Last Land

Quarto Dia - Em Prol do Núcleo

Capítulo 15 - Amores Perdidos


As paredes de fora do castelo entram em radiante dourado, na verdade da qual reflete do cosmo do Cavaleiro de Ouro contra o somma dourado de Shurato. Os dois defrontam suas forças com toda a capacidade que possuem.

Nesse instante Máscara da Morte leva uma vantagem sobre Shurato, quando lhe dispara uma saraivada de golpes manuais, que causam rachaduras na armadura do Leão Branco do Rei Shura.

Shurato porém, cessa o golpe do Cavaleiro, atingindo-lhe o braço com sua arma e logo após, apelando para seu tantra:

- NAUMAK SANMANDA BODANAN ABILAUKEN SOWAKA! - e invoca - o poder imbatível de SHURAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!

A magia com cabeça de leão atinge Máscara da Morte, pois não havia tempo de fuga, mas ele colocou seus dois antebraços à frente e evitou o ataque direto, sendo apenas arrastado para trás, por aquela força.

Máscara da Morte fica muito furioso:

- Você não vai me impedir de entrar! Maldito!

Ele invoca um cosmo ainda mais alto, que assusta o Rei Shura.

Neste ínterim, não tão preocupado em entrar, o Cavaleiro de Fênix contenta-se em colocar-se à frente do ex-amigo Seiya.

- Ikki, você está obsecado com esta idéia maluca da Esmeralda! Como você tem tanta certeza de que era a sua Esmeralda?

Ikki furioso:

- Máscara da Morte, Jamian, Afrodite! Todos apareceram aqui vivos! Não há o que questionar, Seiya! Você sabe o que isso significa para mim!

E o Cavaleiro invoca seu cosmo com uma aura imensa ao seu redor.

- Chega, Ikki! Se você quer um confronto, você terá.

Seiya também invoca seu cosmo de maneira absurda e uma imagem de um Pégaso pode ser vista em sua aura, bem como de um Fênix na aura de Ikki.

- Acha que me vencerá, Seiya? - indaga o Cavaleiro de Fênix.

- Há muito tempo meu poder não é mais inferior ao seu, Ikki. Pelo contrário, você sabe quantos já venci. - responde o outro.

Kuwabara tenta aproximar-se e apartar a briga:

- Ei!! Que você tá fazendo, Ikki?! Vocês eram amigos!

- Sou amigo de mim mesmo! - protesta Fênix, e logo após ataca os dois ao mesmo tempo - Ave Fênix!! - e envolve-os num cobertor de chamas.

Ali próximo Anne esforça-se ao máximo para impedir que os aldeões entrem, e ao mesmo tempo não quer feri-los, vira-se a todo instante em várias direções, atirando línguas de ar que envolvem o corpo dos aldeões como uma longa corda, deixando-os imobilizados.

Askot invoca sem parar suas criaturas. Especificamente invoca criaturas com corpo humano e cabeças de águia, que colocam-se como uma barreira humana, dando a mão um ao outro, impedindo a passagem de alguns aldeões.

Caldina usa a magia que é lançada de seus brincos, enquanto dança e faz com que outros atacantes caiam dormindo uns por cima dos outros.

Em meio àquela vantagem dos castelões, Suzako observa, aborrecido e levantando uma mão pra o ar, invoca:

- Trovão das Trevas!!

Com um forte estrondo ensurdecedor um raio vem do céu e atinge diretamente a mão de Suzako e logo a energia acumula-se, transformando-se numa bola energética na palma da mão do demônio que a arremessa com extrema velocidade contra Caldina, que não esperava por aquilo e sendo atingida, leva um enorme choque, que a faz cair inconsciente.

Suzako chega ali perto e instiga os aldeões que voltam a acordar, pois o poder de Caldina fôra cortado no momento que ela desmaiou:

- Vamos, molezas! Levantem-se e ataquem todos do castelo!

Mesmo atordoados, os homens obedecem os berros de Suzako, voltando a pegar suas lanças e até mesmo pedras e vão ao combate.

 

Na longínqua lua de Zefir, Lucy está de pé no quarto em que a haviam deixado. Ela ficara durante horas sem saber o que fazer, e neste momento não é diferente. Mas ela quer apenas movimentar-se. Não agüenta mais ficar parada. E fica surpresa ao ver a porta do quarto abrir-se, logo que se aproxima.

- Não estava trancada?! - exclama ela.

Lucy então sai corredor afora, andando a passos calmos, mas com o olhar atento.

Ela lembra-se de tempos atrás, quando havia caminhado na nave NSX, onde teve um grande amigo chamado Águia. Ela sente um aperto no peito ao lembrar-se das circunstâncias violentas que levaram seu amigo a falecer.

- Águia... - murmura baixinho, com nostalgia - ...esteja onde estiver hoje, sei que está em paz.

Repentinamente, ela fica apreensiva ao ver uma sala no final do corredor. Ouve barulhinhos lá dentro e caminha até o local e olha apreensivamente, tentando não ser vista.

Encosta-se no canto da parede, porém, quando sua visão capta uma pessoa de costas, com uma capa longa e branca, mechas de cabelos alvos sobre o lenço verde em volta do pescoço, a garota assusta-se, mas abre um sorriso feliz:

- Águia!! - berra ela e, alegre, corre em direção dele e logo este vira-se e ela o abraça, chorosa:

- Águia! Você está vivo! Que bom!

- Desculpe... você se enganou. - diz a pessoa que apresenta cor de cabelo e rosto muito semelhantes ao de Águia.

Lucy, surpresa, afasta-se e diz embaraçada:

- Ãhn... desculpe, eu... pensei que...

A pessoa retira o lenço verde do pescoço, revelando um longo cabelo alvo que cai até sua cintura.

- Meu nome é Hawk. Sou uma das maiores comandantes de Autozan. Fico contente que tenha acordado. - diz ela, sorrindo.

- Eu te achei tão parecida com um amigo...!

- Compreendo. Nós de Altozan temos grupos étnicos muito semelhantes e eu era parente próxima do Águia.

- Então você o conhecia?

- Sim. - sorri - Eu dividia sonhos no futuro com ele. Muitos planos para a frente da vida.

Lucy espantada:

- Então você era namorada dele?

A mulher responde:

- Quase casamos.

Lucy:

- Por que quase?

Cortando um pouco o clima, a mulher lhe oferece um doce numa caixa metálica redonda.

- Gostaria de um? É muito bom.

Lucy:

- Não, obrigada. - recusa, educadamente.

A mulher senta-se numa cadeira que praticamente veio até ela automaticamente, correndo por um trilho magnético no piso, e o mesmo acontece com a Guerreira.

- O Águia foi para Zefir e lá morreu. Você sabe disso, não? - fala Hawk, com uma pequena expressão de inconformada no semblante.

- Desculpe a pergunta... é o hábito. - justifica a outra - Mas você ajudou Lantis, porque?

- Mas isto é óbvio demais, menina. Porque ele era amigo do Águia.

- Só por isso? - desconfia Lucy.

A mulher percebe que aqueles olhos escarlates escondem mais sabedoria do que esperava e responde:

- Não. É uma forma de me vingar da decisão tomada por Águia de me abandonar e ir para a guerra....

- Prejudicando Zefir, deixando sem núcleo?

Mais uma vez a mulher se admira com a observação da garota e responde evasivamente.

- Ajudando Lantis.

Lucy sente-se intrigada:

- Se você pretende prejudicar Zefir, seria melhor que tivesse me mantido presa no quarto.

Sempre calma, Hawk responde:

- Por que? Você não me parece uma garota violenta e de que adianta você poder andar livre por aqui, se não sabe usar a tecnologia de Autozan para uma fuga?

 

Em frente ao castelo.

Depois do poder flamejante de Fenix, Pégaso permanece bem, pois Kazuma colocara-se em sua frente e agora está todo chamuscado e ferido.

- Kazuma?! Por que fez isso? - indaga o surpreso Seiya.

Kuwabara, esforçando-se de pé, fala:

- Eu adoro lutas! Adoro lutar com o Yusuke em Tóquio, mas isto aqui que vocês vão fazer é se matar, e não vou permitir uma amizade acabar, assim! Deu pra entender?! - exclama.

- Você nem se mantém mais em pé, rapaz! - comenta Ikki, que se aproxima numa corrida e soca o rosto de Kuwabara, que cai direto no solo.

Seiya fica enfurecido:

- Ikki, já estou cheio de ficar tentando fazer você deixar de ser cabeça dura! Se essa é a única linguagem que você entende, então tome! - e ataca- METEORO DE PÉGASO!!

O Cavaleiro de Fênix de fato assusta-se com a velocidade dos golpes do oponente,

Defende-se de quase todos com seus braços, mas alguns inevitavelmente escapam e atingem seu abdome e até seu rosto deixando-o bastante impressionado.

Enfim, para fugir dos golpes, Ikki dá um salto alto para trás.

Seiya pára e o observa.

Limpando uma gota de sangue que lhe escorre do nariz, diz Fênix:

- Você está cada vez mais rápido! Confesso que minha superioridade não é assim tão grande.

Ikki invoca seu cosmo novamente, queimando a grama verde ao redor de seus pés.

Seiya também invoca sua força, mostrando a Ikki que seu cosmo não deixa nada a desejar contra o dele.

- GOLPE FANTASMA DE FÊNIX! - grita Ikki, avançando com seu ataque.

Contudo, Seiya consegue amparar o pulso do ex-amigo e diz em tom decepcionado:

- Não acredito que ia usar isto em mim, Ikki, mas eu me defendi! - orgulha-se.

Ikki, com um sorriso irônico:

- Porque eu permiti.

Seiya:

- O quê?!

Aproveitando a proximidade, Ikki desfecha um calculado e forte chute no ombro direito de Seiya, produzindo um estalo que o faz sentir muita dor, e quando Pegaso olha, vê que seu ombro está torto, pois fôra desconjuntado.

Pégaso tentar mover o braço mas sente uma dor fisgar seu braço; nervos doem desde a ponta dos dedos até o ombro.

- Argh! Meu braço! - exclama, caindo de joelhos ao chão.

Ikki o observa com sadismo:

- Você consegue ser tão rápido agora, Seiya?

Seiya:

- Você é um covarde! Como foi quando voltamos a nos encontrar na Guerra Galáctica!

Ikki:

- Cala a boca! Tudo o que me importa agora é mostrar que sou mais forte que você! E esmagarei todos os admiradores de Esmeralda!

Inescrupulosamente, o Cavaleiro de Fênix ataca o inimigo já caído:

- AVE FÊNIX!! - atingindo o outro de cima para baixo, com suas chamas ardentes.

O poder de Ikki age como se tentasse esmagar Seiya contra o solo. Um buraco começa a formar-se em torno do Cavaleiro de Pégaso, que sofre terrivelmente, enquanto seu corpo estirado recebe o ataque sendo empurrado numa cratera que vai se tornando mais funda.

Mais a frente a luz dourada toma conta da entrada do castelo, mas desta vez somente o cosmo de Máscara da Morte é que supera o somma do oponente.

- Saia do meu caminho! - grita o Cavaleiro, enquanto com sua mão brilhando do cosmo, dispara um raio de energia diretamente no rosto do Rei Shura.

- AAAAAAAAAH!!! - grita Shurato, que tem o seu elmo de combate despedaçado e logo cai no chão, vencido.

Enfim Máscara da Morte consegue, afobadamente, invadir o castelo. Enquanto corre olha para todos os lados, com grande curiosidade, e uma expressão de raiva. Seus passos ecoam pelo chão e seu cosmo reflete-se nas paredes.

Porém num dos corredores, alguém coloca-se à sua frente. Um homem de cabelos pretos longos com uma armadura esverdeada.

- Shiryu! - exclama Máscara da Morte, que franze o cenho de forma assustadora, com uma expressão de ódio incrível.

Shiryu com seriedade o encara:

- Queria me enfrentar, Máscara da Morte? Eis a sua chance! Agora temos uma razão para lutar.

Máscara da Morte sorri com ironia:

- Shiryu!! Então vamos lutar! Maldito! Mas saiba que Você nunca viu o Cavaleiro de Câncer como ele está agora! Minha alma está em chamas! Corroendo-se em chamas! - grita e a aura do seu cosmo se alarga mais e mais, fazendo surgir a imagem de um gigantesco caranguejo no ar.

Shiryu porém não se intimida:

- Então lutaremos, Máscara da Morte. E farei de tudo para que este seja nosso último encontro!

O Cavaleiro do Dragão também aumenta seu cosmo, de tal forma que seu cabelo levanta-se e uma imagem de um dragão rodeia o corpo do Cavaleiro e abre a bocarra com os dentes afiados em direção ao caranguejo gigante como numa ameaça.

Uma luta entre dois combatentes que conhecem-se em lutas anteriores inicia-se e ambos trocam golpes variados entre si; seus braços cortam o ar de forma a criar um som ríspido.

Eles porém não conseguem atingir um ao outro. Há apenas o tilintar das armaduras que se chocam a cada defesa.

Num determinado momento, Shiryu e o cavaleiro dourado desfecham um soco no mesmo instante e seus punhos choca-se no ar.

Fissuras surgem no punho da armadura de ambos.

Eles continuam na mesma posição como se disputassem força física, e finalmente Mascara da Morte leva vantagem conseguindo que o braço do oponente vá afastando-se para trás.

Todavia o Cavaleiro de Dragão usa o seu escudo, esbarrando-o contra o braço do inimigo e logo após direcionando-o a atingir o rosto do Cavaleiro de Câncer, fazendo com que se afaste.

- Mesmo assim! Não pretendo perder! Não desta vez! Agora sinta isso! - berra Máscara da Morte, que lhe desfecha mais um soco.

Só que antes de atingi-lo, Shiryu o impede com seu escudo, defendendo-se dos ataques e, quando sente seu punho cerrar com firmeza, ataca o outro:

- Cólera do Dragão!

O golpe do Cavaleiro de Dragão pega o oponente diretamente no pescoço.

O Cavaleiro de Câncer esgazeia os olhos e de boca aberta, babando sangue, cai sentado junto à parede do corredor.

Na imagem dos cosmos, o Dragão chinês parece esmagar o Caranguejo, lançando-o como uma serpente.

- Desista, Máscara da Morte! Nunca vai me derrotar! - diz Shiryu.

Máscara da Morte tosse um pouco e fala:

- Você sempre soube que quem vence o combate é aquele que tem a melhor razão para isso! E desta vez sou eu!

O Cavaleiro Dourado levanta-se rapidamente, como se não estivesse ferido e seu cosmo brilha de forma mais forte, ainda.

Shiryu surpreende-se, volta à posição de luta e pensa:

- Não compreendo. Ele está muito motivado realmente, mas por uma vingança contra mim?

- MALDITO!!! - berra Máscara da Morte, avançando - Já estou cheio de você, Shiryu! Torna-se uma pedra no meu caminho sempre! Isto vai acabar hoje! - enquanto fala ele tenta desfechar inúmeros socos no adversário que usa seu escudo com eficácia.

Shiryu aflora seu cosmo novamente, enquanto seu punho cerra-se.

Máscara da morte adverte, enquanto ainda tenta socá-lo.

- Não faça isso, Shiryu! Eu estou avisando! Você vai se arrepender!

- Não blefe, Máscara da Morte! - reclama Shiryu, que usa seu poder novamente. - Cólera do Dragão!

Um som de metal quebrando é ouvido.

Máscara da morte apresenta um olhar irônico.

Shiryu encontra-se extremamente assustado.

A armadura do Cavaleiro de Dragão está quebrada na altura do tórax, exatamente no coração e neste buraco está cravada a mão de Máscara da Morte no peito de Shiryu.

- Eu avisei Shiryu! Você usou seu ataque muitas vezes. Eu vi o ponto fraco de seu golpe e agora sinto as pontas dos meus dedos tocarem o seu coração. - diz Máscara da Morte.

Shiryu sente a sensação estranha no seu tórax e continua perplexo.

- Basta eu fechar a mão e seu coração será esmagado, Shiryu. - diz Máscara da Morte.

O outro nada responde.

Máscara da Morte:

- Eu o sinto pulsar na minha mão muito acelerado. Você está com medo? Claro que está!

A imagem do cosmo do caranguejo gigante tem sua garra no pescoço do Dragão do cosmo de Shiryu.

- Ser bom ou ser mau não decide o vencedor, Shiryu, o que traz a vitória é a motivação de cada um.

O Cavaleiro de Ouro empurra Shiryu, que cai com o enorme rombo no peito, sangrando.

Máscara da Morte, com a mão vermelha, diz:

- Para que te mandar para o Yomotsu ou mesmo te matar simplesmente? O que eu queria era derrotá-lo e aí está. Vivo e vencido. É bem mais divertido de ver.

Shiryu:

- Por que essa piedade? Isso não é coisa sua!

Máscara da Morte ironiza:

- Piedade?! Eu estou te fazendo viver derrotado e me chama de piedoso? Seu orgulho não vale nada, Shiryu! Além disso eu não entrei no castelo para lutar com você. Isto foi uma ocasião secundária.

- O que?! - exclama Shiryu.

Máscara da Morte corre pelo corredor adentro, sem dar maiores detalhes para o inimigo.

O cavaleiro de Dragão com o peito esvaindo seu sangue pensa enquanto olha pra o teto:

- Fui derrotado por Máscara da Morte! Perdão Mestre! Eu deixei que ele atacasse o ponto fraco que você me alertou tantas vezes. Eu vacilei e paguei caro. Perdão.

Ele então fecha os olhos inconsciente.

 

Na Terra, Sandhye, após o dia letivo, aproxima-se de sua casa, mas da outra calçada, e observa que a viatura policial não está mais lá.

Ela sente-se aliviada e atravessa a rua para entrar em sua casa, porém, repentinamente, ao pisar na outra calçada, um enorme carro, como uma limousine, passa rente ao meio-fio, bem devagar.

Sandhye vira-se para o carro e fica surpresa com o tamanho do automóvel, assim como com o polimento de sua negrura, que reflete o rosto espantado da garota.

O automóvel pára em frente à sua casa e logo o motorista desce dele, indo abrir a porta para um casal, que sai pela porta traseira.

O homem de aparência refinada, diz à garota:

- Você é a Sandhye Ohkawa?

A garota fica assustada por tudo que vinha passando ultimamente e não hesita em correr para dentro de casa, batendo a porta atrás de si.

A mãe, que estava espanando a sala lhe pergunta:

- Que é isso, filha?!

Sandhye trancando a porta:

- É mais gente vindo atrás de mim, mãe!

A campainha toca.

A mãe da garota aproxima-se da porta da casa e, olhando pelo olho mágico, vê o distinto casal.

A mulher do casal fala agora:

- Por favor, precisamos falar com Sandhye. Desculpem... conseguimos o endereço de vocês com a Polícia.

- Não abre a porta, mãe!! - exclama a menina.

A mãe de Sandhye não entende tanto pavor da filha. O marido do casal agora fala:

- Por favor, só queremos conversar. Somos o senhor e senhora Ryuzaki, pais de uma menina que sumiu na Torre.

A mãe de Sandhye se preocupa:

- Mas filha, melhor eu atende-los.

- Não abre a porta, mãe! - exclama a garota, novamente.

O casal fica entristecido e a esposa volta a falar:

- Ouçam, nós estamos muito preocupados com nossa filha e com as amigas dela! Só queremos ajuda!

- Não abre a porta, mãe! - repete, apavorada a garota.

- Mas Sandhye... - tenta falar a mãe, tristonha.

O marido volta a pedir:

- Se para que nos ajude for preciso uma recompensa, estamos dispostos a pagar. Nós somos muito ricos.

- Abre a porta, mãe! - diz agora a garota, com os olhos brilhando de interesse.

A mãe não gosta da atitude da filha, mas abre a porta, permitindo a entrada do refinado casal.

A mãe de Marine logo aproxima-se de Sandhye e diz, muito nervosa:

- Menina, por favor, se você sabe algo da minha filha, diga, por favor!

Sandhye fica muda por uns instantes, sem saber o que dizer.

 

No espaço, na órbita de Zefir, no cenário do espaço estrelado, a nave de Altozan arrumada pelos amigos, aproxima-se da Lua, que torna-se cada vez maior no visor da nave.

Kurama, que praticamente dirige sozinho, de repente começa a digitar inúmeros comandos no painel, quase como que desesperadamente:

- Kurama, que foi? Tá com problema? - diz Urameshi

Kurama:

- Não, Yusuke, isto é pra evitar um problema. Eu estou tentando mudar o número código da nave. Senão, quando formos analisados ao chegar em Altozan descobrirão que esta nave está quebrada em Zefir e irão saber que é um forasteiro. Ah, provavelmente vão manter contato visual conosco da tripulação. - E o que isso quer dizer? - indaga Urameshi.

- Que quando virem nossas roupas, saberão que não somos de Altozan! - responde Kurama.

Marine abrindo uma espécie de armário eletrônico na parede, que move suas portas e revela um grande número de roupas de Autozan.

- Olha, não vamos ter problemas! Tem um monte de roupas deles aqui!

Ela pega a pilha de peças de roupas e vai distribuindo de mão em mão.

Entrega para Hyoga e fala:

- Só que vai ter que tirar sua armadura.

- Não tem problema. - afirma

Entrega para Xarigan e Yusuke:

Xarigan comenta:

- O que não faço por Zefir...!

Logo, cada um sai de uma cabina de dentro da nave. Marine sai deslumbrada com sua roupa, um típico traje feminino de Altozan, em tom esverdeado.

- Que graça que ficou essa roupa!! Ai, que linda!! Vou levar pra casa, depois!

Kurama sai, trajando sua roupa, que o coube perfeitamente.

- É interessante isto aqui! - Nossa! Você ficou um gatinho nessa roupa! - elogia Marine.

Kurama fica encabulado e pousa a mão na cabeça:

- Sério? Obrigado.

Surge então Hyoga com a roupa perfeita nele, carregando a armadura de Cisne, montada embaixo do braço.

- Você achou isso aí dentro? - pergunta a garota.

Hyoga:

- Não, isto é uma armadura. Quando ela não está no corpo toma a forma da representação da constelação.

- Dá até pra usar como enfeite na sua sala, fica linda! - comenta Marine.

- É, pode ser. - diz Cisne meio sem graça.

Sai então de outra cabina, Xarigan com uma roupa que ficara pequena demais pra ele. A camisa deixa o umbigo à mostra, a manga vai até o cotovelo e a calça parece muito uma bermuda. Os outros três ficam pasmos, com a imagem ridícula.

Xarigan tenta ser imponente mesmo assim.

- Não riam... por favor!

- Tudo bem, mas quando o Yusuke ver...

- Ver o que? - grita Yusuke da cabina - Não posso achar graça de ninguém se eu também tô ridículo.

Agora Urameshi sai da cabina por sua vez e, no caso contrário de Xarigan, ele está com a roupa tão grande e folgada, que as mangas da camisa escondem suas mãos, sobrando meio metro de tecido pendurada; os sapatos estão dentro da calça e a bainha arrasta-se no chão como um véu de noiva, fora a camisa que os joelhos, parecendo uma saia.

Marine não resiste e começa a rir:

- Ah, Ah, Ah, que ridículo!

- Não caçoa não, garota! Não tô pior que o modelito de verão de Xarigan - reclama Yusuke - Nem soube escolher os tammanhos certos, sua garota burra!

Marine se irrita:

- De novo me xingando, seu moleque malcriado! Claro que não pude escolher! Só tem essas aí!!

- Você fez isso pra me fazer de palhaço! Pensa que sou otário que nem você?!

Marine responde a grosseria, não com palavras, mas marcando os cinco dedos no rosto de Uramesh, derrubando-o com o tapa.

- Foi de propósito mesmo. - murmura Marine.

- Aqui é da central de recepção. O que está acontecendo por aí? - diz uma voz.

Kurama olha para o visor e percebe o rosto de um homem de Altozan e, quase sem jeito pela situação em que foram vistos, fala:

- Não, tudo bem! Gostaríamos de aterrissar.

- Aguarde. Estou recebendo o número código de sua nave. - diz o homem, que olha o pessoal da nave numa central de comando numa pequena tela, enquanto num display ao lado aparece o número.

- Tem um problema. - avisa o homem.

- Qual? - indaga Kurama.

- Informarei o estado lamentável do uniforme daqueles dois tripulantes.

- Está bem. - concorda Kurama, aliviado.

O visor se desliga e todos sentem-se menos tensos.

 

No Castelo.

Mesmo após a tão esperada luta do Cavaleiro de câncer que, finalmente, conseguiu vingar-se de Shiryu, não parece ter reduzido a ansiedade em Máscara da Morte. Pelo contrário, ele está ainda mais afobado. Seus passos no castelo expressam uma angústia incrível. Sobe mais alguns lances de escadarias, as quais nem se comparam com as gigantescas que tem no santuário da Grécia.

Ele não sabe bem por onde ir; pega o primeiro corredor que lhe aparece no caminho.

Passa por cada quarto, olhando para seu interior e encontrando uns arrumados porem vazios e outros todos desarrumados e também vazios, de acordo com seus respectivos hóspedes.

Até que vê à distância uma entrada para um grande salão e dirige-se para lá. Porém, antes que entre, duas pessoas saem do salão e vêm na sua direção, armados contra o invasor.

- Não vai passar daqui, invasor! - ameaça Rafaga.

Máscara da Morte fica imensamente surpreso e diz em um tom cordial:

- Nem acredito! É Rafaga! - vira-se para a outra e diz - Sierra! Como eu queria vê-los!

Priscila surpresa:

- Não sou Sierra, sou Priscila.

Máscara da Morte cordial:

- Não consegue me enganar. Eu sempre soube distinguir você da sua irmã, sem precisar ver a marca de nascença.

Máscara da Morte aproxima-se para colocar a mão no ombro dela, mas esta o afasta, dizendo espantada, mas encabulada:

- Não! Afaste-se!

Rafaga estupefato:

- Como nos conhecia e sabe destas coisas? Quem é você?

Máscara da Morte com um olhar surpreso, diz:

- Como não se Lembra?! E nossas brincadeiras de espadachim no pátio do castelo? Que você sempre levava vantagem?

Rafaga fica quase em estado de choque:

- Você é Abner!! Não pode ser! Pensei que tivesse morrido!

Abner ou Máscara da Morte responde:

- Pode-se dizer que sim. Eu estive morto por muitos anos, pois não me lembrava do meu passado da infância em Zefir. Vivi sem saber meu nome, mas quando vim para cá lembrei de tudo, e principalmente de você, Sierra. Eu vim aqui para ver vocês.

Priscila(Sierra) fica emocionada e seus olhos brilham umedecidos pelas lembranças que lhe vêm à mente neste instante:

Abner e Sierra crianças correm por um jardim florido, dando risadas, até que alguém aparece à beira do jardim gritando:

- Crianças travessas! Eu já falei pra não fazerem isso! - berra Guru Clef, apesar de sua voz calma não servir para um bom sermão.

Sierra lembra-se também de receber um colar de flores que é posto no seu pescoço por Abner, que diz:

- Viu? Aprendi a fazer só pra dar um pra você.

Rafaga, ainda incrédulo:

- É difícil acreditar que seja você. Lembra-se de certa ocasião, quando voltamos todo cobertos de lama do barro do rio próximo do castelo?

Abner sorrindo:

- Claro! Entramos no castelo e deixamos rastros de lama por todo o corredor! Deixou sua mãe muito irritada. Ficamos de castigo por dias!!

Rafaga continua:

- E a partir daí criamos um novo costume de fugir escondidos à noite do castelo para ir nadar no rio, e de graça, usar folhas e galhos, fingindo ser criaturas da floresta e dar susto nos aldeões.

Abner completa:

- É. Até o dia que nos pegaram e dessa vez nós apanhamos e ficamos de castigo com o seu pai como vigia. Só que ele também era fã de brincadeiras e passaram a ser três indo nadar no rio à noite.

Rafaga e Abner riem com os fatos de seu passado.

- Que sensação diferente...! Nem sabia mais o que era rir, sem ser por sarcasmo...! - pensa o Cavaleiro.

- Que bom vê-lo novamente, amigo! - diz Rafaga, tocando o ombro do Máscara da Morte.

- O que houve com seus pais e os outros?- pergunta Máscara da Morte.

- Muitos já se foram, outros não moram mais no castelo.

Priscila está com um olhar carinhoso, lembrando-se de seu amigo:

- Faz muito, muito tempo.

Abner aproxima-se dela e a abraça. Ela fica um pouco receosa, mas também retribui o abraço.

- Abner, tive muitas saudades! Todos nós tivemos!- diz ela

- Senti minha alma vazia por décadas, Sierra, e agora vejo que até hoje, desde aquela época, você nunca saiu do meu coração, apesar de que tudo havia saído da minha mente. - diz o Cavaleiro e apertando-a mais forte, continua - Sierra, eu... desde criança ainda a amo... não consegui amar mais ninguém até hoje.

Ela fica um pouco surpresa:

- Abner... eu...

Por incrível que possa parecer, lágrimas começam a brotar nos olhos do Cavaleiro. Ele diz:

- Sierra, como te gosto! Não me diga que não se lembra de cada momento de nossa infância.

Priscila fica um tanto receosa:

- Não, Abner, eu lembro claramente e com muito carinho, mas eu hoje... amo outro.

Máscara da Morte fica chocado e, lentamente, separa-se do abraço.

- Outro?! Mas você podia ter acredito que eu estava vivo! Sierra! Por que? Por que?!

- Abner, nós éramos crianças! Era coisa de criança! - respondeu ela.

- Mas pra mim não foi. Tornou-se algo incrustrado no meu subconsciente e agora eu sei disso.

- Abner, compreenda ela. Já passou-se muito tempo! Ela não sabia que você vivia. - diz Rafaga.

- Quem é ele? Diga-me!

Ela hesita por um momento e diz:

- É Clef. Eu amo o Guru Clef.

- O que?! - surpreende-se Máscara da Morte - Agora entendo o porquê de muita coisa que houve na nossa infância. Quero falar com ele.

Priscila olha para a mão de Máscara da Morte e vê o sangue secando nas unhas:

- Abner, o que andou fazendo? Quem você feriu?

O Cavaleiro fala:

- Acontece que quando eu deixei Zefir, ganhei um outro futuro. Sombrio, destrutivo e impiedoso, neste o qual fui batizado de Máscara da Morte.

Rafaga fica preocupado e saca sua espada novamente:

- O que vai fazer com Clef?!

Máscara da Morte:

- Eu quero vê-lo. Não tenho este direito?

Rafaga:

- Não sei se tem. Renda-se! - o espadachim aproxima-se.

O Cavaleiro Dourado, sem muito esforço, lança uma energia de sua mão, que desarma o amigo de infância.

Logo após Abner corre para o salão.

No salão do sacerdote de Zefir, Clef, em expectativa um tanto preocupado, aguarda a chegada do Cavaleiro e ao vê-lo pondo os pés dentro do local, o Guru estende os braços e diz com olhos brilhantes de emoção:

- Abner, senti que era você quando seguiu para este corredor; eu quase não acredito no que vejo na minha frente agora! Mas você está aí... vivo... meu filho! Vem abraçar seu pai.

Máscara da Morte por mais que esteja com a alma petrificada que o destino lhe impusera, seus olhos também se umedecem neste instante, mas contem-se e andando com ar austero em direção ao seu genitor diz:

- Meu pai. Você não teria orgulho de saber o que fiz nesses anos todos desaparecido e eu também não tenho orgulho seu pelas injustiças que cometeu.

Clef espanta-se:

- Filho, eu... não compreendo...!

Priscila e Rafaga chegam ao salão e ficam junto dos dois.

- Não quer compreender, pai. Você percebeu em grupo de quem eu me encontrava? - indaga Abner.

- No de Xarigan, mas eu...

- Claro que ele não me matou! Se não eu estaria do lado dele agora?

Clef:

- Pensei que ele tinha te matado. Naquele dia cheguei ao local, onde uma espécie de energia fazia você desaparecer. Xarigan estava lá.

Máscara da Morte:

- Só Xarigan estava lá?

Clef lembra-se da mulher ali perto, de compridos fios de cabelos avermelhados e a tiara do núcleo na cabeça:

- SEIKIAKKO!!

Máscara da Morte:

- Foi ela que me atirou na passagem dimensional! Eu fui parar na Terra, mais precisamente na Itália, sem lembrar do meu passado, mas uma coisa eu tinha na cabeça: que eu era um assassino e sempre o seria.

Clef admirado:

- Abner... e por que você tinha isso em mente? Meu filho?!

Máscara da Morte:

- Porque poucos dias antes de Seikiakko me enviar para a Terra, aconteceu um fato.

Abner lembra-se que, quando pequeno estava sentado numa pedra nos campos e olha a mãe de uma criança chegar até ela, desembrulhar um doce e dar com carinho ao filho. Mais adiante outra mãe carrega o bebê nos braços.

- Está um pouco triste hoje. - comenta Seikiakko, que chega e senta-se ao lado dele, na pedra.

- É, tô meio triste porque eu gostaria de saber como é ter uma mãe, como meus colegas.

- Entendo. - diz a, na época, núcleo de Zefir.

Abner pensa um pouco e, com um sorriso inocente e feliz tem uma idéia:

- Senhorita Seikiakko, gostaria de fazer de conta que é minha mãe? Vamos agir como filho e mãe?

Ela fica um pouco surpresa e diz:

- Não, Abner. Não gostaria de fazer isso. Mesmo porque não acho que deve sentir falta de sua mãe.

Abner fica confuso:

- Por que acha isso?

Seikiakko, com um sorriso maquiavélico:

- Porque você matou ela.

A criança fica chocada com a afirmação.

A mulher, vendo isto ainda completa:

- Quer dizer que você não sabia?! Pois é, ela não ficou doente como lhe disseram. Pensei que agora que você já está mais crescido, lhes tivessem dito a verdade. Ela morreu no momento em que você nasceu.

Abner treme como se estivesse doente. Seus olhos tremem nas órbitas.

Seikiakko ainda passando-lhe a mão na cabeça, diz com ironia:

- Já nasceu matando alguém. Você é um assassino e tanto, garoto!

A maligna mulher afasta-se com risadinhas irônicas, enquanto Abner fica extremamente nervoso e grita:

- NÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!! NÃÃÃÃÕOOO!!

O Cavaleiro termina sua narrativa:

- Passei o resto dos meus dias em Zefir, muito triste, e indo para a Terra, não lembrei do passado, mas tinha na cabeça a sensação de ser uma pessoa doentia e de que jamais podia fugir de um caráter sanguinário.

Clef espantado:

- Não acredito que Seikiakko tenha feito isso.

Máscara da Morte debocha:

- Sei que não acredita. Por isso quando me viu desaparecer, culpou diretamente Xarigan. Só porque aquela maldita mulher disse que foi ele.

Clef:

- Mas Abner... você não é um assassino! Você sabe que não teve culpa de um fato como este da sua mãe.

Abner:

- Hoje eu sei que não tenho culpa mas sou assassino por outras centenas de vidas que eu tirei depois.

Clef triste:

- Meu filho... perdoe-me.

O Guru ajoelha-se diante do Cavaleiro.

Mascara da Morte puxa-o para levanta-lo.

- Não quero meu pai se arrastando pra mim. Por outro lado, você fez algo que não pretendo perdoar.

Clef:

- O que?

Máscara da Morte:

- Você sempre me afastava de Sierra, quando pequeno, lembra-se? Agora eu sei porque. Para que ela quando crescesse se apaixonasse por você.

Clef:

- O que?! Isso não era minha intenção!

Máscara da Morte irado:

- Então, qual era?!

Clef:

- Você é meu filho, Abner, vai viver tanto quanto eu. Eu tentei lhe criar de forma que um dia quem sabe você se tornasse o núcleo de Zefir, e teríamos mil anos de paz e você deve saber que o núcleo de Zefir não pode ter a atenção desviada pelo amor, por exemplo. Por isso eu o afastava.

Máscara da Morte:

- Então é isto?!! Por esta terra!! A única solução é deixar o núcleo com quem quer ser ele. E este é Xarigan.

Clef:

- Eu devo pedir desculpas a ele.

Máscara da Morte:

- Não adianta. Agora ele quer ser o núcleo de Zefir, seja à força ou não, esta é a solução.

Clef:

- Por que confia tanto nele?

Máscara da Morte:

- Ele me salvou duas vezes. Quando eu era criança e ontem.

Clef triste:

- Filho... não vá contra mim. O núcleo não pode ser tomado, você sabe.

Máscara da Morte responde:

- Mas terá que ser e vou ajudar Xarigan, até que ele consiga isso.

O Cavaleiro ameaça sair dali.

Clef:

- Filho... não vai me dar um abraço?

Abner pára e sem voltar-se, lhe diz:

- Eu não mereço e você também não.

Enfim o Cavaleiro deixa o aposento.

Clef cai de joelhos por fraqueza, mas não física, porém na alma e gotas de lágrimas do sacerdote criam pequeninas poças no piso.

- Não posso crer que meu filho tornou-se um assassino.

Priscila aproxima-se com carinho e pena para ajuda-lo:

- Clef...coitado!

Clef:

- Priscila, é verdade o que ele disse sobre seus sentimentos?

Ela fica um tanto encabulada, sem graça e escondendo os olhos na franja, confirma:

- Sim, Clef, há anos eu sinto isso por você.

Clef:

- Eu percebia, Priscila, mas eu...

Ela interrompe:

- Não diga Clef, eu já me conformei com isso. Sei que não sou correspondida, mas só me permita ficar ao seu lado, Guru Clef, por favor!

O sacerdote comovido diz:

- Não há pessoa que eu queira mais próxima a mim que você. Nem meu filho eu quereria dessa forma que o vimos.

 

Em algum lugar da nova Autozan, Lucy está com o olhar absorto para o chão, enquanto continua sentada numa cadeira.

Sua mente está num conflito, indecisa.

- Lucy, está aí?! Você parece uma estátua! - comenta Hawk, com um sorriso.

Lucy apenas olha para ela.

Chega então à sala, Lantis.

Hawk ao vê-lo, diz à garota:

- Bom, vou deixar o recinto. Creio que vocês têm muito que conversar.

E começa a retirar-se, quando vira-se para outro lado da sala e pergunta:

- E você? Não vai sair?

Ela fez a pergunta a Hiei, que está sentado no chão, num canto quase imperceptível, na sala.

- Claro. - diz ele com ar de aborrecimento e sai, juntamente com a comandante.

Lantis aproxima-se de Lucy e fala:

- Não fique com raiva de mim, Lucy. - pede ele.

Lucy ainda sentada na cadeira, sem virar-se para olha-lo, responde:

- Não posso ficar com raiva de você, Lantis. Eu só não sei dizer se eu queria ou não estar aqui, agora.

Lantis ajoelha-se à frente dela na cadeira e diz:

- Você disse que me ama.

A garota fica encabulada, mas confessa:

- Ah, é... é Lantis, eu o amo, mas Altozan...

Lantis pega sua pequena mão mais uma vez, para falar:

- Lucy, então vamos ficar juntos pra sempre mas não em Altozan! Uma nave está sendo aprontada para partirmos para um outro planeta.

Lucy:

- Outro planeta?!

- Sim, chama-se Gaia. É muito semelhante à Zefir, porém possui um pouco mais de tecnologia, graças à influência de Altozan.

Lucy nada responde.

Lantis a olha por um tempo, mas nenhuma palavra é dita por ela.

- Lucy, preciso que me diga que quer ir comigo.

Lucy fica sem saber o que dizer.

- Entendo, talvez você não acredite na minha sinceridade. - volta a falar o irmão de Zagard.

Lantis coloca a mão, tirando uma mecha de cabelos de cima da orelha de Lucy e, olhando para seus olhos escarlates, fala:

- Me perdoe por ser tão introvertido e não ter dito isso a mais tempo... Lucy... eu te amo.

Os olhos dela arregalam-se. Por um lado ela sempre esperou ouvir estas palavras diretamente da sua boca, porém agora, que tem uma prova maior do seu amor, fica ainda mais difícil tomar uma decisão.

Ela entristece e, enquanto seus olhos lacrimejam, comenta chorosa:

- Eu quero ser feliz, Lantis, mas eu não quero que Zefir seja destruída.

Lantis a levanta da cadeira e a abraça com carinho, dizendo:

- Nós teremos nossa vida e Zefir não será destruída. Brafma escolherá outra pessoa. Eu sei que sim.

- Queria tanto que isso acontecesse, Lantis...! - diz chorando.

Lantis olha-a nos olhos novamente:

- Você é uma pessoa única Lucy. Não somente pra mim, mas pra Zefir também. Eu até entendo a sua escolha como núcleo, mas não aceito.

Ele aproxima-se do rosto dela e beija-lhe na testa, quase sussurrando:

- Você merece o amor, Lucy, e eu quero amar você!

Ela esboça um sorriso sob as lágrimas.

Finalmente, tendo acesso aos ares da nova Autozan, o grupo com a nave consertada sobrevoam a cidade.

Ao contrário de Zefir, ver uma nave espacial passar no céu não atrai curiosidade daquele povo que nem esforça-se em levantar a cabeça para olha-la, já que é muito comum acontecer por lá.

Aquela cidade tecnológica chama a atenção dos tripulantes da nave pilotada por Kurama, que disputam um lugar na pequena janela. Com exceção de Xarigan, que permanece no seu lugar, não querendo demonstrar interesse.

Cisne assiste quieto no canto da janela, enquanto Marine e Yusuke se empurram mutuamente em busca de uma visão melhor.

Xarigan:

- Parabéns! Você nos trouxe aos ares do território inimigo, mas onde podemos encontrar o núcleo?

Kurama, ainda comandando diz:

- Lamento, mas terá que ser paciente. Ainda não sei onde estão. Vou tentar rastrear informações das naves que foram a Zefir.

Hyoga:

- E você pode conseguir isso?

Kurama:

- Como me receberam como se fosse parte da frota, possivelmente disponibilizam informações para mim.

Marine, tendo Yusuke arriado, mantendo segura e torcendo sua orelha, pode olhar pela escotilha e diz:

- Que estranho! O que será que querem agora? Tem uns pontos cinzas vindo da cidade pra cá.

Kurama fica preocupado com o comentário.

- Aqui é da central de recepção novamente. - diz o visor voltando a ligar-se e reapresentando a face daquele homem, o qual fala - Atenção invasores!! O número de série apresentado por sua nave é falso, tendo se igualado ao número já existente em nossas naves, apesar de ser uma desativada. Mediante essa situação supomos que sejam mal intencionados. Portanto os varreremos de nossos céus!

Yusuke fica irritado:

- Kurama! Vacilou de novo!

O demônio raposa não sabe o que responder.

Aqueles pontos cinza citados por Marine, ao aproximarem-se rodeiam a nave e revelam-se robôs guardas do planeta.

Os tripulantes assustam-se.

Os inúmeros robôs têm formato semelhante a corpos humanos, com exceção de terem emissores antigravidade, onde deviam ficar sua pernas.

Todas essas máquinas levantam seus braços em direção à nave, e suas mãos metálicas entram para dentro dos próprios braços, dando lugar a algo semelhante a canhões, dos quais de dentro dos canos pode-se ver brilhar e este brilho aumentar intensamente, juntamente com um som como um zumbido.

Dentro da nave todos encontram-se nervosos, pois apesar de cada um Ter seu poder particular, não pensaram sobre uma situação com esta, e estão todos naquela nave, a qual, se for destruída levará suas vidas junto.

O sinal de alerta de perigo da nave soa nos ouvidos dos tripulantes.


Capítulo 16

Capítulo 14

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