Blood & Iron

Capítulo X - Acerto de contas


- Eu me impressiono com a forma que você conseguiu sobreviver---Klaus Wulf se orgulhava de suas criações---Ninguém conseguiria viver por mais de dez minutos com a benção daemite em seu corpo.

- Acho que você se enganou---Leon foi pegando lentamente Matilda, a sua arma no coldre.

- No fim, isso não importa---O nazista foi saindo mais ainda das sombras, a metade do coração da Matriarca fixado ao seu peito, a insígnia nazista em seu casaco, o quepe cinza com o símbolo do falcão---Pois você morrerá em minhas mãos!

- Não sou tão fácil de matar quando você imagina, Wulf.

- Humanos são fracos. E você não é nada mais que um humano. Um humano… um mortal.

- E você é o que? Algum tipo de alienígena por acaso?

- Quando eu conseguir a outra metade do coração da Matriarca… eu serei O Mestre dos Daemites! E nada, e nem ninguém me impedirá…

- Eu e Rayne não deixaremos!

- Ah… Rayne… BloodRayne. Por acaso você sabe a verdade sobre aquela vadia ruiva?

- Sei o suficiente---Por um minuto, Leon lembrou-se que não sabia quase nada sobre ela.

- O meu avô, Jurgen Wulf… um general nazista da Segunda Guerra, estava atrás das relíquias de um demônio. Assim como eu, ele queria o poder. Mas ele foi impedido, morto… pela sua amiga Rayne.

Leon quase engasgou com isso, se não estivesse com tanta raiva. Segunda Guerra? Rayne matou o avô de Klaus Wulf, um criminoso da Segunda Guerra! Então ela teria… uns oitenta anos no mínimo!

- Está blefando!---Leon tentava acreditar que Klaus estava mentindo mesmo, mas Rayne disse ser uma “dhampir”… havia mais em uma dhampir do que o agente federal Kennedy imaginara.

- Se não acredita em mim, eu não me importo!

Klaus Wulf ergueu as mãos e juntou-as. De suas mãos surgiu uma luz, um círculo ardente… chamas. O alemão apontou seus braços na direção de Leon, lançando chamas ardentes na direção do loiro.

Leon jogou-se no chão, rapidamente desviando das chamas, que atingiram uma das paredes. Ele levantou-se, apenas para desviar mais uma vez, quando Klaus lançou mais fogo na direção de Leon.

Novamente, Wulf voltou a lançar labaredas de fogo por sobre Leon, que embora desviou novamente, acabou queimando o seu braço. Jogado em um canto, o agente federal pôs a mão sobre a jaqueta rasgada na altura do braço, sentindo o local da queimadura. Seus cabelos estavam novamente encharcados pelo suor, sua visão quase embaçada, o suor começando a pingar pelo seu rosto, pelo seu corpo, deixando suas roupas grudentas.

- Ahahaha---A risada sarcástica de Wulf---Eu tenho mais truques do que você imaginava, não é mesmo?

- VÁ SE FODER!---Leon berrou as palavras com raiva, misturadas com saliva que saia de sua boca, ele apontou Matilda, sua pistola e começou a atirar na direção de Klaus.

Ele descarregou toda a munição que tinha no maldito, mas não pareceu funcionar. Era como se as balas se desintegrassem quando chegavam perto dele.

Largando a pistola no chão, o que era raro, Leon decidiu dar um jeito em Klaus com as próprias mãos. Quando ele percebeu, os dois estavam encarando-se, um em frente ao outro, circulando-se, como dois leões ferozes.

Leon tentou dar um chute na direção do rosto de Wulf. Instantaneamente, Wulf agarrou o pé de Leon em pleno ar, e elevando-o mais ainda, o agente federal sentiu-se sem chão, numa posição desconfortável, isso pouco antes de Wulf larga-lo no chão. No instante seguinte que seu corpo chocou-se contra o chão, Leon deu um chute forte nas pernas de Wulf, golpe que fez ele cair no chão.

Os dois se afastaram. Novamente estavam se encarando. Dessa vez, Leon preferiu usar de uma ultima carta que tinha na manga. Uma carta não, duas. Levantando um pouco as pernas da calça, mas ainda com os olhos fixos em Klaus, Leon retirou das fivelas de couro presas á suas canelas, duas facas. Duas lâminas afiadas. Não tão grande quanto ás de Rayne, mas por ora deviam servir.

Ao ver as novas armas de Leon, Klaus apertou firmemente sua mão direita. A parte do coração daemite começou a pulsar feito doido, bombeando um sangue impuro por todo o corpo do nazista, chegando às mãos. Foi então que as unhas de Klaus cresceram, viraram garras, garras tão resistentes quanto metal.

Klaus atacou Leon com suas garras, mas o louro defendeu-se com suas facas, impedindo a passagem das garras do oponente. O agente federal atacou dessa vez, mas Klaus recuou um passo para trás e logo em seguida lançou suas garras na direção de Leon, e não acertou o peito dele por alguns milímetros. Caso contrário, teria feito um belo estrago…

Leon chutou a mão monstruosa do inimigo, e se preparou para cravar sua faca no crânio dele. Moveu suas mãos com rapidez, pra cima da cabeça de Klaus, mas quando faltava pouco para a lâmina afiada de Leon penetrar na cabeça de Klaus Wulf, o desgraçado segurou firmemente o pulso do loiro. Segurou, e com força…

Muita força.

Leon achava que sua mão seria arrancada, a força que Klaus segurava o pulso dele era enorme. Kennedy já quase conseguia sentir seu sangue preso, e a dor era tanta que ele largou ambas as facas. O loiro sabia que aqueles seriam seus últimos momentos, a qualquer instante Klaus iria arrancar alguma parte do corpo de Leon, e isso iria doer pra caramba.

De repente, as portas se abriram.

- Hey doçura---A voz sensual de Rayne foi quase como um conforto para Leon, sua silhueta surgindo do escuro, apenas suas lâminas duplas iluminadas---Por que não se mete com alguém do seu tamanho?

Klaus levantou Leon com força, e ainda segurando no pulso dele, lançou o loiro na direção de Rayne. Os dois corpos se chocaram, Rayne foi quem sofreu o impacto na parede. Mas desta vez seria diferente, a ruiva ergueu-se rapidamente, correndo na direção do maldito Wulf.

- Ahhhhhhhh---Rayne saltou na direção dele, um grito de raiva saiu de sua boca. No instante em que seus pés saíram do chão, a Raiva do Sangue tomou por completo o seu corpo, fazendo a sua velocidade aumentar e ficar mais ágil.

A ruiva apenas manejou as suas lâminas em pleno ar, um simples movimento, transpassando os braços de Klaus.

Ambos os braços de Klaus Wulf foram arrancados como se fossem papel. Rayne imaginava que aquele seria o momento em que ele iria gritar, espernear, que seu corpo seria jogado no chão, sangrando até morrer.

Mas não…

- O que diabos?!---Rayne recuou, a visão era confusa.

Novos braços foram surgindo no corpo de Klaus. Braços reconstituídos, nus, sem qualquer cicatriz ou marca.

- Eu te enganei dessa vez, não foi?---Klaus elevou seus braços, olhando “o ser perfeito que ele se tornou”.

Rayne lançou-se novamente, e ainda no ar, deu um chute na cara de Klaus Wulf, golpe que fez ele perder um dos dentes. Wulf cuspiu sangue.

A expressão do alemão não agradou muito á Rayne. Ele olhou para ela com um rosto sério, com raiva, como se tudo antes fosse uma brincadeira, mas Rayne ultrapassara do ponto. Um filete de sangue saia da boca dele, mas misteriosamente foi absorvido pela pele. Ele apontou sua mão na direção da dhampir ruiva.

De repente, o braço dele se tornou uma lâmina viva, afiada, mortal, metálica, que ultrapassou o estomago de Rayne.

Seu braço encheu-se de sangue da ruiva. Recolhendo novamente o braço, que voltava a ser carne, e retirando-o de dentro do corpo dela, ele sorriu.

- Maldita vadia…

Rayne caiu no chão, seu corpo em contato com o piso frio, sangue saindo de seu estomago, a respiração dificultada. Suas lâminas desprenderam-se dos braços, sua visão turva olhando para o teto cinzento daquela câmara.

Leon levantou-se lentamente do chão, meio zonzo depois da luta que teve. Ele esperava ver o corpo de Klaus no chão e Rayne triunfante por cima dele. Mas, não foi isso…

O loiro correu na direção de Rayne. Nenhum sinal de Klaus.

- Oh, Deus---disse Leon, sentado ao lado de Rayne, colocando seu braço por trás das costas dela, tentando levanta-la um pouco---Rayne… o que?

- Aquele… bastardo…

- O que eu faço, Rayne? O que eu faço?---Leon não sabia bem o que fazer naquela hora. Ninguém conseguiria agüentar um ferimento como aqueles.

- Leon… sangue.

- O que?

- Sangue.

Foi então que Leon entendeu. Sangue era a resposta. Se Rayne era meio-vampira, então o sangue deveria ajudar. Ele correu até onde largara as facas, pegou uma delas e voltou novamente até Rayne. Leon arrancou a sua luva, fez um corte na palma da mão, um corte longo e quase profundo demais.

Logo o sangue estava escorrendo entre seus dedos. Ele colocou a sua mão acima da boca de Rayne, e o sangue vermelho enegrecido começou a pingar entre os lábios da dhampir.

Com sua língua, Rayne foi lambendo o sangue que caía, aproveitando cada gota do liquido precioso. Não se contentando com isso, e meio que num instinto natural e selvagem, Rayne agarrou a mão de Leon, sugando o ferimento, e lambendo os dedos dele, quase que sem consciência do que estava fazendo.

Leon nem sabia o que fazer ou dizer, permaneceu quieto, apenas observando enquanto aquela ruiva lambia a sua mão, colocando-a entre seu rosto. Ele até conseguia sentir as pontas afiadas dos caninos de Rayne, que não ultrapassavam ou se quer rasgavam a sua pele, apenas encostavam em sua mão. Leon sentou-se, deixando com que ela continuasse a beber o seu sangue, sua boca sentindo a pele dele, explorando-a, sua língua passando entre os dedos.

- Rayne---Leon estava um tanto estático para poder dizer algo logo de cara e nem percebeu que estava gaguejando---Nós… nós temos que… Klaus Wulf… ele… onde… a Matriarca…

O que ela estava fazendo?, foi o que Leon pensou.

Rayne largou da mão de Leon e foi direto na boca dele. Seus lábios se tocaram no instante seguinte, e Leon ficou confuso, meio que sem corresponder ao beijo sedutor da dhampir, apenas quieto, passivo, seus olhos bem abertos, seus braços parados, sua boca semi-aberta, deixando com que Rayne aproveitasse-se dele.

Esse era um jogo fatal. Um jogo de dois. Um jogo de gato e rato.

Enquanto Rayne beijava-o, seus tecidos, sua pele, seus órgãos feridos se rejuvenesciam e o ferimento no estômago era curado. O seu sangue fervia, mais ainda do que quando estava com a Raiva do Sangue. Um calor natural, nas raízes do “instinto selvagem” humano… ou vampiro.

De repente, a ruiva recuou com sua respiração voltando ao normal. Era como se ela tivesse retomado o controle de si mesma.

Eram duas Rayne’s diferentes.

- Ah---Rayne falava com dificuldade---Me desculpa… eu sinto… eu não deveria… Olhe. Quando eu bebo sangue, eu me sinto diferente, e além do mais…

- Não se preocupe---disse Leon, tentando ser “o responsável” e ao mesmo tempo tentando impedir que Rayne visse o quão vermelho estava o rosto dele---Sem problemas.

- E além do mais, obrigado.

- Por quê?

- Pelo sangue. Isso me rejuvenesce. É o elixir da vida para mim.

Leon notou uma certa doçura na voz de Rayne, diferente do tom “guerreiro” que sempre mantivera.

- O maldito Klaus Wulf!---Agora sim, essa era a Rayne que Leon conhecera---Eu vou arrancar cada membro daquele desgraçado! Ele vai me pagar…

- Viu pra onde ele foi?

- Eu ia fazer a mesma pergunta. Não vi.

- Nem eu. Mas vamos, ele não deve ter ido muito longe.

Os dois levantaram-se do chão, tentando comportarem-se como dois estranhos. Leon deu uma olhada por toda a câmara, procurando por uma possível passagem usada por Klaus Wulf.

- Rayne, veja isso.

Leon havia encontrado um tipo de porta, mas não tinha qualquer abertura ou maçaneta aparente, e parecia ser bem sólida. No centro da porta, havia um tipo de entalhe circular.

- Eu poderia quebrar a porta, mas parecer ser bem grossa---disse Rayne, analisando tanto as portas quanto as suas lâminas.

Leon achava que por ali eles não passariam. Dando uma volta pela sala, ele recolheu as suas facas e Matilda, a sua arma.

- È isso!---Rayne disse em voz alta, tirando do pequeno bolso em seu cinto uma medalha. Aquela era a medalha que Rayne havia tirado Hyde Schmidt no seu primeiro combate. A medalha dourada com o entalhe de falcão, que encaixou perfeitamente no entalhe da porta.

Os dois ouviram o som de um mecanismo. A porta se abriu verticalmente, revelando um corredor.

Rayne entrou primeiro, sendo seguida por Leon.

Passando pelo corredor, eles chegaram até uma sala circular, vazia. Havia quatro portas, sendo uma aquela pela qual eles entraram.

- Não gosto desse lugar---disse Rayne, armando-se com suas espadas duplas.

De repente, as outras três portas escancararam-se, e por elas surgiram uns vinte daemites. Quando os dois perceberam, estavam novamente rodeados por criaturas, alguns parasitas, e outros em corpos humanos.

Rayne efetuou um golpe que Leon jamais vira igual. A dhampir saltou nos ombros de um daemite, suas botas ao lado da cabeça dele. Foi então que ela sacou as duas Carpathian Dragons e começou a atirar na direção dos outros daemites que os rodeavam. Vários inimigos sucumbiram no mesmo instante. E então, ainda nos ombros do daemite, Rayne pegou as duas lâminas e cravou-as na cabeça da criatura, arrancando-a. Saltando novamente no chão, Rayne continuou sua luta contra os daemites utilizando as suas lâminas duplas…

O agente Kennedy estava totalmente sem munição… mas nem por isso sua Matilda seria inútil: Com a coronha da arma, ele golpeava a cara dos inimigos que o cercavam. E manuseando como um mestre as suas facas, ele conseguia se defender.

A dhampir agora tinha certeza que Leon era capaz de sobreviver em uma situação de alto risco. Ele era um gênio no combate, e conseguia utilizar o que tivesse em mãos.

Logo, a coronha de Matilda estava imunda de sangue. Rayne finalizou o último dos inimigos enfiando a ponta metálica do salto de sua bota bem na cara dele.

- Vamos, rápido!

Sem trocar mais palavras, os dois correram por uma das portas, chegando á um novo corredor, mais estreito. Por algum motivo, eles continuavam a correr, embora fosse mais Rayne que decidira isso do que Leon.

De repente, Rayne ouviu um barulho. Parecia um som estranho…

Olhando para o começo do corredor onde estava, Rayne só viu um daemite… segurando uma dinamite acesa nas mãos. A ruiva sabia que esses desgraçados não tinham medo de morrer.

- Leon corra!

Leon e Rayne correram, como nunca tiveram corrido antes. O corredor atrás deles explodiu, o teto desabou, havia pedras por todos os lados. Os dois jogaram-se pra dentro de uma sala, trancando atrás de si a porta metálica, a saída, que fora bloqueada na explosão.

Mas os problemas apenas começaram quando Leon percebeu que a porta bloqueada-a entrada deles-também era a única saída.

- Droga, estamos presos!---disse Leon, procurando uma saída.

- Maldição!---Rayne começou a chutar a porta, mas era inútil, estava bloqueada totalmente. Ela olhou atentamente para cada canto das paredes, mas não havia qualquer saída aparente.

Aquela sala não era muito grande, as paredes empoeiradas deixavam-na com uma aparência lúgubre. No alto, uma velha lâmpada ainda funcionando. No centro, algum tipo de mesa de pedra ou algo parecido.

- Como nós vamos sair desse maldito lugar---Leon estava exausto.

- Estou pensando---Rayne não estava mesmo pensando, ela só estava tentando tomar o controle da situação---Merda… temos pouco tempo.

- Como assim?

- É que… eu… ativei um sistema de autodestruição. Em mais ou menos uma hora, todo esse lugar vai pelos ares.

- Você o que?---Leon inflou-se de raiva---Como você!? Por que diabos!

- Não posso deixar esse lugar em pé! Preciso exterminar com os daemites, se eu não destruir o coração da Matriarca e ou Wulf, pelo menos ele vai ser soterrado aqui. Essa praga não pode se alastrar!

- Ah, claro… Wulf… Klaus Wulf… Jurgen Wulf. Segunda Guerra, Rayne? Eu não entendo…

- Do que está falando?---Rayne começou a imaginar se Leon não tivesse descoberto a verdade, toda a verdade.

- Klaus Wulf me disse que foi você que matou o avô dele, um criminoso na Segunda Guerra Mundial.

- Ele estava blefando.

- Não, não estava! E eu quero que você me conte tudo… desde o começo!

- Eu já disse que…

- Rayne, ouça-me---Leon tentou abaixar um pouco o tom de voz, “isso sempre funcionava com as garotas”---Se vamos sair vivos daqui, é melhor você cooperar. E se estamos presos aqui, temos um tempo pra você me contar o que sabe… a sua história, Rayne.

- Você não vai acreditar.

- Mesmo assim.

- Está bem. Vou resumir ao máximo. Há um tempo atrás, uma mulher foi estuprada por um vampiro chamado Kagan. Desse ato, nasceu uma criança, uma dhampir, meio humana e meio vampira. Mas Kagan matou a mãe da criança e a família dela… E eu… essa criança cresceu, buscando vingança.

- Você, Rayne?

- Sim. Mais ou menos em 1933, eu fui recrutada pela Sociedade Brimstone, uma sociedade secreta que trata de eliminar ameaças sobrenaturais no mundo. Alguns anos depois, eu fui enviada numa missão, eliminar membros de um grupo nazista criado por… Wulf, Jurgen Wulf. Esse grupo, chamado GGG, buscava as relíquias de um antigo demônio, Beliar, o demônio original. No meio de sua busca, aqui, na Argentina, os nazistas se depararam com antigos parasitas demoníacos, os daemites. Eu achava que tinha impedido os daemites, achava que tinha destruído a fonte, selado as câmaras, mas… então veio Klaus Wulf. Ele deve ter pesquisado sobre a história da GGG, e reabriu esse complexo.

- O que houve com a GGG?

- Eu eliminei os membros, e decapitei Jurgen Wulf na Alemanha. Foi o fim. Ponto final, eu achava. Mas o que eles, e eu inclusive, não sabíamos, era sobre a Matriarca. A mãe de todos os daemites.

- Essa parte eu sei. Klaus tem a metade do coração dela, e quer a outra metade, não é?

Rayne fez um sinal positivo com a cabeça.

- Eu fui enviada aqui, para eliminar Klaus Wulf e exterminar com a fonte dos daemites de uma vez por todas---Rayne foi direta dessa vez---Se eu não sair dessa câmara, se tudo explodir, pelo menos eu sei que Klaus também não sobreviverá… eu espero.

- Ah… Rayne… eu não sabia que foi assim. E, me desculpe por ser um pouco grosso com você---Leon sentou-se sobre a mesa de pedra.

- Não por isso---Rayne olhou em volta, buscando alguma distração.

- Então você tem o que? Noventa anos de idade?

- Por aí…

- Pois não parece. Sabe, posso te fazer uma pergunta?

- Claro, se eu puder responder.

- Antes, quando você me beijou… você… e eu…

- Nós.

Rayne aproximou seu rosto do de Leon. Novamente seus lábios se tocaram, dessa vez mais docemente. Ambos atuando, seus lábios encostados, suas respirações se confundindo.

A dhampir ruiva retirou suas lâminas dos braços, jogando-as no chão, enquanto empurrava Leon para a mesa de pedra, colocando a sua mão delicada sobre o peito dele.

Estavam ali os dois, Rayne por sobre Leon, suas pernas entrelaçadas, seus corpos unidos, a boca de Rayne firmemente colada a de Leon. O loiro passou suas mãos pelas costas dela, sentindo o seu corpo bem torneado, os cabelos dela encostados no rosto dele. Leon beijou o lábio inferior de Rayne, enquanto ela colocava as suas mãos sobre o peito dele, abrindo a sua jaqueta, como se implorasse por mais espaço junto á ele.

- O que estamos fazendo?---sussurrou Leon no instante que seus lábios desencostaram-se, os olhos verdes de Rayne fitaram profundamente os olhos de Leon---Não deveríamos estar… esse lugar… o perigo…

- Garotos, armas e situações de perigo---Rayne sussurrou no ouvido dele, com aquela voz sensual de sempre---Eu amo tudo isso.

Rayne terminou a frase beijando a linha da mandíbula de Leon, repousando a sua cabeça no pescoço dele. Mesmo na situação em que se encontravam, a dhampir encontrou ali uma paz intensa, como se ele lhe fosse algum tipo de calmante, ou talvez fosse o calor que emanavam os corpos que a deixou assim. Leon beijava o pescoço de Rayne, sentindo a pele lisa e pálida da dhampir, imaginando quantos homens haviam se perdido naquelas curvas.

Curvas perigosas. Mortais, na verdade.

Os dois voltaram novamente a se beijar, permanecendo com seus lábios unidos por alguns instantes. Rayne desceu seu rosto um pouco, voltando a beijar o pescoço de Leon, dando-lhe uma sensação de cócegas. O loiro encostou os seus lábios no ombro dela, deslocando um pouco a alça do colete da dhampir, beijando a pele dela.

Quando Leon deu conta de si, Rayne não estava mais fazendo-lhe carícias. Não, ela estava dormindo em seus braços, sua cabeça encostada no peito dele, subindo e descendo a medida que a respiração pesada de Leon demandava.

Céus, Leon queria beijá-la, queria abraçá-la, acaricia-la, queria possuí-la naquela maldita câmara, mas vê-la dormindo foi como ver um anjo em seu vôo, mesmo que Rayne nem fosse comparável á um anjo. Ele permaneceu ali, imóvel, seus braços abraçando o corpo adormecido de Rayne.

Leon moveu seu dedo sobre o rosto angelical dela, e moveu uma mecha de cabelos ruivos que havia caído sobre a face de Rayne.


Capítulo 11

Capítulo 9

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