandhye olha para suas mãos e vê que elas voltaram a ser carne, para alívio de sua alma.

A garota usa o grande gênio para acenar para o Rei Shura, que fica de olhos arregalados, vendo o gênio ali próximo, saindo num vôo lento de dentro do templo.

 

Assim como a imatura e novata Guerreira Mágica, que chora por seus medos, sua futura professora de espada, Marine, também está com os olhos inundados de lágrimas.

Chegara à montanha indicada por Ceres. Não havia mais inimigos espreitando. Ela entra e sua vista tudo que lhe mostra é sua antiga amiga Lucy jogada ao chão duro e frio, com seu próprio sangue secando pelo seu corpo e roupas.

O mesmo acontece com seu amigo Hyoga.

O cisne, que várias vezes lhe havia pedido desculpas pela chegada grosseira que havia feito ao castelo.

Até o gênio Rayearth, caído no chão como um cão de rua, abandonado.

Marine faz seu gênio ajoelhar-se e diz, chorosa:

- Vocês não merecem isso! Não merecem! Vou levar vocês daqui!

Num só movimento os longos braços de Ceres abraçam e mantém seguros os três moribundos.

 

No ambiente surreal da Fonte Eterna, Primera, ainda não compreendendo bem o que acontece, vê a imagem de Leiga à sua frente e murmura:

- Diz-se que a Fonte costuma nos mostrar a pessoa que mais gostamos. Esta imagem significa...

A fadinha voa em direção da imagem, a qual desaparece logo que ela a toca.

- Sabia que não era de verdade.

A imagem volta a aparecer junto dela.

- Mas eu sei que o Leiga está nesta Fonte. Por que a Fonte não deixa eu vê-lo?

A imagem do Rei Karla não se move; é como uma fotografia.

Ela se aproxima lentamente da imagem, mas com calma, para não faze-la desaparecer com seu toque.

Os pequenos olhos da fadinha fitam aquele falso Leiga, de uma maneira que nunca fitara o verdadeiro. Seus olhos parecem tristes, mas seus lábios erguem as extremidades com leveza, com um sorriso singelo.

- Agora entendo porque queria andar sempre junto a você. Como Lantis, você também me salvou, mas você gosta de falar comigo, gosta de estar comigo. No mundo celestial, como em Zefir, era o único que me ouvia como uma pessoa, não como algo pequeno e insignificante.

Ela voa ao redor da imagem como se finalmente observasse como é o seu verdadeiro amado, mas não parece muito feliz.

- Não sei porque estou falando estas coisas agora. Eu talvez nunca tivesse coragem de falar com você de verdade, porque eu sou tão pequena...!Queria ter coragem de falar com você.

Ela volta a inundar os olhos de lágrimas e não resiste em tocar na imagem e Leiga volta a sumir e a reaparecer em outro lugar dali.

Primera:

- Por que me mostra ele, Fonte? É pra mim ter coragem de dizer tudo a ele? Mas ele não iria gostar de ouvir isso! - Iria. Estou surpreso, mas gostei do que ouvi.

A fada vê que a imagem de Leiga havia falado. Então deduz que dessa vez fosse:

- Leiga! É você mesmo?!

Leiga sorri:

- É... acho que sim, minha fadinha.

Primera, sem jeito:

- Desculpe! Voc..Você ouviu? E...eu... foi você a primeira coisa que eu vi na Fonte, por isso disse isso tudo!

Leiga:

- Você também.

- Também o que? -indaga ela

- Uma imagem sua foi a primeira coisa que eu vi quando entrei na Fonte.

Primera fica muito feliz com o que ouvira e diz:

- Então... você me ama? Como eu te amo?

Leiga:

- Talvez você mais do que eu, ou eu mais que você... mas fiquei feliz de ter visto sua imagem e ter tirado a minha dúvida sobre meu pensamento.

Primera:

- Então você não mergulhou só pela Sandhye?

Leiga:

- Também pra saber isso.

Leiga abre sua palma da mão e a fadinha pousa sobre ela, ele diz:

- Parece que a garota não está mais aqui. Não seria má idéia que pudéssemos ficar aqui pra sempre juntos... mas o mundo todo pode acabar.

Primera:

- Acho que podemos sair.

Leiga:

- Que pena, mas como?

Primera:

- Diz a lenda que a garota pode entrar na Fonte Eterna para que a energia mística ajude o homem amado, mas com o custo da sua própria vida.

Leiga:

- Não tente fazer isso. Mas essa estória... eu conheço...

Primera:

- Não sou uma garota, sou uma fada. Posso viver mil anos e sou mágica. Por isso nada de grave acontecerá comigo. Sei que precisa proteger este mundo, Leiga. Por isso vou fazer a gente sair daqui.

A fadinha levanta vôo novamente e parece expelir uma energia ao redor de seu corpo.

- Ajude-o, Fonte! Pegue parte de minha vida, mas deixe-o sair do seu interior. - fala a pequena mulher, como se estivesse orando para a Fonte mística.

Leiga nota-se sendo erguido sem vontade própria; o mesmo sente Primera.

Ambos voltam a sofrer aquela sensação de traspasse por água repleta de bolhas.

Enfim a pequena fadinha sai da Fonte, como uma bala. Ela rompe a superfície e chega ao decadente cenário de Zefir em colapso.

Olha para a água ansiosa pela saída de seu verdadeiro amado.

Leiga também, enfim, rompe a superfície com sua cabeça, braços e tronco. Um pouco cansado ele recosta-se na baixa mureta ao lado da Fonte da água escurecida por refletir o obscuro céu.

O Rei Karla sente algo errado. Olha para cima, para os lados e não vê Primera, nem Shurato.

Olha para onde apóia seus braços e raciocina:

- Mas aqui não havia apoio!

Ele ergue-se totalmente da água com sua capacidade de vôo e observa o lugar ao redor, quase totalmente escuro, sendo somente bem iluminado quando um raio corta as nuvens, furiosamente.

Leiga, que já observava o lugar com espanto, não reconhecera a mureta ao redor da Fonte. O lugar está diferente ali em volta e Primera não está lá. Ele, enfim, percebe onde está:

- Esta é... a Fonte do Somma! Estou no Mundo Celestial! Nunca imaginei que a Fonte Eterna e a Fonte do Somma fossem ligadas!

Leiga fica mais assustado com outra descoberta:

- Mas... essas nuvens...! O Mundo Celestial também está em colapso?! Não pode ser!

Logo o Rei Karla quase que, desesperadamente, transforma sua armadura em veículo e parte, com suor nervoso no rosto.

- O que há neste planeta, afinal?

 

Mais que entediado Kuwabara olha pela janela do castelo, quando vê à distância algo voando em direção do castelo.

- Olha aí! A Marine tá chegando!

Askot não consegue evitar a ansiedade e também olha, mas sua expressão é de surpresa:

- Não é o gênio dela.

Kuwabara:

- Peraí, então deve ser o gênio da garota novata.

Kurama também olha:

- Desculpe amigo, mas a forma animal do gênio dela não lembra nem um pouco essa forma de robô.

Clef fica preocupado:

- Esperem! Tem que ser uma das duas!

Caldina, apontando as nuvens:

- Mas não é! Olhem só!

O gênio sai das nuvens e, num vôo suave e imponente Dwhell pára, flutuando próximo do castelo.

Priscila:

- É um inimigo?

Clef preocupado:

- Não sei responder! Não sinto nada!

Anne vira-se para os amigos:

- Então tenho que ir e descobrir quem é.

A mais calma das Guerreiras Mágicas corre até a saída do castelo. Logo, estando a porta ao ar livre, ergue sua espada e grita:

- WINDOM!!

Em poucos segundos ela está dentro do seu fiel gênio do ar, e logo aproximam-se do estranho gênio de seis braços e cinzento.

Windom fala para sua Guerreira:

- Pretendemos dialogar como o seu coração bondoso sempre lhe ordena, minha Guerreira, mas minha alma sente um poder negativo imenso nos seres que há em nossa frente.

Anne:

- Seres?! Então é mesmo um gênio, com alguém dentro. Mesmo assim vou tentar evitar que alguém saia ferido, Windom.

Windom:

- Também desejo isso. Se for possível.

Anne então fala com a ajuda da magia amplificadora de voz que há no seu gênio:

- Por favor, quem é você? O que quer por aqui?

Dentro do Dwhell está Suzako, que responde à moça:

- Olá Guerreira Mágica! Me chamo Suzako e meu gênio é Dwhell, o gênio da morte.

- Morte? - murmura Anne, já crendo que uma confusão está quase sendo inevitável. O nome morte dificilmente é associado a algo bom, mas diz então - Por favor, abandone o seu propósito. Nós só queremos paz!

Suzako:

- Zefir se tornará a terra da paz para aqueles que há muito sofrem e quem merece a paz a terá; mas quanto a você e seus amigos, irão pagar a pena que devem.

Anne:

- De onde você vem? Alguém o mandou?

Suzako:

- Aguarde. Breve entenderá tudo. Agora devo levar a morte para aqueles que a merecem.

Anne exclama:

- Eu não vou deixar.

Suzako:

- Por que você e seus amigos são tão inconseqüentes e egoístas? Não parecem entender bem o que é realmente, trazer a paz.

Os braços do gênio Dwhell começam a apresentar-se de forma escura; parecem virar como sombras compridas.

- TENTÁCULOS DA MORTE!! - grita Suzako.

Os braços sombrios esticam-se ilimitadamente, na direção do castelo.

- ESCUDO DE VENTO!! - usa o gênio da Guerreira a sua ordem. E com a força do ar desmancham aquelas sombras que se jogam ao castelo; Windom coloca-se como um escudo à sua frente.

Dentro da gigantesca construção de cristal, os outros apenas podem torcer pela amiga do lado de fora.

Yusuke:

- Droga! Queria ter um bagulho desses para poder ajudar! Detesto ficar parado!

Shiryu:

- Não só você! Todos queremos ajudar.

- Vejam, Ceres e... Landover! - fala Rafaga com orgulho, olhando pela janela.

Sob o céu escuro, mais dois chegam naquele espaço aéreo. São Ceres carregando os amigos nos braços e Landover acompanhando.

Suzako, dentro do Dwhell sente-se preocupado ao vê-los.

Ceres mantém-se afastado do local por causa dos amigos que ampara nos braços.

Marine:

- Sandhye! Acho que terá que ajudá-la!

Sandhye, com medo:

- Eu?!

Landover:

- Sim! Você!! É seu destino, sua covarde!

Suzako:

- Eu só quero evitar dores e sofrimento para quem merece. Este é nosso lema. Mas se vocês querem atrapalhar, irei enfrentá-los!

Ceres, sem poder reagir, flutua, carregando os três amigos nos braços.

Marine se corrói de raiva de não poder auxiliar nesse momento.

Dwhell se aproxima do escudo de ar, que apesar de transparente, turva um pouco a imagem do que está do outro lado dele.

Anne prepara-se para a atitude violenta que o inimigo possa tomar.

O gênio da morte chega a centímetros do escudo de ar e pára em frente a ele. Fica flutuando, como se nada quisesse.

- Ajuda ela!! - berra Landover para Sandhye.

Ela, porém, nem se mexe, de pavor.

Dwhell fica parado; não faz nenhum movimento; apenas olha Windom.

- O que ele vai fazer? - pensa Anne - Ele já está parado há um bom tempo e não faz nenhum movimento suspeito. O que quer?

Anne fita os olhos do inimigo; olhos inexistentes; o que parece haver ali são buracos negros, algo sem muito o que se descrever, algo tão estranho que a Guerreira, de repente, percebe-se olhando para esse detalhe mais tempo do que esperava. Parece ter o espaço sideral naquele olhar. A tensão que sentia, estranhamente se reduz; uma grande tranqüilidade toma conta de sua alma. Sua expressão torna-se cada vez mais serena.

- Que sensação de tranqüilidade...! Por que isso? Ele não é um gênio...mau? - indaga-se Anne.

A Guerreira dos ventos sente-se tão atraída por aquela sensação que resolve recolher o escudo de vento, com um excesso de confiança que lhe havia tomado repentinamente.

Erro fatal! Ao ver a oportunidade, Dwhell voa por cima de Windom e coloca-se a poucos metros do castelo.

- NÃÃO!!- grita Anne, apavorada com o que a fizera cometer um erro.

Dwhell aponta seus braços para as janelas do castelo de cristal. Seus seis membros tornam-se como sombras e esticam-se para o interior do símbolo do reino de Zefir.

- TENTÁCULOS DA MORTE!! - grita Suzako dentro do gênio.

Os sombrios braços do gênio da morte invadem o salão onde estão os castelões e visitantes, através da janela.

Dentro do castelo, ao verem as sombras compridas, todos preparam-se para se defender.

Clef estende sua barreira mágica à frente dele e dos outros ali dentro.

Shiryu apronta seu escudo do dragão.

Os braços negros voam pelo recinto, como se fossem insetos desnorteados.

Algumas delas vão na direção da barreira de Clef, mas não a atravessam, nem são aniquiladas. Desviam no último momento, tomando outro rumo.

O mesmo acontece com uma das sombras que viram-se contra o escudo do dragão.

Na verdade nenhum ali é atacado pelos braços de sombras, até que eles, aos poucos, vão saindo do salão, indo para o corredor, voando sem destino certo por ele.

Clef olha desconfiado:

- O que significa isso?

 

Numa montanha de Zefir, Seikiakko, com seus cabelos longos, agitando-se ao vento, como a bandeira de uma pátria ou como ondas na praia e sob a luz branca dos relâmpagos que, ininterruptamente, surgem nos céus, ela está acompanhada de um homem alto, de roupas negras, cabelos idem e longos, e uma máscara que lhe cobre do nariz para baixo.

- Nosso esforço está sendo válido até o momento. O mundo de Zefir precisa mudar e você será uma chave importante para isso. Eu te mandarei para que cumpra sua parte. Tendo-a feito será honrosamente homenageado em nosso novo mundo. Eu vou mandá-lo para a Terra e espero que seja responsável por sua parte, Karasu.

- Sim, Seikiakko. Estou ansioso par isso. - diz, apertando o olhar em sinal de malícia.

Seikiakko com seus cabelos mais agitados ainda, por uma força brilhantes emanada de si, grita:

- Eu o transmigro! Que as nossas forças o levem para o planeta Terra.

Em segundos o antigo inimigo de Kurama é levado numa luz semelhante ao da convocação das Guerreiras e logo que a luz apaga-se ele também some.

Seikiakko, apesar de sua magia ter funcionado, fica olhando para o local onde estava Karasu, com expressão de surpresa e pensa:

- Sensação estranha... parece que mais alguém usou o canal dimensional na hora em que eu transportei Karasu.

Ela fica pensativa por uns instantes, mas depois relaxa, ergue a saia com as pontas dos dedos e sai andando, passando pelas pedrinhas da montanha.

 

Voltando do lado de fora das paredes de cristal do castelo.

Dwhell atinge Windom com três dos seus braços em estado solido, empurrando-o pra longe.

Suzako:

- Meu trabalho ainda não acabou!

- Vá Lutar, guerreira mágica!!! -berra Landover.

- Não posso! Tenho medo! - diz a novata.

Enchendo-se de impaciência, o gênio da terra, com um rosnado apavorante, faz seus braços tremerem.

- Dê-me o comando do meu corpo! - berra Landover.

- Eu não sei como!- grita a garota.

- Inútil! Incapaz! - berra Landover.

O chão bem abaixo de onde está Landover começa a rachar e rochas começam a desprender-se dele, indo com grande velocidade colar-se ao braço do gênio da terra, criando uma luva de pedras.

- Avance contra ele, covarde! E se deixar que eu me fira sabe que pagará! -diz o gênio.

Vendo que as duas opções, atacar ou não atacar lhe despertam possibilidades, que lhe trazem medo, Sandhye opta pela ação, que, pelo menos, tem algum valor e avança contra Dwhell.

Porém sua inexperiência permite que ela erre o golpe com a luva de rochas tolamente, num ataque que apenas deixa-se facilmente ser segurada pelos seis braços do inimigo.

- Como ousa, garota?! - berra Landover.

Com os dentes cerrados de medo, Sandhye tenta libertar-se, movimentando-se de um lado para outro, mas Dwhell a segura com força, usando quatro mãos para fazer parar os braços e duas para segurar as pernas do gênio.

Sandhye fica cara a cara com o gênio; vê em seus olhos um estranho infinito. É como se galáxias estivessem em seus globos oculares.

De repente nota que já não luta mais para sair; sente-se relaxada. Os olhos da garota não demonstram mais espanto e sim calmaria.

- Que... paz! - pensa Sandhye - Estranho, mas nunca senti tamanha sensação de paz em toda minha vida. Mas... olhando para os olhos desse gênio? Por que isso?

Ela então nada mais faz. Os olhos infinitos de Dwhell a atraem, de forma ela não querer sair dali.

Landover grita:

- Esta louca, sua covarde? Tire meu corpo daí! Tire meus olhos daí! Estou em agonia! Não está sentindo? É tão covarde até pra fugir!?

- Está sentindo agonia? - pergunta Sandhye, surpresa.

- Estou! Maldita que tu és! Saia!

- Tá, tá bom! - diz a menina, com temor.

Sandhye tenta fazer com que as mãos de seu gênio segurem os pulsos do gênio inimigo e com esforço consegue.

- MUTAÇÃO DA TERRA!!... - diz ela.

Porém, mal terminara de falar, Dwhell já a largara e afasta-se para evitar a conclusão da magia.

Dentro dele, Suzako, com ar calmo diz:

- Estas sensações que passei a vocês não lhes fizeram compreender minha missão?

Sandhye confusa:

- Entender? Como assim?

Suzako:

- Não importa! Eu tenho que cumpri-la já!

Dwhell voa em direção ao castelo, novamente.

Anne sente a responsabilidade de novo e ergue um escudo em sua frente.

Landover:

- Force-o a explicar o que fez.

Sandhye temerosa:

- Não posso! Não tenho coragem!

Completamente impaciente Landover dá um berro altíssimo de raiva, e da pedra em seu peito uma luz é emitida no solo de Zefir e a garota sai com essa luz para fora do gênio. Sandhye é abandonada pelo seu gênio.

Windom:

- Landover, não faça isso!

Ceres:

- Está cometendo um erro!

Landover:

- Erro é confiar nessa incapaz!

O gênio da terra, ainda na forma de robô, tenta lutar sozinho e faz com força invisível que rochas se desprendam do solo até alcançarem grande altura e parar à sua volta.

Ele faz isso sem considerar que sua parceira está no solo abaixo e a pobre garota acaba escorregando de um buraco para outro, que surgem no chão ao deslocamento das pedras, chegando a se machucar.

Com um gesto o gênio faz com que as rochas sejam lançadas contra Dwhell, porém elas batem e desmancham-se no inimigo, como se fossem de areia.

Ceres:

- Parte de sua força já está com a Guerreira. Você precisa dela pra lutar!

Landover:

- Maldição! Isso é de dar ódio! Maldita garota!

Suzako:

- Você sentiu agonia ao olhar Dwhell? Entendo! Acho que você tem que ser uma vítima. Dwhell é o Gênio da Morte, ao ver os olhos da morte você sente o que te espera do outro lado da vida.

Landover fica chocado com a afirmação.

Dwhell tem seus braços tornando-se sombras novamente, quando é interrompido por um ataque nas costas, que quase o derruba.

Suzako faz seu gênio virar-se e nota que no portão do castelo estão Yusuke, Shiryu, Seiya e outros. Todos eles estão com expressão de raiva, muita raiva.

Sem temer, Dwhell pousa na ponta da Ilha Voadora do castelo.

Suzako diz em alta voz:

- Parece que perceberam minha missão. Vão querer me destruir, mesmo sabendo que eu só quero trazer alívio?

Os que ali estão apenas juntam suas energias para atacar.

Yusuke:

- Nós vamos fazer picadinho de você!

Dwhell espera o ataque dos oponentes, quando, repentinamente, dois vultos do tamanho de pessoas passam a altura de seus pés e as pernas do gênio se quebram nos joelhos, dobrando-se para trás, fazendo-o cair sentado no chão, de maneira bem incomum.

- AAAAA!!MINHAS PERNAS!! - berra Suzako.

Yusuke, Seiya e companhia olham aquilo com espanto, quando os dois vultos põem-se à frente de Dwhell novamente e disparam uma energia poderosa, que o atinge no tronco, varando seu peito, atravessando até chegar às nuvens como uma faixa de luz.

Suzako, dentro do gênio, não diz nada. Seus olhos demonstram pavor, mas não têm brilho. De sua boca escorre sangue, tal qual uma cachoeira.

Dwhell cai de costas no chão, mas como estava à beira da ilha, ele escorrega pela borda e o gigantesco gênio cai derrotado no abismo até atingir o solo de Zefir, criando enormes fissuras no solo.

Após o estrondo da pancada, Yusuke e seu grupo ficam paralisados pela surpresa ainda por um instante, olhando os vultos à sua frente.

Nesse instante também chega à Ilha Voadora Shurato, carregando Sandhye em seu shakiti e Primera no seu ombro.

Eles também nada dizem, pois assistiram à cena e estão pasmos.

Os dois vultos então se aproximam do portão do castelo, permitindo ver bem suas ornamentadas armaduras de diamante, que quase cegam os curiosos ao refletir os relâmpagos do céu.

Shiryu:

- Cavaleiros, mas cavaleiros... de diamante! - exclama surpreso.

Hefesto:

- Isso mesmo, cavaleiros sagrados. Somos os Cavaleiros de Zeus, e sua filha Atena pediu que nós viéssemos buscá-los.

Seiya murmura:

- Saori.

Assustados, continuam olhando o Cavaleiro de Hecatônquiro e a Amazona de Grifo.

 

No interior do castelo, Priscila tem os olhos cheios de lágrimas. Ela encontra-se junto de uma porta:

- Ele não queria nos matar e sim a esses pobres coitados.- pensa a ferreira de Zefir olhando para o pátio do castelo, onde várias pessoas da aldeia choram sobre os corpos dos parentes que acabaram de morrer com o ataque de Dwhell. Estão intactos fisicamente mas seus corações pararam de bater. Inutilmente os amigos e parentes,e até Kurama, Rafaga e outros tentam reanima-los, mas nada muda.

- Zefir, terra de crueldade sem fim! - diz a loura, baixando a cabeça, tristemente.

Clef chega ali pondo sua mão no ombro dela dizendo:

- Acalme-se, Priscila. Eu tenho culpa disso; não sei o que houve que não consegui sentir a presença deste gênio a tempo e meu campo de força mágico não se ergueu em torno do castelo como eu pretendia, acabando por apenas proteger algumas pessoas que nem visadas pelo ataque eram.

Priscila:

- Você acha que encontrar um culpado pra isso me alivia? Clef, eu não entendo, porque razão, meu Deus! Que aquele monstro veio aqui só pra matar pessoas que nada tem haver com a crise, que apenas são vitimas de terem nascido nesta terra turbulenta.

Clef:

- Creio que isto foi um ato que o gênio considerou como piedade, que está poupando estas pessoas de algo pior. O que dá a entender, Priscila, é que estão agindo assim, seja lá quem estiver do lado dele, simplesmente porque eles têm ...a certeza da vitória.


Capítulo 21

Capítulo 19

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