Blood & Iron

Capítulo IX - Abaixo da Terra


Quando a dhampir Rayne colocava alguma coisa na sua cabeça, ninguém tirava de lá. Ninguém… até agora.

Ao seu lado estava um agente federal, Leon Scott Kennedy. Alguém que ela havia conhecido naquela mesma noite.

Rayne tinha um talento “natural” para atrair homens, mas nunca se imaginou naquela situação, do outro lado da moeda, sentindo alguma coisa a mais por aquele homem.

- Estamos muito longe do elevador?---Leon perguntou, referindo-se ao elevador que os levaria para o subterrâneo.

- Não muito. Acho que deveríamos nos apressar um pouco---Rayne ainda não havia contado á ele sobre o sistema de autodestruição, que se ativaria dentro de duas horas.

Dois daemites surgiram do nada na frente dos dois. Leon recuou um pouco, enquanto começava a atirar em um deles, tentando mirar na cabeça da criatura, embora estivesse um pouco tonto ainda. Rayne pegou uma de suas lâminas e cravou-a no corpo do segundo daemite, cortando-o pelo meio.

- Eu espero que não haja tantos deles no subterrâneo---disse Leon.

- Não conte com isso, garoto---Rayne apontou na direção de uma porta---O subterrâneo guarda o Templo dos Daemites. A fonte deles. A outra metade do coração da Matriarca Daemite deve estar por lá…

- Como você sabe tanto sobre esse lugar? Com certeza você já esteve aqui antes e…

- Não pergunte.

- Mas eu quero saber.

- Vai ficar querendo.

- Ouça---Leon pegou Rayne pelo braço---É hora de botar as cartas na mesa. Por que você tem que ser tão misteriosa? Eu tenho certeza que você sabe mais do que está contando…

Leon tinha um faro para saber quando alguém escondia alguma coisa. O ruim era que esse faro geralmente falhava com alguma mulher bonita. E Rayne não era só bonita. Ela era com certeza a mulher mais sensual que Leon já encontrara.

Rayne preferiu ignorar Leon, embora fosse difícil, e soltou-se dele, indo na direção da porta. Ao abri-la e passar por ela, os dois tiveram uma surpresa:

Lá estava Sherry Birkin, encurralada por vários daemites.

- Sherry?---Leon não sabia que Sherry sobrevivera de alguma forma.

- Espere um pouco… vocês dois se conhecem?---Agora era Rayne que não entendeu as coisas.

Instantaneamente, Leon começou a atirar nos daemites que vinham pra cima de Sherry. Rayne ajudou Leon, enquanto atirava com sua Carpathian Dragon.

Quando os daemites estavam caídos no chão, de repente, Sherry sacou a sua Magnun. Antes que pudesse atirar, Rayne lançou-se pra cima dela e arrancou a arma das mãos da loura. A dhampir pegou Sherry pelo braço e prensou-a contra a parede, segurando as mãos dela nas costas.

- Agora eu quero umas respostas, senhorita---disse Rayne---Primeiro qual é o seu nome, e o que faz aqui!

- Vá se…---a frase de Sherry foi interrompida pela voz de Leon.

- O nome dela é Sherry Birkin---disse Leon---Ela é uma sobrevivente da catástrofe em Raccoon City… assim como eu. Ela é uma espiã agora, trabalha pro Wesker.

- É isso eu já sabia, tive o desprazer de conhecer a figura---Rayne, enquanto segurava Sherry com uma mão, guardou no coldre as Dragons.

- Seus desgraçados, vocês não vão me segurar aqui!---disse Sherry---E você Leon! Vai me pagar por ter me largado nas mãos dos militares!

Quando saíram-fugiram-de Raccoon City, em 1998, Leon entregou Sherry nas mãos do exército, ele achava que ela ficaria segura com eles. Mas algo saiu errado… e Sherry sumiu. Ela havia explicado pra Leon no primeiro encontro deles na Fortaleza que o comboio que a levava foi atacado pelos agentes de Albert Wesker, e Sherry então foi criada por ele.

- Eu não sou culpado de nada, Srta. Birkin---Leon tentou fazer isso quase mecânico---Eu… queria o melhor pra você. Você era só uma garotinha na época…

- Garotinhas crescem---disse Rayne.

- Eu só não entendo---disse Sherry---Por que vocês me ajudaram? Por que não me deixaram morrer?

- Esse não é o meu estilo---Leon pegou a arma de Sherry no chão e colocou no coldre dela, mas como ela estava sendo segurada por Rayne, não poderia pegar a arma---Escutem… nós três… estamos aqui, no meio de todo esse caos. Nossos objetivos são os mesmos, pegar uma amostra da praga do coração da Matriarca e eliminar Klaus Wulf… então, por que não cooperamos juntos?

- Mas se Wesker… ---As palavras calmas de Leon estavam fazendo efeito. Sherry estava se lembrando de Raccoon City, de Leon e de Claire Redfield, de como ele a ajudou.

- Dane-se Wesker!---Pelo visto, Rayne gostara da idéia de trabalharem juntos, embora “esse não fosse o seu estilo”---Se eu te soltar agora, Srta. Birkin, prometa que não vai tentar fazer nada… pois se tentar… saiba que não vai ver o dia amanhecer.

Rayne lentamente foi soltando os braços de Sherry. A loira acalmou-se, olhou bem nos olhos dos dois, e de repente começou a correr. Rayne ia atrás dela, mas Leon disse:

- Não, Rayne---disse ele---Deixe ela ir…

Leon entendia agora Sherry. Ela era uma espiã competente, e deveria seguir os seus objetivos, mesmo eles sendo contra a sua vontade.

Sherry continuou a correr, sem olhar para trás. Atravessando algumas salas, ela de repente se deparou com algo terrível, um ser monstruoso… na sua frente.

Um grito. Foi apenas isso que Leon e Rayne ouviram, seguido por alguns tiros. E mais um grito. E depois o silencio.

- Pobre garota---Leon sabia que ela deveria ter sido morta em algum momento de distração, durante a corrida.

Leon ficou um momento em silencio, e Rayne preferiu respeitar. Pouco depois ela disse:

- Temos que continuar.

O agente federal fez um sinal positivo com a cabeça, e logo em seguida, os dois seguiram pela fortaleza.

***

Rayne jogou um maldito daemite na direção de uma porta, que estourou. Atirando bem na cabeça dele, e o eliminando, os dois chegaram até algum tipo de docas internas. Parecia estar dentro da montanha, e algumas embarcações estavam ancoradas.

A dhampir olhou com preocupação para a água.

- Ótimo. Água. Era tudo o que eu precisava.

- Por quê? Tem medo de tomar um banhinho?

- Não brinque com uma coisa dessas. Eu sou uma dhampir. A água queima a pele de dhampir’s. É a nossa fraqueza. Então você deve ter uma idéia do quanto “eu amo água”.

- O.k. então. Mas---a mente “maliciosa” de Leon começou a funcionar---Então como você toma banho?

- Simples---Rayne tentou ser sarcástica---Eu me banho em sangue.

Aquilo não tinha muita graça. Segundo Rayne, ela era meio vampira. Á principio Leon não acreditou muito nisso, mas ao ver os dentes caninos afiados dela, ele começou a imaginar que ela estava mesmo falando a verdade. Isso só a fazia parecer mais cativante, talvez todos os vampiros tivessem um tipo de atrativo.

- É melhor seguirmos pela fortaleza---Disse Leon---Há uma porta…

O agente federal nem havia percebido, mas Rayne já estava saindo pela porta lateral.

***

Leon pressionou um pequeno botão ao lado das portas metálicas do elevador. Instantes depois, elas se abriram. Os dois entraram no elevador, que parecia mais uma gaiola. Antes de pressionar um outro botão, Rayne disse:

- Você está realmente bem?---Ela disse isso enquanto armava-se com suas lâminas---Eu quero dizer… você quase morreu.

- Eu estou O.k. agora.

- Se você diz…

As portas fecharam-se e pouco depois, o elevador começou a descer. Ao subterrâneo.

- Rayne… você sabe… meus objetivos aqui. Pegar uma amostra da praga e… eliminar Klaus Wulf.

- Eu já percebi isso---Rayne passou o seu dedo indicador, a sua unha, pelo rosto de Leon. Isso deixou-o um tanto desconfortável---Você não tem cara de ser um assassino. Você não é uma maquina de matar… como eu---Ao invés de se vangloriar de sua força e agilidade, Rayne abaixara a cabeça, como se sentisse o peso de sua consciência.

- Se eu encontrar Klaus Wulf eu vou…

- Você não vai encontrar Klaus Wulf. Á julgar pelo o que eu vi dele, ou ele vai te encontrar primeiro, ou eu encontro ele antes.

- Ele mencionou o avô dele, Jurgen. Segunda Guerra Mundial. Você tem alguma ligação com…

- Chega de perguntas.

- Mas…

- Por favor. Não me faça mais perguntas.

- Está bem. Acha que Klaus já encontrou a outra metade do coração da Matriarca?

- Provavelmente, eu espero, que não. Já teríamos percebido. Ele já tem a primeira metade, e isso lhe deu uma força descomunal. Imagine quando ele tiver a outra metade… será um deus.

Cerca de um minuto depois, as portas novamente abriram-se, revelando as cavernas, o Templo dos Daemites. Uma rede de cavernas e minas interligadas, escuras, a não ser pelas lamparinas e lâmpadas velhas, que pouco iluminavam. O cheiro de morte era presente em todos os lugares. As paredes de pedra escorriam água. Sons estranhos eram ouvidos por todos os lados.

Rayne deu o primeiro passo para dentro das cavernas. Droga, aquele lugar estava diferente desde a última vez que viera ali.

- Vamos por aqui!---ela apontou para uma passagem á sua esquerda.

Seguindo em frente, de repente, alguns daemites parasitas surgiram de buracos nas paredes. Havia muitos deles, muitos mesmo. Rodeando com suas caudas Rayne e Leon. Imediatamente, a ruiva pegou as suas lâminas gêmeas e começou a triturar as criaturas, enquanto Leon atirava pra todos os lados.

Rayne espetou uma das criaturas em sua lâmina e jogou-o na direção de outros três e Leon pisou com toda a sua força na cabeça de um outro. Logo em seguida, teve que dar um chute para desviar dois deles que saltaram pra cima dele.

- Por aqui, Leon, rápido!---Rayne apontava para uma outra passagem, que estava aparentemente segura, sem daemites.

Atirando uma última vez, Leon correu na direção que Rayne apontava, enquanto a dhampir enfiava a lâmina da Carpathian Dragon na cara de um daemite, recarregando as suas pistolas com o sangue dele.

Enquanto Leon corria, Rayne dava-lhe cobertura, atirando nos daemites desgraçados, que persistiam em segui-los.

O agente federal seguiu por um túnel escuro, correndo sem ter certeza de onde estava indo. Seus sapatos pisando com força no chão úmido, sua respiração pesada, seu coração acelerado. Poucas luzes, as vozes dos daemites. Que caminho seguir? Aquilo parecia mais um labirinto! Quando ele deu conta de si, percebeu que estava sozinho.

- Rayne?---Leon tentou chamar, mas tudo o que ouviu foi o eco de sua voz nas paredes de pedra do túnel---Droga…

Diminuindo o passo, Leon chegou até uma porta dupla. Com o pouco de força que lhe restava, ele abriu a porta, enquanto restaurava o fôlego.

Entrando na estranha câmara, o loiro esperava encontrar um lugar seguro. A sala era ampla, vazia, de forma retangular. O piso frio, tinha uma coloração acinzentada. Quase toda a sala estava imersa na escuridão. Leon ouviu uma voz, o estranho nazista surgiu das sombras:

- Pelo visto você sobreviveu ao parasita que eu lhe dei de presente---a voz de Klaus Wulf parecia mais sarcástica do que nunca.

Klaus Wulf parecia um monstro. Não na aparência física, mas sim na fúria e na ganância de seu olhar, o uniforme semi-aberto, mostrando a metade do coração da Matriarca fixamente preso ao seu peito…

Leon cerrou os dentes, pressionando os seus caninos nos lábios, fazendo-o sangrar. Era hora do acerto de contas.


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