Blood & Iron

Capítulo VI - Sobre Garotos e Lobos


Rayne estava andando na direção oposta do corpo decapitado do Comandante Schmidt, quando notou que algo caíra do bolso dele. Retornando ao corpo, a jovem dhampir ruiva pegou no chão uma pequena medalha dourada, e nela entalhada a face de um lobo.

- O que é isso?-disse ela, guardando a medalha no pequeno “bolso”* do seu cinto, onde ela normalmente guardava munição.

Rayne voltou pela porta dupla, saindo da catedral, e prosseguindo no outro corredor.

Foi então que ela chegou á algum tipo de depósito. Haviam caixotes e pilhas de coisas guardadas ali. De repente, vários daemites vieram atirando na direção de Rayne, que se jogou rapidamente atrás de uma caixa e pegou a suas pistolas de sangue Carpathian Dragons, e começou a atirar em retorno ás criaturas.

- Desgraçados...

A dhampir atirou certeiramente na testa de um deles, enquanto corria pelo depósito, desviando das balas inimigas e continuando a atirar como se não houvesse um amanhã. Um daemite estava no seu caminho, e Rayne deu um giro de 360 graus, ao mesmo tempo em que chutava a cara dele tão forte que ela conseguia até ouvir os ossos da criatura quebrando-se.

Continuando a correr, ela percebeu que havia mais deles bloqueando a porta da saída. Ela guardou suas Carpathian Dragons no coldre nas pernas para então pegar as lâminas em seus braços.

Ela deu apenas mais um giro em torno de si quando estava próxima dos daemites, e então voou pedaços de corpos e sangue para todos os lados.

- Ah, nojento-disse ela, quase de forma irônica.

Passando pela porta, Rayne chegou á um tipo de Sala de Comunicações. Havia velhos rádios e equipamentos de câmeras por todos os lados, e monitores, com imagens de todo o complexo.

A ruiva chegou mais próximo de um monitor e então viu três pessoas andando pela fortaleza: Leon Kennedy e os outros dois que estavam com ele. Eles pareciam estar bem encrencados: sem munição para as armas de fogo e com mais daemites no seu encalço. De alguma forma, Rayne sabia, e realmente queria, que o jovem agente federal conseguisse sair bem dessa, enquanto passava a sua unha pelo monitor, deixando um rastro de sangue, pois suas mãos estavam sujas de sangue.

Vendo isso, Rayne passou lentamente sua língua entre os dedos, limpando o sangue e pegando uns fones de ouvido, sintonizou uma freqüência num dos rádios que ali estava.

- Severin, é BloodRayne. Severin, você está ali?

- Pronto. Cambio-disse uma voz, era Severin, um tipo de ajudante de Rayne, que tinha um forte sotaque britânico.

- Estou na fortaleza e estou usando uns velhos equipamentos de comunicação. Cambio.

- Bom. Já localizou o seu alvo? Cambio.

- Não. Mas sinto que ele está próximo. Cambio.

- BloodRayne, há um sistema de autodetonação no complexo, está localizado no setor oeste, próximo de um elevador. Localize o detonador e o ative logo depois de ter eliminado Klaus Wulf. Cambio.

- Roger.**

- Além disso, você precisa localizar e destruir a fonte dos daemites, fica localizado nas cavernas subterrâneas abaixo da Fortaleza. Há um elevador no setor oeste que te levará até o templo dos Daemites, no subterrâneo. Cambio.

- Sim, eu sei. Cambio.

- Cambio, desligo.

Sem esperar mais alguma ordem, Rayne pegou as lâminas e enfiou-as no sistema de comunicação. Ninguém poderia saber que ela usara o rádio.

Saindo dali, ela chegou á uma outra sala, com várias gaiolas cheias de parasitas daemites, que tentavam morder as barras de aço que os mantinham presos. Rayne olhou com nojo para eles e disse:

- Essa gente precisa de uns bichos de estimação...

***

Leon Scott Kennedy já estava começando a ficar realmente com raiva dos malditos daemites. Além deles estarem por todos os lados, e de dizerem coisas idiotas e nojentas, não tinham medo de lutar, e lutavam até a morte. O Agente federal, seguindo o Coronel Hawkear e a Soldado Catherine Ferreti, tentou ligar o seu comunicador, para entrar em contato com a central, com Ingrid Hunningham, mas a única coisa que tinha era estática.

- Cara, porque essa coisa nunca funciona quando se precisa!-disse ele, para si mesmo.

Hawkear abriu uma porta no fim da sala onde estavam, e abriu passagem para um tipo de biblioteca. Havia várias estantes espalhadas pela sala, em volta de uma grande mesa vazia. Próximo de uma lareira apagada estava uma bandeira vermelha com o símbolo do nazismo.

Leon deu uma olhada em volta, colocando os olhos sobre um velho livro que estava sobre a mesa. Algo escrito num velho dialeto sobre ocultismo, criaturas e lendas do sul... daemites. Folheando o velho livro, ele viu várias gravuras sobre aquelas criaturas, alguns estudos estranhos. Enquanto Hawkear e Ferreti davam uma olhada se a Biblioteca estava segura, Leon tentava ler algumas passagens do livro.

“E no ano de nosso Senhor de 1765 a praga foi selada novamente...”

“Nosso superior acredita que a fonte inicial de todos os daemites se encontra no templo subterrâneo...”

“A nova raça...”

- O que isso significa?-Leon disse, imaginando se Rayne talvez soubesse mais sobre os daemites.

Hawkear deu um chute em uma pilha de livros, jogando-os no chão, enquanto verificava se não havia algum daemite escondido na Biblioteca.

De repente, por detrás de uma estante, um daemite saltou na direção do Coronel Hawkear. O militar tentou revidar, mas antes que se movesse a criatura mordeu fortemente o seu pescoço, mastigando a sua carne e soltando enzimas no corpo dele...

Catherine Ferreti pegou a sua faca e cravou-a no crânio do daemite, que começou a se retorcer, arrancando a lamina de sua cabeça. Leon foi na direção da criatura, dando um chute na cara dele, enquanto Hawkear caiu no chão.

O daemite levantou-se num salto e pulou na direção de Leon, que desviou á tempo, tentando acertar a criatura com sua faca. Rapidamente, Catherine agarrou o pescoço do daemite por trás e com um rápido movimento, quebrou o pescoço do mesmo.

Mas de repente, algo saiu do corpo caído do daemite. Uma daquelas formas parasitas, que começou a balançar-se pelo chão, tentando acerta-los com seu rabo.

Catherine chutou o daemite com tanta força que o ser foi esmagado quando se chocou contra uma parede.

- Tudo ok, Coronel?-disse Catherine.

O Coronel levantou-se com as mãos no rosto. Ele virou-se para Leon e tirando as mãos do rosto revelou sua face horrível... com sangue por todos os lados, e uma estranha forma parasita saindo de sua boca.

Com sangue saindo de sua boca, o Coronel disse com uma voz grave:

- EU QUERO ARRANCAR O SEU CÉREBRO, FEDERAL!

Leon recuou mas antes que ele pudesse reagir, um tiro acertou a testa do Coronel-daemite. O agente federal tentou ver quem fora o seu salvador misterioso... mas não vira ninguém. Apenas ouvira o barulho de um cartucho da bala caindo no chão, e passos correndo. Mas quem quer que fosse, havia sumido.

***

Aquela parecia ser uma Sala de Monitoração. Estava tudo escuro, a não ser pela iluminação que vinha dos televisores e monitores ligados. Um misterioso homem caminhou pela sala, analisando com os seus pequenos “visitantes” estavam lidando com os daemites. O homem louro, vestido com um uniforme militar cinza e uma insígnia no peito, olhou para um televisor e viu duas pessoas: uma mulher loura e um homem na Biblioteca, analisando o corpo morto de um daemite vestido como um militar.

- Eles são tão estúpidos-disse o homem, com um sorriso sarcástico, massageando o próprio peito.

O homem então olhou para um outro televisor. Lá ele viu uma mulher sedutora, ruiva, vestida com roupas pretas e com duas lâminas, uma em cada braço.

A ruiva foi na direção da câmera, olhando fixamente para ela.

O homem sentia que ela podia vê-lo.

Ela mostrou o seu dedo médio, e disse algo que, embora o homem não conseguisse ouvir, conseguira ler os lábios dela.

Fuck you.

Logo depois um tiro na câmera deixou apenas estática no monitor.

O homem sorriu, de forma sinistra.

- Hora de receber os visitantes.

***

Leon encostou-se sobre a soleira daquela porta, enquanto a Soldado Catherine Ferreti entrava naquela estranha câmara, para verificar se tudo estava seguro. Foi então que um misterioso homem surgiu por detrás de um painel, apertou um botão e antes que alguém reagisse, o chão metálico abaixo de Catherine começou a se abrir.

- Mas que... --gritou Leon.

O alçapão abriu-se, e Catherine caiu, embora tivesse tentado se segurar. Lá embaixo, ao invés de cair sobre um chão metálico, Catherine caiu sobre uma tina cheia de daemites-parasitas.

- Nãããããoooo!-gritou Catherine, enquanto as criaturas começavam a devorar seu corpo, e ela imóvel, só conseguia sentir os parasitas entrando em seu corpo, perfurando-a totalmente, sua carne rasgando-se...

Logo depois, o homem louro vestido de cinza apertou mais um botão e o alçapão fechou-se.

- Meus parabéns. Eu estou vendo que você permaneceu vivo até agora-disse o homem, uma voz misteriosa, rouca.

- E quem diabos é você?-Leon nem conseguia acreditar na situação que chegara.

- Eu sou apenas um instrumento do destino. A mão da imortalidade.

- Nomes. Eu prefiro nomes.

- Eu sou o grande Klaus Wulf! O futuro soberano da raça daemite!

- Você é insano...

- Não... eu sou um mestre. Interessantes criaturas esses daemites, não acha?-Parecia que Klaus se deliciava ao ouvir os gritos finais de Catherine, trancada para sempre no alçapão-Sabe, primeiro eles injetam os seus corpos parasitas na vítima, por meio de enzimas em sua boca. Depois eles se enroscam na espinha do hospedeiro, geralmente á força, controlando a vítima... deliciando-se com sua carne interna... E então, eles arrancam a cabeça da vítima, colocando a sua própria cabeça no corpo.

- Malditos bastardos...

- Eu passei mais de quinze anos estudando essas criaturas e nessa noite, finalmente eu serei o mestre deles, agora eu os entendo totalmente, sei suas fraquezas e seus pontos fortes...

De repente, Klaus abriu o seu casaco militar cinza, revelando em seu peito uma estranha forma, uma metade de um coração daemite, presa em seu corpo.

- Há muitos anos, antes da Segunda Guerra, meu antepassado, o grande Jurgen Wulf tentou ressuscitar um demônio. Na sua busca, ele acabou encontrando essas fascinantes criaturas que são os daemites. Infelizmente, Jurgen foi morto por...

- Seu nazista desgraçado!-de repente, uma voz sensual surgiu do outro lado da sala.

Rayne foi caminhando com passos lentos na direção deles, com suas duas lâminas empunhadas.

- Oh, eu vejo que a Senhorita BloodRayne juntou-se á nós!-disse Klaus-È bom que você tenha vindo.

- Não comece a falar essas coisas sem necessidade. Não vai conseguir falar depois que eu cortar a sua língua fora!-disse Rayne, mostrando raiva em sua face.

- Enquanto meu avô Jurgen procurava pelo seu demônio-continuou Klaus, sentindo-se honrado em contar essas histórias-ele não soube a respeito da origem dos daemites... da “Matriarca”. Da Rainha do Submundo. A mãe de todos os daemites. Eu recuperei metade de seu coração e hoje, nos Templos eu recuperarei a outra metade! Eu serei o Mestre dos Daemites! Eu serei um deus á reger o meu povo! Com as duas metades do coração, eu serei o pastor á guiar o meu rebanho de daemites...

Rayne lançou-se na direção de Klaus Wulf, dando um salto, mas o misterioso nazista deu-lhe um golpe tão forte que lançou-a do outro lado da sala. E foi então, enquanto Rayne estava jogada no chão, que Klaus foi na direção de Leon...

O agente federal tentou defender-se com sua faca, mas aquilo era inútil. Klaus já era forte o suficiente.

Klaus pegou Leon pelo pescoço e então espetou a sua unha na pele do pescoço dele. Da unha de Klaus saiu uma estranha substância que foi se misturando ao sangue do agente Kennedy. Klaus segurou Leon mais um pouco, sentindo o quão frágil eram os humanos. Foi então que ele lançou o loiro sobre Rayne, que estava levantando-se.

Foi então que Klaus desapareceu.

Rapidamente, a dhampir ruiva levantou-se e percebeu que Leon não estava normal.

- Você está bem?-perguntou ela, acariciando o peito de Leon, vendo se ele estava normal. Ela podia sentir o seu coração pulsando mais forte, o sangue correndo em suas veias.

- Eu... meu... pescoço... está... coçando...

- Bom Deus, ele deve ter infectado você.

- Eu... irei morrer?

- Não-Rayne sabia que podia estar errada, ela sabia que a infecção se alastrava facilmente. Mas, ela não queria perdê-lo tão facilmente.

Rayne pegou Leon nos ombros, e com um braço ao redor dele, ajudou-o a se levantar. Os dois começaram a andar, sem saber aonde ir ou o que fazer. Ela levou-o até uma plataforma, na câmara seguinte, e colocou-o no chão. Havia uma grande ponte de metal, e os dois estava bem no meio dela.

- Eu ouvi aquele desgraçado dizer que “entendeu totalmente os daemites”... suas fraquezas-disse Rayne-Eu acho que ele bem pode ter encontrado uma cura... Eu tenho que ir atrás dele. Se bem me lembro, há um laboratório aqui. Ele deve ter feito suas pesqu...

- E se eu virar uma daquelas coisas, Rayne eu quero que você...

- Você não vai se tornar um deles, eu garanto. Eu preciso encontrar Wulf, e preciso impedi-lo de encontrar a outra metade do coração da Matriarca.

Leon se sentiu fraco, e olhando bem nos olhos da dhampir disse:

- Rayne...

- Leon... eu tenho que ir. O quanto antes-Rayne pegou a arma de Leon, verificou a munição e recarregou-a com algumas balas que tinha em seu bolso-Fique aqui. Eu volto... E não arrume encrencas.

Rayne jogou a arma no chão e deu as costas para Leon, saindo dali antes que ouvisse mais alguma coisa da boca dele.

Alguns minutos depois, Leon já estava sentindo-se menos fraco, e embora houvesse passado pouco tempo, ele já estava impaciente. Pegando a sua arma, ele começou a andar quando de repente... um tiro.

Leon viu uma faísca sair do chão, onde a bala acertara. Com certeza, quem quer que atirara, não queria acerta-lo... agora, pelo menos.

O agente federal, virou-se, e das sombras surgiu uma jovem loura de cabelos longos, vestindo uma calça militar, uma camisa negra e sobre todo o conjunto, um jaleco de laboratório.

A moça tinha um rosto bonito, e olhos azuis profundos.

- Não se mova. Identifique-se-disse ela.

- Leon... Leon Kennedy.

- Ah... Leon. Eu ouvi falar que sua missão era paralela á minha... imaginava que nos encontraríamos aqui.

- Quem é você?

- Você mudou muito desde nosso ultimo encontro, em Raccoon á algumas anos atrás. Também devo dizer que mudei um pouco...

- Quem é você?

- E pensar que você nem ligou a mínima para onde eu estivesse, nem se importou em me usar como se eu fosse um produto, um passaporte...

- Quem é você??-Leon já estava irritado com todo aquele lengalenga.

- O nome Birkin representa alguma coisa para você?-A jovem estendeu mais ainda o seu braço, que segurava uma arma, e dizia aquelas palavras com uma certa honra.

- Sherry?


N.A.

* “Bolso”- esse “bolso” é um tipo de “sidepack”, como aqueles que aparecem em alguns Resident Evil’s.

**Roger: Nas comunicações em rádio, os ingleses usam essa palavra, “Roger”, e significa algo mais ou menos como: “Entendido e á caminho”.

Esse capítulo foi mais longo, acho que daqui em diante eles vão ser mais ou menos desse tamanho.

Capítulo 7

Capítulo 5

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