Blood & Iron

Capítulo VII - Sherry


Sherry Birkin. Esse era o ultimo nome que Leon esperava ouvir naquele maldito lugar.

Naqueles poucos segundos, nos quais havia uma Sherry Birkin adulta apontando uma arma para Leon, os dois em uma plataforma estreita, o agente federal começou a se lembrar dos acontecimentos em Raccoon, em 1998.

Era o seu primeiro dia de trabalho como policial em Raccoon City. Mas ao chegar na cidade, Leon percebeu que os habitantes locais haviam sido infectados com algum tipo de vírus, criado pelas Corporações Umbrella. Perdido no meio do caos, Leon juntou forças com uma jovem garota que procurava pelo seu irmão. Os dois procuraram refugio na delegacia, e a moça acabou por encontrar uma menina desesperada, Sherry Birkin, a filha de um notável e talentoso cientista da Umbrella, que acabou por infectar á si mesmo com um vírus que o transformou em um monstro…

Fugindo dele e de outras tantas criaturas, Leon, a garota---Claire, é… esse era o nome dela---E Sherry Birkin conseguiram escapar da cidade.

Dois meses depois, Claire foi pra Europa atrás do irmão dela, e Sherry simplesmente sumiu…

- Não pode ser… você é mesmo a Sherry Birkin que eu conheci em Raccoon?---Perguntou Leon, sentindo suas pernas bambas.

- Exato, mas pelo visto, ambos mudamos---a voz de Sherry não era tão infantil e irritante quanto fora, agora era autoritária---E hoje eu me vingarei de você!

- Mas… eu não fiz nada á você.

- Ah, você é tão idiota, Sr. Kennedy. Tão ingênuo, igualzinho ao mesmo Leon Kennedy que fugiu de Raccoon. Você é o culpado de eu ser assim hoje!

- Do que está falando? Eu não estou entendendo…

- Você nunca entende, não é? Nunca se perguntou porque eu desapareci? Você não imagina, não é? Você me usou como um objeto, seu passaporte para um cargo do governo! Você me entregou nas mãos dos militares… eles sabiam o que me pai tinha colocado em mim…

- Está errada… a situação naquela época… as coisas…---Leon nem sabia mais o que dizer.

- Mas você não imaginava que o comboio militar que me carregava foi atacado, pelos agentes do Sr. Albert Wesker---Sherry pronunciava cada sílaba do nome daquele criminoso com respeito---Ele me cuidou. Me criou, e agora, eu retribuo a gratidão. Eu trabalho para ele…

- Você está trabalhando para Albert Wesker? Como pode?

- A minha missão hoje seria simples, tirando a sua presença nessa base. Eliminar Klaus Wulf e retirar a amostra da praga daemite presente no coração da Matriarca.

Leon agora lembrava-se do estranho órgão que Klaus tinha no peito. O coração da Matriarca, a mãe dos daemites, ou pelo menos, metade do coração.

- Podemos trabalhar juntos nisso. Não precisa ser assim!---disse Leon, apontando para a arma de Sherry.

- Acha que eu vou ser tão idiota á ponto de cooperar com você? Quem você acha que eu sou? Aquela Ada Wong? Não… Você está no meu caminho, Leon Kennedy. E eu vou eliminar você…

Num movimento rápido, Leon levantou seu pé com toda a força que lhe restava, e deu um chute certeiro na arma de Sherry. Sherry disparou contra o teto, logo antes da arma ser jogada longe. Agora era a vez dela revidar, Sherry deu um chute em Leon, que, por estar fraco demais, não conseguiu desviar e acabou levando-o no peito.

Ainda jogado no chão, Leon deu um chute nas pernas de Sherry, fazendo ela cambalear pra beirada da ponte da plataforma.

Agora ela estava quase caindo, segurando-se com toda a força na ponte de metal, seus pés em pleno ar.

Leon sentiu-se na mesma situação que estivera em 1998, naquele laboratório, com uma jovem espiã* na mesma situação que Sherry, indefesa, com sua vida nas mãos de Leon. Sherry olhou fixamente nos olhos dele, sentindo um pouco de sua raiva passar. Não dava pra ver o fundo da plataforma, mas com certeza era profundo, e se ela não morresse na queda, com certeza iria quebrar muitos ossos.

- Kennedy---dizia Sherry, sem fôlego---Eu… Você… venceu…

As mãos da loira não agüentaram mais, e largaram a ponte. E ela caiu, mergulhando na escuridão…

- Pobre Sherry-Leon nem sabia exatamente por que disse isso, mas saiu de sua boca com tanta facilidade que ele até sentiu pena de Sherry Birkin.

***

O daemite soltou um grito estridente quando seus braços foram arrancados pelas lâminas afiadas da dhampir Rayne. Ela deu um chute em um outro que vinha vindo em sua direção, enterrando o salto de sua bota na cara dele. Rayne apontou a sua mão na direção de um terceiro daemite que vinha vindo, e apertando o pequeno botão no mecanismo em seu braço, uma corrente foi lançada, prendendo o daemite pelo pescoço. Apertando novamente o botão, a corrente retornou ao mecanismo, e trazendo consigo o parasita, que encontrou o seu destino com as pistolas Carpathian Dragons. Logo após, Rayne enfiou a agulha da Carpathian na carne do daemite, sugando o seu sangue para servir de munição á arma.

Continuando a correr por aquele corredor, Rayne chegou até uma parte que estava bloqueada por várias caixas grandes.

- Não!---disse ela---Bloqueado…

Dando meia volta, a ruiva caminhou na direção oposta. Entrando por uma porta, ela chegou á uma grande câmara com colunas. Havia vários daemites pela sala, que de inicio não noticiaram a presença dela.

Ela avistou ao fundo uma outra passagem. Mas ela precisaria passar pelos daemites antes.

Rayne começou a correr na direção da passagem, e ao mesmo tempo atirando nos daemites que vinham pra cima dela. Aqueles que estavam na sua frente, ela simplesmente dava um golpe com as mãos, ou um chute certeiro.

De repente, um daemite grandão pulou pra cima de Rayne. Ele estava vestido como militar, era muito resistente e sem medo de lutar até morrer.

Rayne tentou dar um chute no peito dele, mas foi sem resultado.

- HAHAHAHAHA---riu o daemite com sua voz medonha---ACHA QUE PODE ME FERIR?

O daemite tentou pegar Rayne com suas mãos, mas a ruiva desviou a tempo. Ele era muito rápido e logo estava atacando novamente…

Rayne sabia que ela precisaria de algo mais para matá-lo.

Foi então que ela percebeu que precisava de raiva.

Não de uma simples raiva. De Raiva do Sangue.

De repente, ela apertou fortemente suas mãos, e sentiu seu sangue ferver, a raiva correndo novamente em suas veias, guiando o sangue para suas mãos. Era como o fogo que corria em seu corpo, percorrendo desde as pontas dos cabelos até os dedos dos pés. Ela pegou as duas lâminas de aço que estavam encaixadas aos seus braços e empunhando-as, moveu as duas na direção do pescoço do daemite.

Instantes depois o corpo decapitado do daemite despencou no chão.

- Hey doçura, não se preocupe---disse Rayne, seu sangue e humor voltando ao normal---Cirurgias plásticas fazem milagres hoje em dia…

Rayne voltou á atirar na direção de mais dois daemites que vinham atrás dela. Duas balas certeiras que derrubaram os dois em segundos.

- Onde diabos está Klaus Wulf?---disse Rayne á si mesma, e pegando um papel amarelado que saia do bolso do daemite---Um mapa… que gentileza do nosso amigo.

O mapa era daquele setor da base. Não muito longe dali havia o Laboratório, e o Elevador próximo. Haviam mais algumas salas á frente, e uma grande câmara no fim do nível.

Naquele instante que Rayne lembrou-se das ordens de Severin: “Ativar o sistema de autodestruição que estava localizado próximo do elevador”. Ela sabia que precisava cumprir essa ordem, não que fosse obrigada, mas daria um fim naquele lugar.

Mas antes ela precisava achar o antídoto. E salvar aquele agente federal.

- Laboratório, então?---disse ela, guiando-se na direção do laboratório.

***

Leon olhou em volta, procurando pela arma de Sherry. Numa situação como aquelas, qualquer arma seria bem vinda. A plataforma em que ele estava era estreita e a arma dela devia ter caído longe. Fim da linha, pensou.

O agente federal sabia que Rayne havia dito para ele ficar alí e não se meter em encrencas, mas ele não conseguiria ficar ali parado, nem que fosse o fim do mundo. E quanto á se meter em encrencas, bom, isso é apenas um efeito colateral da coisa.

Então ele começou a andar na direção do outro lado da plataforma. No fim da ponte, Leon encontrou uma porta semi-aberta e passou por ela.

De repente, vários daemites parasitas começaram a surgir no chão, balançando os seus corpos finos cheios de vasos sanguíneos na direção de Leon, que começou a atirar e pisar em cima das cabeças deles, mesmo que isso significava sujar todo o seu sapato.

Num instante depois, aqueles parasitas haviam morrido, alguns pisoteados, outros com tiros. Leon viu uma porta ao fundo e ia na direção dela, quando de repente, sentiu uma estranha tontura.

Imaginando ser apenas um mal estar, ele continuou a andar, mas sentiu novamente as tonturas.

Sentiu um forte enjôo, como se o seu estomago estivesse querendo sair de seu corpo.

Leon cerrou os olhos e perdeu a consciência no mesmo instante.

***

As portas de aço do Laboratório Oeste abriram com força, quando uma ruiva com espadas nos braços passou por elas.

Rayne olhou á sua volta, tentando procurar por algum inimigo, mas a câmara parecia vazia.

- Que lugar interessante---disse ela, passando a mão sobre um tipo de computador.

Alí parecia ser um laboratório como tantos outros. Microscópios, computadores, mesas, vitrines com líquidos estranhos.

Numa parede, havia um tipo de diagrama, mostrando um daemite parasita tomando o controle de um corpo humano.

Rayne procurou entre alguns líquidos algum tipo de antídoto, mas tudo parecia bagunçado.

- Por que nunca colocam um rótulo no antídoto?---a ruiva fez uma expressão de raiva.

Dando mais uma olhada, Rayne encontrou uma porta branca. Entrando por ela, a ruiva chegou á um outro laboratório. Semelhante ao anterior, mas haviam daemites neste. Eles estavam vestidos como cientistas e armados com bisturis e facões.

Quatro deles partiram pra cima de Rayne. Ela pegou as suas lâminas gêmeas e num primeiro golpe despedaçou um deles. Rayne então deu um chute na cara do segundo, enquanto enfiava uma das lâminas pela garganta do terceiro. Arrancando a cabeça desse e do anterior, Rayne finalizou o quarto com um chute forte que lançou-o longe.

De repente, umas gaiolas no fundo do laboratório estouraram e por elas fugiram vários parasitas daemites, vindo na direção de Rayne.

A dhampir guardou as lâminas de volta nos encaixes em seus braços para então sacar as duas Carpathian Dragons.

Ela começou a atirar na multidão de parasitas que vinham vindo em sua direção. Ela atirou e atirou até que ficasse sem munição. Muitos haviam sido mortos, mas ela estava agora rodeada por uns dez parasitas.

- Então, vocês são loucos ou só idiotas?---Rayne disse, enquanto pegava novamente as suas lâminas.

A dhampir ruiva fez apenas um movimento, um giro em torno de si, suas espadas cortando a carne dos daemites em pleno ar. Finalmente, havia apenas Rayne e um monte de pedaços de daemites no chão.

Rayne viu ao fundo uma porta dupla. Ela entrou por ela e então se viu em uma grande câmara metálica, em formato hexagonal. No centro de toda a câmara, havia um pedestal e sobre ele, um líquido em um frasco.

- Aposto que é o antídoto…

Mas havia alguém guardando o antídoto. Bem em frente do pedestal, estavam três estranhos guardas, vestidos com alguma armadura metálica idêntica. Seus rostos estavam escondidos por trás de mascaras metálicas, apenas seus olhos de fora. Aqueles eram os Guardiões.

De repente, Rayne ouviu um deles falar:

- Você…---disse um deles.

- Nunca…---disse outro.

- Passará.... ---disse o primeiro.

- Por nós---disse o terceiro.

- Ah que legal, os três terminam as frases um do outro---disse ela, sendo irônica novamente---Será que farão a mesma coisa quando estiverem despedaçados?

- Você não faz nem idéia…

- De quantos problemas…

- Causou ao Mestre Wulf---terminou a frase o primeiro.

- Jamais passará…---disse o segundo.

- E pegará o Anti-Daemite… ---disse o terceiro.

- Nosso---disse o primeiro.

- E do Mestre… ---disse o segundo.

- O Mestre ordena… ---disse o terceiro.

- Que você morra---o segundo terminou a frase, e os três pegaram ao mesmo tempo um estranho tipo de espada, cada um com a sua. Uma espada afiada, de aço puro, uma insígnia nazista encravada no corpo dela.

De repente os três lançaram-se num salto pra cima de Rayne, que se defendeu com suas lâminas gêmeas. Os três voltaram a atacar, ao mesmo tempo, e novamente a ruiva teve que se defender. Ela não era do tipo que gostava de defender-se, atacar era o seu ponto forte.

Rayne deu um chute, que lançou ao mesmo tempo os três ao chão. Porém, eles rapidamente se levantaram, e voltaram a atacar, mas desta vez Rayne desviou e enfiou as suas lâminas no estômago de um deles. Foi um golpe inútil, pois a armadura protegeu-o. Ela novamente atacou com uma lâmina um outro, mas este se defendeu.

Ela tentou dar um golpe forte no peito de um dos oponentes, mas teve medo de quebrar uma de suas lâminas.

A dhampir então deu um salto, indo parar atrás de um dos Guardiões. Foi então que ela golpeou-o com sua espada, bem no pescoço, separando a cabeça do corpo dele.

Foi então que ela apontou seu braço para a cara de um deles, e apertou o pequeno botão no mecanismo que estava preso á seu pulso. No mesmo instante, uma corrente presa ao seu braço saiu do mecanismo em alta velocidade, quebrando a mascara do oponente, quebrando os dentes e atravessando a sua carne. Rayne apenas aplicou um golpe semelhante ao anterior, decapitando o Guardião, seu corpo foi lançado para longe de sua cabeça. Rayne finalizou a batalha, pegando rapidamente as suas Carpathian Dragons e atirando bem na cara do último, muitas e muitas vezes…

De repente, Rayne ouviu uma voz grave num alto falante:

- Você acha que acabou, dhampir?---a voz era de Klaus Wulf---Pois saiba que ninguém escapa de meus domínios…

- Bastardo!---Rayne gritou, nas esperança que ele pudesse ouvir.

- Essa será a noite em que eu me unirei á Matriarca dos Daemites. E ninguém pode impedir.

Rayne ouviu uma sirene.

Alguns segundos depois, começou a sair fogo por várias cavidades nas paredes metálicas da câmara. Chamas, jatos de fogo vindo na direção dela. Estava começando a ficar extremamente quente.

Rayne sabia que precisava agir. Ela precisava pegar aquele maldito antídoto e salvar Leon, isso se ele já não estivesse…

- Ahhhhhh---Rayne começou a correr, com fúria, na direção do pedestal e do antídoto.

Desviando das chamas de fogo, Rayne rapidamente alcançou o centro da câmara e pegou o pequeno frasco com o líquido azul, e colocou-o dentro do seu colete, entre os seios.

- Hora de voltar…

Rayne correu em direção da saída, novamente desviando dos jatos incandescentes. Trancando a porta por trás de si… Rayne sabia que precisava fazer mais uma coisa antes de encontrar Leon.

***

- Humm… qual seria o botão certo?---Rayne analisou o grande gerador ou computador que estava ali.

Sobre ele, Rayne encontrou uma nota:

Em casos emergenciais, o Sistema de Autodetonação do complexo deve ser ativado. O protocolo de segurança fará com que o sistema leve duas horas e trinta minutos para efetuar a autodetonação, tempo suficiente para todos os indivíduos saírem na direção das docas…”

- Duas horas e meia então?---Rayne relutantemente girou uma válvula e apertou um botão de confirmação, e então uma luz vermelha se acendeu. Sirenes tocaram por todo o complexo.

De repente, Rayne ia saindo, quando ouviu uma voz vindo do final do corredor. Entre Rayne e a voz feminina havia uma porta trancada.

- Não mova um músculo---disse a voz, uma mulher loura.

Sherry foi andando lentamente na direção de Rayne, com uma pistola Magnun em mãos. Ela estava um pouco suja de sangue, com um corte na testa e mancando um pouco na perna esquerda.

- Ou eu estouro os seus miolos---E Sherry não estava brincando. Sua mira era perfeita, e agora ela mirava entre os cabelos ruivos de Rayne.


N.A

* “Jovem Espiã”: Referencia á Ada Wong, uma personagem de Resident Evil 2, que “morre” numa queda em uma plataforma, mais ou menos como a Sherry nesse capítulo. No game, a Ada acaba se apaixonando pelo Leon, e vice-versa ^^.

Sherry Birkin é uma personagem também de Resident Evil 2, a filha de William e Annete Birkin, cientistas da Umbrella.

Capítulo 8

Capítulo 6

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