Last Land

Quarto Dia - Em Prol do Núcleo

Capítulo 14 - Aliança Temporária


Tudo está escuro, confuso e estranho na mente de Lucy.

A Guerreira Mágica sente-se afogada num mar de nada, num manto de escuridão; não há caminhos certos a serem percorridos; seus pensamentos vagueiam numa infinita dúvida.

- Eu sempre compreendi a situação que a Princesa Esmeralda havia passado; sabia que ela teve uma indecisão sem solução. Eu sabia que havia levado ao fim sua dúvida quando lhe tirei a vida, mas também sabia que todo mal que ela causou foi por amor e isto me perturbou a mente, a ponto de criar a existência de Nova com um remorso que eu tinha no coração. Só que agora eu sinto com mais clareza o que a Princesa Esmeralda sentiu. Eu vivo hoje o mesmo que ela passou. E não sei o que fazer, como ela também não sabia.

A moça abre os olhos, encontrando-se numa sala cinzenta, proveniente do metal que lhe servia de parede, a qual tem os cantos arredondados e ela vê-se sobre uma cama de formato moderno.

Bem ao seu lado, em pé, está Lantis, e ela lhe fala:

- Lantis, isto não foi certo. Zefir...

Ele aproxima seu rosto do dela e murmura:

- Não pense em Zefir, Lucy. Você ainda não assumiu como núcleo, outro assumirá em seu lugar.

Lucy entristecida:

- Mas... você sabe que não é assim.

Lantis:

- Sei...- ele coloca a mão no rosto dela com ternura e depois afasta-se - Volto depois.

Ele deixa a sala, a qual abre a porta na vertical e fecha sem que ele a toque.

No quarto das Guerreiras Mágicas, Shurato ajuda Marine a levantar-se do chão. Ainda enfraquecida pelo raio, ela passa o braço nas costas dele, apoiando-se.

Shurato:

- Ainda bem que vocês estão acordadas. O resto do pessoal está dormindo como uma pedra. Não acordam nem berrando nos ouvidos.

Marine:

- Mas... o que aconteceu com eles?

Shurato preocupado:

- Acho que Lantis, quando temperou a comida, colocou um sonífero nela.

Marine e Anne, ajudada por Clef, surpreendem-se.

Marine inconformada:

- Eu não esperava que desse a louca no Lantis, assim tão de repente!

Clef:

- E o pior, com o apoio do Autozan.

Anne:

- Clef, quando chegamos desta vez a Zefir, lembrei que você havia permitido a ocupação deste mundo pelo povo de Autozan, mas eu não os tinha visto até agora.

Marine:

- É mesmo! Isso significa que podemos ir no lugar onde eles estão.

Clef balança a cabeça, negativamente, com tristeza:

- Não podemos. Eu havia permitido sim, essa ocupação, mas... eles acabaram optando em ficar noutro lugar.

Marine:

- Outro?! Mas onde?!

Clef:

- A lua de Zefir.

Anne:

- Meu Deus!! É... Zefir tem uma lua. Agora lembro-me de tê-la visto antes, mas muito pouco.

Clef:

- Ela só pode ser vista raramente nos céus, mas é um local como Zefir, com vegetação e seres vivos. Quando Autozan soube da existência desse lugar decidiu se instalar lá, para evitar o choque cultural com o povo de Zefir.

Marine:

- O grande problema é este, não é? Como vamos chegar na lua? - fala, num tom nervoso.

Anne murmura preocupada:

- Lucy!!

Clef:

- Não sei, não sei realmente. Nem seus gênios chegariam tão longe, mas precisaríamos encontrar Lantis e Lucy e conversar sobre que decisão deve ser tomada.

Shurato olhando pela janela:

- É. Não vejo nada no céu. - ele espanta-se - Espere! Eu tô vendo! Lá...!! - diz, apontando para baixo.

- A Lua?! Embaixo!? - indaga Marine.

- Não... coisas se mexendo no escuro... muitas coisas... parece uma multidão.

Anne:

- Multidão?! Será... Xarigan?

O guru de Zefir começa a tremer, enquanto segura seu cetro. Chega à janela e olha junto com o Rei Shura:

- É ele, Anne... eu sei que é. Este homem que causou a maior dor da minha vida estará à porta do castelo daqui a uns minutos. - Clef aperta os olhos, colocando as mãos na face, falando de forma nervosa e temerosa; vê-se suor frio em sua testa - Eu sempre quis evitar de encontrar o assassino de meu filho novamente. Como Lantis disse, desconfiava de uma invasão dele e sua aldeia e estava correto.

Shurato, com uma expressão de compaixão, diz ao guru:

- Não precisa encara-lo novamente.

Pés dos aldeões começam a pisar sobre a ilha voadora do castelo. A magia do ar traz os inimigos até a frente do castelo de cristal, onde começam a gesticular com suas lanças, arcos e espadas rústicas que têm disponíveis. Fazem movimentos como se fossem entrar em guerra.

Finalmente chegam ali em cima Xarigan, Ikki e Máscara da Morte, que logo tomam a frente de todas aquelas pessoas.

Xarigan aponta sua espada para o portão e grita:

- Vamos entrar!!

Antes mesmo que os aldeões expusessem suas reações, o portão abre-se e lá de dentro saem Shurato e Anne.

Xarigan aborrecido:

- Tinha certeza de que Autozan tinha acabado com o ataque surpresa.

Shurato, com ar austero, indaga:

- Em nome dos guardiões de Deva, e do povo de Zefir, quero saber qual seu objetivo aqui?

Xarigan franze o cenho e, com voz autoritária, esclarece:

- Meu objetivo é trazer uma nova esperança para Zefir, um novo governo, em outras palavras, quero o núcleo de Zefir! E entrarei para pegá-lo.

Anne e Shurato não se impressionam, já esperavam que isso fosse dito.

Enquanto isso, Clef, num estado apreensivo, difícil de encontrá-lo desta forma, está com a Guerreira de Ceres ao seu lado, Mokona e Primera também.

Clef pensa alto:

- Senhor deus Brafma, por que permitiu que este homem ressurgisse na minha presença novamente?

Marine com pena:

- Clef, eu te juro que não deixo que ele chegue aqui.

Clef, colocando a mão sobre a da Guerreira, diz:

- Marine, não se preocupe com os fantasmas do meu passado; eu já devia ter sabedoria suficiente para suportar estes tipos de encontros, mas eu só tive um casamento e um único filho.

Marine:

- O que houve com sua esposa, Clef? Onde foi parar?

Clef:

- Ela deixou o mundo quando meu filho nasceu; não resistiu ao parto. Mas nós vivemos uma bonita vida.

O guru lembra-se de muitos anos atrás, caminhando sobre os campos floridos de Zefir, apenas para respirar a brisa da manhã, aromatizada com aquele perfume floral.

- Eu vivi por praticamente 700 anos só auxiliando as pessoas escolhidas núcleo de Zefir, aprimorando minha sabedoria em dias enclausurado para reflexões, sobretudo pensando sobre a vida, a morte e o que há nesse meio tempo. Porém, na época em que completava meus setecentos anos resolvi conviver um pouco mais com as pessoas das aldeias de Zefir, aqueles por quanto tempo zelava. E certa vez caminhava sobre um tapete de flores no chão, crendo que aquelas flores tinham sido dispostas de forma tão harmoniosa pela natureza, mas descobri que não...

Clef lembra-se, de repentinamente, olhar para os lados e ver uma criança chorando com o rosto sobre a saia de uma moça simples, de cabelos cacheados e verdes, a qual olha para Clef com um pouco de aborrecimento.

- Ele tá estragando as florezinhas que a gente plantou, tia!

A moça fala para a garotinha:

- Não podemos fazer nada. Pelo jeito ele é do castelo e nós precisamos respeita-los porque eles defendem o núcleo, que é o que mantém nosso mundo em paz.

Clef fica sem graça:

- Ahn, então vocês plantaram...! Me desculpem, por favor!

O guru apressa os passos e logo sai de cima das flores, chegando à moça, que fica surpresa e comenta:

- Você deve ser guru Clef, o sacerdote de Zefir. Perdoe-me por importuna-lo.

Clef:

- Por favor, não diga isso. Nós, do castelo, não temos direito de estragar o que vocês fizeram. - ele volta-se pra a criança, sorrindo - Você me desculpa?

A menininha olha-o por uns instantes para dizer:

- Não!

A moça e Clef surpreendem-se com a resposta, porém ele volta a sorrir e diz:

- Pois bem, a partir de hoje virei todos os dias aqui para ajuda-las neste jardim.

A moça fica sem jeito:

- Mas... você é o sacerdote...

Clef:

- O que tem isso? Eu quero visitar as aldeias com mais frequência e isso é uma boa oportunidade!

A moça lisonjeada, mas um pouco encabulada diz:

- Se o senhor quer mesmo, pode vir quando quiser. Meu nome é Safire. - diz dando um sorriso para ele.

- Eu passei realmente a ir lá todas as manhãs e não imagina, Marine, como sinto saudades da época em que minhas mãos sujavam-se de terra naquele jardim. Nós conversávamos muito.

Marine olha-o com curiosidade. Fica feliz por esses momentos passados na vida do guru, e ele continua contando.

- O tempo passou e o jardim foi aumentando, assim como um sentimento que eu jamais havia experimentado em toda minha longa vida, e me descobri amando. - Clef suspira e continua a contar - Fiquei muito feliz que os sentimentos dela também eram esses e nos casamos. Ela foi morar no castelo e anos depois veio ao mundo meu primeiro e único filho. Um garoto maravilhoso, muito feliz e gentil. - Clef interrompe momentaneamente sua esstória - Agora é a parte ruim da minha vida. Meu filho, repentinamente mudou, tornou-se triste poucos dias antes de morrer pelas mãos de Xarigan.

Marine:

- Por que ele tornou-se triste?

Clef:

- Não sei, Marine. Eu colocava-o no colo todos os dias e lhe perguntava, mas ele se recusava a dizer. Só sei que nessa época Xarigan vivia no castelo por ter salvo meu filho da morte.

Marine, com os olhos brilhantes de lágrimas:

- Clef... meus pêsames... sei que já faz muito tempo, mas vale é a intenção, né?

Clef, por mais que tivesse centenas de anos de vivência, deixa uma lágrima escapar-lhe dos olhos.

Marine dá um abraço no amigo e diz:

- Não fica assim, por favor!

Porém outra lágrima escorre-lhe pela face e ele aperta os olhos.

 

Na Terra, Sandhye está sentada à mesa da sala de jantar, tendo à mão uma xícara com pinturas de linhas artísticas decorando-a.

Enchendo a xícara com chã, a mãe da menina vai falando:

- Tomara que isso a reanime filha, sei que não conseguiu dormir de noite.

Acompanhando com os olhos o líquido quase transparente que sai do bule para a xícara, a menina quase sem expressão, comenta:

- Você acertou mamãe! Eu não dormi nada, mas também não estou com fome nenhuma.

Mãe:

- Mas filha, você tem que ser forte! Foi só um susto!

Sandhye:

- Nem brinca, mãe! Foi o maior que já passei na vida! - ela levanta-se - Pode deixar, eu vou pra escola assim mesmo.

Mãe preocupada:

- Filha, minha querida Sandhye. Eu queria que comesse para se sentir mais animada. É que tem uma visita pra você na sala.

Sandhye surpresa:

- Visita?!

Logo a menina entra na sala, decorada com duas poltronas, uma TV desligada no momento e um abajur de louça em formato artesanal.

Sentado num sofá está um homem de traje policial, que a esperava, com as mãos juntas apoiando o queixo e os cotovelos sobre as coxas. Ao vê-la ele vira-se para lhe dizer:

- Olá menina, espero que esteja melhor hoje. Pode me chamar de Yamashiro. Sou um dos policiais que enfrentou o bandido ontem.

Sandhye:

- Não poderia esquece-lo. Obrigada. - diz a garota sentada no outro sofá.

Yamashiro não se sente à vontade de ter que fazer interrogatórios com uma garota tão jovem, mas sabe que seu trabalho é esse. Diz, pigarreando antes:

- Certo... Sandhye, sabemos que houve esse inexplicável incidente com o surgimento de Norou Trigger, que havia morrido... mas sabemos que junto com esse, houve outro evento estranho. A luz que vimos lá.

Sandhye desconversa, meio sem graça:

- Não me lembro! Quando?

Yamashiro, sabendo que ela mente, diz:

- Sei que você foi a mais afetada por ela. Por favor, não complique meu trabalho! - pede, mantendo a calma.

Sandhye:

- Ah, sim, mas eu só vi a luz e me assustei. Não vimos nada, Yamashiro; falo sério!

- Não foi isso que suas colegas disseram.

Sandhye pensa com raiva:

- Ah, essas meninas fofoqueiras! Eu vou costurar a boca dessas garotas! - e diz - Não sei, se falei alguma coisa pra elas, estava delirando, sei lá... fiquei assim fora de mim com aquela luz.

O policial fica entristecido com a resistência da moça e lhe mostra uma pasta, na qual quando abre, revela fotos de Lucy, Marine e Anne.

- Estas são Lucy Shidou, Marine Ryuuzaki e Anne Hououji. Três dias antes elas desapareceram naquele mesmo local, com uma luz semelhante àquela. Você sabe algo sobre elas?

Sandhye fica mais nervosa e começa a transpirar de medo. Sua mente lembra das frases ditas pelas garotas durante a tentativa de convocação.

- Eu me chamo Lucy.

- E eu Marine, como vai?

- E eu sou Anne. Olá!

A garota levanta-se num salto e diz, totalmente assustada, mas com um sorriso amarelo:

- Olha só! Já tá na hora da aula! Me desculpe, senhor Yamashiro. Depois a gente conversa!

A jovem vai para a porta e sai de casa correndo pela calçada, extremamente apressada.

 

Bem à frente do castelo, Xarigan apresenta-se com uma ira incontrolável, porem ele não ataca os oponentes fisicamente, mas suas palavras soam com imensa raiva:

- Raptaram o núcleo de Zefir?! - o homem crava a espada no solo como uma descarga de fúria e continua, apontando o dedo em riste para os que estão à frente do monumental castelo de cristal - Malditas sejam essas gerações recentes que estão responsáveis pela existência de nossa terra! Vocês não tem estrutura mental para essa missão! Seus idiotas negligentes! Estão condenando nossa Zefir para um abismo sem fim!

Shurato irritado:

- Xingar não adianta nada! Pára de ficar gritando e cai fora, que todos nós estamos com problemas! Não precisamos de mais um!

O povo atrás de Xarigan ergue suas armas, reclamando dos castelões:

- Irresponsáveis!

- Vocês são o mal de Zefir!

- Xarigan será o núcleo!

Máscara da Morte e Ikki não se manifestam. Apenas olham para os castelões, de braços cruzados.

Anne observa Ikki ao lado de Xarigan. Pensa:

- Ele, novamente! Seiya o considerava seu amigo! Mas Seiya fez o que fez, então por que estou surpresa?

- Vamos atacar agora! - berra um aldeão.

- Silêncio! - ordena Xarigan, que olha para os inimigos, com um pouco menos de fúria, mas bem austero e lhes questiona - É possível que o que dizem seja verdade? E se não for? Como posso saber se o núcleo não está aí dentro?

Shurato pensa:

- O que faremos? E se entrarem e descobrirem que todos estão dormindo?

Xarigan ordena:

- Invadam o castelo e procurem o núcleo!

Aquele povaréu emite um som de contentamento vândalo e avança para os portões do castelo.

Anne:

- Escudo do Vento! - a Guerreira cria uma barreira sobre ela, Shurato e a abertura da entrada.

Ikki faz sinal com a cabeça para Máscara da Morte e ambos fazem seus cosmos elevarem-se até uma forte aura os rodear.

Atrás do Cavaleiro de Fênix, parece surgir uma imagem de um pássaro flamejante.

- Ave Fênix! - diz Ikki, juntando suas mãos, fazendo com que essa ave vá em direção a Anne.

O Cavaleiro de Câncer faz um poder dourado lançar-se de suas mãos e envolver o pássaro flamejante, dando-lhe a aparência de vestir um véu dourado.

Anne intensifica seu poder, vendo que o ataque será pesado, porém quando o ataque misto atinge o escudo, ele começa a romper-se para desespero da garota e em segundos o poder dela é desfeito.

Shurato consegue puxar a amiga, evitando que ela seja atingida pelos vestígios do poder inimigo.

Logo o Rei Shura posiciona-se e invoca seu soma para proteger a entrada.

Máscara da Morte ameaça ir contra o oponente, mas Xarigan lhe põe a mão no ombro:

- Mas o senhor sabe que tenho pessoas para encontrar lá dentro. - reclama o Cavaleiro Dourado.

Xarigan:

- Espere! Não vá agora, por favor! Deixe que eles vão!

Máscara da Morte acalma-se:

- Só porque você me pede. Mais ninguém no mundo eu obedeceria, num momento como este.

Xarigan pega sua espada e aproxima-se de Shurato e num golpe veloz tenta atingi-lo, mas ele defende-se e os dois começam a medir forças com as armas.

Enquanto isso, vários aldeões armados conseguem invadir o castelo.

Anne usa seu poder do vento mas não consegue impedir a entrada de muitos, que já entram esperando um conflito lá dentro, com gritos bárbaros.

No salão de Clef, Marine sente-se assustada e comenta:

- Clef, está ouvindo? São passos e Berros! Muitos! Já invadiram!

Clef preocupado:

- Sim, Marine. - Clef levanta o cetro e uma barreira mágica surge sobre a porta de acesso ao salão, no exato instante que um bando de homens chega ali. - Nós estamos salvos, mas e os outros? - diz o guru nervoso.

Quase numa sincronia perfeita, vários grupos de aldeões entram nos quartos dos castelões e dos hospedes.

Inicialmente eles se surpreendem por todos estarem simplesmente dormindo, mas logo vêem nisto uma vantagem interessante e, pegando suas lanças, tocam as pontas nos pescoços de cada um dos dorminhocos.

Lá fora, Shurato, irritado, prepara-se para atacar o chefe da aldeia.

- O poder de...

Xarigan faz sinal para que ele pare e aponta para o castelo, de onde de quase toda janela surge um dos aldeões sinalizando, indicando ter dominado os inimigos do recinto.

O chefe da aldeia abre um largo sorriso e fala:

- O castelo está sob meu controle.

Shurato e Anne ouvem a notícia abismados. Não sabem o que poderiam falar.

Um dos aldeões volta até o portão do castelo:

- Chefe Xarigan, os castelões estão sob efeito de algum sonífero, eu acho.

Xarigan:

- O núcleo? Onde está? Alguém com a tiara?

Aldeão:

- Não. O único que não está sob nosso poder é o sacerdote e uma Guerreira Mágica. Mas o núcleo não vimos no castelo.

Xarigan intrigado:

- Não viram... - volta-se para Anne e Shurato - ...vocês sabiam que este povo sofreu pela negligência de Esmeralda! E essa é a chance que eles têm e eu tenho de me vingar do castelo.

Shurato:

- Ora seu...!!

Xarigan:

- Porém, para que promover um massacre sem sentido como o que houve com eles? Eles não são assassinos e eu também não! - grita com veemência Xarigan - Apesar do que vocês falam de mim! - ele abranda-se - Ambos queremos o núcleo e vocês precisam de minha ajuda e eu a de vocês.

Anne curiosa:

- O que quer dizer?

Xarigan:

- Eu posso solucionar o problema de ir à lua, mas eu farei parte do grupo que viajará com vocês.

Shurato e Anne olham-se entre si. Não sabem o que responder, se aceitam a proposta ou não.

Xarigan, pela demora dos dois, resolve falar:

- Eu preciso esperar uma resposta? Acho que não. Vocês não têm escolha - volta-se para os aldeões que ficaram do lado de fora e ordena - Quero que vocês vão buscar... vocês sabem o que.

- Sim, senhor! - diz um grupo de aldeões ao mesmo tempo, e correm em direção à escuridão da floresta, acendendo rústicas tochas para guiarem-se na mata.

 

No colégio, na sala de aula a professora diz à Sandhye, que está com a cabeça abaixada, sentada na carteira.

- Não precisava deixar a mochila em casa, Sandhye. Sei que pelo que passou ontem, não tinha condições de fazer o dever de casa.

Sandhye, sem levantar:

- Eu até fiz, professora. Foi bom para esquecer o problema. Acontece que esqueci a mochila em casa mesmo.

Uma colega lhe oferece umas folhas em branco, retiradas de seu caderno:

- Quer copiar a matéria de hoje aqui? Depois você passa para o seu caderno.

Sandhye recebe as folhas:

- Obrigada. - Discretamente ela olha para o pequeno bolso de sua saia onde está um rolo de filme fotográfico.

 

O castelo acorda numa situação nada agradável, ainda sofrendo o cerco de Xarigan.

Os aldeões vão deixando o castelo com o chamado de Xarigan, reunindo-os do lado de fora.

Os hóspedes e castelões finalmente voltam a acordar. Alguns deles saem para fora do portão para procurar entender a situação.

Shurato indaga a Rafaga:

- Vocês estão bem?

Rafaga:

- Acordar com uma lança no pescoço não é muito bom, se é que não sabe.

Ikki, com ar aborrecido, para Xarigan:

- Já estão acordados! Você teve muito tempo para eliminar quem quisesse. Agora que acordaram, jamais conseguirá!

Xarigan o olha de soslaio:

- Você tem muita sede de sangue! Às vezes devemos nos unir ao inimigo numa batalha, para posteriormente vencer a guerra.

- Ikki!!? - berra Hyoga, vendo-o de longe - Você está do lado deles?

Seiya junto de Cisne, comenta:

- É, Hyoga... nosso amigo voltou a ser o velho Ikki da Ilha da Rainha da Morte.

Yusuke, longe, olhando impressionado pra M.M.:

- Caramba! Esse cara não já tava ferrado?!

Kurama comenta:

- Já estou cansado de me surpreender neste mundo, amigo.

Rafaga:

- Digam, o que devemos fazer? O que ainda querem aqui?

Xarigan volta-se para trás e olha para a floresta abaixo da ilha voadora.

Entre a folhagem, uns pequenos brilhos se dão temporariamente, como que algo metálico sob a fraca luz das tochas.

O barulho de homens atiçando animais de carga são ouvidos e logo na clareira da floresta mais próxima à ilha flutuante, pode-se ver duas gigantescas criaturas de Zefir, em forma de focas, com cristas coloridas sobre a cabeça, que surgem, carregando uma espécie de carroça bem grande, e um relâmpago clareia o céu por um instante, revelando em detalhes sobre a carroça, uma nave de pequeno porte, de Autozan.

Anne, surpresa, assim como os demais:

- Uma nave de Autozan!

Xarigan:

- Autozan, sim. Quando vocês todos do castelo permitiram que esses alienígenas ocupassem nosso mundo, nossa aldeia contribuiu para que eles mudassem de idéia, com pequenos prejuízos.

Clef olha na alta janela, pensando:

- Esta nave é nossa esperança, talvez.

Xarigan continua:

- Nós temos essa nave - diz, batendo na lataria do veículo - porém ela está quebrada e não conhecemos essa tecnologia. Alguém entre vocês pode conserta-la?

O silêncio toma conta por uns instantes, mas logo Kurama aproxima-se:

- Posso tentar. Não conheço esta tecnologia, mas acredito que posso fazer algo.

Anne:

- Kurama, eu posso te ajudar a decifrar.

Kurama:

- Toda ajuda é bem vinda, minha amiga.

Xarigan:

- Muito bom saber que vocês têm algum talento útil. Não precisam começar agora. Vão alimentar-se e voltem! Precisam estar em condições de raciocínio.

Ikki comenta:

- É muita facilidade! Você é muito mole, Xarigan!

Xarigan, irritado, fala com o Cavaleiro:

- Comece uma confusão com eles agora e eu os ajudarei a derrotar você.

Ikki nada responde.

Anne:

- Não, eu não estou com fome; eu preciso ajudar.

Kurama:

- Eu também não quero perder tempo.

 

Na Terra, em Tóquio, a quase quarta Guerreira Mágica chega numa pequena loja de revelações fotográficas, entregando um papel para trocar pelo envelope com as fotos.

A balconista logo lhe trás as revelações num pacote. Sandhye olha um pouco com receio, e começa a abrir o envelope.

- Oba!! As fotos de ontem! - chega gritando uma amiga.

Sandhye nem sabe onde esconder o pacote, toda confusa:

- Ah, sim... não...! É... é isso.

A amiga chega logo, tomando o pacote, sorrindo:

- Deixa eu ver. Você bateu a foto que te pedi?

A garota vai metendo a mão no pacote, quando a outra intervém, agarrando o objeto.

- Calma! Que pressa! Depois eu te mostro! - diz Sandhye, puxando o pacote da mão da outra.

- Deixa Sandhye, deixa! - pede a outra garota, sem solta-lo.

Elas puxam o pacote de um lado a outro, até que ele se rasga no meio, derrubando as fotos no chão.

Logo a garota enxerida olha as fotografias, catando-as no chão:

- Cadê?! Cadê?! Ah... tá aqui!

Ela pega a foto que procurava e sua expressão começa a mudar e diz, aborrecida:

- Sandhye, o que você fez nesta foto? O que é isso?

Sandhye, sem saber como explicar:

- Eu?! Eu... não sei... é...

A amiga mostra-lhe a foto em que ela e a colega aparecem, quase toda negra, pois esta havia queimado.

Com uma risadinha, Sandhye diz:

- Queimou, né? Desculpe.

Desanimada, a garota sai da loja, reclamando:

- Puxa! Que fiasco!

Sandhye fica aliviada.

A balconista aproxima-se e diz:

- Você teve sorte. Saiu uma foto a mais no seu filme.

Sandhye, então, olha uma fotografia emborcada no piso e com seus pequenos dedos a desvira no chão. A imagem lhe faz arregalar os olhos.

Na foto aparecem as três Guerreiras Mágicas, Clef e quase todo o restante que o ajudou no momento da convocação falha dela.

- Serão eles? - indaga a si mesma, olhando aquela fotografia, com a maior surpresa que já tivera em sua vida.

 

Na agora tumultuada terra de Zefir, horas se passaram. O grupo de Xarigan praticamente nem se move para auxiliar no conserto da espaçonave, enquanto, os outros, como Anne, olha já com a vista cansada um tipo de tela de cristal quadrada com tela plana, na nave de Autozan, onde algumas figuras da própria nave aparecem, com imagens digitais indicando as suas partes.

Enquanto isso, Kurama olha os painéis de controle, perscrutando cada caracter estranho ali encontrado.

- Suponho que este botão controla a propulsão do motor - grita - Seiya!! Empurre mais para a direita essa peça!

Abaixo da nave, dando uma de mecânico sob as ordens de Kurama, Seiya já bem suado empurra uma peça triangular acima dele girando-a, e um pouco de uma espécie de óleo escuro derrama-se em seu rosto, mas ele não reclama.

Kuwabara, ao lado de Caldina, assistindo comenta:

- Isto aqui tá ficando um pouco frio. Não era para o dia já ter amanhecido?

Caldina:

- Era para já estar dia há algumas horas. Mas hoje não teremos manhã. Zefir está em crise. Não sei dizer quando veremos o sol novamente. É sempre assim.

Kwabara:

- Ah, é?? A coisa tá ficando feia mesmo!

Xarigan está recostado na nave, olhando para os céus:

- Novamente a escuridão sobre Zefir! Mas eu darei a paz a esta terra.

Repentinamente o chefe da aldeia afasta-se da nave, num salto, assim como muitos dos aldeões que se apoiavam nela. O veículo emitira um alto som de motor.

Kurama sorri com o trabalho cumprido:

- Conseguimos!!

Xarigan também sorri e fala:

- Conseguiram.

 

Enquanto isso, num lugar altamente tecnológico, com cidadãos vestindo roupas totalmente diferentes das de Zefir, ou mesmo da Terra, onde as construções são de uma arquitetura interessante, padronizada, mas com beleza, contrastando com o ambiente silvestre ao redor da cidade.

Num determinado ponto dessa cidade, num lugar bem grande que lembra um estádio, mas que, na verdade, recebe as naves de Autozan.

A frota que ajudara Lantis agora vai pousando suas naves uma a uma, verticalmente no local.

Numa das naves, ainda em processo de aterrissagem, Lantis observa o mundo exterior pela transparência do vidro de uma janela.

Aproxima-se dele o então aliado Hiei, que lhe pergunta:

- Como é?! Quanto tempo ainda vão levar pra me mandarem pra Terra?

Lantis:

- Em pouco tempo, eu garanto. Eles vão descobrir uma rota para a Terra e lhe enviarão numa nave.

Hiei:

- É bom que não demorem! Não quero ficar perdendo mais tempo como aquele bando de idiotas!

Lantis entrega um aparelho estranho, com o formato de um tubo e alguns botões triângulares ao redor, para Hiei.

- Para que isto? - questiona o demônio.

Lantis:

- Isto vai te fazer ter um pouco mais de vontade de esperar.

Hiei o olha desconfiado, mas nada diz.

 

Próximo à ilha flutuante do castelo de cristal, os tripulantes embarcam na nave trazida por Xarigan.

Lá dentro estão Yusuke, Hyoga, Kurama e Marine, que está à porta, falando para Anne:

- Pode deixar Anne; agora é minha vez e vou falar com Lucy. Se ela quiser voltar, a gente a traz, mas se ela quiser ficar com Lantis eu desejo felicidades a ela.

Anne:

- Boa sorte, Marine.

Xarigan agora fica junto à porta e diz aos castelões:

- Estamos nesta aliança temporária até resgatarmos o núcleo de Zefir.

Rafaga em frente a nave pergunta:

- No momento que encontrar, o que fará?

Xarigan irônico:

- Não sei. Vou pensar, ainda.

O chefe da aldeia gesticula para chamar a atenção de seu povo, ordenando:

- Ouçam! Durante a minha ausência, é a ele quem devem seguir! - apontando para Máscara da Morte e lhe afirmando - Sei que agirá com sabedoria.

Xarigan entra na nave e a porta automática da nave fecha-se, logo disparando o som do motor.

Dentro do veículo Yusuke indaga:

- Aí Kurama, sabe mesmo mexer nesta lata? Cuidado pra não ejetar a gente no espaço, valeu?

Kurama:

- Você me conhece, Yusuke.

Yusuke:

- Pensei que conhecia, mas depois da mancada na charada do Landover... sei não...!

Os motores são postos para funcionar. Finalmente um raio amarelo é emitido pelas turbinas viradas para baixo da nave, impulsionando-a para cima e, em alguns segundos, as turbinas posicionam-se para trás da nave e fazem-na disparar para a frente, logo subindo mais, até sumir nas nuvens escuras do céu.

Um silêncio meio sinistro vem após a partida da espaçonave.

Os aldeões comandados por Máscara da Morte ficam apenas aguardando alguma ordem, enquanto os castelões e os hospedes os observam em alerta.

De repente um aldeão cai ao chão, colocando a mão no rosto, gritando:

- Aaai!! Ele me socou!!

Ele está bem à frente de Seiya, que olha para suas próprias mãos, duvidando do que o homem havia falado.

Ikki:

- Então você quer romper a trégua, Seiya?

Seiya:

- Do que esse cara está falando?! Eu não bati em ninguém! Ele está mentindo!

Máscara da Morte aproxima-se do homem caído e olha o seu rosto: um homem com cabelos louros e duas longas mechas finas e ruivas na sua franja, porém nenhum hematoma no rosto.

Outro aldeão aproxima-se de Máscara da Morte e diz:

- Chefe, este homem não é da aldeia! Nunca o vi antes!

Máscara da Morte, sussurrando para si mesmo:

- E o que importa? Eu também não o conheço, mas gostei da idéia.

O chefe provisório da aldeia ordena:

- Eles nos atacaram! Vamos ataca-los também!!

- O que?! - berram quase todos os castelões e hóspedes que estavam ali fora.

Ikki, sorrindo com malignidade:

- Muito bem. Morram todos vocês!! Cúmplices de Esmeralda!

Com sua alma inflamada no cosmo, Fênix avança.

O Cavaleiro de Câncer também acelera seus passos contra os oponentes.

- Saiam do caminho! Preciso encontrar alguém! - diz, atacando com seu soco energizado, o primeiro à sua frente: o Rei Shura que defende-se com sua arma o quando pode.

Atrás dele, os aldeões avançam novamente. O rapaz louro que havia infiltrado-se entre os aldeões, levanta-se em meio ao tumulto e olha com alegria para o conflito que se inicia e pensa:

- Será que não conseguiram me ver ainda Kurama e Kuwabara? Vocês já se esqueceram de Suzako? Não se preocupem. Desta vez jamais me esquecerão!

Aproveitando a confiança de Xarigan e sua ausência, Máscara da Morte usa a aldeia para atacar o castelo, com o intuito de realizar sua obsessão e ainda com a ajuda do poderoso antigo inimigo Ikki, o qual também busca seu próprio objetivo insano.


Capítulo 15

Capítulo 13

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